OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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segunda-feira, 16 de março de 2015

SENSUALIDADE E DESEJO MATERIAL

"Em nome e a pretexto de atender às próprias necessidades, o ego seduz o homem a buscar continuamente a autossatisfação, o que resulta em sofrimento e aflição. Esquece-se daquilo que contenta a alma, e o ego continua na tentativa sem fim de satisfazer seus desejos insaciáveis. Kama (sensualidade) é, portanto, o desejo compulsivo de ser abusivamente indulgente com as tentações sensoriais.

O desejo materialístico coercetivo é o instigador dos pensamentos e ações erradas do homem. Interagindo com as outras forças que obstruem a natureza divina do homem - influenciando-as e sendo por elas influenciado - o desejo sensual é o inimigo consumado. O exemplo perfeito disso é Duryodhana, cuja má-vontade em separar-se de um centímetro que fosse do território ou prazer sensorial foi a causa da guerra de Kurukshetra. Somente pouco a pouco, com uma determinação encarniçada na batalha, os Pandavas puderam reconquistar seu reino.

Kama, ou desejo sensual, apoiado pelas outras forças Kaurava, pode corromper os instrumentos sensoriais do homem, fazendo-o exprimir seus instintos mais abjetos. As escrituras hindus ensinam que, sob a forte influência de kama, homens cultos e de mente sadia agem como asnos, macacos, bodes e porcos. 

A sensualidade está presente no abuso de qualquer ou de todos os sentidos na busca do prazer ou da gratificação. Pelo sentido da visão, o homem pode ser sensual em relação a objetos materiais; pelo sentido da audição, ele anseia pelo doce e lento veneno da adulação e pelo som das vibrações de vozes e de músicas que despertam sua natureza material; pelo prazer sensual do olfato, ele é seduzido por ambientes e ações erradas; a sensualidade no comer e no beber faz com que ele agrade ao paladar a expensas da saúde; pelo sentido do tato, a sensualidade o leva a buscar o conforto físico exagerado e os abusos do impulso sexual criador.

A sensualidade também procura a gratificação na riqueza, no status, no poder, no domínio - tudo o que satisfaz o 'eu, mim, meu' do homem egotista. O desejo sensual é egotismo, o degrau mais baixo da escada da evolução do caráter humano. Pela força de sua paixão insaciável, kama adora destruir a felicidade, a saúde, a capacidade cerebral, a clareza de pensamento, a memória e o poder discernidor da pessoa."

(Paramahansa Yogananda - A Yoga do Bhagavad Gita - Self-Realization Fellowship - p. 47/48)


domingo, 1 de março de 2015

CORPO DENSO

"74/75 - O sábio chama a isso de corpo denso, que é a combinação de tutano, osso, gordura, carne, sangue e sêmen e é constituído de pés, tronco, costas, cabeça, membros e órgãos. É ele a causa que dá nascimento à ignorância e à ilusão do 'eu' e do 'meu'. Os elementos sutis são ãkãsha, ar, fogo, água e terra (entendendo-se aqui os princípios mais elevados destes elementos).¹

COMENTÁRIO - A ignorância da verdadeira realidade nasce da limitação imposta pelos 'véus' dos sentidos. O corpo denso escraviza, limita, dificulta a percepção do sutil. É como um denso nevoeiro que impede a chegada até nós dos raios benfazejos do Sol. Mas, apesar das limitações dessa armadura medieval que vestimos, é possível encontrar o caminho para o que está na nossa essência e que é idêntico ao universal. É isso que Sankara nos propõe neste texto.'

¹ Em outras traduções, aforismos nº 72/73: 'Composto de sete ingredientes - medula, ossos, gordura, carne, sangue, derme e epiderme - e consistindo dos seguintes membros e suas partes: pernas, quadris, tórax, braços, costas e cabeça; este corpo, o domicílio da ilusão expressa nos termos 'eu' e 'meu', é designado pelos sábios como corpo grosseiro. O éter, ar, fogo, água e terra são os elementos sutis'. (N.E.)

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 39/40


sábado, 24 de janeiro de 2015

ATITUDE IMPESSOAL

"(6:5) Que o homem se alce por seu próprio esforço e nunca se avilte. Em verdade, seu eu é seu melhor amigo - ou (se o quiser) seu pior inimigo. 

É inútil censurar os outros pelos próprios infortúnios. Na verdade, não existem infortúnios. 'As condições são sempre neutras', dizia Yogananda. 'Parecem boas ou más, alegres ou tristes, oportunas ou inoportunas conforme as atitudes [e expectativas] positivas ou negativas da mente.' O yogue deve aprender a aceitar com tranquilidade o que lhe acontece. Quando, porém, o ego insiste em atribuir-se tudo aquilo que o possa afetar, 'aviltar-se', a si mesmo aderindo ao fluxo para baixo e para fora da energia que percorre os chakras e, dali, ganha o mundo exterior através dos sentidos.

