OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

HOMEM, CONHECE-TE A TI MESMO! (1ª PARTE)

"Quando o homem comum diz 'eu sou feliz', ou 'eu sou infeliz' - que é que ele entende com essa palavrinha 'eu'? A imensa maioria dos homens entende com esse 'eu' a sua personalidade física, material, isto é, o corpo, ou alguma parte do corpo. 'Eu estou com dor de cabeça.' 'Ele morreu.' Um determinado sentimento de bem-estar do corpo é, por eles, chamado 'felicidade', como um certo mal-estar físico é apelidado de 'infelicidade'. Ora, esse sentir físico está, de preferência, nos nervos, que são os receptores e veículos das nossas sensações físicas. Quer dizer que o homem comum, quando fala de felicidade ou infelicidade, se refere a um determinado estado vibratório dos seus nervos. Se esse estado vibratório dos nervos lhe dá uma sensação agradável, ele se julga feliz; do contrário, se tem por infeliz.

Ora, esse estado vibratório dos nervos nem sempre depende da vontade do homem; depende, geralmente, de fatores meramente externos, acidentais, alheios ao seu querer ou não querer, como sejam, a temperatura, o clima, a alimentação, acidentes fortuitos, eventos imprevistos, a sorte grande, morte na família, etc. Todo homem que, por exemplo, diz 'eu estou doente' identifica o seu 'eu' com o seu corpo, e sobre esse erro fundamental procura erguer o edifício da sua felicidade. É o que, no Evangelho, se chama 'edificar sobre areia'. Mas um edifício construído sobre areia vã não resistirá ao embate de enchentes e vendavais.

Também a humanidade nos pode fazer sofrer ou gozar. Mas nem as circunstâncias da natureza nem da humanidade nos podem tornar felizes nem infelizes. Felicidade ou infelicidade vem da nossa substância própria, e não de circuntâncias alheias. 'Eu sou o senhor do meu destino - eu sou o comandante da minha vida'.

Dentro desse critério inadequado, é claro, a felicidade ou infelicidade é algo que não depende do homem. neste caso, o homem não é 'sujeito', autor, da sua felicidade ou do contrário, mas tão somente 'objeto' ou vítima. Circunstâncias externas, fortuitas, incontroláveis o tornariam feliz ou infeliz. Quer dizer que esse homem seria um simples joguete passivo dos caprichos do ambiente. Não poderia afirmar: 'eu sou o comandante de minha alma; porquanto não seria ele que marca o roteiro da barquinha de sua vida, que estaria inteiramente à mercê dos ventos e das correntezas alheias ao seu querer ou não querer. Como poderia ser solidamente feliz o homem que faz depender a sua felicidade de algo que não depende dele? (...)"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda, São Paulo, 1982 - p. 23/24)


domingo, 26 de outubro de 2014

O MENDIGO E O ABASTADO (2ª PARTE)

"(...) Se você tem cometido o erro de reconhecer-se vazio de muitas coisas e, no sentido de preenchê-las, vive a solicitar do mundo e dos outros que lhe concedam favores, que lhe atendam os rogos, você dificilmente será feliz. Primeiro, porque o mundo e as pessoas não gostam de atender aos vazios, aos indigentes, aos dependentes, aos que se reconhecem fracos, incompletos, carentes de respeito, desamados, incompreendidos, necessitados, deserdados... Em segundo lugar, porque você se está enterrando na infelicidade ainda mais, pelo fato de reconhecer-se carente, decaído, necessitado, fraco, incapaz, miserável; por estar criando um autorretrato negativo e mórbido.

Você já sabe o que é o subconsciente como um 'servo-mecanismo'? Ou melhor, você sabe o que é um 'servo-mecanismo'? Se já sabe, desculpe. Preciso no entanto explicar a quem não sabe. "Servo-mecanismo' é uma máquina cibernética (no estilo do computador eletrônico), que funciona de forma que, ao receber uma nítida missão a cumprir, exata e fielmente a cumpre. Assim são os torpedos, as bombas dos terroristas e os foguetes autodirigidos, que em hipótese alguma erram o alvo. Pois bem, o 'servo-mecanismo' de seu subconsciente, a toda hora, recebe a missão que você lhe dá, através da imagem que fez de si mesmo (autorretrato). Cega e fatalmente cumpre a missão, isto é, com seu tremendo poder, faz de você o que você tem imaginado ser. Se você se vê como um desgraçado despojado de paz, força, saúde, amor, compreensão, respeito... finalmente de tudo que você ainda anda mendigando, então a toda hora, a máquina cibernética de seu subconsciente está fazendo do desgraçado que você imagina, um desgraçado real.

