OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


Mostrando postagens com marcador sentimento. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sentimento. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 22 de março de 2018

CLARIVIDÊNCIA

"Há muitos clarividentes sinceros mas não treinados, que transmitem mensagens e ensinamentos supostamente vindos dos Mestres de Sabedoria. Quando pela primeira vez encontrei clarividentes e médiuns, fiquei imensamente impressionada. Mas uma longa experiência ensinou-me desde então a ser extremamente cautelosa em relação a qualquer expressão psíquica ou visão. Uma sensitiva nata que eu conheci bem na África do Sul - e que, ao mesmo tempo, é dotada de considerável força de caráter e bom-senso, disse-me várias vezes ter, em sua própria experiência, descoberto que quase todas as aparições astrais são 'mentirosas'. O plano astral é o que H.P.B. chama 'o mundo da grande ilusão,' e diz que 'nenhuma flor colhida nessas regiões foi transportada para a Terra sem sua serpente enrolada em sua haste.' Ela comenta aqui as palavras de A Voz do Silêncio que chamam o plano astral de Sala do Aprendizado, e diz: 'Nela a Alma encontrará a floração da vida, mas sob cada flor, haverá uma serpente enrolada.' Somente pela compreensão dos planos espirituais mais elevados é que esses fenômenos podem ser corretamente entendidos e avaliados.

Isso requer treinamento longo e estrito, bem como uma iniciação que capacite quem vê a ver corretamente. Depende especialmente da pureza desinteressada do sensitivo. O Mestre escreve: 'Muitas das comunicações espirituais subjetivas - em sua maioria quando os sensitivos têm a mente pura - são reais; mas é bastante difícil para o médium não iniciado fixar em sua mente os quadros corretos daquilo que vê e ouve.' (C.M.) Mais uma vez ele escreve: 'Há aqueles que são voluntariamente cegos, e outros que o são involuntariamente. Os médiuns pertencem à primeira classe e os sensitivos, à segunda. A menos que iniciados e treinados regularmente - no que concerne à compreensão espiritual das coisas e supostas revelações feitas ao homem em todos os tempos desde Sócrates, passando por Swedenborg... nenhum vidente ou clarividente autodidata viu ou ouviu de maneira completamente correta.' (M.C.)

Facilmente se pode ver a razão disso. Consciente ou inconscientemente - estamos criando e espalhando incontáveis 'formas-pensamento.' Povoamos nossa corrente no espaço, como disse o Mestre, com criações de nosso pensamento, num mundo de memórias, esperanças, satisfação de desejos. É com este mundo, e através da janela colorida de sua condição psíquica, que o vidente não adestrado entra em contato. A mais leve satisfação do desejo aí toma forma. Tal 'forma-pensamento' pode ser animada por um espírito da natureza que não tenha senso moral ou sentimento de certo ou errado como nós temos, e assim aparece como anjo de luz, dizendo-nos exatamente o que desejamos ouvir. C.W.L. sempre nos advertiu que tomássemos cuidado com qualquer visão que nos bajulasse. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 85/87)


sábado, 24 de fevereiro de 2018

EDUCAÇÃO E AUTODESCOBERTA (PARTE FINAL)

"(...) A descoberta nesse sentido pode também levar à autodescoberta. Considere com seriedade toda a vida à sua volta. Aprenda a considerar inteligentemente os corações das pessoas. Considere com maior seriedade seu próprio coração. Não apenas observe aquilo que está fora, também observe a si próprio, por que pensa isso ou aquilo, observe sua conduta na vida diária. Ver a si mesmo como parte do todo, ver a imensidão do universo. Isto é observação: ver sem a sombra de si mesmo. Temos aqui um paradoxo: auto-observação com autoesquecimento, talvez a maior bem-aventurança que exista.

Svadhyaya significa autoestudo. H. P. Blavatsky falou do autoestudo, no livro A Doutrina Secreta, como 'um meio de exercitar e desenvolver a mente'. É uma contínua expansão de consciência transcendendo o insignificante senso de 'eu'. Da forma como estamos hoje, ainda com o nosso insignificante sendo de eu, o que há para descobrir em nós mesmos?

A maioria das pessoas pensaria imediatamente no subconsciente, significando aquele reino um tanto sombrio para o qual banimos as experiências, pensamentos e sentimentos dos quais nos envergonhamos, que nos perturbam ou dos quais temos medo. Simplesmente nos recusamos a pensar neles. Não encarar o conteúdo de nosso subconsciente, recusá-lo ou encobri-lo é como tentar descartar um material radioativo jogando-o no oceano, ou como tentar pôr uma rolha num vulcão para evitar que entre em erupção.

