OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


Mostrando postagens com marcador interior. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador interior. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O INDIVÍDUO E A SOCIEDADE (PARTE FINAL)

"(...) Como descobrir a verdade, a este respeito? Agiremos partindo deste ponto. Para se achar a verdade relativa à questão, é preciso estarmos livres de tudo quanto é propaganda, o que significa estarmos habilitados a estudar o problema independentemente da opinião. A tarefa da educação se cifra, toda ela, no despertar o indivíduo. Para perceberdes tal verdade, precisais estar perfeitamente lúcidos, isto é, não deveis depender de guia algum. Quando escolheis um guia, o fazeis porque estais em confusão, e portanto, vossos guias acham-se também confusos, como estamos vendo acontecer, no mundo. Consequentemente não podeis esperar orientação ou ajuda do vosso guia. 

A mente que deseja compreender um problema deve, não só compreendê-lo de maneira completa e integral, mas também ser capaz de segui-lo velozmente, visto que o problema nunca é estático. O problema é sempre novo, seja o suscitado pela penúria, seja psicológico, ou outro qualquer. Toda crise é sempre nova; por conseguinte, para compreendê-la, deve a mente ser nova, lúcida, e ser muito veloz no acompanhá-la. Creio que quase todos nós reconhecemos a urgência de uma revolução interior, pois só ela pode operar uma transformação radical do exterior, da sociedade. Este é o problema com que eu próprio e todas as pessoas seriamente intencionadas estamos ocupados. Como produzir uma transformação fundamental, básica, na sociedade — este é o nosso problema; e esta transformação do exterior não pode efetuar-se sem a revolução interior. Uma vez que a sociedade é sempre estática, toda ação, toda reforma que se efetue sem esta revolução interior se torna igualmente estática. Nessas condições, não há esperanças, a menos que haja esta constante revolução interior, porquanto, sem ela, a ação exterior se torna maquinal, torna-se um hábito. A ação resultante das relações entre vós e outrem, entre vós e mim, é a sociedade, e essa sociedade se tornará estática, não terá qualidade vivificante alguma, enquanto não se verificar esta constante revolução interior, uma transformação psicológica criadora. Uma vez que esta constante revolução interior não existe, a sociedade se está tornando sempre estática, cristalizada e, em consequência, tem que se desagregar constantemente." 

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 32/33)

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

CALMA E EQUILÍBRIO

"Em todo trabalho que o discípulo empreenda, deve ser cuidadoso em preservar a calma e o equilíbrio, e isso de duas maneiras. Trabalho em excesso, que não é incomum entre os jovens e entusiastas, mostra falta de sabedoria. Cada um de nós deve fazer tanto quanto possa, mas há um limite que não é prudente exceder. Tenho ouvido a Dra. Besant dizer: 'O que não tenho tempo para fazer, não é meu serviço.' Contudo, ninguém trabalha mais estrênua e incessantemente do que ela. Se usamos nossas forças razoavelmente para a tarefa de hoje, estaremos mais fortes para enfrentar os deveres que nos traz o amanhã; estafar-nos hoje de sorte a sermos inúteis amanhã, não é realmente um serviço inteligente, pois desperdiçamos nossas energias para o trabalho futuro a fim de satisfazer o entusiasmo desequilibrado de hoje. Certamente surgem emergências ocasionais em que a prudência deve ser posta de lado a fim de poder terminar em tempo alguma peça de trabalho, mas o profissional prudente procurará prevenir-se suficientemente para evitar desnecessárias crises desse tipo.

A segunda maneira em que o discípulo deve esforçar-se para preservar a calma e equilíbrio é referente à sua própria atitude interior. É inevitável certa flutuação em seus sentimentos, mas deve procurar minimizá-la. Sobre nós estão sempre atuando todas as espécies de influências exteriores - algumas astrais ou mentais, outras puramente físicas; e ainda que habitualmente estejamos de todo inconscientes delas, não deixam de nos afetar mais ou menos. No plano físico a temperatura, as condições do tempo, o grau de poluição da atmosfera, a superfadiga, o funcionamento dos órgãos digestivos, todos estes e muitos outros fatores estão a afetar nossa sensação do bem-estar geral. E essa sensação não só atinge nossa felicidade como também nossa capacidade para trabalhar. 

Igualmente sem nosso conhecimento, estamos sujeitos a ser contaminados por condições astrais, que variam suas diferentes partes do mundo, tanto quanto os climas, temperaturas e arredores físicos. Às vezes na vida do mundo se liga a nós uma companhia desagradável, de que só com muita dificuldade conseguimos nos desvencilhar. No mundo astral é muito mais fácil nos libertarmos de um parasita degenerado, ou mesmo de algum infeliz defunto imerso nas profundezas do desespero, o qual, grudando-se convulsivamente num homem, pode drenar muita de sua vitalidade e inundá-lo de escuridão e depressão, sem que por isso receba o mínimo de auxílio. Podemos estar completamente desapercebidos de uma tal entidade, e ainda que o soubéssemos, não é coisa fácil aliviá-la de sua aflição ou (se impossível) enxotar os íncubos de sua presença. Há vampiros inconscientes tanto no plano astral como no físico, e em ambos os casos é dificílimo uma ajuda.

