OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A ORDEM CÓSMICA (PARTE FINAL)

"(...) Os olhos não veem senão um pouco, de vez em quando. Só as pessoas mais despertas veem as maravilhosas qualidades da natureza e também da consciência. H. P. Blavatsky, com seus extraordinários insights, via a bondade oculta em pessoas que pareciam grosseiras aos outros. Ela dizia que 'a combinação espiritual e psíquica do homem com a natureza' existe mesmo numa pessoa com falhas de caráter. É esse fator oculto, mas essencial, que devemos considerar, para saber qual será nosso futuro e o que a ordem cósmica nos revelará.

O físico David Bohm afirmou que ordem e unidade são parte da ordem implícita que constitui a realidade fundamental. O homem seria uma pessoa bem diferente se começasse a descobrir essa característica. Mas estamos tão preocupados com nossas ambições que não compreendemos o que verdadeiramente existe. Somente os seres iluminados compreendem isso plenamente; portanto, o mundo onde as pessoas estão destruindo tudo de acordo com seus gostos e aversões não é real. O mundo é maya.

Maya não se refere ao que compreendemos. O que percebemos não é uma ilusão total, mas uma vez que converte e dá significado a tudo, é ilusão. O que vemos não é o que existe. E, quando temos uma falsa compreensão de nós mesmos, tudo o mais que pensamos que sabemos também é falso. Tudo isso é meditação: saber que mesmo as pequeninas coisas resplandecem com um elemento de divindade que as torna iguais ao altíssimo, que a menor das coisas contém o elemento divino. A totalidade da ordem cósmica revela beleza, inteligência e amor. Cada um deve purificar e elevar sua natureza para ver isso.

Como buscadores da verdade, parte do nosso trabalho é perceber a natureza gloriosa que é onipresente. Como isso pode ser feito? Podemos discutir, mas antes de tudo devemos compreender, pelo menos intelectualmente, que em cada partícula de existência há o elemento divino."

(Radha Burnier - A ordem cósmica - Revista Sophia, Ano 15, nº 67 - p. 33)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A MORTE

"Depois de passar por várias espécies de vegetais, a vida manifesta-se em uma árvore preciosa como a Paineira, e, assim, transmite-nos o que plantas mais primárias não nos poderiam transmitir. Na linha da evolução humana, a vida também passa de encarnação em encarnação, liberando cada vez mais luz até que esta, no homem evoluído, se expresse através do surgimento de maior capacidade de compreender os fatos e as leis do universo.

Se os seres humanos tivessem já a visão etérica, assistiriam, por ocasião da 'morte', à grande atividade que se desencadeia naqueles corpos dos quais a vida se retira, quando todos os átomos que compõem suas células retornam à fonte de origem. Com isso, muito substância-luz é liberada no plano astral, para que, com a destruição da forma, profundas transformações possam acontecer nos níveis psíquicos. Nesse processo, dentro do possível, os apegos do indivíduo e sua ilusão sobre a imutabilidade da matéria são desfeitos. A chamada 'morte' facilita também o seu contato com novas ideias, que lhe trazem outras perspectivas, porque vêm de um estado de consciência mais elevado do que o mental pensante.

A retirada da energia vital dos corpos materiais é um ritual necessário, que rege toda a vida planetária. Produz transformações em todos os reinos da Natureza, e eles, com o tempo, apresentam cada vez menor oposição à influência de novos tipos de energia que vêm para aperfeiçoá-los. A Paineira não tem medo de morrer. Só no reino humano e, em parte, no reino animal, existe esse temor. Os outros reinos não o conhecem, e restituem com naturalidade o que pertence ao reservatório geral essencial do planeta, para que essa substância vá formar novos corpos e novas formas de vida, levando consigo as experiências que já fez.

Vidas maiores emanam ordens para que vidas menores se retirem da forma, liberando substâncias que são necessárias para futuras expressões. Abrindo-nos para uma visão mais ampla, tomamos conhecimento de que os sete sistemas planetários envolvidos nesse processo, quanto mais conscientes forem da vida total, mais se movimentarão de acordo com ela, observando com exata precisão os momentos em que a restituição é necessária. O medo da morte é contrário ao ritmo cósmico e, portanto, precisa ser eliminado. Como se sabe, baseia-se no terror que sentimos pelo processo final de rompimento com o corpo físico, no horror pelo desconhecido, na dúvida quanto à imortalidade de nosso ser, na dificuldade de deixar para trás coisas e pessoas queridas, na memória subconsciente de experiências anteriores de mortes dolorosas ou difíceis. Essas causas são conhecidas pela medicina esotérica.

Entretanto, a causa principal do medo da morte reside em nosso apego à forma, e no pouco contato que temos com a alma, o núcleo imortal-reencarnante. O temor básico que o homem, bem como alguns animais, apresenta, é de não sobreviver a essa experiência tão necessária. Isso, porém, ainda é assim, devido à falta de conhecimentos com relação ao processo de desencarnar."

(Trigueirinho - A morte sem medo e sem culpa - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 45/46)


quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (2ª PARTE)

"(...) Tendo se tornado uma criancinha, prontamente lance fora tudo que pensa conhecer ou saber, tudo que é prezado pelos homens, e deixemo-lo buscar o caminho que leva da carne ao espírito. A entrada para o caminho está no coração; do coração, deve encontrar uma passagem para o cérebro, e, através do cérebro, para os mundos do pensamento e sentimento, nos quais as fundações do Templo da Luz estão lançadas. O Templo está adiante, e a partir do mundo do pensamento ele deve construir uma firme escadaria que o levará até os portões do Templo. Esta escadaria é construída pelo estudo, pela concentração de pensamento, e pela incansável busca de conhecimento. 