Quando, em vez de pedir ajuda, você passa a dar, você está, pelas mesmas razões e segundo as mesmas leis, aumentando sua capacidade de ajudar. Se em vez de pedir que lhe amem, você ama sem se ressentir com a não reciprocidade; se você ama incondicionalmente, se 'ama por amor ao amor', então, recebe, amor. Não por pedir. Mas em virtude da lei universal. Se você aprende a dar de si, verá aumentar a fortuna daquilo que aos outros tem dado. Se você é positivo, emitindo, distribuindo, ofertando, ajudando, compreendendo, estimulando, criando, irradiando, se fez de você um autorretrato positivo, será cada vez maior sua riqueza, maior a expansão de si mesmo, maiores os transbordamentos sobre os limites precários do ser humano 'normal'. Se você, esquecido das incompreensões de que tem sido vítima, gosta de dar compreensão a todos, virá a vencer também nesse aspecto da vida.

Quem pede está vazio. Quem oferta tem para dar. Quem se lamenta atrai maiores razões para mais se lamentar. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 202/204)

sábado, 25 de outubro de 2014

O MENDIGO E O ABASTADO (1ª PARTE)

"Tenho um amigo, cientista ilustre e respeitado, dono de grandes propriedades. Tem carro bonito. Pertence a uma família ilustre. Tem apenas um ou dois aspectos onde a vida não o favoreceu como gostaria. Fechando os olhos a tudo quanto tem, vê em torno de si apenas tristezas, infelicidades ou frustrações. Vive abatido a reclamar de tudo. Lastima-se invariavelmente sempre que me encontra. Sob o ponto de vista comum, é um ricaço. Sob o ponto de vista da realidade, ele o é?

Aurino é um 'pobre' homem, que em toda sua vida tem estado em caminha de paralítico. Cresceu na horizontal. De seu leito 'pobre' de enfermo, dirige, no entanto, uma grande empresa. Uma empresa de serviço. O serviço que oferece ao público é essencial, pois corresponde a uma necessidade praticamente universal. A empresa de quem poderia viver de esmola presta exatamente o serviço de assistência, de ajuda, de amparo aos necessitados de saúde e meios de vida. O 'pobre' Aurino é um catalisador de amor, de beneficência, de humanitarismo. Mas que milagres o espírito não efetiva?! O 'pobre' é sempre encontrado em Bangu disposto a auxiliar a todos os 'ricaços' como meu amigo lamuriento. 

Creio que, tanto quanto eu, você deve andar confuso sobre o que é ser 'rico' e ser 'pobre'. Aurino é pobre ou rico? Meu amigo rico é rico mesmo ou é mendigo? Que vem a ser pobreza? E riqueza? Ninguém é mendigo pelo que não possui e sim pelo que anda mendigando. Ninguém é rico pelo que tem, mas pela espontânea prodigalidade com que distribui.

O infeliz ainda mais infeliz se torna, se imprudentemente mendiga felicidade. O intranquilo aumenta sua inquietude com o mendigar a paz. O incompreendido ainda mais inaceitável se torna, pelas reclamações que despeja sobre os outros. Ninguém pode ter admiração por um sujeito que anda à caça de ser admirado. Quem pode respeitar aquele cuja maior preocupação é fazer-se admirado? Aquele que se reconhece injustiçado e sem correspondência amorosa, e vive a pedir amor, dificilmente será amado. Não conheço quem sofre pela prodigalidade de ajuda que dá. O mundo no entanto está cheio de gente que se desgraçou por tanto pedir. (,,,)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 201/202)

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

SETE DICAS PARA A FELICIDADE (2ª PARTE)

"Se queremos ser felizes, devemos, em primeiro lugar, ser nós mesmos. A espontaneidade é essencial. Enquanto estivermos lutando para ser algo que não manifestamos naturalmente, estaremos em conflito e, portanto, infelizes. 

Se precisamos forçar a nós mesmos, deixando de ser espontâneos, para mantermos uma relação ou posição, ficamos fadados à infelicidade, porque não encontramos o nosso lugar no universo. Talvez a felicidade seja encontrar o que foi planejado para nós pelo universo.

Nossa espontaneidade não pode chegar ao ponto de atropelar os outros. Tudo tem um limite, e, como já dizia um amigo, minha liberdade de mover o braço termina onde começa o nariz de quem está próximo.

A segunda dica para a felicidade consiste em aceitar de bom coração quando a vida diz sim e quando ela diz não. Se humildemente aceitamos o não, o que significa que determinado desejo não será realizado, acabamos descobrindo que a vida é muito mais sábia do que nós, e lá na frente encontramos uma realidade melhor do que a idealizada. Ela, a vida, sabe exatamente do que precisamos e nos reserva situações muito mais plenas e felizes quando aceitamos humildemente os seus desígnios. Quando insistimos em um desejo, contra tudo e contra todos, e o atingimos, na maioria das vezes acabamos descobrindo que não valia a pena. (...)"

(Marcos Resende - Sete dicas para a felicidade - Revista Sophia, Ano 11, nº 41 - p.5/7)

terça-feira, 14 de outubro de 2014

NÃO FALES MAL DE NINGUÉM (PARTE FINAL)


"(...) O que há de mais estranho e perverso é que as pessoas maledicentes costumam fazer preceder os seus maldosos mexericos de bondosas referências às vítimas que pretendem devorar com suas críticas. 'Não é por falar mal, mas...' 'Fulano é muito boa pessoa, mas...' 'Sicrana é muito minha amiga, mas o que é verdade é verdade...' Quando um caçador de arco está para disparar a flecha mortífera, puxa-a primeiro para bem perto do coração a fim de a soltar depois com maior violência - é o que fazem os difamadores.