O progresso geral do discípulo torna-o prontamente responsivo a todas estas influências, quer as perceba ou não; assim ele é suscetível de se sentir ocasional e inexplicavelmente exaltado ou deprimido. (...)"

(C.W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 122/123)


domingo, 11 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (PARTE FINAL)

"(...) A consciência hindu reconhece a verdade de que há momentos quando se pode opor-se ao costume. O pensamento hindu não exige submissão a cada costume. Se um costume entra em conflito com o dharma, abandonemos o costume e fiquemos com o dharma. Pensemos por um momento, se sempre nos submetermos ao costume, como poderá a sociedade progredir?

Por outro lado, existe algo chamado lei estatutária, isto é, criada por um estado. Jurisprudência é o estudo das leis de estado. Roma é a terra natal da jurisprudência clássica. É a única ciência dos romanos. Essa 'lei' trata de casos e de sua classificação. Dharma também não é lei estatutária. Existem casos de conflito entre dharma  e leis de estado. Deveriam as pessoas desobedecer a uma lei de estado? A pergunta deve ser decidida em cada caso individual, segundo seu próprio mérito. Não posso dizer-lhes em termos gerais: não obedeçam ao estado, ou obedeçam ao estado. Cada lei de estado deve ser considerada segundo seu próprio mérito. Pense em Sócrates. A equivocada democracia ateniense julga Sócrates. As acusações assacadas contra Sócrates são muitas. Sócrates está preparado para beber o copo de cicuta. Alguns discípulos arranjaram para que ele escapasse da cela e lhe pedem para fugir. Sócrates diz: 'Não!'. Ele diz que nada fará para fugir e que não irá desobedecer ou infringir a lei do estado. Pense, por outro lado, em Thoreau. Ele defende a desobediência civil. Assim, nem sempre é fácil dizer quando se deve obedecer e quando se deve desobedecer a uma lei de estado. Desejo assinalar que dharma não é uma lei estatutária. O que então, é o dharma!

Dharma é a lei interior. Nos livros budistas ele aparece como bodhi. Todo homem possui a sabedoria dentro de si; e abençoado é aquele que não confia nos costumes, mas na orientação da sua sabedoria interior. Às vezes falam do dharma como a impessoal lei de função. Nossos costumes e nossas leis de estado são leis muitas vezes preocupadas com coisas estáticas. Um homem rouba seu dinheiro e a lei o pune. Essa lei está interessada principalmente nas coisas. Mas Dharma, a Lei Interior, é verdadeiramente impessoal. Uma lei de estado é aquele que é criada por uma categoria ou partido no poder. Essa é, em grande parte, propriedade dos poderosos. Seu direito (recht) é a expressão do poder. Mirabeau disse: 'A lei das nações é a lei dos fortes cuja observância é imposta aos fracos'. Por trás dessa lei está a concepção do 'estado barraco'. Essa lei está preocupada com a 'persona', isto é, com as pessoas no plano sócioeconômico. Haverá outro plano? Dharma é a impessoal lei de função. É a verdadeira Sanatan Dharma. Somente ela vive e não muda. 

Então, meu dever é cooperar com essa Lei - a grande lei da vida no mundo. E, para cooperar assim, devemos obedecer a certas disciplinas. O Gita é um livro de disciplinas, uma escritura de sadhanas. Devemos aceitar certas disciplinas para cooperarmos com a Grande Lei."

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39/40)


quinta-feira, 28 de julho de 2016

SOFREDORES PROFANOS E INICIADOS (PARTE FINAL)

"(...) A amargura máxima do sofrimento não está no fenômeno externo dele, mas na atitude interna do sofredor. E essa correta atitude interna supõe autoconhecimento. Quando o sofredor sabe que não é o seu Eu divino, mas apenas o seu ego humano que sofre, então pode ele sofrer serenamente, e mesmo sabiamente - talvez até jubilosamente, por saber que ele está construindo a 'única coisa necessária que nunca lhe será tirada'.

A maior acerbidade do sofrimento, como dizíamos, está na sua absurdidade, no seu aspecto paradoxal, no seu caráter antivital e antiexistencial - mas esse aspecto não vem do sofrimento em si, mas unicamente da falsa perspectiva do sofredor. O sofrimento do sofredor profano é necessariamente absurdo, paradoxal, antivital, antiexistencial, e é capaz de levar o sofredor à revolta, à frustração, ao suicídio, ou ao inferno em plena vida.