Esta é a maneira de encontrar e trilhar o caminho do conhecimento, construir a escadaria e chegar aos portões do Templo. Deixe-se que o estudante lance fora seus livros, seus tubos de ensaio e suas réguas para trás, pois ele deve aprender a ler nos livros da natureza, entesourar suas descobertas no tubo de ensaio de sua mente, e aferir suas descobertas na balança de sua mais alta intuição. Emancipando-se destes instrumentos superficiais, que se retire para algum lugar onde possa desfrutar de algum tempo de paz imperturbada. Uma cela de retiro, um jardim, as florestas, os campos, alguma praia recôndita, algum refúgio na montanha, qualquer um destes poderá ser suficiente para lançar-se à viagem de descoberta. Deixe-se que trilhe o caminho que todos os sábios e mestres do mundo trilharam em sua busca pela luz, luz que ora brilha através daqueles olhos, gloriosa e resplandecente. 

Que não tema a estranheza desta procura, não tema despojar-se de todos os suportes até então considerados essenciais; não tema o ridículo imposto pelos que ainda sentem-se dependentes dessas coisas, e que cegamente disfarçam sua ignorância numa ilusão de conhecimento. Para a luz que buscais, tal conhecimento é como trevas, pois todo aquele que alto pusestes em vosso apreço não possui senão a pele, a penugem, a casca, e o cerne sempre lhe foge; então eles montam sobre as cascas e a oferecem como conhecimento. Talvez haja apenas um punhado, dentre vossos homens de conhecimento, que não esteja cego pelo preconceito, que não confunda aprendizado com conhecimento. 

Tomai como guia esta voz que vos ensina agora, a voz de um anjo que conquistou a meta através destes mesmos caminhos na busca de conhecimento, e agora oferece-se àqueles que buscam uma luz maior da que brilha em universidades, pois é professor mais sábio que qualquer professor mortal pode ser; traz a luz do conhecimento espiritual para iluminar as trevas do mero aprendizado terreno, e pode conduzir o estudante até a verdadeira cátedra do conhecimento, a qual jaz no fundo de vosso Eu mais verdadeiro. Vinde, irmão humano, aceitai minha direção, e eu vos guiarei até vosso destino. (...)"

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

CELEBRA O TEU NATAL - DE DENTRO!

"Quantas vezes, meu amigo, celebrastes o Natal de fora? O Natal litúrgico, de 25 de dezembro de cada ano? 20, 30, 50 vezes em tua vida?

Foi um verdadeiro Natal - ou foi apenas um pseudonatal?

Foi um Natal - ou foi o teu Natal?

Foi como um fogo pintado na tela - ou foi um fogo real, cheio de força, luz e calor?

Natal sem natalidade não passa de ilusão e mentira...

Que quer dizer um Natal onde não haja nascimento do Cristo?

Nasceu ele, é verdade, há quase 2000 anos, na gruta de Belém - mas não nasceu na gruta de teu coração.

Foi reclinado na singela manjedoura de palha - mas podes tu dizer em verdade: Já não sou eu que vivo, o Cristo é que vive em mim?

Ainda que mil vezes nasça Jesus em Belém - se não nascer em ti, perdido estás...

A árvore de Natal que costumas armar em tua casa é bem o símbolo inconsciente do teu pseudonatal interior: árvore sem raízes, morta ou moribunda, ostentando lindos enfeites de papel sem vida, frutinhas ocas de celulóide inerte - não é isto que é a tua vida espiritual?

Quanto tempo pretendes ainda 'brincar de Natal' - sem celebrar um verdadeiro Natal, um dia natalício do Cristo em ti?

Por que toda essa camuflagem e insinceridade diante de ti mesmo?

Por que não retificas, enfim, todas as tortuosidades da tua vida?

Por que não pões ponto final a toda essa política e diplomacia curvelínea do teu egoísmo e inicias, finalmente, uma vida retilínea de absoluta verdade, honestidade e amor universal?

Quando permitirarás que nasça em ti o Redentor - ele, o Caminho, a Verdade e a Vida?

Não imaginas, meu amigo, o que viria a ser para ti esse Natal externo do ano litúrgico, se, de fato, celebrasses o Natal interno de tua alma.

Não imaginas o que te diriam a gruta, a manjedoura, os anjos do céu e os pastores da terra se em ti acontecesse o glorioso simbolizado de que esses fatos históricos são o símbolo longínquo e vago.

Não imaginas em que nova luz de compreensão te apareceria o Cristo do Evangelho se dentro de ti nascesse o Cristo da tua experiência íntima, do teu encontro pessoal com Deus.

Se o Cristo fosse para ti, não apenas um artigo de fé aridamente crido - mas uma estupenda realidade intensamente vivida.

Se o Cristo vivesse em ti e tu vivesses no Cristo, ou antes, se fosses vivido pelo Cristo - que vida abundante seria a tua...

Não caberias em ti de tão feliz - e tua exuberante felicidade em Cristo transbordaria em amor e benevolência para com todos os irmãos de Cristo em derredor...

A própria Natureza inconsciente receberia um reflexo desse transbordamento de amor e felicidade - e, como Francisco de Assis, ébrio de Deus, contarias e cantarias as glórias divinas às pedras e às plantas, às aves e aos peixes, ao sol, à lua e às estrelas...

Convidarias a própria 'irmã Morte' para entoar louvores ao Pai celeste.

Se tivesses celebrado o teu Natal de dentro, se o Cristo tivesse nascido em ti e em ti vivesse, seria a tua vida uma gloriosa ressurreição - e os anjos da Páscoa confundiriam as suas vozes com os anjos de Belém, cantando hosanas e aleluias, glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens, em todos os caminhos da sua existência - mesmo por entre as sombras da morte.

Celebra o teu verdadeiro Natal, meu amigo - e saberás o que o Cristo significa em ti e para todos os que o recebem e vivem nele...

'Renascidos pelo espírito'...

'Feitos novas creaturas em Cristo'..."