Dizem que o vampiro, antes e depois de sugar o sangue da vítima, sopra-lhe carinhosamente a pele, talvez para efeitos de anestesia... Dizem que o crocodilo, ao engolir a sua vítma, chora...

Os vampiros e os crocodilos humanos também são assim, Raras vezes põem prego sem estopa. Raras vezes censuram alguém sem primeiro o elogiarem, porque uma censura depois dum elogio é muito mais eficiente do que sem elogio. E ainda por cima cria a ilusão que o difamador seja pessoa caridosa.

Nunca ninguém se arrependeu de ter calado - milhares se arrependeram de ter falado. O vício da maledicência é fonte abundante de infelicidade, não só pelo fato de criar discórdias sociais, mas também, e principalmente, porque debilita o organismo espiritual e o predispõe para novas enfermidades. 

A consciência tranquila de uma benevolência sincera, profunda e universal é a mais segura garantia de uma profunda e imperturbável felicidade."

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1982 - p.115/116)

domingo, 14 de setembro de 2014

A IMPORTÂNCIA DA FELICIDADE ALHEIA

"Aprenda também a ser altruísta. encontrar felicidade fazendo os outros felizes é um objetivo sincero de quem ama a Deus. Dar felicidade é extremamente importante para sua própria felicidade, e é uma experiência muito gratificante. Algumas pessoas pensam apenas na família: 'Só nós quatro e ninguém mais'. Outras só pensam em si: 'E eu? E a minha felicidade?' Mas são exatamente essas pessoas que são infelizes!

Não é certo buscar a felicidade pessoal sendo indiferente ao bem-estar alheio. Se você não tem escrúpulos e se apropria do dinheiro dos outros, pode até ficar rico, mas jamais será feliz, porque os pensamentos de rancor dos que foram enganados recairão sobre você. A lei divina diz: sempre que você tentar ser feliz à custa do bem-estar alheio, todos vão querer fazê-lo infeliz. Mas se tentar dar felicidade, mesmo que tenha de abdicar de sua satisfação pessoal, todos terão em mente o seu bem-estar. Sempre que pensar em suas necessidades, lembre-se também do próximo. Assim que levar em consideração o bem-estar dos outros, você vai querer fazê-los felizes. O altruísta relaciona-se maravilhosamente com sua família e com o resto do mundo. O egoísta está sempre em dificuldades e perde a paz de espírito."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 39)

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

COMO LEMBRAR-SE DO VERDADEIRO EU (1ª PARTE)

"Estamos no início do século XXI, uma época de incríveis descobertas. Nunca antes os seres humanos estiveram tão conectados uns aos outros, mas nunca pareceram tão sozinhos. Para onde quer que olhemos, vemos pessoas insatisfeitas e infelizes. Por quê? Acho que isso se deve ao sistema de valores da nossa sociedade, que se baseia em ilusões e na falsidade. Fomos ensinados a venerar a busca do dinheiro e a acreditar que riqueza é sinônimo de felicidade. Ao honrar os deuses falsos do poder e do dinheiro, a sociedade constantemente valoriza aspectos inadequados da existência.

Entregamos nosso poder aos outros e, quando eles nos frustram, nos sentimos vitimados. No momento em que nos declaramos 'vítimas', ficamos aprisionados numa vibração de revanche. Quando vivemos com medo, raiva e ressentimento, atraímos situações que criam ainda mais medo, raiva e ressentimento. Quanto mais envolvidos ficamos na consciência do mundo exterior, mais nos afastamos do caminho do espírito.

Existe uma tremenda carência espiritual no nosso mundo. É uma fome que não está sendo satisfeita. Idealmente, a religião deveria ser o portal para nossa espiritualidade, mas muitas vezes isso não acontece. É preciso mais do que ir à igreja, rezar, cantar, pregar e dar dinheiro aos pobres para desenvolver a espiritualidade. É necessário ter uma compreensão das verdades espirituais e colocá-las em ação nas nossas vidas cotidianas. Infelizmente, às vezes as verdades ensinadas pela religião são distorcidas pela interpretação pessoal, e o medo de Deus substitui o amor a Deus. Resta a cada um de nós separar a verdade do dogma, o joio do trigo. (...)"

(James Van Praagh - Em Busca da Espiritualidade - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 - p. 79)

terça-feira, 17 de junho de 2014

IDENTIFICAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) O 'normal' é o indivíduo sentir-se miserável e perdido só porque caiu doente. Muitas senhoras esnobes se danam quando a cronista deixou de citar seu nome na coluna social.

Aquilo que quando nos falta nos dá infelicidade é o objeto de nossa identificação. Somos identificados ao que ansiosa e desastrosamente queremos conservar, cultivar, desenvolver... Somos uns perdidos de nós mesmos porque nos identificamos a uma variedade sem conta de coisas, posições e pessoas. Nossa segurança e paz dependem de tudo isso com que nos identificamos.