Krishnamurti alegava que não há subconsciente. Pode ter sido o caso com ele, que enfrentava as coisas como elas vinham. Sua vida parece ter sido uma longa e emocionante viagem de descoberta. Mas nós, da próxima vez que experienciarmos medo, desgosto ou vergonha, também podemos enfrentar esses sentimentos corajosamente, deixar que eles contem sua história, ouvi-los atentamente, sem interferência. 

O problema é que temos uma ótima opinião sobre nós mesmos. Talvez seja melhor não ter opinião, mas empreender a autodescoberta para encontrar algo que verdadeiramente nos diz respeito. O ciúme ou o ódio são como uma casa feia que construímos, uma mancha na paisagem. Ela não desaparecerá se fecharmos os olhos. Portanto, devemos aceitá-la, mas não vamos mais construir uma casa semelhante."

(Mary Anderson - Educação e autodescoberta - Revista Sophia, Ano 15, nº 67 - p. 22/23)


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (3ª PARTE)

"(...) Tendo-se retirado e descansado completamente, enviai uma ardente invocação aos Deuses da Luz e ao Senhor da Luz, para que possais ser iluminados em vossa busca, e professai um voto solene de que todo o conhecimento eventualmente obtido será dedicado ao serviço de vossos irmãos. Procurai o conhecimento, só assim podereis ensinar; procurai a luz, só assim podereis iluminar os outro; procurai o poder que o conhecimento dá, para que possais rasgar os véus do preconceito e da ignorância nos quais a raça humana está tão fundamente envolta. Vosso ofício deve ser dúplice: deveis ser um tocheiro e um desvelador.

Tendo erguido vossa prece e professado vosso voto, pratiqueis a arte de colocar vosso corpo inteiramente em repouso, de domar as tempestades das emoções, de aquietar vossa mente, pois são preliminares imprescindíveis. E quando a calma reinar em vossa natureza interna e externa, pensai fortemente em vosso coração como uma gruta, onde vossa alma possa penetrar em sua busca de luz. Pensai firmemente, durante vários dias, na gruta de vosso coração, e tentai concentrar vossa mente lá; gradualmente, onde só havia escuridão, uma luz começará a brilhar – uma luz que o guiará no caminho. Aprofundai-vos na contemplação da verdadeira luz, que brilha em cada homem, cujos lampejos finalmente aprendeis a discernir. À medida em que a luz cresce e começa a vos envolver, alçai-vos em pensamento, dentro de vós mesmos, em direção ao meio de vossa cabeça, onde encontrareis uma luz maior; tendo encontrado esta passagem, continuai a meditar sobre a luz. Pensai em vós como um fulgor da Luz Única, uma centelha da Chama Única, e forçai com todos vossos poderes de pensamento e vontade ainda mais acima, ainda dentro de vós, para dentro daquela Luz paternal de onde saístes. Alçai-vos através de vossa cabeça, através dos sentimentos para os pensamentos, ansiando beber a essência-pensamento, para tornar-se pensamento encarnado, e fixai vossa mente de modo inflexível sobre a luz, procurando a porta do Templo. 

A chave está em vossas mãos, eu vo-la dei; é o conhecimento de que o clarão que constitui vosso ser emana da Luz Única, a faísca que sois é parte da Chama Única: que possais ser o que em verdade sois. 

Gradualmente vós aprendereis a viajar por esta estrada que leva do coração à cabeça, e da cabeça ao lugar da luz. Encontrareis vossa luz iluminada por outra luz, que vem do alto, e aprendereis a reconhecer seu brilho. Através destes exercícios diários tereis dominado todas as muitas tendências do sentimento e do pensamento de escapar ao controle. Tereis construído os degraus que vos levarão às portas do Templo. A chave está em vossas mãos, colocai-a direto na fechadura e, girando-a, entrai no Templo da Luz. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (2ª PARTE)

"(...) Tendo se tornado uma criancinha, prontamente lance fora tudo que pensa conhecer ou saber, tudo que é prezado pelos homens, e deixemo-lo buscar o caminho que leva da carne ao espírito. A entrada para o caminho está no coração; do coração, deve encontrar uma passagem para o cérebro, e, através do cérebro, para os mundos do pensamento e sentimento, nos quais as fundações do Templo da Luz estão lançadas. O Templo está adiante, e a partir do mundo do pensamento ele deve construir uma firme escadaria que o levará até os portões do Templo. Esta escadaria é construída pelo estudo, pela concentração de pensamento, e pela incansável busca de conhecimento. 