(Huberto Rohden - Imperativos da vida - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1983 - p. 19/21)

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

O PECADO DAS MINHAS ORAÇÕES

"Penso com horror nas minhas preces de outrora,
Quando eu pedia alguma coisa
Vida, saúde, prosperidade e outros ídolos
Como se algo houvesse de real,
Fora de ti, meu Deus,
Realidade única, total, absoluta!
Como se em ti não estivessem contidas
Todas as coisas do universo!...
Como se todos esses pequenos 'realizados'
Não fossem reflexos de ti, o grande 'Real'!...
Tamanha era a minha ilusão dualista,
Que eu julgava poder possuir algum efeito individual
Sem possuir a Causa Universal!...

Hoje morreu em mim toda essa idolatria,
Esse ilusório dualismo objetivo.
Redimido pela verdade libertadora,
Sinto, hoje, nas profundezas do meu Ser,
O grande monismo do Universo.
Hoje, o alvo das minhas orações
És tu, Senhor, unicamente tu.
Hoje, sei e sinto que, possuindo a ti,

Possuo em ti todas as coisas
Que de ti emanaram,
E em ti ficaram...
Todas as coisas que, por mais distintas de ti,
São todas imanentes em ti.
Porque tu és a eterna Essência
De todas essas Existências temporárias.
Hoje não quero mais nada
Senão a ti somente, Senhor,
Porque em ti está tudo
Que, fora de ti, parece existir.

E, porque assim te amo, Senhor,
Amo também tudo que é teu,
Tudo que, disperso pelo cenário cósmico,
Veio de ti,
Está em ti,
Voltará a ti.
Revestiu-se de mística sacralidade
O meu antigo amor profano,
Desde que vejo o Deus do mundo
Em todas as coisas do mundo de Deus.
E o pecado das minhas orações de outrora
Foi remido pela verdade da minha prece de hoje."

(Huberto Rohden - Escalando o Himalaia - p. 17/18)

sábado, 2 de dezembro de 2017

A SABEDORIA DA AUSÊNCIA DO EGO (1ª PARTE)

"Às vezes imagino o que sentiria o habitante de um vilarejo tibetano se, de repente, você o trouxesse para uma cidade moderna com toda sua sofisticada tecnologia. Ele talvez pensasse que havia morrido e que se encontrava agora no estado de bardo. Incrédulo, olharia boquiaberto para os aviões voando no céu acima dele, ou para alguém falando ao telefone com uma pessoa do outro lado do mundo. Pensaria estar testemunhando milagres. E no entanto tudo isso parece normal a alguém morando no Ocidente, no mundo moderno, tendo sido educado à maneira ocidental, que fornece as explicações científicas sobre essas coisas, passo a passo.

Do mesmo modo, no budismo tibetano há uma educação espiritual básica, normal e elementar, um treinamento espiritual completo para o bardo natural desta vida que dá a você o vocabulário essencial, o ABC da mente. A base desse treinamento são as chamadas 'três ferramentas da sabedoria': a sabedoria de ouvir e escutar, a sabedoria da contemplação e da reflexão, e a sabedoria da meditação. Através delas somos levados a despertar para a nossa verdadeira natureza, a descobrir a incorporar a alegria e a liberdade daquilo que de fato somos, que podemos chamar de 'sabedoria da ausência do ego'.

Imagine uma pessoa que subitamente acorda num hospital depois de sofrer um acidente de carro na estrada, e percebe que está com amnésia total. Por fora, tudo está intacto: ela tem o mesmo rosto, a mesma forma, os sentidos e a mente estão lá, mas não tem a menor ideia ou o menor vestígio de memória de quem é. Exatamente do mesmo modo, não conseguimos nos lembrar da nossa verdadeira identidade, nossa natureza original. Freneticamente e na realidade apavorados, procuramos e improvisamos outra identidade, uma em que possamos nos agarrar com todo o desespero de alguém que vai cair num abismo. Essa identidade falsa e assumida em ignorância é o 'ego'.

Desse modo, o ego é a ausência do conhecimento verdadeiro de quem somos, juntamente com o seu resultado: um malfadado apego, mantido não importa a que preço, a uma imagem remendada e improvidada de nós mesmos, um eu inevitavelmente charlatanesco e camaleônico que está sempre mudando e que precisa mudar para manter viva a ficção da sua existência. Em tibetano, o ego é chamado dak dzin, que quer dizer 'agarrado a um eu'. O ego é assim definido como um movimento incessante de agarrar-se em uma noção ilusória de 'eu' e 'meu', de si mesmo e de outro, e em todos os conceitos, ideias, desejos e atividades que sustentam essa falsa construção. Esse agarrar-se é fútil desde o início e condenado à frustração, uma vez que não tem nenhuma base ou verdade, e aquilo a que nos agarramos é, por sua própria natureza, impossível de reter. O fato de que precisamos nos agarrar e continuar agarrados a alguma coisa mostra que nas profundezas do nosso ser sabemos que o eu não existe inerentemente. Desse conhecimento secreto e assustador nascem todas as nossas inseguranças fundamentais e o nosso medo. (...)" 

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 158/159


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

AMOR PELA HUMANIDADE (PARTE FINAL)


"(...) Não temos conhecimento de nossos poderes. A mente é potencialmente capaz de habilidades incríveis. No futuro distante, a mente usará a imaginação para moldar formas conscientes, e saberá disso. Quando pensarmos numa casa, outra pessoa verá como ela se parece. Isso pode ser acelerado atualmente com a prática correta. Assim que compreendermos isso, poderemos ajudar qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo exatamente agora, fazendo uso de pensamento ou de sentimento, ou de ambos conjuntamente. Conforme afirmou Blavatsky, 'a pessoa pode estar na prisão e ainda ser um trabalhador pela causa'.

Existem, no entanto, alguns passos primários que precisam ser entendidos. O primeiro é que 'o que quer que venha a nós teve origem em nós'. Logo que isso é compreendido em profundidade, requerendo contemplação e possivelmente algum estudo para verdadeiramente apreender, podemos parar de buscar do lado de fora as respostas para nossos problemas, e começar a buscar internamente. Uma das ilusões da vida é pensar que nossos problemas provêm de outras pessoas, situações ou acontecimentos, embora tenhamos posto em ação forças que, exatamente agora, estão repercutindo sobre nós. Logo que entendemos isso, percebemos não apenas que o problema é na verdade uma bênção, mas também uma resposta. Conseguir isso leva tempo, paciência e amor pelo nosso eu e pelo mundo no qual vivemos. Para encontrar esse tesouro perdido, devemos buscar no lugar certo.