Se alguém o trata com indelicadeza, injustiça ou mesmo crueldade, decida-se em definitivo a não reagir emocionalmente. Nunca replique; nunca se queixe; nunca se defenda nem agrida, instigado pela consciência do ego. Às vezes, o mal pode ser compensado pelo bem; mas ainda quando o dever o instigar a agir dessa maneira, tente - como Krishna aconselhou a Arjuna - conduzir-se sempre de modo a manter uma atitude impessoal."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 246/247)


sábado, 27 de dezembro de 2014

FRONTEIRAS A ATRAVESSAR (3ª PARTE)

"Muitas vezes estudamos os aspectos físico, etérico, prânico, emocional e mental de nossa personalidade como partes separadas, mas na realidade eles são um campo energético entrelaçado, que é chamado kama-manas, em sânscrito. Ele é a natureza do desejo que envolve os sentidos, o sentimento e a mente racional. No ser humano desenvolvido (o Adepto), estão todos sob o controle da mente superior. No entanto, nem sempre é esse o caso; à medida que crescemos e nos desenvolvemos, frequentemente descobrimos que os sentidos e os sentimentos exercem mais poder sobre a mente e muitas vezes ditam as suas ações. Certamente a meta da humanidade nesse estágio de sua evolução é desenvolver a mente de modo que ela se torne um verdadeiro governante de nossas outras faculdades e seja regida pela mente superior.

No momento em que chegamos aos 28 anos de idade e começamos nosso quinto ciclo, nossa personalidade está bem desenvolvida e as mudanças acontecem mais no nível psicológico, que é onde crescem e evoluem nossas percepções da realidade. No entanto, essas mudanças são as mais desafiadoras, porque descobrimos que nossos egos se tornaram condicionados a um modo particular de pensar, ou se acostumaram ao nosso modo de vida. Enquanto crescemos, nossa percepção é afetada por influências como a religião na qual somos educados, nossas crenças familiares, os pontos de vista de nossos colegas, nossa educação. Todas essas coisas criam filtros que afetam a nossa percepção. Experimentamos também altos e baixos emocionais, traumas e dores que causam impactos sobre o nosso corpo e alteram o modo como reagimos aos eventos no mundo em volta. Esses traumas, a menos que sejam tratados, limitarão a nossa percepção e inibirão o nosso crescimento. No entanto, a vida tem uma maneira de atrair a nossa atenção para essas coisas com crescente regularidade, até que lidemos com elas e as enfrentemos. Sempre teremos a escolha de processá-las quando quisermos, o que certamente é o objetivo da nossa jornada espiritual, constantemente nos transformando e limpando os filtros e bloqueios emocionais.

Há uma inquietação dentro de nós, algum tipo de descontentamento que parece estar nos impelindo numa certa direção, empurrando-nos para atravessar alguma fronteira limitante criada por nós. Chegamos então ao momento em que um novo ciclo de sete anos deve começar, e descobrimos que a própria vida nos levou a um ponto onde somos forçados a atravessar a fronteira e sair do outro lado, Isso geralmente causa mudanças na vida; muitas pessoas descrevem essa fase como um tipo de iniciação.

A maioria das pessoas atravessa esses períodos sem prestar muita atenção; no entanto, aquelas mais conscientes de sua jornada espiritual já desenvolveram alguma autopercepção e compreenderam que, a cada período de sete anos, uma energia especial de transformação se apresenta. Essas pessoas são capazes de trabalhar na direção da transformação com muito maior eficácia, por esforço próprio, e verdadeiramente alcançam sólidos resultados."

(John Vorstermans - Ciclos e mudanças - Revista Sophia, Ano 12, nº 52 - p. 14/15)
 www.revistasophia.com.br


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

ASANGA (PARTE FINAL)

"(...) Negue-se a alimentar a sensualidade. Evite as oportunidades do excitamento sensual. Não se comporte como um gozador inveterado. Evite transformar-se num fascinado pelos sentidos. Não se deixe perder no gosto, na miragem e na obsessão da sensualidade. Conserve-se sóbrio. Não quer dizer que quem não é um eremita austero tem de forçosamente ser um neurótico. Não é nada disso. Mas sobriedade e autodomínio pacífico nunca fazem mal a ninguém. Ao escolher um divertimento, leve em conta que a necessidade obsedante de correr a eles é um sinal de que a eles você está se prendendo, de que se está esvaziando, se alienando e tornando cada vez mais difícil a equanimidade, a imperturbalidade e, consequentemente, a saúde. Cada vez que você vai ver um filme de horror, de violência, de ódio e vingança, de erotismo e suspense, a título de divertimento, o que está de fato fazendo é introjetar no insconsciente vásanas e samskaras nocivas que são como germes patogênicos psíquicos do medo, da agressão, da brutalidade, da ira e da luxúria. Ao mesmo tempo estará, automaticamente, danificando organismo com fortes emoções mórbidas que a película lhe propicia. 