Esta é a maneira de encontrar e trilhar o caminho do conhecimento, construir a escadaria e chegar aos portões do Templo. Deixe-se que o estudante lance fora seus livros, seus tubos de ensaio e suas réguas para trás, pois ele deve aprender a ler nos livros da natureza, entesourar suas descobertas no tubo de ensaio de sua mente, e aferir suas descobertas na balança de sua mais alta intuição. Emancipando-se destes instrumentos superficiais, que se retire para algum lugar onde possa desfrutar de algum tempo de paz imperturbada. Uma cela de retiro, um jardim, as florestas, os campos, alguma praia recôndita, algum refúgio na montanha, qualquer um destes poderá ser suficiente para lançar-se à viagem de descoberta. Deixe-se que trilhe o caminho que todos os sábios e mestres do mundo trilharam em sua busca pela luz, luz que ora brilha através daqueles olhos, gloriosa e resplandecente. 

Que não tema a estranheza desta procura, não tema despojar-se de todos os suportes até então considerados essenciais; não tema o ridículo imposto pelos que ainda sentem-se dependentes dessas coisas, e que cegamente disfarçam sua ignorância numa ilusão de conhecimento. Para a luz que buscais, tal conhecimento é como trevas, pois todo aquele que alto pusestes em vosso apreço não possui senão a pele, a penugem, a casca, e o cerne sempre lhe foge; então eles montam sobre as cascas e a oferecem como conhecimento. Talvez haja apenas um punhado, dentre vossos homens de conhecimento, que não esteja cego pelo preconceito, que não confunda aprendizado com conhecimento. 

Tomai como guia esta voz que vos ensina agora, a voz de um anjo que conquistou a meta através destes mesmos caminhos na busca de conhecimento, e agora oferece-se àqueles que buscam uma luz maior da que brilha em universidades, pois é professor mais sábio que qualquer professor mortal pode ser; traz a luz do conhecimento espiritual para iluminar as trevas do mero aprendizado terreno, e pode conduzir o estudante até a verdadeira cátedra do conhecimento, a qual jaz no fundo de vosso Eu mais verdadeiro. Vinde, irmão humano, aceitai minha direção, e eu vos guiarei até vosso destino. (...)"

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



domingo, 21 de janeiro de 2018

O CAMINHO DA VONTADE (1ª PARTE)

"O Caminho da Vontade é de longe o mais árduo de todos. Aquele que o palmilhará deve invocar em seu auxílio todas as forças de seu ser e concentrá-las em um único ponto, uma única direção. Esta direção é, para ele, a onipotência, tal é a meta. O homem da vontade deve usar os poderes de sua natureza como um general usa seu exército; deve descartar qualquer fraqueza e trocá-la por força; deve reforçar todos os pontos nas paredes que guardam a cidadela de sua divindade; deve cuidadosamente preparar sua armadura e suas armas, pois não deve falhar na batalha. Assim, o essencial é que passe suas forças em revista. Sentado em seu carro - um grande cavalo de guerra de brancura imaculada, simbolizando a verdade, rodeado de seus capitães, ele faz uma esplêndida imagem, completamente arnesado, seu estandarte flutuando na brisa, de uma elevação passa as tropas em revista; ele examina sua disposição e todos os apetrechos necessários para a guerra que decidirá o destino do reino que ele está para governar.

Primeiramente ele averigúa seus recursos físicos e analisa suas forças e fraquezas. Cada célula de seu corpo é para ele um soldado que deve cumprir o dever da obediência; cada órgão é um regimento, e cada membro uma brigada; as fibras de seus nervos são mensageiros que ele, cabeça e coração, emprega para dirigir as manobras e operações das forças sob seu comando. Seu corpo deve ser saudável, forte, viril, sensível, educado e refinado, e todos os instintos que assinalam sua origem animal devem ser transmutados em poderes, usados conscientemente pela mente e pela vontade. O corpo deve ser impedido de ter quaisquer iniciativas, exceto aquelas cabíveis a um exército bem treinado no que se refere aos detalhes e às emergências que podem surgir durante o cumprimento das ordens do comandante-chefe. À parte disto, o corpo deve ser meramente um instrumento com suas forças completamente controladas, e deve render estrita obediência à vontade que lhe dá vida.

O mesmo no que tange aos sentimentos e pensamentos; estas divisões da armada devem ser igualmente controladas e treinadas, e deve direcioná-las para o único objetivo, que é o cumprimento de seu destino. Ele deve aprender a reconhecer um obstáculo como uma oportunidade, a ver no fracasso de hoje o sucesso de amanhã, a acolher resistências como amigos que testam e intensificam seus poderes; auxiliado pelos obstáculos, falhas e resistências, ele deve marchar em direção à meta em que seus olhos se fixaram. Se se desvia, é apenas para corrigir um erro, para compartilhar sua força com os demais, para estudar as razões de sua queda ou de seu sucesso.