Aprendemos a sentir, pensar e perceber: esse é o trabalho de uma vida, e também um trabalho ao qual retornaremos na próxima vida. O progresso que fazemos nesta vida retorna facilmente a nós na próxima, o que explica a criança prodígio e o gênio. Dizem que nascimento e morte são incidentes recorrentes numa vida infinita. A viagem da vida é aprender. Se não aprendemos, sofremos. Se aprendemos, há alegria e expansão de consciência.

Dito simplesmente, há uma evolução da consciência através da forma. A vida nos guia lentamente para a realização, e isso leva eras. Por meio do esforço autodeterminado, aceleramos nossa jornada e a suavizamos com amor e sabedoria, que é verdadeiramente o tesouro oculto, o tesouro que a natureza promove lentamente. Então, auxiliamos os seres humanos e a natureza, através de um imenso amor pela humanidade como um todo, pois ela é a grande órfã, a única deserdada sobre a Terra, e é dever de cada pessoa fazer alguma coisa, por menor que seja, pelo seu bem-estar."

(Barry Bowden - Sabedoria: o tesouro oculto - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 42/43)
www.revistasophia.com.br


domingo, 19 de novembro de 2017

FRATERNIDADE (1ª PARTE)

"(...) vida após vida, você deve exercitar-se, identificando-se cada vez mais com tudo, derrubando tudo aquilo que separa o homem do homem. Por esse motivo a fraternidade constitui nossa única condição, pois o seu reconhecimento é o primeiro passo para a concretização da inseparabilidade, necessária ao progresso do discípulo. E o treinamento preciso para o discípulo é aquele que o torna sensível às tristezas dos outros preparando-o, deste modo, a ajudar, e aquele que exercita sua autoidentificação com o todo de maneira que, finalmente, ele possa transformar-se num dos Salvadores do mundo. Pois, enquanto este treinamento prossegue vida após vida, desenvolve-se gradualmente neste ser humano uma simpatia em constante crescimento, uma compaixão cada vez mais profunda, uma benevolência que não pode ser perturbada e uma tolerância jamais abalada. Nenhuma injúria pode ofender, pois a dor é do seu autor e não daquele a quem se destinava. Nenhum erro pode provocar ira, pois você compreende porque o erro foi cometido e sente pena do autor, não podendo desperdiçar tempo encolerizando-se. Você não perdoará o erro, nem dirá que é justo, não simulará que o bem é o mal, pois essa seria a maior das crueldades e impediria o progresso da raça humana. Porém, mesmo reconhecendo o mal não haverá ira contra o malfeitor, por ser ele uno com sua própria Alma e por não admitir separação entre você mesmo e ele.

Por que tudo isso? Porque, enquanto esse crescimento se processa, as recordações e o conhecimento aumentarão; enquanto esse crescimento prossegue, a existência evoluída do Espírito no interior do discípulo se revelará cada vez mais na conduta do homem e, gradualmente, ele se sobressairá tornando-se um obreiro, um auxiliar e um labutador a serviço da humanidade, trabalhando para ela a fim de torná-la esclarecida, fornecer-lhe conhecimento e revelar-lhe a realidade que subjaz a todas as ilusões do mundo. Além disso, deve ser duro consigo mesmo, pois permanecerá entre o homem e o mal, entre seus irmãos mais fracos e as forças do mal que, do contrário, poderiam esmagá-los. (...)"

(Annie Besant - Os Mestres - p. 26/27)
Fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O SENTIDO DA VIDA, SEGUNDO MOISÉS, BUDA, CRISTO (2ª PARTE)

"(...) Cerca de mil e quinhentos anos depois de Moisés e seiscentos anos depois de Buda apareceu o maior gênio humano sobre a face da Terra, Jesus de Nazaré, que cristalizou numa parábola esta mesma verdade: que o homem que vive e age na ilusão sobre si mesmo é um 'servo mau e preguiçoso' e perde até a sua natureza humana, ao passo que o homem que conhece e vive a verdade sobre si Mesmo é um 'servo bom e fiel', que entra no gozo da verdade Libertadora.

Esta verdade cósmica, reduzida a termos modernos, resulta nas palavras seguintes: quem pode, deve; e quem pode e deve, e não faz, cria débito – e todo o débito gera sofrimento.

Quando as eternas leis cósmicas dão a uma creatura uma potencialidade, esperam delas a atualização dessa potencialidade. Se o homem faz o que pode e deve, ele se realiza, faz a sua realização existencial; mas, quando o homem não faz o que pode e deve, sucumbe ele à sua frustração existencial.

Sendo o homem essencialmente o seu Eu racional (espiritual), ele pode e deve realizar esse Eu divino, esse seu Logos; é esta a sua realização existencial, que as leis cósmicas esperam dele. O homem é, potencialmente, o 'sopro de Deus', diz o Gênesis, que pode e deve atualizar-se na 'imagem e semelhança de Deus'; esta realização é a razão de ser da sua existência. O homem é dotado do poder do livre-arbítrio, e não há evolução sem resistência; por isto crearam as leis cósmicas no homem o ego mental, que o Gênesis chama a serpente, que deve manifestar-se e ser superado para que o homem se realize plenamente pelo poder do seu livre-arbítrio. Deus creou o homem o menos possível (sopro divino), creou o homem perfectível, para que o homem se possa crear o mais possível (imagem e semelhança de Deus) no estado do homem perfeito.

Enquanto o homem não atualizar a sua potencialidade, está ele sujeito ao sofrimento, porque não faz o que pode e deve; torna-se devedor e culpado em face das leis cósmicas. E a reação dessas leis contra o culpado é o sofrimento. 