Aprenda a ser dono de sua sensibilidade. Divinize-a, alimentando-a de pura beleza. Aprenda a melhorar-se com imagens, sentimentos, melodias, sons, perfumes e emoções que sejam condizentes com a aspiração de transformar sua vida mediante a conquista da mente.

O erotismo está expulsando do mundo a poesia. A violência está destruíndo a ternura. A sensualidade grosseira está vencendo a capacidade de gozar o sutil. Isso causa dores e desquilíbrios.

Despertemos. Comecemos a reagir. Aprendamos a cultivar poesia, ternura e gozo espiritual. Sutilizemos, refinemos nossa sensibilidade. Espiritualizemos nosso sentir. Tornemo-nos capazes para os prazeres não compráveis, invulgares, indescritíveis - os sublimes; e para as perfeitas vivências no Espírito Onipresente da Beleza Absoluta. Harmonizemo-nos esteticamente. Harmonizemo-nos capazes de sintonia com a Suprema Beleza, que o Divino Artista nunca deixou de nos oferecer. Abramos nossos olhos para a beleza de Deus." 

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 196/197)


domingo, 21 de dezembro de 2014

ASANGA (1ª PARTE)

"Em muitos de seus versículos, a Gita alerta o aspirante ao yoga, o candidato à saúde e à integração psicossomática, que não se deixe dominar pelos objetos dos sentidos. Quem vive a gratificar os sentidos, cada vez mais, vai se tornando escravo do prazer e do desejo de maior prazer. Não pode haver libertação para aquele que se deixa dominar pela sede dos sentidos (indriyas), pela sensualidade. Quem aspira à conquista da mente, tem de manter-se alerta, a fim de não cair vítima da obsessão sensual. A psicologia e a higiene mental do Ocidente também recomendam que não se deve atender à sede de sensualidade, e mostram não ser sadio gratificar os sentidos. 

Sanga quer dizer o gozo dos prazeres sensuais ou a gratificação dos sentidos. O yogui pratica asanga, isto é, a negação de sanga. Asanga é liberdade. Sanga, servidão.

A maioria dos homens vulgares, tentando, de maneira vã, um alívio para seus dramas, buscando, sem resultado, um preenchimento para o vácuo de seu viver sem rumo, querendo um lenitivo para seu tédio e buscando uma felicidade mítica, persegue novos e mais excitantes prazeres sensuais. O que consegue é apenas perseguir miragens, disfarçar a infelicidade, com o consequente agravamento dessa infelicidade e maior desgaste de sua energia nervosa. Se ansiedades e frustrações são como fogueira a queimar, as concessões à sensualidade são como a tentativa de apagá-la jogando mais gasolina em cima. Os sentidos indiscutivelmente são insaciáveis. Nenhum prazer, por mais intenso e inusitado que seja, conseguirá satisfazê-los. Quem tenta provar o contrário - e são quase todos - comete imprudência e só consegue desengano. É um recomeçar desalentador... 

Se a mente é uma fogueira, asanga é negar-lhe o combustível. A dieta e o jejum dos sentidos, que a psiquiatria e a higiene mental de hoje recomendam, é este sábio procedimento aconselhado pela yoga há muitos milhares de anos. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 195/196)


domingo, 7 de dezembro de 2014

AS TRÊS SALAS (PARTE FINAL)

"(...) Os sábios não dão ouvidos às vozes musicais da ilusão.

Procura aquele que te dará o nascimento na Sala da Sabedoria, a sala que está além, onde se desconhecem todas as sombras e onde a luz da verdade brilha com uma glória permanente.

Aquilo que é incriado habita em ti Discípulo[1], assim como reside na Sala. Se queres alcançá-lo e combinar os dois, tens de despir-te das tuas escuras vestes de ilusão. Abafa a voz da carne, não permitas que nenhuma imagem dos sentidos se entreponha entre a Luz do incriado e a tua, e assim as duas poderão fundir-se em uma. E, tendo aprendido a tua própria ajnᾱna[2], abandona a Sala da Instrução. Essa sala é perigosa por sua traiçoeira beleza, e necessária apenas para a tua provação. Acautela-te Lanoo, não vá tua Alma, deslumbrada pelo brilho ilusório, demorar-se e enredar-se na sua luz enganadora.

Esta luz brilha na joia do grande enganador (Mᾱra)[3]. Enfeitiça os sentidos, cega a mente e deixa o descuidado qual um náufrago abandonado. (...)

Se, através da Sala da Sabedoria, queres chegar ao Vale da Bem-aventurança, Discípulo, fecha os teus sentidos à grande e cruel heresia da separatividade que te afasta dos demais."