Segundo o yoga, uma das maiores fontes de sofrimento é o identificar-nos com os níveis mais densos e materiais de nosso próprio ser. Os que se identificam com o corpo, e somos quase todos, costumam dizer: 'Eu estou doente', 'eu estou cansado'.

O yoguin, já desidentificado com o corpo, usa outra linguagem e diz: 'Meu corpo está doente.' O yoguin, em sua sabedoria, diz que seu corpo morre, pois sendo realmente um agregado de substâncias, algum dia se desfará, mas afirma que ele, em Realidade, é o Eterno, o Imutável, o Imóvel, o Perfeito, e portanto, jamais morrerá. Pode haver medo da morte para quem assim pensa?

Enquanto o homem comum adoece com os arranhões em seu carro ou em sua saúde, o sábio, desidentificado do grosseiro e do falível, mantém-se imperturbável, identificado que é com o eterno, o incorruptível e o imortal, que em Realidade ele é. Enquanto o pobre homem identificado é joguete ao sabor das circunstâncias incontroláveis na tempestuosa atmosfera da matéria, o yoguin, vivendo no Espírito, não se deixa apanhar nas malhas da ansiedade e da preocupação e não cai presa da 'coisa'. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 158/159)

sexta-feira, 6 de junho de 2014

NÃO CREIAS NUMA MORTE REAL! (1ª PARTE)

"Para milhares de pessoas é a perspectiva da morte inevitável o principal motivo de infelicidade. E essa infelicidade cresce na razão direta que se aproxima, inexoravelmente, o fim da existência terrestre. Aprenderam, em pequeno, que a morte é o fim da vida, e não conseguiram, mais tarde, libertar-se desse erro tradicional. Pelo contrário, o horror à morte foi neles intensificado por certas doutrinas teológicas sobre um estado definitivo 'post-mortem'.

Entretanto, todos os homens que, na jornada da sua evolução ascensional, ultrapassaram essa etapa primitiva sabem que a morte não tem para a existência total do homem nenhuma significação decisiva. Todos os grandes gênios espirituais da humanidade falam da morte como de um 'sono'. 'Nosso amigo Lázaro dorme', diz Jesus; a filha de Jairo 'dorme'. A palavra grega 'koimitérion', de que resultou em latim 'coemiterium', e em português 'cemitério', quer dizer 'dormitório'. Os primeiros discípulos de Jesus, ainda no período duma luminosa intuição espiritual da realidade, chamavam os cemitérios 'dormitórios', porque sabiam que não havia morte definitiva.

A vida continua lá onde parou. Não pode um processo material e meramente negativo, como é a destruição do organismo físico, modificar essencialmente a vida do homem. Não pode a morte negativa fazer o que a vida positiva não faz. A verdadeira mudança depende de algo que o homem faz, e não de algo que o homem sofre, porque nós é que somos os autores do nosso destino. 

Quando um ovinho da borboleta 'morre' para seu estado primitivo, não morre a vida interna do ovo, morre apenas o invólucro externo dele, a fim de possibilitar à vida latente e pequenina uma expansão maior e mais bela; quer dizer que a morte do ovinho é, na realidade, uma ressurreição, um nascimento para uma vida maior. Morre a pequena vida do ovinho para que viver possa a vida maior da lagarta. (...)"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1982 - p. 123/124)


sexta-feira, 9 de maio de 2014

O MENDIGO JOÃO-NINGUÉM

"O mendigo João-Ninguém pediu auxílio a um sábio, que lhe perguntou:

- Você venderia seu braço direito por 200 mil reais?

Ele respondeu horrorizado:

- Claro que não !!!

Prosseguiu o sábio:

- Então venda-me o esquerdo por 100 mil reais!

- O senhor está louco?

Assim o sábio continuou com suas observações sobre as riquezas pessoais, às quais o mendigo não estava dando o menor valor. Depois de tê-lo convencido das inúmeras riquezas que possuía, o sábio retirou-se e o pedinte saiu gritando pela rua:

- Sou um homem rico! Sou um milionário!

Há pessoas que chegam ao extremo da miséria, simplesmente por não acreditarem em nada. Se não acreditam nem em si mesmas, como querem que outras pessoas passem a ajudá-las? Quando uma pessoa está descrente, fecha todos os canais de captação. A vida sadia não mais flui sobre si, e aí começam todas as desgraças: desemprego, doenças, desavenças, ódios, revolta, inveja e todos os males do mundo recaem sobre a pessoa que está nessa condição infeliz. Primeiro passo: nada de desespero. Segundo passo: começar a acreditar em alguma coisa. Terceiro passo: manter-se em estado de silêncio. Quarto passo: reconhecer que existe um Criador, que nos doou a vida, e grande parte as nossas necessidades estão sendo supridas de graça. Portanto, toda a infelicidade que estamos sofrendo é uma consequência de nossa ignorância e de nossos erros, dos quais, no fundo, estamos conscientes.

É essa a verdade que ninguém quer encarar. E nessa condição existem milhares de criaturas que, não só, estão definhando, mas estão também fazendo com que pessoas incautas e crianças inocentes sofram o reflexo de seus erros.