É pois de suprema sabedoria que o homem mude de perspectiva e atitude - e isto, não quando vítima de uma tragédia, mas em tempos de paz e bonança. Dificilmente, o sofredor alcançará essa serenidade durante o sofrimento, se, antes dele, não a tiver alcançado. O remédio contra as dores não deve ser tomado apenas na presença delas, mas antecipadamente, em tempo de saúde e tranquilidade. O remédio é, sobretudo, uma profilaxia, e não somente um corretivo. O homem deve vacinar, imunizar todo o seu ser com o soro da verdade sobre si mesmo, para que, na hora da tragédia, não sucumba ao impacto das bactérias mortíferas da revolta e do desespero.

Tenho assistido a cenas de desespero ao pé de um caixão mortuário ou de um túmulo aberto - e é inútil tentar aliviar o sofrimento dos sobreviventes, quando lhes falta uma base de longos anos, uma vivência na verdade do seu próprio ser. O remédio para a hora da tragédia tem de ser dado meio século antes da eclosão da tragédia, durante os meses e anos da sua incubação.

Quem enxerga o porquê da sua existência terrestre apenas nos gozos, já está em véspera de frustração. Quem confunde os objetivos da vida - fortuna, prazeres, divertimentos - com a razão-de-ser de sua existência - autoconhecimento e autorrealização - é um profano, um exotérico, e não pode encontrar conforto na hora do sofrimento. É suprema sabedoria iniciar-se na verdade do ser humano desde o princípio. Todos os objetivos da vida têm de ser integrados totalmente na razão-de-ser da existência."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 33/34


quarta-feira, 27 de julho de 2016

SOFREDORES PROFANOS E INICIADOS (1ª PARTE)

"O problema não é sofrer ou não sofrer - o problema está em saber sofrer, ou não saber sofrer.

Nenhum homem profano sabe sofrer decentemente - mas todo o iniciado pode sofrer serenamente, e até jubilosamente.

Que se entende por profano e iniciado?

Profano é todo aquele que está pró (diante) do fanum (santuário); é todo o exotérico que contempla o santuário do homem pelo lado de fora, e nunca entrou no seu interior. Que sabe esse profano, esse exotérico da realidade central de si mesmo? Ele, que passa sua vida inteira a se interessar somente pelas periferias externas da sua vida?

Iniciado é aquele que realizou o seu inire, o seu ir para dentro, a sua entrada no santuário de si mesmo; esse é um esotérico, um iniciado.

O profano é ignorante - o iniciado é sapiente da sua própria realidade.

O profano, o ignorante, o analfabeto de si mesmo, não pode sofrer resignado; revolta-se necessariamente contra o sofrimento, que atinge todo o seu ego humano, única coisa que ele conhece. Para todo o profano, o sofrimento é um terremoto, um cataclisma, uma tragédia arrasadora. Este caráter negativo do sofrimento não vem do próprio sofrimento, mas vem da ignorância e ilusão do sofredor.

Dificilmente, poderá o sofredor modificar as circunstâncias externas da sua vida; que estão além do seu alcance, e por isto não pode abolir ou suavizar a sua dor.

O que o sofredor pode modificar é somente a substância interna de si mesmo, a atitude do seu Eu central, a sua consciência - e com esta nova perspectiva de dentro, o fenômeno externo do sofrimento adquire um aspecto totalmente diferente. Se o sofrimento não pode ser amável, pode ser pelo menos tolerável.

Todo o sofrimento, repetimos, é tolerável, quando o homem pode tolerar a si mesmo. (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 32/33


sexta-feira, 1 de julho de 2016

AS DIFERENTES FACES DO SABER (PARTE FINAL)

"(...) A fonte interna de conhecimento deve ser descoberta pelo homem em sua própria consciência, ao se aliar à vasta mente da natureza. Os aborígines australianos indicaram aos primeiros exploradores sedentos onde cavar no deserto para achar água. Eles tinham essa habilidade porque não eram alienados da natureza como os aventureiros ocidentais.

Krishnamurti escreveu, em uma nota para si mesmo: 'Se pudéssemos estabelecer uma profunda relação duradoura com a natureza, nunca causaríamos dano, não utilizaríamos a prática da vivissecção em macacos, cachorros ou cobaias em pesquisas. Acharíamos outras maneiras de curar nossas feridas e nossos corpos.

Dizem que um verdadeiro Mestre da Sabedoria vive na fonte da verdade. Um deles escreveu: 'Para obter mais conhecimento [o sábio] tem apenas que efetuar um minuciosos e vagaroso processo de investigação e comparação de vários objetos, e lhe é concedido um insight em cada verdade fundamental.' Ele explica que significados latentes e propósitos profundos formam a base de todos os fenômenos do universo; somente a sabedoria supersensível fornece a chave para revelá-los ao intelecto.

O homem moderno realizou feitos brilhantes com o uso da razão, mas é incapaz de atingir o nível da sabedoria supersensível, em parte porque está deslumbrado por suas conquistas. Mas há outras maneiras de saber que não envolvem esse lento processo de investigação e comparação, e que são mais seguros.