1 O Iniciador que conduz o discípulo pelos conhecimentos que lhe ministra, ao seu segundo nascimento, ou nascimento espiritual, chama-se Pai, Guru ou Mestre.
2 Ajnᾱna é a ignorância ou não sabedoria, o contrário de conhecimento, Jnᾱna.
3 Mᾱra é, nas religiões exotéricas, um demônio, um Asura, mas na filosofia esotérica é a personificação da tentação pelos vícios humanos; traduzido literalmente, quer dizer ‘aquilo que mata a alma’. (...)

(H. P. Blavatsky - A Voz do Silêncio - Ed. Teosófica, Brasília - p. 97/105)


sábado, 6 de dezembro de 2014

AS TRÊS SALAS (1ª PARTE)

"Três salas, ó cansado peregrino, conduzem ao fim dos trabalhos. Três salas, ó conquistador de Mᾱra, te trarão através de três estados[1] até o quarto[2], e daí até os sete mundos[3], os mundos do descanso eterno.

Se queres saber os seus nomes, escuta-os e recorda-te.

O nome da primeira é Sala da Ignorância - Avidyᾱ. É a sala em que vistes a luz, em que vives e hás de morrer[4].

O nome da segunda é a Sala da Instrução[5]. Nela a tua Alma encontrará as flores da vida, mas debaixo de cada flor, uma serpente enrolada[6].

O nome da terceira é a Sala da Sabedoria, para além da qual se estende o mar sem praias de Akshara, a fonte indestrutível da onisciência[7].

Se queres atravessar seguramente a primeira sala, que a tua mente não tome os fogos da luxúria que ali ardem pela luz do sol da vida.

Se queres atravessar seguramente a segunda, não pares a aspirar o perfume das suas flores embriagantes. Se queres ver-te livre das cadeias kármicas, não procures o teu Guru nessas regiões mᾱyᾱvicas.

Os sábios não demoram nas regiões de prazer dos sentidos. (...)"

1 Os três estados de consciência, que são: Jᾱgrat, o de vigília; Svapna, o de sonho; e Sushupti, o estado de sono profundo. Estas três condições do Yoga conduzem ao quarto, que é -
2 Turῑya, o que está além do estado do sono sem sonhos, um estado de elevada consciência espiritual.
3 Alguns místicos orientais indicam sete planos de existência, os sete Lokas ou mundos dentro do corpo de Kᾱla Hamsa, o cisne além do tempo e do espaço, convertível em o cisne no tempo, quando se torna Brahmã, em vez de Brahman.
4 O mundo fenomênico, apenas dos sentidos e da consciência terrena.
5 A sala da Instrução probacionária.
6 A região astral, o mundo psíquico das percepções sensuais e das visões ilusórias. (...)
7 A região de plena consciência espiritual, para além da qual já não há perigo para quem lá chegou.

(H. P. Blavatsky - A Voz do Silêncio - Ed. Teosófica, Brasília - p. 97/105)


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

OS ENSINAMENTOS DE BUDA

"Quando Buda, um ser da Sexta ronda, veio ao planeta Terra, que está em sua Quarta Ronda, era como pegar um Einstein e colocá-lo trabalhando nas galés, como escravo, nos tempos antigos.

O Buda veio para ensinar ao homem que o sofrimento e a dor são inevitáveis... que eles são parte do papel cármico deste planeta... que uma atitude correta em relação ao sofrimento vai ajudar os homens a lidar com eles.

          Uma jovem mulher, tendo perdido seu primeiro filho, ficou tão abalada pelo sofrimento que errava pelas ruas implorando um remédio mágico para restituir a vida de seu filho. Alguns voltavam-lhe as costas com pena; outros zombavam e chamavam-na louca; ninguém conseguia encontrar palavras para consolá-la. Mas um sábio, percebendo seu desespero, disse: ‘só há uma pessoa em todo mundo que pode fazer esse milagre. Ele é o Perfeito, e mora no topo da montanha. Vá até ele e peça.’

          A jovem subiu a montanha e postou-se diante do Perfeito e implorou: ‘Ó buda, dê a vida de volta a meu filho.’

          Buda disse: ‘Desça para a cidade, vá de casa em casa e traga-me um grão de mostarda de uma casa em que nunca morreu alguém.’

          O coração da jovem estava leve enquanto ela descia depressa a montanha e entrava na cidade. Na primeira casa que visitou, disse: ‘O Buda me pediu para pegar um grão de mostarda de uma casa que nunca tenha conhecido a morte.’

          ‘Nesta casa muitos morreram’, disseram-lhe. Assim ela foi à casa seguinte, e tornou a perguntar. ‘É impossível contar o número dos que morreram aqui.’ responderam-lhe. Portanto, a mulher foi a uma terceira casa, e à quarta, e à quinta, e assim por toda a cidade, e não conseguiu encontrar uma única casa que a morte não tivesse alguma vez visitado.

