OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quarta-feira, 24 de maio de 2017

A RENOVAÇÃO DA SOCIEDADE

"Viajamos à lua, descobrimos evidência de água em Marte, escalamos o Monte Everest e, no fundo dos oceanos, descobrimos formas de vida desconhecidas. Mas há uma outra busca que é a aventura última do ser humano. As questões que caracterizam essa busca transcendem o mundo físico, podem confundir a ciência moderna e não podem ser respondidas por meio de medições físicas, câmaras sofisticadas ou qualquer tecnologia moderna.

O professor Kurt Dressler definiu essa procura como 'a busca fundamental do ser humano por sua essência e o fim de nossa enigmática existência num mundo multifacetado'. Ela pode nos levar à religião, à filosofia ou à ciência. Mas no fim é também uma busca de nossa natureza mais profunda, refletida cada vez mais em nossa espiritualidade emergente. 

O que é uma sociedade? Falando simplesmente, é uma comunidade, um grupo de pessoas. Quando consideramos a sociedade humana podemos reduzi-la da complexidade de muitas instituições e elementos culturais aos seus alicereces essenciais, isto é, aos 6,8 bilhões de pessoas no planeta. O filósofo J. Krishnamurti descreveu a sociedade fundamentalmente como relacionamento: 'Os seres humanos em todo o mundo tentaram criar uma sociedade justa, exterior. Mas a sociedade é nosso relacionamento mútuo.'

Com relação a isso um jornalista da BBC fez um resumo oportuno do século 21, escrevendo que o maior impacto desta década, que estabeleceu o tom e definiu a era, veio de 'você'. Segundo ele, a revista Time acertou quando, em 2006, transformou 'você' na personalidade do ano, colocando um espelho na capa. 'Você', escreveu o jornalista, lutou de maneira crescente contra as instituições que supostamente lhe deveriam representar ou agir em seu interesse. Você perdeu a fé nos bancos, nos políticos e nas companhias que colocaram alimento em sua mesa.' E quando você pode fazer algo a respeito na internet, comentou ele, você floresce. O maior conflito na década que passou, segundo ele, foi entre você e suas expectativas. Em outras palavras, ele vê esta década como de autointeresse, autoexpressão e conflito nos relacionamentos - nesse caso, entre o indivíduo e as instituições sociais. Poderíamos acrescentar que o autointeresse parece ser uma característica mais ou menos perene da humanidade.

Os relacionamentos assumem várias formas. Não apenas nos movemos para o exterior rumo aos outros, como a polaridade da vida também determina que, no tempo devido, devemos nos mover para o interior, através dos campos da nossa consciência, rumo à transcendente fonte da seidade, que Helena Blavatsky chamou de realidade última. Durante milênios, usando meios destrutivos, a humanidade perdeu a inocência; talvez agora se tenha tornado sofisticada demais para seu próprio benefício. Para muitos, no entanto, um relacionamento florescente com o espiritual ajuda a trazer uma perspectiva de vida mais equilibrada."

(Linda Oliveira - A renovação da sociedade - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 30)


segunda-feira, 15 de maio de 2017

O DESPERTAR DA ILUMINAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Uma miragem é uma ilusão de ótica que depende das condições atmosféricas. A visão de uma poça d'água pode ser criada pela luz passando através das camadas de ar quente, acima da superfície aquecida de uma estrada. Outras miragens mais elaboradas podem surgir como cidades ou florestas. Mas tudo o que são é ilusão.

Nós, que estamos na jornada em busca do Graal, podemos estar vendo apenas a ilusão dos postes de sinalização no caminho para o despertar espiritual. Maya é a palavra usada para descrever a realidade da forma como é vista através da nuvem de fumaça das nossas mentes, emoções e personalidades.

Nossa vida é vista através das condições que nós criamos. Assim como um pedaço de pau parece partido quando visto parcialmente na água, por causa da refração, nossa visão da realidade é distorcida por nossos condicionamentos. Quando buscamos o Graal, estamos no nível da mente. Por isso, ele é visto como algo separado - existe o buscador e aquilo que é buscado. Aquilo que buscamos permanecerá como uma ilusão, que retrocede assim que nos aproximamos. 

Como disse Lao Tsé, 'moldamos a argila na forma de um pote, mas é o vazio interior que retém o que desejamos. Cortamos madeira para fazer uma casa, mas é o espaço interior que a torna habitável. Trabalhamos com o ser, mas o não-ser é o que usamos'.

Eckhart Tolle, no livro O Poder do Agora, diz que o Ser está em cada forma como sua essência mais íntima e indestrutível. É a nossa inabilidade para sentir essa conexão que dá origem à ilusão da separatividade. Não podemos tentar compreendê-la com a mente; só podemos 'pegá-la' quando a mente está quieta. Quando nossa atenção está totalmente no momento presente é possível sentir a conexão com o todo."

(Christine Lowe - A miragem do Graal - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 14)


quarta-feira, 8 de março de 2017

OS CORPOS IMORTAIS DO HOMEM (1ª PARTE)

"'Temos uma casa de Deus, uma casa que não é feita com as mãos, e que é eterna nos céus' – disse o grande Iniciado cristão São Paulo, 'porque neste (corpo) gememos, desejando ardentemente sermos providos com a nossa morada que está no céu.' Essa casa celeste é a que se constrói com os corpos imortais do Homem, a habitação do Espírito através de eras infinitas, a morada do próprio homem, através de nascimentos e mortes, através do incomensurável período de sua vida imortal em manifestação.