Até hoje, quase toda a humanidade é culpada perante as leis cósmicas, porque todos os homens são realizáveis, e poucos são realizados. A humanidade sofre porque é culpada e devedora em face das eternas leis do Universo, e sofrerá sempre, enquanto não estiver quite com as leis da justiça cósmica.

Enquanto o servo não duplicar os talentos recebidos, as potencialidades que de Deus recebeu, continua ele devedor e sofredor, porque as leis cósmicas não distribuem potencialidade a esmo, mas exigem que o homem duplique por esforço próprio o que recebeu; quem apenas devolve o que recebeu é um servo mau e preguiçoso. (...)"

(Huberto Rohdem - O Homem, sua Natureza, sua Origem e sua Evolução - p. 38/39)

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O SENTIDO DA VIDA, SEGUNDO MOISÉS, BUDA, CRISTO (1ª PARTE)

"Qual o sentido da vida humana, a razão de ser da sua existência?

Todos os gênios da humanidade respondem o mesmo: o sentido da vida do homem é a sua autorrealização. E essa realização supõe, acima de tudo, o conhecimento da verdadeira natureza do homem.

Cerca de seis séculos antes da Era Cristã, vivia na Índia um príncipe real chamado Gautama Siddhartha. Pouco depois do seu casamento abandonou ele, clandestinamente, o Palácio Real e foi peregrinar pelas florestas da Índia, durante 16 anos, meditando, meditando e jejuando. Queria descobrir uma resposta definitiva ao tenebroso mistério do sofrimento universal da humanidade. Os animais selvagens não sofriam, e por que devia o homem, coroa da creação, viver em sofrimento permanente? Certo dia, estava o príncipe sentado à sombra de uma árvore, mergulhado em profunda meditação. Quando despertou do seu prolongado samadhi, proferiu quatro palavras – e os discípulos dele, sentados em derredor, exclamaram: Buda! Buda! isto é: acordou, acordou.

O peregrino real dormira toda a vida o sono da ilusão sobre si mesmo, identificando-se com o seu ego mental; de repente, despertou para a vigília da verdade – da verdade libertadora sobre si mesmo. Os discípulos dele resumiram a sabedoria do Mestre nas chamadas 'quatro verdades nobres de Buda'. O que Buda disse, depois de despertar para a luz da verdade, foram as palavras seguintes:

1) a vida humana é essencialmente sofrimento,
2) a causa deste sofrimento universal é a ilusão em que o homem vive sobre si mesmo,
3) com a transformação da ilusão em verdade sobre si mesmo, termina a culpa do sofrimento,
4) o meio para o conhecimento da verdade é a profunda meditação sobre si mesmo.

Cerca de mil anos antes de Buda dissera Moisés, com outras palavras, estas mesmas verdades: 'Maldita seja a terra por tua causa', disseram os Elohim ao primeiro homem, porque este se identificava com o seu ego ilusório, aberrando da verdade libertadora sobre a sua verdadeira natureza. E esta ilusão funesta provocou sua autoexpulsão do paraíso e o início do sofrimento Universal. (...)"

(Huberto Rohdem - O Homem, sua Natureza, sua Origem e sua Evolução -  p. 37/38)

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

O CAMINHO SAGRADO DO AMOR E DA VERDADE

"O Karma, como foi ensinado no Gita e no Yoga Vasishta, significa atos e volições que procedem de Vanasa, ou desejo. É deixado bem claro naqueles códigos de ética que nada que é feito com um puro senso de dever, nada que é empreendido com um sentimento de 'obrigação', como se diria, pode macular a natureza moral daquele que o faz, mesmo que ele esteja equivocado em sua concepção de dever e adequação. O erro, é claro, deve ser expiado com sofrimento, que deve se proporcional às consequências do erro; mas certamente não pode degradar o caráter ou macular o Jivatma (o Eu Individualizado).

É bom usarmos todos os eventos da vida como lições a serem transformadas em vantagens, e a dor causada pela separação de amigos que amamos pode ser usada assim. O que são espaço e tempo no plano do Espírito? Ilusões do cérebro, meros nadas, que adquirem aspecto de realidade pela impotência da mente, o invólucro que aprisiona o Jivatma. O sofrimento meramente nos dá um impulso novo e mais potente de vivermos completamente no Espírito. No fim, da dor virá boa vontade para todos nós, de modo que não devemos resmungar. Antes, sabendo que para os discípulos não pode acontecer nada que não seja da vontade de seus Senhores, devemos olhar para cada incidente doloroso como um passo em direção ao progresso espiritual, como um meio para aquele desenvolvimento interno que nos capacita a servi-Los, e com isso à Humanidade, de um modo melhor. 

Se apenas pudermos servi-Los, se através de todas as tormentas e conflagrações nossas Almas se voltarem para os seus Pés de Lótus, o que importam a dor e os sofrimentos que elas impõem à nossa casca temporária? Entendamos um pouco o significado interno destes sofrimentos, destas vicissitudes das circunstâncias externas - entendamos como tamanha dor suportada significa muito mau Karma esgotado, muito poder de serviço adquirido, quão boa lição aprendida - não serão estes pensamentos suficientes para nos sustentar através de qualquer quantidade destas misérias ilusórias? Quão doce é sofrer quando se sabe e se tem fé! Quão diferente da miséria do ignorante, do cético, e do descrente. Quase poderíamos desejar que todo o sofrimento e miséria do mundo fossem nossos a fim de que o restante de nossa raça pudesse ser livre e feliz. A crucificação de Jesus simboliza esta fase na mente do discípulo. Você não pensa o mesmo? Somente esteja sempre firme na fé e na devoção, e não se desvie do caminho sagrado do Amor e da Verdade. Esta é a sua parte - o resto será feito por você pelos Senhores Misericordiosos a quem você serve. Você já sabe de tudo isso, e se eu falo sobre isso é apenas para fortalecê-lo em seu conhecimento; pois amiúde esquecemos de nossas melhores lições, e em tempos de aflição o dever de um amigo é mais o de lembrar a você suas próprias palavras, antes do que introduzir novas verdades. Foi assim que Draupadi frequentemente consolou seu sábio esposo Yudhisthira, quando terrível infortúnio por um momento abalava sua usual serenidade, e assim também o próprio Vasishtha teve de ser acalmado e confortado quando assolado pela dor da morte de seus filhos. Não é verdadeiramente inexplicável o lado Maya deste mundo? (...)"