Assim como o soldado deve encontrar o perigo, o sofrimento e a morte, assim o homem da vontade, no decurso de sua vida, encontrará seu caminho cheio de desastres. Ele deve aprender a conhecer tanto o horror como a glória da guerra; seu horror é a crueldade física e a morte que lhe é inseparável; sua glória é a regeneração espiritual oriunda de seu heroísmo, autossacrifício e coragem. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association)


quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

SIGNIFICADO DA DOR E DO SOFRIMENTO (PARTE FINAL)

"(...) O sofrimento é apenas uma palavra, ou uma coisa real? Se é uma coisa real, então a palavra não tem significação alguma. Fica, então, só o sentimento de uma dor intensa. Uma dor que está em relação com quê? Em relação com uma imagem, com uma experiência, com alguma coisa que tendes ou que não tendes. Se a tendes, vós chamais o sentimento 'prazer', se não a tendes, o chamais 'dor'. Assim, pois, a dor, o sofrimento, está em relação com alguma coisa. Essa coisa é uma mera verbalização, ou uma realidade? Não sei se estais compreendendo? Isto é, quando existe o sofrimento, ele só existe em relação com alguma coisa. Ele não pode existir sozinho, tal como o medo, que não pode existir sozinho, mas, sim, em relação com alguma coisa: um indivíduo, um incidente, um sentimento. Pois bem, agora tendes plena consciência do sofrimento. Está esse sofrimento separado de vós, sendo vós, por conseguinte, apenas o observador que percebe o sofrimento? Ou esse sofrimento é uma parte de vós mesmo? Estamos procurando compreender o que é o sofrimento, o que é a dor; procurando examiná-lo profundamente e não apenas superficialmente. 

Pois bem; quando não há observador, quem é que está sofrendo? Esse sofrimento é diferente de vós? Vós sois o sofrimento, não é verdade? Não estais separado da dor, vós sois a dor. Pois bem, que acontece agora? Tende a bondade de seguir-me: não estamos mais pondo rótulos, não estamos mais dando nomes, para nos livrarmos do sofrimento: nós somos aquela dor, aquele sentimento, aquela agonia. E agora, que sois isso, que acontece? Quando não lhe dais nome, quando não há mais temor com relação a ele, está o centro em relação com ele? Se o centro está em relação com ele, então teme-o. Vê-se, por isso, na necessidade de agir e fazer alguma coisa com relação ao sofrimento. Mas, se o centro é o sofrimento, que fazeis então? Nada há que fazer, não é verdade? Compreendei, por favor, não se trata só de ouvir. Procurai compreendê-lo e vereis. Se vós sois o sofrimento, e não o estais aceitando, não o estais rotulando, não o estais afastando de vós - se vós sois o sofrimento, que acontece? Dizeis então que sofreis? Deu-se, por certo, uma transformação extraordinária. Já não se diz 'eu sofro', porque já não há um centro para sofrer; e o centro sofre, porque nunca examinamos o que é o centro. Nós só vivemos de palavra em palavra, de reação em reação. Nunca dizemos: 'Vejamos que é essa coisa que sofre'. E essa coisa não se pode ver mediante constrangimento, mediante disciplina. Precisais olhá-la com interesse, com espontânea compreensão. Vereis então que a coisa que chamávamos sofrimento, dor, a coisa que evitávamos, e também a disciplina, vereis que tudo desaparece. Quando não tenho relação com a coisa, como existindo fora de mim, não há problema algum; mas no momento em que estabeleço uma relação com ela, considerando-a fora de mim, apresenta-se o problema. Enquanto considero o sofrimento como uma coisa externa, sofro - porque perdi meu irmão, porque perdi meu dinheiro, por causa disso ou daquilo. Estabeleço uma relação com a coisa, e tal relação é fictícia. Mas, se eu sou aquela coisa, se percebo o fato, transforma-se, então, a coisa, inteiramente, assumindo um significado diferente. Há, então, atenção plena, atenção integrada. Aquilo que se considerou por maneira completa, é compreendido e se dissolve, e não há mais temor. E, por conseguinte, a palavra sofrimento se torna inexistente." 

(Krishnamurti - A Conquista da Serenidade - p. 94/96)
Fontehttp://www.lojadharma.org.br/


sábado, 23 de dezembro de 2017

O REENCONTRO

"Eis-me aqui, Senhor, ansioso, na espera de num dia bem próximo sentir, em plenitude, Tua presença.

Muito há que se trabalhar. Sentimentos indomáveis tumultuam minha consciência ainda em formação.

O caminho é longo...

No conflito da mente pela busca de fazer-Te totalmente presente em meu ser, raros são os dias em que não há luta, É uma batalha incansável de pensamentos, que não se coadunam com palavras e ações.

Momentos existem que são puros e harmoniosos. E a vida se torna bela. Tua presença radiante ensina-me a ver em tudo e em todos a Tua Essência.