O Espírito, que é 'o fruto de Deus', reside sempre no seio do Pai, como verdadeiro filho de Deus, e compartilha a Sua vida eterna. Deus fez o homem para ser 'a imagem da Sua própria eternidade'. A esse Espírito chamamos Mônada, porque é uma unidade, a verdadeira essência da Personalidade. A Mônada, quando desce para a matéria, a fim de conquistá-la e espiritualizá-la, apreende para si própria um átomo de cada um dos três mundos superiores, para deles fazer os núcleos dos seus três corpos superiores – o superespiritual, o espiritual e o intelectual. A esses corpos, com um fio de matéria espiritual (búdica), liga-se também uma partícula de cada um dos três mundos inferiores, núcleos dos seus três corpos inferiores.

Por longas, longas eras, ele paira sobre esses núcleos, enquanto seus futuros corpos mortais, apenas tocados com a sua vida, escalam vagarosamente a subida através dos reinos mineral, vegetal e animal, enquanto pequenas agregações da matéria dos três mundos superiores (a 'morada de Deus... nos céus') formam um canal para a sua vida, começando a manifestar-se naqueles mundos; e quando a forma animal atinge o ponto em que a vida que sobe faz um forte apelo ao superior, ele envia através dela, em resposta, uma pulsação de sua vida, e o corpo intelectual subitamente é completado, tal como a luz lança raios entre os carvões de um arco elétrico. O homem então está individualizado para a vida nos mundos inferiores. (...)"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O FIM DA ILUSÃO DO TEMPO

“A chave do segredo está em acabar com a ilusão do tempo. O tempo e a mente são inseparáveis. Tire o tempo da mente e ele para, a menos que você escolha utilizá-lo.

Estar identificado com a mente é estar preso ao tempo. É a compulsão para vivermos quase exclusivamente através da memória ou da antecipação. Isso cria uma preocupação infinita com o passado e o futuro, e uma relutância em respeitar o momento presente e permitir que ele aconteça. Temos essa compulsão porque o passado nos dá uma identidade e o futuro contém a promessa de salvação e de realização. Ambos são ilusões.

Quanto mais nos concentramos no tempo, no passado e no futuro, mais perdemos o Agora, a coisa mais importante que existe.

Porque o Agora é a coisa mais importante que existe? Primeiramente porque é a única coisa. É tudo o que existe. O eterno presente é o espaço dentro do qual se desenvolve toda a nossa vida, o único fator que permanece constante.. A vida é agora. Nunca houve uma época em que a nossa vida não fosse agora, nem haverá.

Em segundo lugar, o Agora é o único ponto que pode nos conduzir para além das fronteiras limitadas da mente. É o nosso único ponto de acesso para a área atemporal e amorfa do Ser.

Você alguma vez vivenciou, realizou, pensou ou sentiu alguma coisa fora do Agora? Acha que conseguirá algum dia? É possível alguma coisa acontecer ou ser fora do Agora? A resposta é óbvia, não é mesmo?

Nada jamais aconteceu no passado, aconteceu no Agora. Nada jamais irá acontecer no futuro, acontecerá no Agora.

A essência dessas afirmações não pode ser compreendida pela mente. No momento em que captamos a essência, ocorre uma mudança na consciência, que passa a desviar o foco da mente para o Ser, do tempo para a presença. De repente, tudo parece vivo, irradia energia, emana do Ser.”

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., Rio de Janeiro - p.28/29)


sábado, 26 de novembro de 2016

A NATUREZA DE DEUS

"(7:24) Os homens de pouca sabedoria imaginam que Eu, o Não manifesto, sou limitado (quando apareço) em forma corpórea. Não atinam com Minha natureza superior: imutável, inefável, suprema.

Os devotos carentes de sabedoria imaginam o próprio Ser Supremo limitado, essencialmente, às Suas manifestações especiais. Chegam a adorá-Lo sob uma dessas formas como o Deus único: por exemplo, Krishna e sua flauta, Shiva e seu tridente, Kali e seus quatro braços ou Jeová e Alá, que têm nomes, mas não formas. Deus é tudo isso, mas ao mesmo tempo muito mais, a ponto de não poder sequer ser imaginado ou nomeado em Sua verdadeira essência.

No entanto, dar ao Inefável um nome e visualizá-Lo sob uma forma qualquer é inevitável, pois o homem não saberia adorá-Lo de outro modo. Krishna não diz, na estrofe acima, que é errado reverenciar Deus com nome e forma: apenas, não se deve confiná-Lo dessa maneira. Deus é tudo - e nada, quer dizer, nenhuma coisa específica. Está em tudo e além de tudo, não sendo nem mesmo as 'coisas' nas quais Se manifestou, que não passam de sonhos e têm a realidade dos sonhos."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 311)


sábado, 8 de outubro de 2016

IOGA - O SEGREDO SUPREMO

"O AUM deve ser considerado pelo homem da Quinta Raça como o Nome do Logos Solar, Que é a 'Joia no Lótus' do universo. Ele é, na verdade, uma mistura igual de Essência espiritual de todas as joias e, portanto, de todos os Raios em cada uma de suas expressões em todos os reinos da Natureza e, além disso, Ele é a energia de luz branca, indiferenciada de que tudo consiste. 

A Mônada do homem é exatamente a mesma, ainda que bem menos desenvolvida, muito mais atenta ao universo de sua natureza. É como se o Ego do homem tivesse alcançado e passado pelas fases humanas de Individualização, primitiva, semicivilizada e avançada e, ao mesmo tempo, cada célula de seu corpo estivesse passando pelo mesmo processo num estágio muito, mas muito anterior. A Essência interior é a mesma, o protoplasma do corpo é o mesmo, a diferença está somente no grau de desenvolvimento e em nada mais.