(Annie Besant - A Doutrina do Coração - Ed. Teosófica, Brasília - p. 7)
www.editorateosofica.com.br


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

NA ALEGRIA ESTÁ A VERDADEIRA VIDA ESPIRITUAL

"Tente, e perceba a beleza do sofrimento, quando o que o sofrimento faz é só tornar a pessoa mais apta para o trabalho. Certamente jamais devemos anelar a paz se na luta o mundo puder ser ajudado. Tente, e sinta que embora a treva pareça estar em toda sua volta, ainda assim ela não é real. Se algumas vezes Eles se ocultam em uma Maya (ilusão - NT) de indiferença aparente, é apenas para conceder Suas bênçãos com maior abundância quando a estação for propícia. As palavras não ajudam muito quando a escuridão é opressiva, ainda que o discípulo deva tentar manter inabalada sua fé na proximidade dos Grandes Seres, e sentir que embora a luz seja temporariamente retirada da consciência mental, mesmo assim ela cresce dia a dia no interior sob a Sua sábia e misericordiosa dispensação. Quando a mente se torna novamente sensível, ela reconhece com surpresa e alegria como o trabalho espiritual foi feito sem que se tivesse consciência alguma dos detalhes. Nós conhecemos a Lei. No mundo espiritual noites de maior ou menor horror seguem o dia, e aquele que é sábio, reconhecendo que a treva é o fruto de uma lei natural, deixa de se incomodar com isso. Podemos descansar certos de que a escuridão, por sua vez, se dissipará. Lembre sempre que detrás da mais espessa fumaça sempre existe a luz dos Pés de Lótus dos Grandes Senhores da Terra. Fique firme e jamais perca a fé n'Eles, e então não haverá nada a temer. Podem e devem haver provações, mas você deve estar certo de que conseguirá suportá-las. Quando a sombra que caiu como uma mortalha sobre a Alma se retira, então somos capazes de ver quão realmente evanescente e ilusória ela era. Mesmo assim esta sombra, enquanto perdura, é real o bastante para levar a ruína para muitas almas nobres que ainda não adquiriram força suficiente para suportá-la. 

A vida e o amor espirituais não se esgotam quando são dispendidos. A doação apenas acrescenta ao reservatório e o torna mais rico e intenso. Tente, e seja tão feliz e contente quanto puder, porque na alegria está a verdadeira vida espiritual, e a tristeza é apenas o resultado de nossa ignorância e falta de visão clara. Assim, você deve resistir, até onde puder, ao sentimento de tristeza: ele anuvia a atmosfera espiritual. E embora você não possa evitar inteiramente sua chegada, mesmo assim você não deve ceder completamente a ele. Pois lembre-se de que no verdadeiro coração do universo existe a Beatitude. (...)"

(Annie Besant - A Doutrina do Coração - Ed. Teosófica, Brasília - p. 5)
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terça-feira, 17 de outubro de 2017

O PENSADOR PRECISA ENTENDER A SI MESMO (2ª PARTE)

"(...) Os pensamentos são o próprio pensador; eles não estão separados. O pensador se separou dos pensamentos para se proteger; assim, pode modificar os pensamentos de acordo com as circunstâncias, mantendo-se afastado. Esse é um dos truques da mente: separar o pensador dos pensamentos para se dedicar a transformá-los.

Tudo isso é um engano, uma ilusão, um jeito esperto do pensador se proteger, como que para assegurar sua própria permanência, enquanto os pensamentos são impermanentes. Assim, o ego se perpetua. Mas o 'eu' não é permanente, seja o eu inferior ou o eu superior. Ambos ainda estão dentro do campo da memória e do tempo.

A razão para dar tanta importância à psicologia é o fato da mente ser a causa de todas as ações. Sem compreender isso, não há sentido em fazer reformas, desperdiçar o tempo, pôr ordem em ações superficiais. Temos agido assim por muitas gerações, mas só produzimos confusão, loucura e miséria no mundo. 

Por isso, temos que ir até a raiz de todos os problemas da existência e da consciência: o eu, o pensador. Sem compreender o pensador e suas atividades, reformas sociais superficiais não têm significado - não para o homem verdadeiramente sério e zeloso. É importante que cada um de nós descubra isso - seja no plano superficial, no exterior, ou no plano fundamental e interno. (...)"

(J. Krishnamurti - O pensador precisa entender a si mesmo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 24/25)


terça-feira, 26 de setembro de 2017

UMA PROPRIEDADE DA MENTE (1ª PARTE)

"Helena Blavatsky, assim como muitos filósofos, viu que o tempo, como sucessão de eventos, é tanto uma propriedade da nossa mente quanto uma parte da realidade. Nós percebemos de forma seriada e classificamos como passado, presente e futuro; os eventos, entretanto, simplesmente são.

O tempo é uma generalização, um conceito que formulamos a partir da experiência. Depois atribuímos a ele uma existência separada da nossa vivência dos eventos. Blavatsky, contrariando a noção de que o tempo flui e nós permanecemos parados, afirma que 'o tempo é apenas uma ilusão produzida pelos sucessivos estados da nossa consciência, à medida que atravessamos a duração eterna'.

A forte tendência de ordenar as coisas em sequência atua sobre a nossa percepção do mundo. O sentido de tempo linear fragmenta o panorama ininterrupto das mudanças interconectadas da natureza, percebido claramente pelos índios hopi.

Quando sonhamos ou mergulhamos em pensamentos o tempo pode se expandir, de modo que minutos ou segundos parecem horas, ou horas passam num relance. A sensação de passagem rápida ou lenta do tempo pode resultar de fatores físicos, como temperatura corporal, temperatura do ar ou influência de café, chá ou álcool, ou ainda fatores psicológicos como tédio ou interesse. É comum sentir que a semana de trabalho se arrasta, enquanto os fins de semana 'passam voando'.