A vida, então, é um eterno convite para experienciar, a cada instante, a bondade, a compreensão, a tolerência, a compaixão, enfim, a justiça, a verdade e o amor. Nesses instantes Tua grandeza é sentida. Vejo então, através dos olhos do coração, a Tua beleza.

Nas mais das vezes, porém, confesso que me sinto distante. É quando divago pelos descaminhos que me levam para longe da verdade, ora impulsionado pela vaidade ou orgulho e, outras vezes, pela intolerência e incompreensão.

Nesses momentos bebo o amargo cálice da Tua ausência. É a dor sentida e vivida sem a Tua presença. Reflito e indago: Por que tais acontecimentos?

Olho para dentro de mim, para o mais profundo do meu ser e Te vejo enclausurado pelos meus interesses mesquinhos e materiais. Aí, compreendo que Tu és e sempre serás amor. Mesmo quando entro em conflito com a Tua vontade, Tu Senhor, em momento algum, me desamparas.

A realidade é que eu me deixara envolver pela sedução dos desejos temporários. Só então, após estar diante da dor, na batalha do Ser contra o Ter, é que volto a ver-Te.

Por tudo isto eis-me aqui, Senhor. Reconhecendo a necessidade de reencontrar-me em Tua luz, evitando assim a continuidade de minhas batalhas internas que, além de serem refletidas negativamente em todos, afastam-me cada vez mais de Ti."

(Valdir Peixoto - Conheca-te a ti Mesmo - Ed. Teosófica, Brasília/DF, 2009 - p. 79/81)


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

DESFAZENDO A IDENTIFICAÇÃO COM O SOFRIMENTO (1ª PARTE)

"O SOFRIMENTO NÃO QUER que nós o observemos diretamente e vejamos o que ele realmente é. No momento em que o observamos, sentimos seu campo energético dentro de nós e desfazemos a nossa identificação com ele, surge uma nova dimensão da consciência. 

Chamo isso de presença. Passamos a ser testemunhas ou observadores do sofrimento. Isso significa que ele não pode mais nos usar, fingindo ser nosso eu interior. Então, não temos mais como realimentá-lo. Aqui está nossa mais profunda força interior. 

Alguns sofrimentos são irritantes, mas inofensivos, como é o caso de uma criança que não para de chorar. Outros são monstros destrutivos e mórbidos, verdadeiros demônios. Alguns são fisicamente violentos; outros, emocionalmente violentos. Eles podem atacar tanto as pessoas à nossa volta quanto a nós mesmos, seus hospedeiros. Os pensamento e sentimento relativos à nossa vida tornam-se, então, profundamente negativos e autodestrutivos. Doenças e acidentes frequentemente acontecem desse modo. Alguns sofrimentos podem até levar uma pessoa ao suicídio.

Às vezes levamos um choque ao descobrir uma faceta detestável em alguém que pensávamos conhecer bem. Entretanto, é mais importante observar essa situação em nós mesmos do que nos outros.

PRESTE ATENÇÃO A QUALQUER SINAL de infelicidade em você, qualquer que seja a forma, pois talvez seja o despertar do sofrimento. Ele pode se manifestar como uma irritação, uma sinal de impaciência, um ar sombrio, um desejo de ferir, sentimentos de raiva, ira e depressão ou uma necessidade de criar algum tipo de problema em seus relacionamentos. Agarre o sinal no momento em que ele despertar de um estado inativo. (...)"

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 74/75


sábado, 25 de novembro de 2017

GRATIDÃO E RESPEITO (PARTE FINAL)

"(...) Uma outra parte do problema é que tentamos compreender tudo com a nossa mente. A mente é alheia aos sentimentos. Ela pode ver comportamentos à medida que aparecem sem compreender os sentimentos que os orientaram. Nós damos muito valor às aparências - outro atributo da mente. A mente abstrata vê, ou melhor, tenta compreender as coisas a partir do interior. No entanto, deve-se notar que, embora haja apenas uma mente, a matéria mental inferior aparece na forma, enquanto a superior parece abstrata, ou sem forma. Assim a mente é dividida, para poder perceber as formas de matéria. Até agora a mente superior não é estimulada pela própria natureza do ser humano, mas pelo estudo de temas, como a matemática, a ciência ou apenas a contemplação da vida. 

Singularmente, um dos métodos mais rápidos para estimular a mente superior é sentar-se em silêncio e meditar, que á a absoluta cessação do pensamento e do sentimento. Para conseguir isso, precisamos perceber verdadeiramente o que estamos sentindo e parar de analisar esses sentimentos. Ter coração e mente trabalhando harmoniosamente juntos é verdadeiramente o próximo passo evolutivo para a humanidade - ter a mente permitindo-se estar onde o coração está sentindo, mas sem tentar nomear ou julgar. 