          Assim a jovem voltou ao topo da montanha. ‘Você trouxe o grão de mostarda?’, perguntou Buda. ‘Não’, respondeu ela, ‘e nem procuro mais. Minha dor me tinha cegado. Pensei que só eu havia sofrido nas mãos da morte.’

          ‘Então por que voltou?’, perguntou o Perfeito. ‘Para pedir-lhe que me ensine a verdade’, respondeu ela. E o buda lhe disse: ‘Em todo mundo do homem e em todo o mundo dos deuses esta é a única Lei: todas as coisas são transitórias.’

Os seres humanos possuem muito mais do que cinco sentidos. Um deles é o sentido da dor, e o corpo físico tem muitos órgãos sensoriais para registrar a dor – existe até mesmo um conduto especial na espinha, com esta finalidade.”

(Dr. Douglas Backer - Leis Cármicas – Ed. Record, Rio de Janeiro, 1982 - p. 30/31)


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

COMO FAZER A ESCOLHA CERTA EM QUALQUER SITUAÇÃO (1ª PARTE)

"Para saber como fazer a escolha certa em qualquer situação, precisamos guiar o nosso raciocínio pelo poder da intuição. Todos possuem o dom do 'sexto sentido', mas a maioria das pessoas não o usa. Em vez disso, preferem confiar nos relatórios dos cinco sentidos inferiores. Todavia, os cinco sentidos nem sempre fornecem dados precisos para que possamos reagir corretamente ou tomar as decisões certas. Além de terem âmbito e poder limitados, os sentidos (e sua 'chefe', a mente identificada como ego) interpretam tudo conforme seus próprios gostos e aversões, e não segundo a verdade e aquilo que, em última análise, seria benéfico para a alma. Ao tomar decisões baseadas apenas no que os sentidos externos e a mente inferior dizem, não é de admirar que o ser humano tenha problemas com tantas frequência!

Espero que chegue o dia em que o mundo inteiro entenda a importância de um período diário de recolhimento interior para sua orientação e comunhão com Deus. Ao fazer assim, você fica mais equilibrado e mais calmo; a sua capacidade de discernimento desperta. Você fica mais livre das amarras de hábitos, desejos, emoções e apegos que o impelem a comportar-se de determinado modo, certo ou errado. O discernimento (que, como a intuição, é uma qualidade da alma) capacita-o a perceber o que você deve fazer, e quando deve fazê-lo. É com a meditação que se desenvolvem essas faculdades da alma.

Aprenda a analisar claramente as situações, sem os 'antolhos' da emoção. (...)"

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self-Realization Fellowship - p. 15/16)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A RELAÇÃO COM O MUNDO DOS OBJETOS

"Como é sua relação com o mundo dos objetos, com as inúmeras coisas que o cercam e que você usa diariamente? A cadeira onde você senta, o carro que dirige, a xícara onde toma seu café? Como é que você os vê e sente? Eles são apenas um meio para atingir alguma coisa, ou, de vez em quando, você reconhece a existência deles, o ser deles, e lhes dá atenção, mesmo que por pouco tempo?

Quando você se apega aos objetos, quando você os usa para valorizar-se ante os outros e aos seus próprios olhos, a preocupação com os objetos pode dominar toda a sua vida. Quando se identifica com as coisas, você não as aprecia pelo que são, pois está se vendo nelas.

Quando você aprecia um objeto pelo que ele é, quando toma conhecimento da existência dele sem fazer qualquer projeção mental, você se sente grato por ele existir. Pode também sentir que ele não é um objeto inanimado, apesar de parecer assim para nossos cinco sentidos. Os cientistas comprovam que, a nível molecular, cada objeto é um campo de energia pulsante.

Se você desenvolve uma apreciação pelo reino das coisas desprendida do ego, o mundo à sua volta adquire vida de uma forma que você não é capaz sequer de imaginar com a mente."

(Eckart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 62)

sábado, 8 de novembro de 2014

EQUILÍBRIO NA MENTE (PARTE FINAL)

"(...) Nossos sentidos são prejudicados pela atividade da mente. Muito disso se deve a tolas distrações. A atividade mental também reduz os sentimentos - por exemplo, a solidariedade. Milhões de pessoas estão morrendo de fome ou subnutrição. Ouvimos falar a respeito mas não sentimos de verdade. Torna-se parte do noticiário e logo esquecemos. Mesmo enquanto falamos ou lemos a respeito, a mente pode divagar para alguma outra coisa - o que a pessoa quer comprar na próxima vez que for ao shopping ou alguma outra trivialidade. Os pensamentos criam perturbação e embotam nossa percepção. Eles também suprimem nossos sentimentos mais sutis e belos de diferentes tipos, como por exemplo o lado moral - não no sentido convencional, mas no sentido de saber o que não é correto e o que não é útil.