Quando a natureza psíquica do homem se combina à grande mente do universo, o conhecimento se manifesta como inspiração que abre as portas da mente. Para que isso aconteça, os homens sensíveis devem limpar a mente da vaidade, ambição e impulsos egoístas. O conhecimento infinito não pode chegar à mente finita; é preciso que a mente não pense em si mesma."

(Radha Burnier - As diferentes faces do saber - Revista Sophia, Ano 10, nº 38 - p. 28/29)

sábado, 11 de junho de 2016

MISTICISMO COMO EXPERIÊNCIA PRÁTICA (1ª PARTE)

"Apesar do crescente interesse pelo misticismo em todo o mundo, a genuína percepção mística continua a iludir muitos dos interessados no tema. Existem aqueles que parecem sempre prontos a acreditar em qualquer coisa que o último místico 'corporativo' tenha a lhe dizer. A palavra 'corporativo' é usada aqui propositadamente, já que o tema misticismo tornou-se agora uma indústria multimilionária. Outros tentam se iniciar prematuramente na vida interna só para se convencerem de que verdadeiramente tiveram uma experiência mística autêntica, e que tal evento capacitou-os a ensinar a outros. Em muitos casos, o que passa por ensinamento é basicamente um genuíno exercício de autopromoção e hedonismo.

Um olhar na etimologia da palavra pode ajudar a compreender a profundidade e o rigor intrínsecos ao verdadeiros misticismo. A palavra 'místico' é derivada do verbo grego muein, 'perto dos olhos ou dos lábios'. Os místicos genuínos de muitas eras e culturas atestam a veracidade dessa definição. No âmago do verdadeiro misticismo  está uma experiência intraduzível, tão íntima e poderosa em seu significado profundo que silencia completamente a tagarelice interna e externa, que constitui a apreciada autoimportância da mente pessoal. 

Em testemunhos capazes de alterar vidas, e que nos foram passados desde tempos imemoriais, os místicos afirmam, numa melodia de significado que é quase como uma oferenda cantada, que suas experiências vieram de fora dos confins da mente diária, de uma fonte na qual a totalidade e o significado são como duas chamas entretecidas e perenes. É algo que veio até eles, e não uma coisa que foi buscada por uma mente ignorante. (...)"

(Pedro Oliveira - Misticismo como experiência prática - Revista Sophia, Ano 10, nº 37 - p. 13)


quinta-feira, 12 de maio de 2016

A SABEDORIA INTERNA

"Para conhecer o mundo,
Não é necessário viajar pelo mundo.
Posso conhecer os segredos do mundo
Sem olhar pela janela do meu quarto.
Quanto mais longe alguém divaga,
Menor é seu saber.
O sábio atinge a sabedoria
Sem erudição;
Alcança a sua meta
Sem esforço;
Termina a sua jornada 
Sem viajar.

EXPLICAÇÃO: Toda a fonte da sabedoria está no interior do homem. O mundo externo pode apenas servir de estímulo para despertar a realidade interna do homem: mas não é fonte e causa de sabedoria. O íntimo Ser do homem é infinitamente maior do que o externo ver, ouvir, sentir e ter. Por isto, deve o homem concentrar-se no seu interno ser - e conhecerá todos os mundos externos. Sem essa interiorização, pode o homem ver todas as coisas externas sem compreender nada - assim como um analfabeto pode folhear os maiores livros da humanidade sem entender nada."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 126/127)


segunda-feira, 21 de março de 2016

VIDA ESPIRITUAL

"Para saber o que é espiritual, deve existir o espiritual dentro de si mesmo. A vida espiritual, portanto, não consiste em fazer várias coisas, mas em provocar uma transformação interior, um determinado estado interior. A pessoa vem a saber o que é tal estado por entender a si mesma o que significa observar o que está passando em seu interior. Através da observação, ela precisa purificar sua própria natureza de tudo aquilo que pertence à vida material ou mundana, vê-la como realmente é e rejeitá-la.

A vida mundana não consiste de contato físico ou mental com coisas materiais. A matéria está em toda parte e não é possível escapar dela. Essencialmente, portanto, a vida mundana não é meramente contato com a matéria, mas uma atitude de posse. Há uma grande diferença entre o relacionamento que temos com os objetos, as pessoas, as idéias, quando há uma ânsia de posse e quando não há. De fato, um relacionamento possessivo não é um relacionamento verdadeiro porque, visto que a mente possessiva é incapaz de perceber o verdadeiro significado, o valor intrínseco de uma coisa se perde de vista quando o que conta é a utilidade para si mesmo. Portanto, a ganância por adquirir e possuir deve ser inteiramente erradicada, se nós estivermos dispostos a fazer a jornada desde o mundano para o espiritual. A mente precisa aprender a não se apegar que a objetos concretos, quer a objetos mentais ou espirituais, e a renúncia à posse deve ser total – interna e externa.