A vida em geral é uma série de eventos unidos pela memória e por respostas emocionais agradáveis ou dolorosas. É diferente para cada um de nós, conforme nossas experiências. Interessante também é nossa atitude com relação à dor: com compreensão, quando rememoramos experiências dolorosas, frequentemente podemos ver, às vezes muitos anos depois, que aprendemos muito, que a experiência mudou nossa vida.

Se a dor é um grande instrutor, precisamos examinar nosso relacionamento com ela, e saber por que a evitamos. Quando fugimos da dor, aumentamos o tempo que transcorre antes de obter a clareza da percepção e aprender a aceitação - que é quando a dor finalmente para e começamos a 'entender'. Se saudamos a dor com uma grande instrutora, ela se vai rapidamente e dá lugar ao insight. Isso requer alguma prática, mas nos liberta para viver nossas vidas. Então, as dificuldades da vida diminuirão. Quando permitimos que aconteça a harmonia com a vida, a luta interna quase contínua é substituída pela paz." 

(Barry Bowden - Sabedoria: o tesouro oculto - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 41)


terça-feira, 14 de novembro de 2017

O AMOR NÃO É UMA IDEIA

"Você descobrirá que não fará com que o amor flua para o seu coração ou dali para o mundo apenas pensando na vontade que tem de que isso aconteça. Enquanto sua atenção se fixar na cabeça, você ignorará o coração. Em contrapartida, quanto mais se concentrar na área do coração e ignorar a do cérebro, mais amor sentirá.

O amor é um sentimento, não uma ideia. E, como tal, brota do coração, não da cabeça.

Talvez descubra sentimentos ruins ao voltar-se para o coração. Estamos sobrecarregados de velhas feridas de rejeição, desespero, desilusão e cólera nessa área: tais feridas não desaparecem num passe de mágica. Não podemos apagar nosso passado. Só nos é possível aceitar o que aconteceu conosco e parar de julgar isso inaceitável, imperdoável ou insuportável.

Você notará que o segredo de abrir novamente o coração para o amor consiste em aprender a aceitar toda a realidade do seu passado. Não enfrente, não rejeite, não negue sentimentos, quaisquer que sejam no momento. Ao contrário, procure aceitá-los completamente... e faça com que a luz do amor, que a tudo cura, brilhe sobre eles. Essa é a única maneira de transcender os males do coração: amar a si mesmo como se é e deixar que o afeto divino transforme a experiência interior. Esse é o amor de Jesus por seus discípulos e pela humanidade - amor incondicional que a tudo perdoa. 

Sempre, durante as meditações e mesmo ao longo do dia, lembre-se de dizer a si mesmo: 'Eu me amo assim como sou', permitindo que o potencial para o amor desperte em seu coração. Opte por aceitar-se... e, aos poucos, você aprenderá a olhar, sem julgamento, para a verdade profunda do seu ser. Nesse ato meditativo, você logo perceberá que é uma criação perfeita, a qual não precisa de mudança para estar repleta de amor - por você mesmo e pelo mundo ao seu redor."

(John Selby - Sete mestres, um caminho - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 121/122)


quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O VERDADEIRO OCULTISTA

"O verdadeiro Ocultista, ao mesmo que tempo que para si mesmo é o mais severo dos juizes, o mais rígido dos feitores, é para todos ao seu redor o mais compreensivo dos amigos, o mais gentil dos auxiliares. Conseguir esta gentileza e poder de simpatia deveria, assim, ser o desejo de cada um de nós, e isso só pode ser obtido pela incansável prática desta gentileza e simpatia para com tudo, sem exceção, que nos rodeia. Cada futuro Ocultista deveria ser a pessoa, em sua própria casa e círculo, para quem todos mais prontamente acorrem quando na tristeza, na ansiedade, no pecado - certos que estão da sua simpatia, e de sua ajuda. A pessoa mais desinteressante, a mais bruta, a mais estúpida, a mais repelente, deveriam ver nele pelo menos um amigo. Todo anseio em busca de uma vida melhor, cada desejo nascente em direção ao serviço altruísta, toda vontade recém-formada de viver mais nobremente, deveria encontrar nele alguém pronto a encorajar e fortalecer, de modo que todo germe de bem possa começar a crescer sob a calorosa e estimulante presença de sua natureza amorosa. 