Deus e o homem são um, idênticos em Espírito, em vida, em substância e em serem sujeitos às duas leis: (1) de desenvolvimento eterno e progressivo e (2) de perpétua harmonização ou carma. Esta verdade reconhecida dá ao homem assim iluminado sua âncora espiritual. É a sua vida espiritual, e sua expressão em ação é a espiritualidade. Aplicada aos relacionamentos humanos, é a chave para a harmonia mundial e a concórdia entre as nações, cidades, instituições e lares.

Se a Essência-Espírito em cada homem é una com a Essência-Espírito do universo, como realmente é, então, a Essência-Espírito de todos os homens é una. A divisão é uma ilusão. A separatividade isolada é uma negação da verdade e do fato. Esta é a verdade, e é a entrega ao mundo desta verdade, entre muitas outras chamadas Teosofia, que é a missão da Sociedade Teosófica: daí o Primeiro Objetivo¹."

¹ O autor está se referindo ao primeiro objetivo da Sociedade Teosófica: criar um núcleo da fraternidade universal sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor. (N. ed. bras.)

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 27/28)



terça-feira, 14 de junho de 2016

A ORIGINALIDADE, SEGREDO DOS MESTRES

"Os antigos Mestres da vida
Eram profundamente identificados
Com as potências vivas do Cosmos.
Em sua profunda interioridade
Jaziam a grandeza e o poder
Da sua dinâmica atividade.
Quem compreende, hoje, em dia, esses homens?
Sábios eram eles, 
Como barqueiros que cruzam um rio
Em pleno inverno:
Cautelosos eram eles,
Como homens circundados de inimigos;
Reservados eram eles,
Como se hóspedes fossem;
Amoldáveis eram eles,
Como gelo que se derrete;
Autênticos eram eles,
Como o cerne de madeira de lei;
Amplos eram eles,
Como vales abertos;
Impenetráveis eram eles
Como águas turvas.
Impenetrável também nos parece
A sua vasta sabedoria.
Quem pode compreendê-la atualmente?
Quem pode restituir à vida
O que tão morto nos parece?
Só quem sintoniza com a alma do Infinito! 
Só quem não busca o seu próprio ego,
Mas demanda o seu Eu real,
mesmo quando tudo lhe falta.

EXPLICAÇÃO: Esta apoteose da sabedoria eterna faz lembrar os mais elevados píncaros da sapiência de Salomão, de Krishna, e do próprio Cristo. A fonte de todas as coisas grandes, que se revelam por fora, brota das profundezas da interioridade, da intuição da essência divina do homem. Estas palavras de suprema sabedoria foram escritas 6 séculos antes da Era Cristã. Não terá havido uma tremenda decadência nesses 26 séculos? Verdade é que, ainda hoje, existe, em alguns Mestres, essa sabedoria - mas quão poucos são eles! A massa profana tripudia, ignara, sobre as coisas sagradas e executa a sua dança macabra em torno do bezerro de ouro - enquanto Moisés trava o seu silencioso solilóquio com o Infinito, no impenetrável cume do Sinai.

Mas... uma pequena elite anônima preserva da extinção o fogo sagrado."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 56/58)

sexta-feira, 29 de abril de 2016

CONSCIÊNCIA DA UNIDADE

"Besant conhecia profundamente o pensamento oriental, pois viveu toda a fase madura de sua vida na Índia, estudando e meditando sobre seus legados espirituais. Profunda conhecedora da filosofia do yoga, ela sabia que a espiritualidade está associada à existência de camadas gradualmente mais profundas de nossa mente. (...) Para o yoga, nossa verdadeira natureza espiritual está semiadormecida em suas regiões mais profundas, impedida de se manifestar plenamente em razão da superficialidade de nossa mente e da falta de sintonia com os estados interiores.

Um termo sânscrito, buddhi, esclarece a definição proposta por Besant. Buddhi significa inteligência espiritual, ou intuição, a capacidade de compreender de forma direta a essência e a natureza das coisas. Nos sábios, buddhi, está desperto, gerando aquela classe de discernimento que honra esse termo, ou seja, ir ao cerne das coisas. Quanto mais presente está buddhi, mais o centro da consciência está próximo da unidade, e mais firme é a noção de interdependência e da consequente capacidade de identificar-se com todos os seres, como parte de si mesmo, ou mais propriamente, sendo todos parte do mesmo ser.

Além da noção de unidade, outros dois aspectos da filosofia oculta da Índia, explicam o contexto conceitual das palavras de Besant. O primeiro é o de que tudo está vivo e expressa algum grau de consciência. A noção ocidental de seres animados e inanimados não existe nessa visão. Mesmo os seres considerados inanimados, como os minerais, possuem algum grau de consciência, e na dimensão da vida e da consciência estão todos ligados. Mesmo os objetos construídos são átomos e moléculas que estão vivos e também possuem certa grau de consciência.

O segundo aspecto é que existe uma relação de analogia e simbolismo entre micro e macrocosmo. Portanto, o ser humano guarda na profundidade espiritual de seu ser as mesmas forças e princípios que criaram o universo. A mente humana é expressão da mente cósmica que arquitetou o universo. O poder criador que move todas as coisas também se move em nós, e a força aglutinadora e geradora de vida se expressa em nós como amor nas mais diversas formas."  