A 'progressão ordenada, militar, do tempo medido' é muito diferente do 'tempo ilimitado da mente', segundo as expressões de Bérgson. Para alguns o tempo normalmente parece fluir mais lentamente do que para outros. Ao longo do dia, nossa percepção do passar do tempo também muda. Há momentos em que ele é uma corrente que se desloca montanha abaixo; depois, é como um rio sereno na planície. Nenhum dos padrões está 'correto'; o tempo não possui velocidade absoluta. Mas a pressa excessiva pode ser prejudicial e o ritmo lento pode ter efeitos curativos sobre nossa saúde. (...)"

(Tempo e atemporalidadeDo livro Sabedoria Antiga e Visão Moderna, Shirleu Nicholson, Ed. Teosófica - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 16)


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

SEGUINDO O IMPULSO DA ALMA (PARTE FINAL)

"(...) É muito importante para o discípulo entender que tudo o que ele recebe por meio de instruções ou conselhos deve ser encarado com responsabilidade, para beneficiar a humanidade e os outros seres vivos. Assim como recebemos, devemos dar. Não podemos esperar até estarmos plenamente iluminados para compartilhar. Devemos compartilhar qualquer coisa que temos agora. Como todo ensinamento verdadeiro é destinado a todo mundo, não há lugar para orgulho ou presunção na senda espiritual.

A afinidade com um instrutor que não tem favoritos, que representa o amor ilimitado, exige algo desse mesmo espírito no discípulo. Ele deve buscar a verdade por si mesma, não porque ela veio do 'seu mestre', como afirmou um adepto: 'Aprenda a ser leal à ideia, não ao meu pobre eu.' O único objetivo pelo qual devemos nos esforçar é melhorar as condições humanas por meio da propagação da verdade.

Como alguém pode começar o treinamento para se tornar um discípulo? A raiva, a cobiça e a ilusão são os três grandes venenos que devem ser eliminados. Um adepto aconselhou: 'Guarde-se do espírito impiedoso, porque ele surgirá como um lobo faminto em seu caminho, e devorará as melhores qualidades de sua natureza.' Não devemos buscar o que é errado nas outras pessoas, nem ter maus sentimentos mesmo contra alguém que nos prejudicou. Não devemos julgar os outros. Os padrões do mundo espiritual são diferentes dos mundanos. 'Um engraxate honesto é tão bom quanto um rei honesto.' Uma pessoa espiritual trata todos os seres com afeição e boa vontade.

Devemos dar pouco valor à aparência externa. O que importa é a pureza interna. 'Um faxineiro imoral é muito melhor e mais desculpável do que um imperador imoral', porque o humilde faxineiro pode não ter tido oportunidade de aprender. A vida do discípulo deve naturalmente ser de estrita moralidade, uma conquista diária do eu. O egoísmo, que toma a forma de cobiça e se evidencia pela raiva, é o impedimento mais sério à compreensão da verdade, e deve ser arrancado pela raiz. Quem domina o eu é maior do que aquele que, na guerra, vence milhares. O adepto dominou o eu; o discípulo deve se empenhar na mesma tarefa."

(Radha Burnier - O adepto e o discípulo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 38/39)

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

A BELEZA DO EGO

"No mundo do Ego, não há formas e cores como conhecemos aqui, mas há algo que pode ser traduzido em termos de cor e forma. Assim, podemos falar da aparência do Ego, ainda que não se revele a nós como os objetos no mundo fenomênico. Portanto, não deve ser mal interpretado quando dizemos que o Ego se mostra em forma humana glorificada, e que nesse aspecto nos vemos como realmente somos. A forma humana em que ali nos vemos é também representativa de nosso verdadeiro tipo ou gênio, de nossa missão na magna Obra. Desse modo, um Ego que conheço apareceu como um jovem radiante, como um Apolo grego esculpido em reluzente mármore e, não obstante, imaterial, tendo a inspiração por sua característica básica. Outro Ego tinha a aparência da escultura de Demétrio no Museu Britânico: uma figura dignificada, serena e pacífica que, por assim dizer, pairava sobre o mundo, ao qual contribuía para nutrir e proteger. Portanto, cada Ego tem seu aspecto peculiar, radiante e formoso, que expressa sua missão ou temperamento.

Quando restituímos nossa consciência ao mundo do Ego e nos reconhecemos como tal, devemos procurar ver o aspecto que temos em nosso próprio mundo, e daí em diante pensar em nós mesmos unicamente dessa forma. Uma vez visto o que realmente somos, já não mais devemos nos permitir pensar em nós mesmos como a imagem que vemos quando nos contemplamos no espelho. Desde que reconheçamos que somos o divino Ser interno, não devemos nem por um momento ceder à velha ilusão de que somos o corpo físico e temos um Ser divino em algum plano superior. Desde então, fica invertida a posição. E ao falarmos de nós, falamos do radiante Ser que verdadeiramente somos, e não dos corpos através dos quais se manifesta temporariamente parte de nossa consciência."

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 39/40)


sábado, 26 de agosto de 2017

NUNCA FIQUE MENTALMENTE AGITADO

"O treinamento que recebi de meu mestre, Sri Yukteswar, foi maravilhoso nesse sentido. Acontecesse o que acontecesse, ele não aceitava desculpas quando eu ficava mentalmente agitado. Eu costumava ir ao ashram e sentar-me a seus pés, para meditar e ouvir sua sabedoria. Quando chegava perto da hora do trem que me levaria de volta para casa, ele percebia meu desassossego e apenas sorria, sem me dar licença de partir. No começo, eu não achava aquilo razoável. Mas, depois de um período um tanto quanto tenso dessa disciplina, ele explicou: 'Não vejo com má vontade o fato de você aprontar-se a tempo para ir para a estação; mas digo que não há necessidade de ficar inquieto. Por que permitir que a agitação nervosa perturbe sua mente? Quando estiver comigo, esteja naturalmente calmo, e quando a hora do trem chegar, prepare-se calmamente para sair.' Ele me fez perder vários trens até que eu aprendesse a ser calmamente ativo e ativamente calmo.