A vida material ou mundana também assume a forma de uma imposição ou vontade de uma pessoa sobre os outros. Envolve o sentimento de que as próprias idéias e interesses devem prevalecer se que as circunstâncias, as pessoas e as coisas devem ser tanto submetidas quanto feitas em conformidade com elas. (...)"

(Radha Burnier - Não há outro caminho a seguir - Ed. Teosófica, Brasília - p. 16/17)


domingo, 13 de março de 2016

SABEDORIA NO CORAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Todas as coisas mais maravilhosas da vida ocorrem rapidamente, tal como o nascimento de uma estrela ou de uma criança, o florir de um botão, o fenômeno de se apaixonar. Mas existem também os processos lentos, silenciosos, que precedem esses acontecimentos dramáticos. Quando o Cristo ou o Deus dentro de nós penetra seu reino em nossos corações, Ele entra rapidamente, como a luz do céu penetra as trevas. Quando aquele que é o Cristo em nós prevalecer, não mais haverá sombras. Na Índia, dizem que os devas não lançam sombra porque brilham com uma luz que pode atravessar todas as coisas. Tal é a luz da verdadeira sabedoria que ilumina o interior de tudo que existe.

Quando a sabedoria governar o mundo todas as coisas serão rearranjadas de modo a fazer com que brilhe a luz que existe nelas e em todos os homens. Então elas existirão e agirão segundo a glória de Deus que está nelas e além delas, e em perfeita fraternidade entre si.

Deverá chegar para cada homem e mulher uma época quando mesmo a morte será superada, mas isso ocorrerá quando tiverem aprendido as lições da vida na terra. Aquele que triunfar, herdará o reino de luz que está dentro de si, e aí será, inconscientemente para si mesmo, entronizado como um rei espiritual, o homem perfeito."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 83/84)


sábado, 27 de fevereiro de 2016

O QUE É A CURA?

"Havendo concordância entre a vontade profunda de um indivíduo e a vontade superficial do seu eu consciente, a cura pode operar-se. Ao harmonizar a personalidade com a própria VIDA, que é a sua essência interior, a cura é processada, e seus efeitos tornam-se visíveis nos planos físico-etérico, emocional e mental - seja instantaneamente, seja a médio ou a longo prazos. Portanto, não se pode dizer de maneira precisa que um indivíduo cure outro, mas sim que cada qual cura a si próprio na medida em que faz essa união em si mesmo. Aquele que chamamos de curador é apenas um intermediário para que certa energia incida sobre aquele que será curado, ajudando-o a tomar a decisão de integrar-se. (...)

A vida, quando não inclui a busca dessa união entre a nossa vontade consciente e a nossa vontade profunda, leva naturalmente à decrepitude e às doenças. Por isso, qualquer processo terapêutico, para agir de fato, deveria incluir o trabalho fundamental de o 'paciente' procurar VER em que pontos sua vontade pessoal precisa harmonizar-se com a vontade dos níveis supramentais do seu ser.

Se essa união não é buscada, o eu superior, logo após a metade do tempo reservado à encarnação, vai se retirando dos níveis externos da vida, para concentrar-se, preferencialmente, nas suas realidades internas. O reflexo exterior disso é a personalidade passar a sentir-se incompleta, sozinha, insegura e até mesmo medrosa. Quando tal processo está em ato, caso ela não tenha condições de rever suas próprias atitudes e reações sob essa luz, podemos apenas ajudá-la a manter-se em paz e em contato com os valores morais, afetivos e intelectuais que tenha conseguido desenvolver até então. Esse é o caso daqueles que, fisicamente idosos, se envolvem com ressentimentos ou com situações deprimentes antigas. Mesmo estando já entregues a esse estado, podem ser estimulados a manterem vivos valores já conquistados, pois dessa forma não se abandonarão por inteiro a um processo degenerativo."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 27/28)


sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

VIDA E MORTE

"A morte não rompe os laços humanos mais do que cancela obrigações mútuas. É um evento dramático na vida como nascer ou apaixonar-se, como o desabrochar de um botão em flor, ou o nascer e o pôr do sol. A morte não rompe o laço dourado do amor ou o elo férreo do ódio, embora a ligação física possa ser rompida durante certo tempo. Apesar de a morte estar sempre à nossa volta, batendo as asas, por assim dizer, para que não negligenciemos sua existência, ela mantém domínio sobre a vida essencial no homem, o espírito que é imortal porque é divino. A imortalidade é uma ideia que é proeminente na sabedoria religiosa hindu. Não somente os deuses atingiram-na ao participarem do néctar, como é poeticamente colocado; mas é também um feito heroico que pode ser alçado pelo mortais que tenham a coragem intrépida e a perseverança necessária para o propósito.