(Marco Aurélio Bilibio Carvalho - A descoberta da espiritualidade - Revista Sophia, Ano 9, nº 33 - p. 7
www.revistasophia.com.br


quinta-feira, 17 de março de 2016

BUSQUE O PAI

"Uma sugestão, pouco valorizada pela sua simplicidade e que pode ser valiosa, se devidamente compreendida, diz o seguinte: 'Quando quiseres orar, entra em teu quarto, fecha a porta e fala a teu Pai em segredo.' Tudo se resume, pois, nisso. 'Entra em teu quarto' significa ficar recolhido dentro do próprio ser e 'fecha a porta' implica fechar os sentidos às influências externas que os distraem. Neste momento de busca do alinhamento, procura-se não escutar o que os ouvidos estão captando, não enxergar o que os olhos físicos estão vendo, não sentir os aromas que o olfato está percebendo, e assim por diante. Ao se 'entrar no quarto', fecha-se a porta dos sentidos a toda influência externa.

E o que quer dizer 'e fala ao teu Pai em segredo'? Recolhendo-se e fechando-se a porta dos sentidos por uns momentos, procura-se sintonizar com aquilo que em nosso centro é completamente desconhecido, ou seja, que constitui um segrego total que nenhum de nós sabe desvendar e que ninguém nos pode revelar, a não ser quando 'entrarmos no quarto' e ficarmos em silêncio.

O Pai é exatamente o símbolo do que temos na essência do nosso ser. Assim, quando entro em mim mesmo, fechando-me para o que está fora e para o que é supérfluo, alinhando-me com o mais profundo do ser, não preciso falar ou pedir nada, e nada de externo pode me alcançar, porque busco o Pai. Aquilo que está na origem primordial de todas as coisas e de mim. Se quero, realmente, contatar a energia da Vontade-Poder, ou seja, identificar-me com a força que 'segura as rédeas e conduz a carruagem', sabendo onde chegar, o ensinamento básico é 'entrar no quarto, fechar a porta e orar ao Pai em segredo'. Isso faz com que se desenvolva, ao máximo, em mim, a própria capacidade de ter vontade, porque nada pedi, apenas me decidi a abrir-me ao mistério. Fazer isso é um ato de decisão. Pedindo alguma coisa, ao voltar-me para o Pai, estarei desviando-me daquela proposta original da energia, que era decidir fazer, simplesmente. Ao ficarmos em silêncio e sem nada pedir, conectados com o nosso íntimo, ou Pai, acontece o melhor, o inédito, desvendando-se o misterioso e desconhecido segredo que está dentro de nós, vivo e atuante. É necessário, porém, que tomemos a decisão de nos abrir ao mistério."

(Trigueirinho - A energia dos raios em nossa vida - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 24/25)
www.pensamento-cultrix.com.br


sábado, 27 de fevereiro de 2016

O QUE É A CURA?

"Havendo concordância entre a vontade profunda de um indivíduo e a vontade superficial do seu eu consciente, a cura pode operar-se. Ao harmonizar a personalidade com a própria VIDA, que é a sua essência interior, a cura é processada, e seus efeitos tornam-se visíveis nos planos físico-etérico, emocional e mental - seja instantaneamente, seja a médio ou a longo prazos. Portanto, não se pode dizer de maneira precisa que um indivíduo cure outro, mas sim que cada qual cura a si próprio na medida em que faz essa união em si mesmo. Aquele que chamamos de curador é apenas um intermediário para que certa energia incida sobre aquele que será curado, ajudando-o a tomar a decisão de integrar-se. (...)

A vida, quando não inclui a busca dessa união entre a nossa vontade consciente e a nossa vontade profunda, leva naturalmente à decrepitude e às doenças. Por isso, qualquer processo terapêutico, para agir de fato, deveria incluir o trabalho fundamental de o 'paciente' procurar VER em que pontos sua vontade pessoal precisa harmonizar-se com a vontade dos níveis supramentais do seu ser.

Se essa união não é buscada, o eu superior, logo após a metade do tempo reservado à encarnação, vai se retirando dos níveis externos da vida, para concentrar-se, preferencialmente, nas suas realidades internas. O reflexo exterior disso é a personalidade passar a sentir-se incompleta, sozinha, insegura e até mesmo medrosa. Quando tal processo está em ato, caso ela não tenha condições de rever suas próprias atitudes e reações sob essa luz, podemos apenas ajudá-la a manter-se em paz e em contato com os valores morais, afetivos e intelectuais que tenha conseguido desenvolver até então. Esse é o caso daqueles que, fisicamente idosos, se envolvem com ressentimentos ou com situações deprimentes antigas. Mesmo estando já entregues a esse estado, podem ser estimulados a manterem vivos valores já conquistados, pois dessa forma não se abandonarão por inteiro a um processo degenerativo."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 27/28)


domingo, 11 de outubro de 2015

SÊ SENHOR DOS TEUS NERVOS!

"(...) É estranho! não há nada que tão radicalmente desarme o nosso adversário como pedir-lhe um favor ou reconhecer a sua superioridade.

Se dou um empurrão involuntário a um vizinho, ou lhe piso num pé, ele me olha furioso, e enquanto me calo o esbarro parece significar: Eu tenho o direito de fazer isto, porque eu sou superior e tu és inferior! Mas no momento em que profiro a palavrinha mágica 'desculpe!' tudo mudou, os céus se desanuviam, porque desde esse momento o objeto do esbarro se sente superior ao sujeito do mesmo, porquanto este, pelo fato de dizer 'desculpe', confessa a sua condição de devedor, conferindo ao outro as honras de credor. É que o nosso querido e inveterado egoísmo se compraz deliciosamente na consciência da sua superioridade. E, estranhamente! quase todos os homens preferem ser inferiores no plano moral do que na zona intelectual; dizer a alguém que é 'mau' é ofensa, mas dizer-lhe que é 'bobo' é ofensa muito maior.