Buda falou a respeito do correto pensamento, da correta linguagem, da correta ação, e assim por diante. Em que consiste a retidão? É um grande tema em si mesmo, mas ele resumidamente usou uma palavra que significa 'bem-estar', não simplesmente para si próprio mas também para as outras pessoas, para o ambiente, para tudo.

Portanto, viver o correto tipo de vida é um tipo de habilidade que a pessoa tem que aprender. As pessoas fazem coisas espantosamente antiéticas porque não sabem o que isso acarretará ao bem-estar dos outros e do mundo. É difícil saber o que é bom e o que não é; daí o axioma 'o caminho para o inferno está repleto de boas intenções.' Mas se nosso cérebro não estiver distorcido, se verdadeiramente nos preocuparmos com o bem-estar dos outros, entenderemos aquilo sobre o que Buda falou. 

O pensar excessivo suprimiu nossa capacidade de responder ao que não está no nível visível. (...) Dizem que algumas descobertas surpreendentes da ciência surgiram a partir de lampejos de percepção. Mas o verdadeiro pensar parece tomar parte. Alguns cientistas descreveram como durante anos trabalham num certo problema sem obter resposta, mas certo dia, subitamente, quando param de pensar no problema, repentinamente a resposta apareceu. 

Podemos estar cercados pela beleza de um local profundamente pacífico, mas a percepção dessa beleza pode ser reduzida pela atividade mental ou até mesmo totalmente perdida. Essa pode ser uma razão para a assimetria na atividade humana, porque a capacidade de pensar sumprime e obstrui a percepção sensorial, os sentimentos e as percepções morais e estéticas."

(Radha Burnier - Equilíbrio na mente - Revista Sophia, Ano 9, nº 34 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 27/28)


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

CONSCIÊNCIA E INTUIÇÃO: A VOZ DIVINA INTERIOR

"A Voz Divina interior nos ajudará a resolver todos os problemas. A voz da consciência é um instrumento de orientação concedido por Deus a todos os seres humanos. Mas muitas pessoas não a ouvem porque durante um período de uma vida, ou de incontáveis vidas, recusaram-se a prestar atenção a ela. Consequentemente, a voz emudece ou fica muito, muito fraca. Contudo, à medida que o indivíduo começa a agir corretamente, os sussurros interiores ficam novamente fortes.

Além da consciência parcialmente intuitiva está a intuição pura, a percepção direta que a alma tem da verdade - a infalível Voz Divina.

Todos nós temos o dom da intuição. Possuímos os cinco sentidos e também um sexto sentido - a intuição onisciente. Nós nos relacionamos com o mundo através dos cinco sentidos: tocamos, ouvimos, cheiramos, provamos e vemos. Na maioria das pessoas, o sexto sentido, o sentimento intuitivo, permanece mal desenvolvido por falta de uso. Se seus olhos forem vendados desde a infância, tudo lhe parecerá plano quando a venda for removida anos mais tarde. Ou, se imobilizar um braço, ele não se desenvolverá como deve, por falta de uso. Da mesma forma, pela falta de uso a intuição não funciona mais em muitas pessoas."

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self-Realization Fellowship - p. 33/34)

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

AUTOCONTROLE (PARTE FINAL)

Controle da Luxúria

"O controle da luxúria é o maior feito da existência humana. Sem controlar seus desejos o homem não é capaz de estabelecer regras para si mesmo. E sem essas regras, não pode haver swaraj (autonomia) nem rarnaraj (soberania). Tentar estabelecer normas para todos os outros sem que se leve em conta as individuais seria algo tão enganoso e decepcionante quanto uma bela fruta de cera – belíssima para se olhar, porém desprovida de sabor. (...) Grandes causas exigem esforços espirituais e força da alma. Esta advém somente da graça de Deus, que, por sua vez, nunca cai sobre o homem que é escravo dos próprios desejos.

Brahmacharya significa controle de todos os órgãos de sentido. Aquele que tentar controlar somente um de seus sentidos e permitir que os demais atuem livremente certamente verá que seus esforços terão sido em vão. Tentar controlar um único sentido enquanto se escuta histórias sugestivas com os ouvidos, se vê imagens insinuantes com os olhos, se saboreia alimentos estimulantes com a língua e se toca objetos excitantes com as mãos é o mesmo que colocar a própria mão no fogo e tentar evitar uma queimadura. Se praticarmos o autocontrole em todas as direções, a tentativa se torna científica e o sucesso é facilmente alcançado. Talvez o paladar seja o principal pecador. (...)"

(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São Paulo, 2014 - p.51/54)

domingo, 31 de agosto de 2014

PARAPSICOLOGIA: OS FENÔMENOS OCULTOS DA MENTE (2ª PARTE)

"(...) A parapsicologia, através de uma série de experiências, demonstrou que o homem tem dentro de si uma percepção que não depende de seus sentidos. Há muitos anos, F. W. H. Myers criou uma palavra para a comunicação direta entre duas mentes. Chamou-a de telepatia, que significa transmissão de ideias de uma mente à outra, independente dos canais sensoriais. A telepatia foi um dos assuntos investigados pela Sociedade de Pesquisas psíquicas, estabelecida em Londres em 1882.