(...) Seja essa imortalidade objetiva um estado desejável, ou até mesmo suportável, é uma questão a ser considerada por aqueles que, no sentido literal, aceitam essas histórias de sabedoria sagrada hindu a respeito de Markandeya e de outros que se diz terem superado a morte. É certamente uma clemência que sejamos capazes de iniciar a encarnação recém-banhados nas águas do Lehte, em esquecida inocência. Toda vez que nos retiramos para dentro de nós mesmos é para nos expor ao mundo externo para obter maior vantagem. A lousa está limpa, de modo que podemos desenhar sobre ela um quadro mais perfeito. Se tivéssemos de escrever sobre uma lousa já cheia de inúmeros caracteres indeléveis, estaríamos correndo o risco certo de criar ‘confusão ainda pior’ até que estivéssemos irremediavelmente perdidos numa confusão de doces e amargas memórias, alimentando remorso e reacendendo paixões. Na melhor das hipóteses nossa vida seria uma confusão, mais parecida com um pesadelo."

(N. Sri Ram, O Interesse Humano, Editora Teosófica, Brasília, 2015 - p. 34/35)


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A CALMA DA NATUREZA

"Há um grande silêncio envolvendo toda a natureza num abraço. Esse silêncio também envolve você.

Só quando mantém a calma e o silêncio em seu interior é que você pode alcançar a região de calma e silêncio em que vivem as pedras, as plantas e os animais. Só quando o barulho de sua mente silencia você se torna capaz de ligar-se à natureza num nível profundo e ultrapassar a sensação de separação causada pelo excesso de pensamento.

Pensar é um estágio da evolução da vida. A natureza existe numa calma inocente que antecede o surgimento do pensar. A árvore, a flor, o pássaro e a pedra não têm noção de sua beleza e de seu caráter sagrado. Quando os seres humanos conquistam a calma, eles vão além do pensamento. Na calma e no silêncio há uma dimensão adicional de conhecimento e de percepção que fica além do pensamento.

A natureza pode levar você à calma interior. É um presente dela. Quando você sente a calma da natureza e participa dela, essa calma fica permeada e enriquecida pela sua atenção. Esse é o seu presente para a natureza.

Através de você, a natureza toma consciência de si mesma. A natureza tal como é esperou milhões de anos por você."

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 54/55)


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

REVERÊNCIA (PARTE FINAL)

"(...) Reverência é uma qualidade interna, não uma atitude externa. Em geral é transformada numa postura de solenidade, uma subjugação de espíritos, restrição, desvalorização de si, onde não envolve um quase esquivar-se de longe da força com a qual o objeto de reverência magneticamente atrai e imprime sua autoridade. Muitas vezes é como a timidez de um flerte, simulado e artificial, pronto, logo que o gelo é quebrado, para se tornar uma liberdade que beira a licenciosidade e é essencialmente desordenada. 

Reverência envolve uma apreciação, ou pelo menos algum vago senso da majestade e sacralidade do objeto de reverência, sua elevação, profundeza, força e delicadeza. É totalmente compatível com a intimidade, mas é um freio sobre os possíveis excessos de liberdade. Nenhum amor que não seja tocado por um profundo senso de beleza, ternura ou sublimidade - corporificado no objeto desse amor ou envolvendo-o - pode ser duradouro ou alcançar o ápice.

O genuíno princípio da vida, que está em tudo e em todos, exige tratamento reverente. É uma coisa delicada e preciosa que deve ser tratada com cuidado. Os grandes instrutores têm respeito por cada um de nós que estamos tão abaixo deles. Certamente, aqueles que tratam os outros que são seus iguais ou inferiores com pouco respeito, segundo nossa classificação, não conseguem mostrar respeito a seus superiores."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 72)

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE

"O ambiente e as companhias são de capital importância. O ambiente externo, em conjunção com o interno - as ideias e os hábitos -, controla nossa vida, moldando gostos e comportamento. As perturbações ambientais ocorrem em virtude de nossos atos conscientes ou inconscientes do passado. Você deve culpar a si mesmo por isso, sem entretanto desenvolver um complexo de inferioridade. As provações não ocorrem para destruí-lo, mas para ensiná-lo a melhor apreciar Deus. Não é Ele que as envia - você próprio as fabrica. Tudo o que tem a fazer é resgatar sua consciência do abismo da ignorância.

Lembre-se de que Deus julga apenas o ambiente mental interior da pessoa. O indivíduo pode muito bem ser um pecador no coração e viver rodeado de santos; ou ser um santo e cercar-se de pecadores. Santos ou pecadores se fazem em grande parte pelos amigos que procuram. Se um pecador quiser reparar seus erros na companhia dos santos, terá todas as chances de mudar, ao passo que o homem espiritualizado, mas descuidoso, se deteriorará no convívio com gente perversa. Nosso ambiente mental se forma, desde a infância, pela reação ao ambiente exterior. Esse ambiente mental interior constituído de ideias e hábitos orienta nossas ações de maneira quase automática."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda,  A Espiritualidade nos Relacionamentos - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 36)
 

sábado, 31 de outubro de 2015

SUCESSO E FRACASSO NO OCULTISMO

"Todos os fracassos vêm do interior assim como todos os êxitos. Nenhum poder externo deve ser tido como o causador de um ou outro resultado. Ambas as sementes estão presentes no aspirante desde o princípio. Aquela que consegue germinar e crescer mais forte depende do indivíduo, especialmente do seu modo de pensamento e de vida. 