Pedir desculpas ou pedir um favor a alguém é admitir a própria inferioridade ou condição de devedor, e reconhecer no outro superioridade ou condição de credor. Fazer bem aos que nos fazem mal, não é apenas um preceito ético, é também um postulado profundamente psicológico, porque o positivo neutraliza seguramente o negativo e despoja das armas qualquer adversário armado.

Entretanto, toda essa estratégia supõe um grande domínio sobre os nervos, um perfeito controle das emoções instintivas. E esse perfeito controle e domínio nasce do conhecimento experiencial da verdade sobre nosso verdadeiro Eu. Enquanto confundo o meu pequeno ego personal, físico-mental, com o meu grande Eu espiritual, o meu Cristo interno, serei incapaz de manter essa calma e serenidade em face duma suposta ofensa. Digo 'suposta', porque ninguém pode ofender-me realmente, isto é, a 'mim', ao meu verdadeiro 'Eu', uma vez que este se acha para além do alcance de qualquer agressão, ofensa ou vulneração de fora; só pode ser ofendido e vulnerado de dentro, por mim mesmo, e só por mim. O mal que os outros me fazem, ou parecem fazer, não me faz mal, porque não me faz mau; e, antes de fazer, ou parecer fazer mal aos outros, já fez um mal real a mim mesmo. 'O que entra pela boca não torna o homem impuro, mas sim o que sai da boca' (Jesus). O mal que eu sofro como objeto não me atinge na íntima essência do meu ser; mas o mal que eu faço como sujeito, isto sim me atinge e vulnera, porque é produto meu.

Ninguém pode ofender o Eu, mas tão somente o que é meu. Quando Gandhi, pelo fim da sua vida repleta de injustiças, foi interrogado se havia perdoado a todos os seus inimigos, respondeu calmamente: 'Não, porque nunca ninguém me ofendeu.' Como iniciado na suprema verdade sobre si mesmo, sabia o Mahatma que nenhuma das numerosas ofensas recebidas tinha atingido o seu verdadeiro Eu, a sua alma o seu Cristo interno. 'Conhecereis a verdade - e a verdade vos libertará.' (Jesus)"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 141/143


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

DEUS E O HOMEM (PARTE FINAL)

"(...) A era do homem começou, grosseira e materialisticamente, pela negação de Deus e de todas as coisas antitéticas às percepções exteriores nas quais sua consciência estava ativamente centrada. Mas, para alguns de seus pensadores avançados, a ciência tem progredido suficientemente desde aquela época para que se tenham tornado perceptivos das origens e leis filosóficas subjacentes aos dados científicos, estendidos atualmente muito além dos confins das descobertas iniciais. O princípio vida tem sido cada vez mais difundido com eficácia no universo mecanicista do século XIX e tem agido, cada vez mais, como o fator básico e criativo no esquema de evolução que a ciência tem proposto como uma de suas principais descobertas. Vida, mente e homem são crescente e sucessivamente as imagens em torno das quais se concentra muito do moderno pensamento científico.

Atualmente, a apreciação do homem - ao longo de um número crescente de avenidas convergentes - investiu-o de tanta importância que a concepção do que ele é, e como deve ser considerado, pode muito bem ser descrita como o fator crucial da civilização do futuro. A aceitação da visão de que o homem é um deus em formação (uma verdade fundamental no esquema teosófico) inevitavelmente tornará divina essa civilização. A natureza da divindade e a natureza do homem, em sua essência mais recôndita e não corrompida, serão então vistas como criadoras de uma unidade glorificada, e a vida humana será considerada como o solo para a nutrição de uma semente espiritual imperecível.

A natureza de Deus será um pouco conhecida, o suficiente para elevar a alturas transcendentes nossa consciência atual, quando a natureza do homem adquire uma certa aproximação de sua forma inata e arquetípica - a forma à qual ele será levado pela sublimação de suas experiências e pela integridade e incorruptibilidade em todas as suas ações. Deus só irá retornar ao seu lugar em nossas vidas quando honrarmos o homem como sendo feito à sua imagem e como um símbolo de sua presença - o homem como um filho de Deus, eterna e essencialmente uno com o Pai, e não como um renegado e rebelde contra as leis de Deus (ou leis da Natureza), buscando usurpar seu trono na presunção de uma individualidade separada."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 42/43)

quinta-feira, 11 de junho de 2015

LEALDADE AO GURU E AOS SEUS ENSINAMENTOS (PARTE FINAL)

"(...) Paramahansaji falou várias vezes sobre o assunto. Ele disse: 'Muitas pessoas temem se tornar mentalmente limitadas, antes mesmo de terem aprendido a terem equilíbrio. Os buscadores artificiais, no afã de ostentarem mente aberta absorvem indiscriminadamente ideias diferentes sem antes destilar, através de sua própria realização, a essência da verdade nelas contida. O resultado de semelhante atitude é uma consciência espiritualmente fraca, diluída. Mesmo estimando e respeitando todos os verdadeiros caminhos religiosos e todos os verdadeiros instrutores espirituais, notem que sou totalmente fiel ao meu caminho e ao meu mestre'.