Volte a acreditar em Deus, e seja feliz e agradecido. Certo?"

(R. Stanganelli - A Essência do Otimismo, Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 -  p. 120/121)
www.martinclaret.com.br


quinta-feira, 6 de março de 2014

O "EU" AUTOCENTRADO (PARTE FINAL)

"(...) Ao se relacionar com as pessoas, você é capaz de perceber em si mesmo sentimentos sutis de superioridade ou inferioridade em relação a elas? Quando isso acontece, é o ego que está se manifestando, porque ele precisa da comparação para se afirmar.

A inveja é um subproduto do ego que se sente diminuído quando algo de bom aconece com alguém, quando alguém possui mais, sabe mais ou tem mais poder do que ele. A identidade do ego depende da comparação e se alimenta do mais. Ele se agarra a qualquer coisa. Quando nada funciona, as pessoas procuram fortalecer seu ego considerando-se mais injustamente tratadas pela vida, mais doentes ou mais infelizes do que os outros. (...)

O 'eu' autocentrado tem também necessidade de se opor, resistir e excluir para manter a ideia de separação da qual depende sua sobrevivência. Assim, ele coloca 'eu' contra 'os outros' e 'nós' contra 'eles'. O ego precisa estar em conflito com alguém ou com alguma coisa. Isso explica por que, apesar de você querer paz, alegria e amor, não consegue suportar a paz, a alegria e o amor por muito tempo. Você diz que quer ser feliz, mas está viciado em ser infeliz. A sua infelicidade não vem dos fatos da sua vida, mas do condicionamento da sua mente.

Você se sente culpado por algo que fez - ou deixou de fazer - no passado? Uma coisa é certa: você agiu de acordo com o nível de consciência ou de inconsciência que tinha na época. Se estivesse mais alerta, mais consciente, teria agido de outra maneira.

A culpa é outra forma que o ego tem para criar uma identidade. Para o ego não importa que essa identidade seja negativa ou positiva. O que você fez ou deixou de fazer foi uma manfiestação de inconsciência, que é natural da condição humana. Mas o ego personifica a situação e diz 'Eu fiz tal coisa' e assim cria uma imagem de si mesmo como 'ruim, falho e insuficiente'. A História mostra que os seres humanos cometeram inúmeros atos violentos, cruéis ou prejudiciais contra os outros e continuam a cometê-los. Será que todos os seres humanos devem ser condenados? Será que são todos culpados? Ou será que esses atos são apenas expressões de inconsciência, um estágio no processo de evolução do qual estamos nos libertando? (...)

Se você estabelece objetivos autocentrados na sua busca de libertação e de autovalorização, mesmo que os atinja, eles não irão satisfazê-lo. Estabeleça objetivos, sabendo porém que o mais importante não é atingi-los. Quando alguma coisa inesperada acontece, fica demonstrado que o momento presente - o Agora - não é apenas um meio para atingir um fim: cada momento do processo é importante em si. Busque seu objetivo valorizando cada passo da caminhada. Só assim você não se deixará dominar pela consciência autocentrada."

(Eckhart Toole - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 27/30)
www.sextante.com.br


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

ERROS DE JULGAMENTO NOS LEVAM A MAUS ATOS

"Um jovem, filho de um de meus estudantes, foi preso por roubar. Quando fui visitá-lo ele me disse, desdenhosamente: 'Ah sim, mais um pregador. Vamos lá, faça a sua pregação.'

'Não esteja muito certo disso', respondi. 'Por que não podemos simplesmente conversar com franqueza?'

'Está bem', concordou. 'Vou contar o meu lado da história. Meu pai era muito rico, mas outro homem, usando de meios escusos, roubou-lhe todo o dinheiro. Fui ver esse homem e pedi que me ajudasse, para que eu pudesse ajudar minha família. Ele sabia que, na verdade, 'roubara' o dinheiro de meu pai, mas mesmo assim não me ajudou, nem me deu emprego. Com isso, decidi que não queria fazer parte desse tipo de sociedade 'honesta'. Em duas semanas, assaltei dezessete pessoas. Mas pretendia devolver tudo o que havia roubado. Por isso, achei que não havia nada de errado no que fiz.

'Bem', disse eu, 'se há vinte pessoas em uma sala e uma delas disser 'vou meditar'; a segunda disser 'vou tocar música'; a terceira disser 'vou recitar um poema'; a quarta disser 'vou escrever'; a quinta disser 'vou dormir', e assim por diante, todas atrapalhariam todas. Será que alguma delas conseguiria fazer direito o que se propôs?' 'Não', admitiu o jovem. 

'Existem muitos casos como o seu', continuei, 'mas se todos os necessitados começassem a roubar para suprir suas necessidades, o que aconteceria? De acordo com seu raciocínio, seus atos não parecem errados. Mas sob a perspectiva mais ampla das leis básicas da existência, certamente são errados.'

Isso o tocou. Continuei:

'Seu desejo de ajudar a família é meritório. Contudo, em vez de fazer o bem, você causou muita infelicidade. Fracassou em seu empenho por ter usado os métodos errados.'