Atingir tal poder de serviço é uma questão de autotreinamento na vida diária. Primeiro precisamos reconhecer que o EU em todos é um só, de modo que em cada pessoa com quem entramos em contato devemos ignorar tudo o que é desagradável na casca exterior, e reconhecer o EU entronizado no coração. A próxima coisa a notar - em sentimento, não só em teoria - é que o EU está tentando se expressar através dos invólucros que o obstruem, e que a natureza interna é toda adorável, e é distorcida para nós pelos envoltórios que a contêm. Então deveríamos nos identificar com aquele EU, que na verdade é nós mesmos em sua essência, e cooperar com ele em sua luta contra os elementos inferiores que sufocam sua expressão. E uma vez que temos de agir para com nosso irmão através de nossa própria natureza inferior, o único caminho de ajudar eficazmente é ver as coisas como aquele irmão as vê, com suas limitações, seus preconceitos, sua visão distorcida; e vendo-as assim, e sendo afetados por elas em nossa natureza inferior, ajudá-lo do seu modo e não do nosso, pois só assim se pode prestar um auxílio real. Aqui entra o treinamento Oculto. Nós aprendemos a nos retirar de nossa natureza inferior, a sentir seus sentimentos sem sermos afetados por eles, e deste modo, ao mesmo tempo que experimentamos emocionalmente, julgamos com o intelecto. 

Devemos usar este método quando ajudarmos nosso irmão, e ao mesmo tempo que sentimos como ele sente, como uma corda afinada ecoa a nota de sua vizinha, devemos usar nosso 'eu' desapegado para julgar, para aconselhar, para estimular, mas sempre usando-o de modo que nosso irmão esteja consciente de que é a sua própria natureza superior que está expressando a si mesma através de nossos lábios. Devemos desejar compartilhar o nosso melhor; a vida do Espírito não é guardar, mas dar. Frequentemente o nosso 'melhor' seria indesejável para aquele a quem tentamos ajudar, assim como a poesia refinada não é atraente para a criança pequena; então devemos dar o melhor que ele possa assimilar, guardando o restante, não porque somos ciumentos, mas porque ele ainda não o requer. (...)" 

(Annie Besant - A Doutrina do Coração - Ed. Teosófica, Brasília - p. 2/3


terça-feira, 3 de outubro de 2017

INDIVÍDUO E PERSONALIDADE

"Distinguimos entre o fato simples de nossa própria consciência o sentimento de que 'Eu sou' e o pensamento completo de que 'Sou o senhor Tal' ou 'A Senhora Tal'

Crendo como cremos, numa série de nascimentos para o mesmo Ego, ou reencarnação; esta distinção é o eixo fundamental de toda a ideia. Vemos que 'Senhor Tal', significa, na verdade, uma grande série de experiências diárias, todas reunidas pela continuidade da memória, formando aquilo que o senhor Tal chama 'meu eu'. Porém nenhuma dessas 'Experiências' é, realmente, o 'Eu' ou 'Ego', nem produz no Senhor Tal a sensação de ser ele mesmo, posto que esquece a maior parte de suas experiências diárias e produz o sentimento de ipseidade tão somente enquanto dura. Nós, os teósofos, distinguimos portanto, entre este conjunto de 'Experiência' que chamamos a falsa personalidade - por ser tão fugaz e finita - e aquele elemento do homem ao qual se deve o sentimento do 'Eu sou eu'

Este 'Eu sou eu' é a verdadeira individualidade para nós e sustentamos que esse 'Ego' ou individualidade representa, como o autor nos palcos, muitos papéis no teatro da vida, consideramos cada nova vida do 'Ego' na Terra como uma representação distinta no palco de um teatro. Aparece o ator, ou 'Ego' uma noite como 'Macbeth', a seguinte como 'Shylock', a terceira como 'Romeu', a quarta como 'Hamlet' ou 'Rei Lear' e assim sucessivamente até que tenha percorrido todo o ciclo de encarnações. O Ego começa sua peregrinação vital em papéis muito secundários como aquele de um espectro, de um 'Ariel' ou um 'Duende', representa a seguir um papel coadjuvante: é um soldado, um criado, um corista; logo ascende a 'papéis falados'; desempenha papéis principais alternadamente com outros insignificantes, até que finalmente se despede da cena como 'Próspero', o mago."

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 47/48)


sábado, 23 de setembro de 2017

A MUDANÇA NO CORPO EMOCIONAL (PARTE FINAL)

"(...) Em verdade, isso torna-se muito diverso quando o verdadeiro Ser determina quais sentimentos devem se manifestar e conscientemente deixa fluir essas elevadas emoções através do corpo astral. Em vez de o agitarem flutuantes e nebulosas emoções que mudam a cada momento, será um corpo radiante, que emite firmemente as emoções determinadas pelo Ego e que palpita ritmicamente sob os impulsos interiores.

Também à visão clarividente, muito diferente se torna assim o corpo emocional: em vez de turvas manchas de cor, nossas emoções se mostram claramente definidas e concentricamente ordenadas, irradiando vigorosamente do centro do corpo emocional. Dessa forma, nesse corpo se opera mudança análoga à efetuada no físico.