'Todas as religiões verdadeiras levam a Deus', disse ele. 'Procura até encontrares o ensinamento espiritual que atraia  e satisfaça plenamente teu coração. E, ao encontrá-lo, não permitas que nada afete a tua lealdade. Dedica a esse caminho toda a tua atenção. Focaliza a tua consciência totalmente nele e alcançarás os resultados que procuras.'

Referindo-se à lealdade, nosso Gurudeva¹ Paramahansaji fazia, às vezes, a seguinte comparação: 'Suponhamos que alguém esteja doente e consulte um médico que lhe receita um determinado remédio para curá-lo. Ao obter o remédio, o indivíduo o leva para casa e o usa de acordo com as instruções médicas. Mas, ao receber a visita de amigos que tomam conhecimento do seu estado, pode ser que cada um exclame: 'Ah, eu sei tudo a respeito desta doença! Você deve tentar isto e aquilo'. Se dez pessoas lhe oferecessem dez remédios diferentes e se o indivíduo tentasse tomá-los todos, suas possibilidades de cura seriam muito duvidosas. O mesmo princípio se aplica à importância da lealdade às instruções do guru. Não misture remédios espirituais'.

Lealdade divina significa reunir a atenção, afeição e esforço dispersos, concentrando-os unicamente na meta espiritual. O discípulo fiel avança rapidamente no caminho que leva a Deus. Paramahansaji expressou o papel do guru da seguinte forma: 'Posso te ajudar ainda mais, se evitares dispersar tuas forças. A sintonia com o guru é alcançada através da lealdade total a ele, a seus representantes e à sua obra; através da obediência voluntária aos seus conselhos (sejam estes verbais ou escritos); visualizando-o no olho espiritual; e também pela devoção incondicional. (...) Nas almas dos que estão em sintonia com ele, o guru pode construir um templo de Deus'. É somente através da lealdade que somos capazes de canalizar nossos esforços, concentrando-os efetivamente na busca de Deus. A consciência do discípulo fiel é magnetizado pelo amor divino, e é irresistivelmente atraída para Deus."

¹. 'Mestre Divino', termo sânscrito comumente usado pelo discípulo para designar seu preceptor espiritual.

(Mrinalini Mata - O Relacionamento Guru-Discípulo - Self-Realization Fellowship - p. 14/17)


domingo, 3 de maio de 2015

DETERMINISMO E LIVRE-ARBÍTRIO

"Não há fatalidade e sim determinismo.

O homem é influenciado pelas circunstâncias e pelas consequências do que já fez, porém tem uma individualidade superior, tem uma essência divina. Graças a esta, pode, em qualquer momento, interferir com sua vontade superior e modificar - para melhor ou para pior - o seu Destino. A Personalidade não tem livre-arbítrio, mas quando entra em sintonia com a individualidade (o Ego) neste momento exerce o Livre-Arbítrio.

Há livre-arbítrio dentro de certos limites - liberdade condicionada.

A cada ação humana corresponde determinada consequência no Carma. Assim:

Vida presente:                                     Vida futura:

Aspirações e desejos                           Capacidade
Pensamentos constantes                     Caráter, tendências
Experiências                                         Conhecimento, sabedoria
Vontades de agir                                  Atos
Auxílio                                                   Conforto
Ressentimentos                                    Aflições
Críticas                                                 Importunações
Malefício físico                                      Malefício físico (olho por olho...)
Ocasiões perdidas                                Obstáculos à ação, infortúnios do meio

E assim por diante. Podemos sintetizar o Carma, na frase de Thackeray: 'Semeia um pensamento e colherás uma ação; semeia uma ação e colherás um hábito; semeia um hábito e colherás um caráter; semeia um caráter e colherás teu destino!' 

Uma esmola concedida por obrigação, por ostentação, produzirá efeitos muito diferentes de uma dada com simpatia, com verdadeira caridade. Não há propriamente recompensas ou castigos - Deus não premia e nem pune. Ele estabelece leis. O homem ou as obedece ou as infringe. Há consequências boas ou más; o indivíduo colhe o que semeia.

Os exemplos de dívidas cármicas podem ser numerosos. Assim, quando um homem sofre, está pagando o que fez. Se recebe com resignação e sofrimento, está saldando bem sua dívida cármica; se se revolta, está contraindo novas dívidas, por cultivar o ressentimento.

Os pensamentos são importantes, mais ainda que os atos físicos. Não basta proceder bem, é preciso pensar corretamente - esta deve ser a norma de conduta do Teósofo."

(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 62/64)

domingo, 19 de abril de 2015

NATUREZA

"Dependemos da natureza não apenas para nossa sobrevivência física. Precisamos dela também para mostrar-nos o caminho para dentro de nós, para libertar-nos da prisão da mente. Ficamos perdidos fazendo coisas, pensando, lembrando, prevendo - perdidos nas complicações e no mundo de problemas. 

Esquecemos o que as pedras, as plantas e os animais ainda sabem. Esquecemos como ser - ser calmos, ser nós mesmos, estar onde a vida está: Aqui e Agora.

Sempre que você presta atenção em alguma coisa natural, em qualquer coisa que existe sem a intervenção humana, você sai da prisão do pensamento e de certa forma entra em conexão com o Ser no qual tudo o que é natural ainda existe.

Prestar atenção numa pedra, numa árvore, num animal não é pensar nele, mas simplesmente percebê-lo, tomar conhecimento dele.

Então, algo da essência desse elemento da natureza se transmite a você. Sentir a calma desse elemento faz com que a mesma calma desponte no seu interior. Você sente como ele repousa profundamente no Ser - unido ao que é e onde é. Ao se dar conta disso, você também é transportado para um lugar de repouso no fundo do seu ser."