Ele começou a chorar, felizmente, mais tarde obteve liberdade condicional.

Como você pode ver, são os julgamentos incorretos que nos levam a errar. Por isso a sabedoria é tão importante. Nada é mais puro e mais purificador do que a sabedoria."

(Paramahansa Yogananda - Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 80/81)


quarta-feira, 24 de julho de 2013

QUE DEVEMOS FAZER COM OS JOVENS PARA CORRIGIR SEU CARÁTER E COMPORTAMENTO?

"Uma criança, com certeza, tocará uma lâmpada quente até queimar. Os jovens não têm equilíbrio. Eles também querem resultados imediatos. Por exemplo: ontem tivemos um casamento aqui. O jovem queria um filho imediatamente; não queria esperar nove meses. O guru (assim denominado) aparece e os jovens correm em bandos para perto dele, esperando uma rápida autorrealização. Mas, uma vez desapontados, vão-se embora e, no processo, ganham alguma prudência e paciência. 

Uma história curta: Um jovem, cujos pais eram muito pobres, se graduou, principalmente porque os professores estavam cansados de vê-lo reprovado nos exames. Seus pais ficaram orgulhosos e disseram: "Nós encontraremos uma esposa para você." O rapaz respondeu: "Eu aceitarei somente uma noiva que tenha curso universitário, pois eu tenho um diploma universitário." A mãe respondeu: "Nós não podemos pagar empregados para uma jovem que só sairá de seu quarto às 9 horas da manhã. Nós necessitamos de uma esposa que ajude nos trabalhos da casa." O filho replicou: "São as minhas necessidades que importam, não as suas. Façam como desejo, ou eu irei embora." Os pais capitularam e conseguiram a esposa desejada. O jovem contou aos amigos: "Eu agora sou a própria felicidade." Três dias depois, ele disse à esposa: "Querida, levante agora e faça um café para mim." Ela lhe respondeu: "Meu querido, eu sou uma bacharel como você. Por favor, levante e traga o café para mim!" Então, o jovem proclamou para todos que a vida se havia tornado negra e tudo era infelicidade e miséria total. Em apenas 3 dias, ele passou da total felicidade para a total miséria. 

Esse comportamento dos jovens é típico, porque eles não foram ensinados a respeitar e reverenciar seus pais. Seu comportamento na direção espiritual é similar. Como pode haver qualquer luz espiritual sem que o interior esteja limpo! E o trabalho interior é indagação silenciosa e discernimento. Depois que o interior estiver limpo, as disciplinas exteriores podem ter algum valor."

(J.S. Hislop - Conversações com Sathya Sai Baba - Fundação Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil - p. 47)


quarta-feira, 17 de julho de 2013

SUPERAR A IRA

"TOMO A DECISÃO de nunca mais exibir a ira em minha face. Não injetarei o veneno da ira no coração de minha paz, destruindo, assim, minha vida espiritual.

Sentirei raiva apenas da ira e de nada mais. Não posso ter raiva de ninguém, porque tanto os bons quanto os maus são meus irmãos divinos, nascidos de meu único Pai divino.

Acalmarei a cólera dos outros com o bom exemplo da minha tranquilidade, especialmente quando vir meus irmãos sofrendo do delírio da ira.

Ensina-me a não acender o fogo da ira e, desse modo, devastar, com o incêndio da cólera, o verde oásis da paz em meu interior e nos demais. Ensina-me, em vez disso, a extinguir a ira com as torrentes de meu incessante amor.

Pai Celestial, comanda o lago de minha amabilidade a permanecer sempre imperturbável diante das tempestades da ira, criadora da infelicidade."

(Paramahansa Yogananda - Meditações Metafísicas - Self-Realization Fellowship - p. 123/124)


sexta-feira, 1 de março de 2013

O DESEJO É A RAIZ DA INFELICIDADE


"Jamais devemos esquecer nossa meta. Devemos construir uma cerca em torno de nossas carências. Não devemos continuar a aumentá-las cada vez mais, pois isso finalmente trará infelicidade. Não digo, entretanto, que não devemos satisfazer necessidades básicas, que surgem de nossa relação com o mundo inteiro, ou tornarmo-nos sonhadores e idealistas ociosos, ignorando nosso próprio papel essencial na promoção do progresso humano.

Em suma: a dor resulta do desejo e também, indiretamente, do prazer, o qual se apresenta como um fogo-fátuo, atraindo as pessoas para o pântano das carências, que as tornam cada vez mais infelizes.

Vemos, assim, que o desejo é a raiz de toda infelicidade e surge do sentido de identificação do Eu com o corpo e a mente. Portanto, o que devemos fazer é eliminar o apego, banindo o sentido de identificação. Simplesmente romper o laço do apego e da identificação. Devemos representar nossos papéis no palco do mundo conforme assinalado pelo Grande Diretor, com toda a nossa mente, intelecto e corpo, porém mantendo-nos interiormente tão invulneráveis ou imperturbados pela consciência do prazer e da dor como fazem os atores no palco."