É isso mesmo que você também precisa aprender. Em vez de correr em estado de agitação emocional para chegar a algum lugar e, uma vez lá, nada aproveitar por estar inquieto, procure ser mais calmo. Não existe justificativa para a agitação interior. Se você estiver sempre calmo, será também mais eficiente. E se quiser despertar deste mundo de sonho cósmico, precisa agir com serenidade- independentemente do que aconteça. Assim que a mente se inquietar, golpeie-a com a vontade e ordene que se acalme. Não faça tempestade em copo d'água por coisa alguma. Lembre-se: sempre que se preocupa, você intensifica a ilusão cósmica em seu interior."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 29/30)


quinta-feira, 24 de agosto de 2017

SER E ILUMINAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) A palavra iluminação transmite a ideia de uma conquista sobre-humana - e isso agrada ao ego -, mas é simplesmente o estado natural de sentir-se em unidade com o Ser. É um estado de conexão com algo imensurável e indestrutível. Pode parecer um paradoxo, mas esse 'algo' é essencialmente você e, ao mesmo tempo, é muito maior do que você. A iluminação consiste em encontrar a verdadeira natureza por trás do nome e da forma.

A incapacidade de sentir essa conexão dá origem a uma ilusão de separação, tanto de você mesmo quanto do mundo ao redor. Quando você se percebe, consciente ou inconscientemente, como um fragmento isolado, o medo e os conflitos internos e externos tomam conta da sua vida. 

O maior obstáculo para vivenciar essa realidade é a identificação com a mente, o que faz com que estejamos sempre pensando em alguma coisa. Ser incapaz de parar e pensar é uma aflição terrível, mas ninguém percebe porque quase todos nós sofremos disso e, então, consideramos uma coisa normal. O ruído mental incessante nos impede de encontrar a área de serenidade interior, que é inseparável do Ser. Isso faz com que a mente crie um falso eu interior que projeta uma sombra de medo e sofrimento sobre nós.

A identificação com a mente cria uma tela opaca de conceitos, rótulos, imagens, palavras, julgamentos e definições, que bloqueia todas as relações verdadeiras. Essa tela se situa entre você e o seu eu interior, entre você e o próximo, entre você e a natureza, entre você e Deus. É essa tela de pensamentos que cria uma ilusão de separação, uma ilusão de que existem você e um 'outro' totalmente à parte. Esquecemos o fato essencial de que, debaixo do nível das aparências físicas, formamos uma unidade com tudo aquilo que é. (...)"

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 14/15)


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

ÉTICA: A RESTAURAÇÃO DA HARMONIA (2ª PARTE FINAL)

"(...) O senso de separação é uma ilusão primitiva, que origina todos os comportamentos errados do homem. O remédio está em compreender a unidade da vida. Se o conceito da origem comum da humanidade, não apenas em nível físico, mas especialmente nos níveis da alma e do espírito, estiver 'profundamente enraizado em nossos corações, nos levará longe da estrada da verdadeira caridade e da boa vontade fraterna'.

O princípio da unidade pode parecer muito distante das nossas preocupações diárias. É necessário juntar a ele um outro princípio derivado, o da interdependência. A aparente multiplicidade do mundo manifestado é, na realidade, uma grande rede de interdependência, destinada a funcionar em perfeita harmonia. A ilusão de separação nascida da mente humana e os caprichos de independência desequilibram dolorosamente toda a rede.

Devido à Lei do Carma - outro importante princípio dos ensinamentos teosóficos -, todo desequilíbrio deve ser compensado para restaurar o equilíbrio, o que também pode ser doloroso. Assim, surgem e se perpetuam os problemas que afetam a humanidade e todo o universo.

A ética é um meio para restaurar o equilíbrio da natureza, colocando em prática os princípios fundamentais dos ensinamentos teosóficos: a unidade universal, a solidariedade humana, o carma e a reencarnação, que são, de acordo com H. P. Blavatsky, 'os quatro elos da corrente de ouro que deve unir toda a humanidade numa única família, uma fraternidade universal'.(...)"

(Danielle Audoin - Ética: a restauração da harmonia - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p.41)

domingo, 20 de agosto de 2017

ÉTICA: A RESTAURAÇÃO DA HARMONIA (1ª PARTE)

"Embora haja atualmente uma tendência hesitante de retornar à noção de cidadania, a maioria das pessoas ainda considera qualquer conversa sobre ética e moral como algo ultrapassado.

Considerando os problemas que confrontam a humanidade, instrutores espirituais, através dos séculos, têm enfatizado a necessidade de uma transformação fundamental no indivíduo por meio da ética, assegurando que, de outro modo, qualquer reforma política ou social está condenada ao fracasso.

Realmente, os problemas do mundo moderno não são diferentes, em sua natureza, daqueles que caracterizaram os séculos passados. Guerra, violência, barbarismo, corrupção, exploração dos fracos, o abismo entre ricos e pobres - essas coisas sempre existiram. A natureza dos problemas da humanidade e a causa de todos os conflitos e sofrimentos permaneceram fundamentalmente inalterados. A solução está no próprio homem e não nas suas condições de vida; nas suas respostas às situações, não nas situações em si. A única solução válida e duradoura deve ser buscada na autotransformação, não em mudanças na sociedade.

As raízes da violência, da corrupção e da irresponsabilidade social estão dentro de cada um de nós. A ética nada tem a ver com considerações exteriores. É independente de tempo e espaço, situa-se além dos modismos e das civilizações. Ela deriva da sabedoria antiga e da natureza essencial do homem. De acordo com os ensinamentos teosóficos, a vida é una; todo o universo manifestado é a expressão diferenciada da vida una, e não a justaposição de uma multidão de vidas separadas. (...)"

(Danielle Audoin - Ética: a restauração da harmonia - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p.41)