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 50/51)


sábado, 21 de fevereiro de 2015

TORNAR-SE COMO AS CRIANCINHAS

"Muitos que leem estas instruções talvez se surpreendam por sua extrema simplicidade, e quiçá as desdenhem por lhes parecerem insuficientes para guiar e auxiliar as pessoas na imensa complexidade da civilização moderna. Mas quem assim pensa esquece-se de que é da essência da vida do discípulo que ele ponha de lado toda esta complexidade, para que ele, como disse o Mestre, 'saia de seu mundo para o nosso', e penetre num mundo de pensamento em que a vida é simples e a direção retilínea, em que o certo e o errado estão mais claramente definidos, em que as perspectivas que se abrem diante de nós são corretas e inteligíveis. É a vida simples que o discípulo tem de viver; é a própria simplicidade que ele alcança que lhe torna possível o progresso superior. Fizemos de nossa vida um cipoal de incertezas, uma massa de confusão, uma tormenta de correntes cruzadas, em que os fracos caem e naufragam; mas o discípulo do Mestre deve ser forte e são, deve tomar sua vida nas próprias mãos e torná-la simples como a divina simplicidade. Sua mente deve ser expurgada de todas essas confusões e ilusões fabricadas pelo homem, e dirigir-se reta como uma flecha para seu alvo. 'Se não vos converterdes e não vos tornardes como criancinhas, não entrareis no reino do céu.' (...)

Vê-se por esses extratos quão elevado é o ideal que o Mestre coloca diante de seus discípulos. Para alguns deles talvez isso pareça ser o que em teologia se chama um conselho de perfeição, isto é, uma meta ou condição impossível de se alcançar perfeitamente por ora, porém, a que devemos visar constantemente. Mas todos os aspirantes anelam elevar-se, conquanto nenhum seja ainda capaz de realizar sua aspiração, pois se o fosse, não necessitaria passar por novas vidas terrenas. Estamos muito longe de ser perfeitos, mas as pessoas jovens que possam ser aproximadas mais estreitamente dos Grandes Seres têm uma maravilhosa oportunidade, precisamente por causa de sua juventude e plasticidade. Para elas é muito mais fácil do que aos velhos eliminarem tudo quanto seja impedimento. Se podem cultivar o hábito de tomar o ponto de vista certo, de agir por motivos corretos, e de estar na atitude correta, durante toda a sua vida, eles se aproximarão firmemente cada vez mais do ideal dos Mestres. Se o discípulo posto em prova pudesse ver em consciência vigílica as imagens viventes forjadas pelo Mestre, compreenderia a importância do que talvez pareçam pormenores insignificantes."

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 89/90)


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

AJUSTE EVOLUTIVO

"A evolução é uma lei universal. Tudo está fadado à evolução. A vida que habita uma forma, busca formas cada vez mais complexas para expressar-se.

A aprendizagem do ser dá-se com sua Essência percorrendo os vários reinos da natureza, dos mais elementares aos mais elaborados. Por milhões e milhões de anos, lenta e perfeitamente, tudo na natureza evolui. Observe o encadeamento lógico dos elementos químicos, que, partindo do hidrogênio, vai-se estruturando em outros de peso atômicos mais elevados. Examine minuciosamente as várias espécies vegetais que, das características mais rudimentares, vão adquirindo complexidades crescentes, até chegarem às plantas mais evoluídas. De modo semelhante, repare a evolução na escala zoológica, desde o mais simples protozoário até a maravilha estrutural e multifuncional do ser humano. Tudo isso é prova inconteste da natureza, demonstrando a evolução. A vida expõe evidências harmônicas crescentes nas formas e funções dos seres, trabalhadas com perfeições geométricas precisas, pelo Grande Arquiteto do Universo. Tudo é prova real da natureza expondo a evolução para os que ‘têm olhos de ver’...

Todo esse prodígio está no interior do nosso ser. Somos testemunhas cegas do fluxo evolutivo. Mister se faz tirar a venda de nossa cegueira espiritual para vislumbrarmos o longo caminho já percorrido pelo nosso ‘princípio espiritual’, bem como os longos horizontes iluminados que nos aguardam na volta ao Seio do Pai. (...)

Toda essa escolaridade feita pela semente espiritual procurando a aprendizagem e consequente evolução é patrimônio Divino incorporado em nosso espírito pelo ajuste kármico.

A lei do karma, sendo onipresente, atuou e atua em nós, procurando aparar arestas, buscando equilíbrio, ao mesmo tempo em que proporciona condições para um relacionamento harmônico com o cosmos e com nós mesmos. (...)"

(Antonio Geraldo Buck - Você Colhe o que Planta - Ed. Teosófica, Brasília, 2004 - p. 26/28)


sábado, 3 de janeiro de 2015

AQUIETANDO-SE NATURALMENTE (1ª PARTE)

"'Como posso controlar a minha mente?' Os interessados na vida espiritual em algum momento fazem essa pergunta. A constante atividade mental é cansativa, obstrui a reflexão e não dá espaço para que, nos momentos de calma, surjam percepções profundas. Somente uma mente pacífica parece refletir a essência da vida, assim como as águas de um lago devem estar calmas e claras para refletir o céu.

Muitos buscadores tentam, durante muito tempo, meditar de maneira eficaz. Eles se esforçam ardentemente para retirar a mente de suas andanças, mas ela é rebelde e é repetidamente bem-sucedida em fugir. Isso é desanimador, e então surge o sentimento de que a única opção é desistir. Embora vários instrutores tenham aconselhado que a pessoa deve continuar o esforço para subordinar a mente recalcitrante, há um ponto além do qual a pessoa sente que não consegue continuar com a batalha.