No século XIX, os fenômenos de hipnotismo despertaram o interesse da classe média. É desnecessário dizer que o hipnotismo tem muita ligação com a telepatia, e hoje é reconhecido e aceito como método de tratamento de certos tipos de doenças.

Um outro fenômeno paranormal forneceu material para muitas investigações por parte da Sociedade de Pesquisas Psíquicas. É o espiritismo, ou a comunicação com os espíritos desencarnados. Depois da Segunda Guerra Mundial, esse ramo de investigação recebeu um novo impulso com os trabalhos de Lord Dowding, que foi Marechal da Força Aérea na Grã-Bretanha. É óbvio que a telepatia, o hipnotismo e a comunicação espírita fazem parte de uma região onde os sentidos físicos são inoperantes: a percepção extrassensorial.

Rhine e outros pesquisadores da parapsicologia realizaram investigações mais recentes. Raynor Johnson, autor do livro The Impresioned Splendour (O Esplendor Aprisionado), descreve a clarividência como a ‘consciência da proximidade de um acontecimento contemporâneo, de algum objeto no mundo material, sem utilização dos órgãos sensoriais ou inferência racional baseada em detalhes sensoriais’ (...)."

(Rohit Mehta - Parapsicologia: os fenômenos ocultos da mente - Revista Sophia, Ano 2, nº 5, p. 9/11)


sábado, 30 de agosto de 2014

PARAPSICOLOGIA: OS FENÔMENOS OCULTOS DA MENTE (1ª PARTE)

"Nos últimos trinta anos, a psicologia progrediu rapidamente e nos ofereceu novas visões da mente humana. Mas durante muitas décadas essa ciência foi estudada apenas nos seus aspectos estritamente psicológicos que consideram o pensamento um mero fenômeno, quando não uma espécie de secreção do cérebro.

No entanto, pesquisas recentes impuseram uma verdadeira derrocada nas teorias fisiológicas sobre as operações efetuadas na mente humana. Uma das mais importantes foi a ramificação da psicologia conhecida como parapsicologia. Esse ramo do conhecimento surgiu das experimentações realizadas por J. B. Rhine e outros, e gerou uma volumosa literatura sobre o assunto. Na verdade, chega a ser difícil estar em dia com essas investigações.

A parapsicologia é extremamente interessante, pois lida com as percepções extrassensoriais. Nosso conhecimento do mundo é normalmente obtido através dos cinco sentidos. Mas os aspectos sensoriais não podem, por si só, exaurir o conhecimento. Os detalhes sensoriais produzem vibrações no cérebro físico, e, a não ser que essas vibrações sejam interpretadas como um todo, não haverá conhecimento.

Portanto, a mente, essencial para colher o conhecimento, depende de detalhes sensoriais; a matéria bruta do conhecimento é fornecida pelos sentidos. Tudo que conhecemos do mundo externo vem dos sentidos. Mas há uma questão que atualmente chama a atenção de alguns psicólogos. Pode haver conhecimento sem a intervenção dos sentidos? A percepção é possível sem o estímulo dos sentidos? (...)."

(Rohit Mehta - Parapsicologia: os fenômenos ocultos da mente - Revista Sophia, Ano 2, nº 5, p. 9/11)


sábado, 26 de julho de 2014

OS OBJETOS DOS SENTIDOS

"79 - Quanto à virulência, os objetos dos sentidos são mais fatais do que o veneno da serpente negra (naja tripudians). O veneno só mata aquele em que é injetado, mas os objetos dos sentidos podem 'matar' até pela sua própria aparência externa (literalmente: pela mera visão deles).

COMENTÁRIO - Muitas ordens religiosas recomendam que os praticantes, aqueles que realmente estão dispostos a encontrar o caminho de volta ao Absoluto, evitem os encantamentos advindos dos sentidos. Os grandes chapéus usados pelos monges mendicantes do Budismo japonês protegem quem os utiliza da visão dos que oferecem alimentos. Da mesma maneira, no Budismo antigo Hinayana, não é permitido o contato físico com outras pessoas. O mesmo ocorre em ordens monásticas cristãs, entre elas a dos Trapistas. Mas os seres humanos comuns, que são obrigados a levar uma vida intensa de relacionamento, devem adotar técnicas que permitam neutralizar os efeitos do contato direto com os objetos dos sentidos. Isso é possível graças à meditação, que gera um estado de consciência que minimiza ou anula os efeitos dos sentidos."  