(Paramahansa Yogananda – A Ciência da Religião – Self-Realization Fellowship - p. 32/33)


sábado, 5 de janeiro de 2013

O CONHECIMENTO ESPIRITUAL DESTRÓI A INFELICIDADE

“Somente o conhecimento espiritual pode destruir a infelicidade para sempre. Qualquer outro, só temporariamente satisfaz nossas necessidades. O conhecimento do Espírito é o único que torna possível, de maneira definitiva, erradicar os desejos pela raiz. O auxílio espiritual é a mais elevada ajuda que se pode prestar a um homem. O grande benfeitor da humanidade é o que transmite o conhecimento espiritual. Constatamos que os homens mais poderosos do mundo foram os que supriram as necessidades espirituais de seus semelhantes, porque a espiritualidade é a verdadeira base de todas as nossas ações. Uma pessoa espiritualmente forte e sincera será forte em tudo, se assim o desejar. Enquanto não houver força espiritual no ser humano, nem mesmo suas necessidades físicas poderão ser satisfeitas de maneira satisfatória. 

Logo após a ajuda espiritual vem o auxílio intelectual. A dádiva do conhecimento é um presente muitíssimo mais elevado do que a oferenda de alimento e vestuário. É superior até a dar vida ao homem porque, em verdade, a existência humana baseia-se no conhecimento. Ignorância é morte, conhecimento é vida. A vida tem pouquíssimo valor se transcorre nas trevas, tateando através da ignorância e da miséria. (...) 

Quando se trata de ajudar os outros, portanto, não devemos jamais cometer o erro de pensar que a ajuda material é a única que temos a oferecer. Não somente é a última delas como também é a mais ínfima, porque não pode proporcionar satisfação permanente. O mal-estar que sinto quando tenho fome acaba quando como, porém a fome volta. Meu sofrimento só pode desaparecer quando eu tiver superado todas as minhas necessidades. Então, a fome não me tornará infeliz; nenhuma angústia, nenhum pesar será capaz de abalar-me. A ajuda que tem por fim fortalecer-nos espiritualmente é a mais elevada, a seguir, vem a ajuda intelectual e, por último, a física. 

As dores do mundo não podem ser eliminadas somente com ajuda material. Enquanto a natureza humana não se modificar, as necessidades físicas persistirão e sempre seremos afetados pelos sofrimentos, sem que nenhum socorro material possa minorá-los completamente. A única solução para resolver esse problema é a purificação da humanidade. A ignorância é a mãe de todo o mal e de toda a miséria que vemos. Que os homens tenham luz, sejam puros, espiritualmente fortes e educados. Só então a miséria acabará no mundo, não antes. Podemos converter cada casa do país em asilo de caridade e espalhar hospitais por toda a terra, porém a infelicidade humana continuará a existir até que o caráter do homem se modifique.” 

(Swami Vivekananda – O que é Religião – Ed. Lótus do Saber, Rio de Janeiro – p. 206/207)



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

NÃO SEJA SUSCETÍVEL


“A suscetibilidade se expressa como falta de controle do sistema nervoso. A ideia de estar sendo ofendido percorre a mente, e os nervos se rebelam. Ao reagir, algumas pessoas fervem de raiva internamente ou sofrem com os sentimentos feridos e não mostram a irritação externamente. Outras exprimem as emoções por meio de uma reação óbvia e instantânea nos músculos dos olhos e da face – e frequentemente também com a língua, numa resposta ríspida. Em qualquer caso, ser suscetível é tornar-se infeliz e criar uma vibração negativa que afeta igualmente os outros de maneira adversa. Ser sempre capaz de difundir uma aura de bondade e paz deveria ser a razão da vida. Mesmo que haja um bom motivo para estar exaltado por causa de maus-tratos, a pessoa que, em vez disso, controla-se nessa situação é senhora de si mesma.

Nada se consegue ruminando silenciosamente algo que percebemos como uma ofensa. É melhor remover, pelo autocontrole, a causa que produz essa suscetibilidade.

Quando alguma coisa o aborrece, não importa quão justificada seja sua insatisfação, saiba que está sucumbindo a uma suscetibilidade indevida, e você não pode se permitir isso. A suscetibilidade é um hábito contrário à vida espiritual, um hábito nervoso, um hábito que destrói a paz, tira o controle de si mesmo e rouba sua felicidade. Sempre que uma atitude de suscetibilidade visita o coração, a estática que produz impede que você ouça a divina canção de paz curativa que toca em seu interior no rádio da alma. Quando a suscetibilidade aparecer, procure imediatamente dominar essa emoção.”

(Paramahansa Yogananda – Paz interior – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 102/104)


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A CAUSA FUNDAMENTAL DA DOR E DO SOFRIMENTO


“(...) devemos afirmar, com base em nossa experiência universal, que estamos sempre conscientes de nós mesmos como o poder ativo que desempenha todos os nossos atos mentais e corporais. Com efeito, estamos desempenhando muitas funções diferentes: perceber, pensar, recordar, sentir, agir, etc. Contudo, sob essas funções podemos perceber que existe um “ego” ou “eu” que as governa e que se julga substancialmente o mesmo ao longo de toda a sua existência passada e presente.