O ocultismo infalivelmente mostra a pessoa como ela é. Tudo o que existe de bom ou de mal nela aflora. Nisto se encontra o mérito para o forte, o perigo para o fraco. O ocultismo é a força que pode incinerar a impureza e revelar o ouro puro ou acender a paixão, inflamar o desejo, acentuar o orgulho. O mesmo agente é capaz de ambos os efeitos. 

Todos os que se aproximam desta chama devoradora deveriam se precaver; pois ela tanto exalta como consome. O puro de coração não tem nada para temer. Os orgulhosos e inflamados pela paixão estão em perigo desdo o primeiro passo.

'Estejam alertas' aparece como um adorno sobre o portal que leva ao Pátio Externo. 'Observem cuidadosamente' está escrito nas paredes internas. 'Conheça-te a ti mesmo' aparece sobre a porta que leva ao Santuário.

Não são os Hierofantes que são responsáveis pelos perigos, os testes e as quedas. É a própria natureza - especialmente a natureza manifesta no homem. Os Hierofantes não têm o direito nem o poder de negar a qualquer indivíduo entrada a qualquer porta que ele possa encontrar aberta e passar por ela. Eles podem alertar, orientar, inspirar, mas Eles não podem usar de força. A alma ardente que segue adiante toma a sua própria vida em suas mãos.

Os Hierofantes somente observam, sabendo que a vitória e a iluminação, a derrota e o fracasso ocorrem. Eles também sabem que estas são experimentadas dentro do Envoltório Áurico do candidato ao Adeptado."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 157)


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

DA LAGARTA À BORBOLETA (PARTE FINAL)

"(...) Um homem que nunca passou por este estado de morte voluntária, continua a ser um homem profano, materialista, interessado somente nas coisas do corpo físico e das emoções.

Como já dissemos, não é o sofrimento como tal que transforma o homem, mas é o sofrimento compreendido e aproveitado. Mas o homem que nunca viveu no seu interior por uma profunda interiorização ou meditação, dificilmente pode sofrer com serenidade, não pode dizer 'eu transbordo de júbilo no meio de todas as minhas tribulações'. O homem profano, sem sofrimento transformador, continua a vida inteira como lagarta pesada e comilona - ao passo que o homem que passou por um sofrimento compreendido, e aceito, entra numa atitude de serenidade e leveza, que faz lembrar o adejar silencioso da borboleta, que, apesar disto, continua a manter o contato com a terra.

O sofrimento compreendido e aceito confere ao homem uma intuição estranha das coisas superiores; dá-lhe o gosto pelas coisas que, outrora, o desgostavam; dá-lhe facilidade de compreender o incompreensível e de ver as coisas invisíveis.

Ninguém pode gostar do sofrimento por causa do sofrimento - que seria masoquismo mórbido - mas pode querer o sofrimento como um meio e um caminho que conduzem a uma vida superior, que os não sofredores ignoram.

Essa inefável estesia e clarividência que o sofrimento compreendido produz vale por todas as dores e angústias anteriores. O lúgubre fantasma vestido de luto se transformou num querubim luminoso, com a luz da felicidade nos olhos e o sorriso da vida eterna nos lábios.

Quem quiser voar como borboleta, não tenha medo de morrer como crisálida, depois de ter vivido como taturana." 

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 64)


domingo, 9 de agosto de 2015

A YOGA ENSINA O HOMEM A MUDAR A SI MESMO (1ª PARTE)

"(...) É preciso que o devoto que queira conhecer Deus aprenda a ser mais silencioso e a escutar a voz do Amor em seu íntimo. Deve aprender a viver o amor em sua vida, a praticá-lo primeiro dentro do coração, e depois expressá-lo externamente.

Quantas vezes na vida magoamos as pessoas com nossas palavras e ações. Isso é o que se chama crueldade mental; em muitos sentidos, é pior que a brutalidade física. Nunca diga nada sob a emoção da mesquinhez. É melhor 'passar um zíper na boca' se você não consegue falar com o coração livre da mesquinhez. O desejo de magoar alguém - filho, marido, pais - é brutal!

A ciência da Yoga ajuda a superar fraquezas. Ensina o indivíduo a mudar a si mesmo e a seus hábitos diários, de modo que se torne uma pessoa melhor, não apenas o que se chama de 'anjo na rua e demônio em casa' - o que fala magnificamente diante dos outros, mas não é esse tipo de pessoa em seu próprio lar. (...) 'O que sou? Sou mesquinho? Sinto prazer em magoar as pessoas, em falar mal dos outros? Se assim for, seria melhor eu aprender a vencer esses hábitos horríveis.' Isso é o que significa introspecção. 