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, 2011 - p. 41)


quinta-feira, 17 de julho de 2014

A VIRTUDE DO SILÊNCIO

"A experiência me ensinou que o silêncio é parte da disciplina de um devoto da verdade. (...) Quando paramos para pensar sobre isso, não se pode evitar sentir que quase metade do sofrimento do mundo desapareceria se nós, na condição de mortais agoniados, conhecêssemos a virtude do silêncio. Antes de a civilização moderna nos alcançar, dedicávamos pelo menos seis a oito horas por dia – das 24 disponíveis – ao silêncio e à introspecção. A civilização moderna nos ensinou a converter a noite em dia e o silêncio de ouro em barulho. Que ótimo seria se, em nossa vida conturbada, cada um de nós pudesse se retirar para dentro de si mesmo por pelo menos algumas horas por dia e preparar a mente para escutar a voz do grandioso silêncio. O rádio divino está sempre ligado, basta que estejamos dispostos a escutá-lo. Contudo, é impossível ouvir sem silêncio. Santa Teresinha se utilizou de uma imagem interessante para resumir o doce resultado do silêncio:

Você imediatamente sentirá seus sentidos se agrupando; eles se parecem com  abelhas que retornam à colmeia e param de trabalhar, sem que você tenha de se preocupar ou se esforçar. Deus então recompensa a violência que sua alma tem feito a si mesma e dá a ela um grande domínio sobre os sentidos, de modo que, quando ela quiser se reestruturar, um único sinal será suficiente para que eles obedeçam e se reúnam nessa ação. Então, no primeiro chamado, todos voltam cada vez mais rápido. Por fim, depois de muitos e muitos exercícios desse tipo, Deus os dispõe em um estado de repouso absoluto e de perfeita contemplação.’"

(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São Paulo - p. 72/73)


sábado, 12 de julho de 2014

SILÊNCIO E CALMA (1ª PARTE)

"O silêncio ajuda, mas você não precisa dele para encontrar a calma. Mesmo se houver barulho por perto, você pode perceber a calma por baixo do ruído, do espaço em que surge o ruído. Esse é o espaço interior da percepção pura, da própria consciência.

Você pode se dar conta dessa percepção como um pano de fundo para tudo o que seus sentidos apreendem, para todos os seus pensamentos. Dar-se conta da percepção é o início da calma interior. Qualquer barulho perturbador pode ser tão útil quanto o silêncio. De que forma? Abolindo a sua resistência interior ao barulho, deixando-o ser como é. Essa aceitação também leva você ao reino da paz interior que é a calma.

Sempre que aceitar profundamente o momento como ele é - qualquer que seja a sua forma -, você experimenta a calma e fica em paz.

Preste atenção nos intervalos - o intervalo entre dois pensamentos, o curto e silencioso espaço entre as palavras e frases numa conversa, entre as notas de um piano ou de uma flauta ou o intervalo entre a inspiração e a expiração.

Quando você presta atenção nesses intervalos, a percepção de 'alguma coisa' se torna apenas percepção. Dentro de você surge a pura consciência desprovida de qualquer forma. Você deixa então de identificar-se com a forma.

A verdadeira inteligência atua silenciosamente. A calma é o lugar onde a criatividade e a solução dos problemas são encontradas. (...)"

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 12/13)
www.esextante.com.br


sábado, 28 de junho de 2014

FUI RAPTADO AO TERCEIRO CÉU

"Que disseste, Paulo? Foste raptado ao terceiro céu? E eu, que nem conheço o primeiro e o segundo céu...

Ah! já sei, já sei...

Foste raptado para além do primeiro céu dos sentidos e para além do segundo céu da mente.

Foste raptado ao terceiro céu do espírito.

Eu conheço bem o primeiro céu, conheço também o segundo céu - nada sei do terceiro céu.

Creio no céu do espírito, que espero para depois da morte.

Mas tu entraste no terceiro céu, em plena vida.

E lá no terceiro céu tu ouviste 'ditos indizíveis' - que transformaram a tua vida terrestre.

'Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus preparou àqueles que o amam.'

Para além dos sentidos e da mente do meu ego humano - eu me deixarei raptar para o terceiro céu do meu Eu divino.

Enquanto eu me identificar com o ego, que não sou, não sou raptável.

Enquanto eu viver satisfeito no primeiro céu dos sentidos e no segundo céu da mente, ninguém me pode raptar para o terceiro céu do espírito, que sou.

'Transmentalizai-vos, porque o Reino dos Céus está ao vosso alcance'.

Se eu não me transmentalizar, não ultrapassar o meu ego do aquém, não serei raptado para as regiões do Além.

Deus respeita o meu livre-arbítrio.

Enquanto eu não abrir a porta para que alguém possa entrar no recinto do meu ser...

Raptar-me não está em meu poder - em meu poder está somente abrir as portas para ser raptado.

E os 'ditos indizíveis' do meu terceiro céu ecoarão através do meu primeiro e segundo céu."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2005 - p. 157/158)