Diz a Bíblia: “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Coríntios 3:16). Todos nós, como indivíduos somos muitos Entes espirituais, reflexos do bem-aventurado Espírito Universal: Deus. Assim como aparecem muitas imagens do único sol quando este se reflete em diversas vasilhas cheias d’água, também a humanidade está dividida em muitas almas, que ocupam esses veículos corporais e mentais, estando portanto externamente separados do único Espírito universal. Na realidade, Deus e o homem são um, e a separação é apenas aparente.

Então, se somos bem-aventurados Entes espirituais refletidos, por que é que somos totalmente inconscientes de nosso estado de bem-aventurança, estando sujeitos à dor e ao sofrimento físico e mental? A resposta é que o Eu espiritual foi trazido ao presente estado (não importa por qual processo) quando se identificou com um veículo corporal transitório e uma mente inquieta. Assim identificado, o Eu espiritual sente-se triste ou feliz quando o corpo e a mente experimentam, respectivamente, um estado doentio e desagradável ou um estado saudável e agradável. Por causa dessa identificação, o Eu espiritual está sendo o tempo todo perturbado pelos estados transitório do corpo e da mente. 

Tomemos como exemplo um fenômeno de identificação imaginária: a mãe que se identifica profundamente com seu filho único sofre e sente dor intensa ao saber da morte dele – seja uma morte real, seja um simples boato -, embora ela possa não sentir tal aflição se vier a saber da morte do filho de uma vizinha com o qual não se identifica. Agora podemos ter uma idéia da consciência quando a identificação é real e não apenas imaginária. Portanto, o sentimento de identificação com o corpo transitório e com a mente inquieta é a fonte ou a causa fundamental da infelicidade de nosso Eu espiritual.

“Em virtude dessa identificação (identificação do Eu espiritual com o corpo e a mente ser a causa primordial da dor), o Eu espiritual parece ter certas tendências mentais e físicas. O desejo de satisfazer essas tendências cria uma carência, e carência produz dor. Pois bem, essas tendências ou inclinações são naturais ou artificiais: tendências naturais que produzem necessidades naturais, e tendências artificiais que produzem necessidades artificiais.

Com o tempo, devido ao hábito, uma carência artificial torna-se uma necessidade natural. A carência, seja de que espécie for, produz dor. Quanto mais carência temos, maiores as possibilidades de sofrer; porque, quanto mais carência temos, mais difícil é satisfazê-las, e quanto mais elas permanecem insatisfeitas, maior é a dor. Aumentemos nossos desejos e carências, e a dor também aumentará. Portanto, se um desejo não encontra uma perspectiva de satisfação imediata, ou se encontra um obstáculo, a dor surge imediatamente.

E o que é o desejo? Nada mais que uma nova condição de “excitação” assumida pela mente – um capricho mental criado por causa das companhias. Assim, o desejo, ou o aumento das condições de excitação da mente, é a origem da dor ou da infelicidade e, também, do equívoco de procurar satisfazer as carências – primeiro, criando-as e aumentando-as e, depois, tentando satisfazê-las com objetos, em vez de diminuí-las desde o início.

Pode parecer que a dor seja algo produzido sem a presença de um desejo prévio, como, por exemplo, a dor de um ferimento. Devemos, porém, observar aqui que o desejo de permanecer saudável – o qual está, consciente ou subconscientemente, presente em nossa mente e cristalizado em nosso organismo fisiológico – foi contrariado, no caso acima, pela presença de um estado patológico, ou seja, a presença do ferimento. Desse modo, quando determinada condição mental de excitação, na forma de um desejo não é satisfeita ou removida, o resultado é a dor. 

Assim como o desejo leva à dor, também leva ao prazer, sendo a única diferença a de que, no primeiro caso, a carência envolvida no desejo não é satisfeita, ao passo que, no segundo, a carência envolvida no desejo parece ser satisfeita pela presença de objetos externos. Mas essa experiência de prazer – resultante da satisfação da carência por meio de objetos – não dura, se desvanece, e retemos apenas a lembrança dos objetos que pareciam te removido essa carência. Eis porque, no futuro, o desejo desses objetos, introduzidos pela memória, ressuscita e desperta uma sensação de carência, a qual, se não satisfeita, novamente leva à dor.”

(Paramahansa Yogananda, A Ciência da Religião, Ed. Self-Realization Fellowship - p. 23/27)


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

SONHOS


“O que mais nos incomoda é ver frustrados nossos sonhos. Mas permanecer no desânimo não ajuda em nada na concretização desses sonhos.

Quando ficamos assim, nem vamos em busca dos sonhos nem recuperamos o bom humor!

Esse estado de confusão, propício ao crescimento da ira, é muito perigoso. Temos de nos esforçar e não permitir que nossa serenidade seja perturbada.

Quer estejamos vivenciando um grande sofrimento ou já o tenhamos experimentado, não há razão para alimentarmos o sentimento de infelicidade.”

(Delai-Lama - O Caminho da Tranquilidade - 17)