Portanto, vale a pena uma séria consideração para verificar se, com uma abordagem diferente, a mente se tornará menos excitável e mais tranquila. Krishinamurti disse: ‘Permita que a mente tenha liberdade para morrer.’ Mas a experiência mostra que, quando se dá liberdade à mente, ela não morre; continua com sua energia frenética. Será porque estamos incessantemente alimentando-a para mantê-la viva? Nesse caso, devemos descobrir qual é o combustível que a inflama e a mantém em atividade. (...)"

(Radha Burnier - Aquietando-se naturalmente -  Revista Sophia, Ano 9, nº 33, p.41)


sábado, 20 de dezembro de 2014

O SILÊNCIO E A VERDADE INTERIOR (PARTE FINAL)

"(...) São muitos os exemplos daqueles que têm procurado resgatar esse conhecimento puro e muito antigo. Krishna, Shiva, Buda, Sócrates, Jesus e muitos outros sábios podem nos inspirar na nossa caminhada para conhecer nossa verdade interior. Essa verdade, quando conhecida, se refletirá no nosso cotidiano através da nossa bondade e compaixão com o outro. Esse conhecimento recupera nossa condição de seres criativos, pacíficos, silenciosos, harmoniosos e sábios, que em essência sempre fomos, e nos conduz a uma felicidade imensa. Esquecemos esse conhecimento quando nos separamos frequentemente de nossa sabedoria interna, e, consequentemente, de tudo que nos rodeia. E esse esquecimento é que nos faz ignorantes da nossa sabedoria e força internas, o que, por sua vez, nos fez sofrer sem necessidade.

O trabalho para chegar a essa verdade interior requer, entre outras coisas, silêncio interno para que possamos limpar a sujeira engendrada pelas percepções errôneas do nosso ego. Com o silêncio concluímos que raramente percebemos e interpretamos algum assunto importante com a presença e a inocência necessárias. A mente livre de crenças, preconceitos e conceitos nos permite conhecer a verdade real por trás das aparências. A mente está cheia de ideias e filosofias que não foram ainda suficientes para o ser humano deixar sua condição de sofredor neurótico. Precisamos perceber e vivenciar a verdade porque só o conhecimento intectual, mesmo que seja vasto, não soma muito na redescoberta da alegria de viver. A falta de respostas para nos conduzir a uma vida feliz e de qualidade por parte de todos os sistemas que construímos, como a religião, a escola, o estado e a sociedade, leva-nos a concluir que é preciso silenciar a mente e estudar em nossa própria escola interna.

A riqueza, a beleza e o manancial inexplorado existente dentro de cada ser vivo precisam ser despertados. Urge que despertemos o que existe de vivo dentro de nós e que nunca tivemos tempo de explorar. O mundo mais do que nunca precisa do ser humano com toda a sua força e potencial, para que sejam realizadas as mudanças necessárias. Segundo Krishnamurti (1964), a sociedade  que habita esse mundo está caótica e decadente, em completa desarmonia, irmão lutando contra irmão e crianças sendo educadas para se adaptar a um sistema que se move a duras penas, sem nenhuma substância, sem a luz da vida."

(Antonio Monteiro dos Santos - O Silêncio e a verdade interior - Revista Sophia, Ano 12, nº 52 - p. 20)


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O FENÔMENO "HOMEM" (PARTE FINAL)

"(...) Ultimamente, causaram grande celeuma as obras do jesuíta francês Teilhard de Chardin, que traça o itinerário evolutivo do homem através das zonas que ele denomina hilosfera (matéria), biosfera (vida), noosfera (intelecto) rumo à logosfera (razão); o homem começou no 'ponto Alfa' e culminará no 'ponto Omega'. Muitos consideram esse paleontólogo como materialista, pelo fato de ver o início do homem na hyle (matéria); não compreenderam Teilhard de Chardin; a essência de todos os finitos é o Infinito, isto é, a Essência Divina, imanente em todas as existências, sem excluir a matéria. O que os materialistas chamam matéria são apenas os fenômenos perceptíveis dela; ninguém sabe o que é a matéria em sua essência invisível; e o X, a grande Incógnita, que nem os sentidos percebem nem a inteligência concebe. Esse X, o grande Além-de-fora, que é também o grande Além-de-dentro, é a essência Infinita. Se, pois, o Chardin deriva o homem da matéria, deriva-o do Infinito; a matéria é apenas um canal, mas não é a Fonte de onde o homem fluiu. Aliás, quem não vê o Infinito imanente em todos os Finitos, não compreenderá o Teilhard de Chardin, como não compreenderá a mensagem do Cristo, no Evangelho, quando diz: 'O Pai está em mim, e eu estou no Pai... O Pai também está em vós, e vós estais no Pai'. 

O homem veio do Infinito (creação), mas fluiu e flui ainda através de vários Finitos (evolução) - até, um dia, atingir o ponto culminante dos Finitos, o 'ponto Omega', o Cristo Cósmico.

Esse processo evolutivo do homem é possível, porque o seu livre-arbítrio o isenta da cadeia férrea da causalidade mecânica, da escravizante alodeterminismo da natureza infra-humana. O livre-arbítrio é uma causalidade dinâmica, uma autodeterminação espontânea, a onipotência dentro do homem, a qual, uma vez plenamente acordada, torna possíveis todas as coisas impossíveis no plano inferior, porque é a Verdade Libertadora." 

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 84/85