O próprio primeiro sloka do Gita diz (simbolicamente): 'Reunidas no campo de batalha de minha consciência, estão minhas qualidades boas e minhas qualidades ruins. Que me sucedeu hoje? Quem venceu?' Mantive a tranquilidade no meio da agitação? Foram amáveis minhas palavras quando eu estava querendo dizer uma coisa maldosa para ferir alguém? Fui generoso ou fiquei com a melhor parte para mim?

Viva o amor internamente. Quando você quiser fazer ou dizer alguma coisa indelicada, pense no amor em seu coração. E depois expresse-o externamente, com algum ato ou ação amável. (...)"

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 166/168)


domingo, 19 de julho de 2015

ACEITAÇÃO E ENTREGA (2ª PARTE)

"(...) Você consegue perceber qualquer indício interior que revele que você não quer fazer o que está fazendo? Se isso acontece, você está negando a vida, e é impossível chegar a um bom resultado. Se você percebe esse indício, é capaz também de abandonar essa vontade de não fazer e se entregar ao que faz?

'Fazer uma coisa de cada vez', como um mestre definiu a essência da filosofia zen, significa dedicar-se plenamente no que está fazendo. É um ato de entrega - uma ação poderosa.

Quando você aceita o que é, atinge um nível mais profundo. Nesse nível, tanto seu estado interior quanto sua noção do 'eu' não dependem mais dos julgamentos feitos pela mente do que é 'bom' ou 'ruim'. Quando você diz 'sim' para as situações da vida e aceita o momento presente como ele é, sente uma profunda paz interior.

Superficialmente, você pode continuar feliz quando há sol e menos feliz quando chove; pode ficar contente por ganhar um milhão e triste por perder tudo o que tem. Mas a felicidade e a infelicidade não passarão dessa superfície. são como marolas à tona do seu ser. A paz que existe dentro de você permanece a mesma, não importa qual seja a situação externa.

A aceitação e a entrega se tornam muito mais fáceis quando você percebe que todas as experiências são fugazes e se dá conta de que o mundo não pode lhe oferecer nada que tenha um valor permanente. Ao aceitar entregar-se, você continua a conhecer pessoas e a se envolver em experiências e atividades, mas sem os desejos e medos do 'eu' autocentrado. Ou seja, você deixa de exigir que uma situação, uma pessoa, um lugar ou um fato o satisfaçam ou o façam feliz. A natureza passageira e imperfeita de tudo pode ser como é.

E o milagre é que, quando você deixa de fazer exigências impossíveis, todas as situações, pessoas, lugares e fatos ficam satisfatórios e muito mais harmoniosos, serenos e pacíficos. (...)"

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 44/46)
www.sextante.com.br


sábado, 18 de julho de 2015

ACEITAÇÃO E ENTREGA (1ª PARTE)

"Sempre que puder, olhe para dentro de si mesmo e procure ver se você está inconscientemente criando um conflito entre as circunstâncias externas de um determinado momento - onde você está, com quem está ou o que está fazendo - e os seus pensamentos e sentimentos. Você consegue sentir como é doloroso ficar se opondo internamente ao que é?

Quando reconhece esse conflito, você percebe que agora está livre para abrir mão dessa guerra interna inútil. Quantas vezes durante o dia, se você fosse verbalizar sua realidade interior, teria de dizer 'Não quero estar onde estou'? Como é sentir que não quer estar onde está - num engarrafamento, no seu local de trabalho, na sala de espera do aeroporto, ao lado de determinadas pessoas? 

É verdade que é ótimo conseguir sair de certos lugares - e às vezes é a melhor coisa que você pode fazer. Mas, em muitos casos, você não tem possibilidade de sair. Em todos esses casos, o 'Não quero estar onde estou' não só é inútil como prejudicial. Deixa você e os outros infelizes. Já foi dito: aonde quer que vá, você se leva. Em outras palavras: você está aqui. Sempre. Será que é tão difícil aceitar isso?

Você precisa criar um rótulo para tudo o que sente, para tudo o que percebe e para toda experiência? Precisa ter uma relação de gosto/não gosto com a vida, mantendo um conflito quase ininterrupto com situações e pessoas? Ou será que é apenas um hábito que pode ser rompido? Não é preciso fazer nada, basta deixar que cada momento seja como é.

O não reativo e habitual fortalece o ego, o 'eu' autocentrado. O 'sim' o enfraquece. Seu ego não é capaz de sobreviver à entrega. "Tenho tanta coisa para fazer.' Muito bem, mas existe qualidade no que você faz? (...) Quanta entrega ou recusa existe no que você faz? É essa entrega que determina o seu sucesso na vida, não a quantidade de esforço empreendido. O esforço implica estresse, cansaço e necessidade de alcançar um determinado resultado no futuro. (...)"

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 43/44)