Nesse caso cabe ainda comparar a mudança operada à que se observa numa massa de limalha de ferro quando submetida à influência de um campo magnético. No corpo emocional modificado há uma vontade central, dominante e diretora, e consequentemente ele agora é vitalizado e definido pela Vontade interior. Já é nosso servo, e nenhuma agitação, emoção ou incitação vindas  do exterior poderão despertar-lhe sentimentos ou desejos que já não consentimos. Já não é mais parte integrante do mundo astral circundante, mas apartou-se dele para se harmonizar com o Ser interno. Mudou a polaridade; é agora energizado a partir do interior, e irradia incessantemente emoções superiores em auxílio ao mundo. 

Ao efetuar essa mudança no corpo emocional, teremos cumprido outra etapa na superação daquela dualidade entre o Eu superior e o eu inferior, a qual tanto nos atribulou no passado e que provinha de nossa ignorância em consentir que uma parte de nossa consciência fosse dominada pelos corpos. Retiramos o centro de consciência do corpo astral ao submetê-lo ao Ser interno; desembaraçamos, por assim dizer, a consciência do corpo em que estava enredada, e a conduzimos um passo mais próximo ao mundo a que pertence, ao mantermos assim o corpo astral vitalizado a partir do interior, mantendo-o nosso servo."

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 27/28)


domingo, 30 de julho de 2017

AMOR, CORAGEM E CONFIANÇA (1ª PARTE)

"Soube de um grupo de bombeiros que, ao combater um grande incêndio, experimentou um sentimento de grande unidade que eliminou todo o medo de perigo pessoal. Situações assim são frequentes. Numa crise súbita a pessoa pode esquecer de si mesma, deixar de defender sua posição autocentrada e mostrar uma extraordinária coragem. Mas nem sempre é assim. Quando ameaçadas de escassez, elas tendem a comprar provisões em quantidades ridiculamente grandes, porque a mente teve tempo para reagir e ocupar seu central.

Retirar-se do centro deve ser como uma surpresa, de algum modo iludindo o tempo. Isso não pode ser planejado de antemão. Mas há condições para essa retirada. Frequentemente menciona-se as virtudes. Podemos escolher algumas e nos examinar para ver se as desenvolvemos. Mas assim podemos fortalecer a posição autocentrada e nos afastar ainda mais da unidade, rumo a mais separatividade.

Ao examinar nossas virtudes, devemos atentar para todas elas, porque nenhuma pode florescer à custa das demais. Se isso ocorrer será um exagero que pode se tornar um vício. A virtude está na moderação.

Não pode haver regras rígidas e inalteráveis; cada um deve, como um bom mestre-cuca, juntar a quantidade certa de cada ingrediente. Isso significa que certas virtudes num determinado caso, devem ceder lugar a outras. Ao educar os filhos, tem-se que decidir quando o amor deve ceder à justiça e vice-versa. Todas as virtudes levadas à perfeição tornam-se uma só virtude. O amor perfeito expressa-se também como sabedoria perfeita.

A chave para manifestar as virtudes está na auto-observação e no autoconhecimento. Paradoxalmente, a preparação para deixar o centro pode ocorrer melhor de maneira inconsciente, ou pelo menos natural e espontânea. Todas as virtudes são expressões de uma atitude - e essa atitude nada tem a ver com estar no centro. Para ser virtuosa a pessoa precisa deixar o centro. (...)"

(Mary Anderson - Como superar o egocentrismo - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 40
www.revistasophia.com.br


sábado, 29 de julho de 2017

COMO SUPERAR O EGOCENTRISMO (PARTE FINAL)

"(...) Não vivemos somente como corpos, mas também como sentimentos e pensamentos. Nosso nível psíquico não é uma estrutura tão sólida quanto o corpo físico; é mais fluido. Nesse nível estamos muito mais intimamente relacionados com os outros.

Constantemente trocamos sentimentos e pensamentos com outras pessoas. Queremos 'congelar' nossos sentimentos e pensamentos, 'patentear' nossas ideias e protegê-las com direitos autorais. Como não podemos fazer isso, acabamos tendo problemas psicológicos. Examinamos as razões por que nos sentimos 'no centro'. Quais são os resultados desse sentimento? Eles não são diferentes das causas: uma crescente impressão de separatividade e medo de perder nossa posição.

Como estamos no centro, não podemos ver a nós mesmos como realmente somos. Vemos, nas outras pessoas, nossas próprias falhas e as criticamos. Esse tipo de crítica, mesmo não expressa, perturba o relacionamento com o nosso meio, e essa perturbação fortalece o sentimento de separatividade.

Por não conseguirmos nos ver, construímos uma imagem de nós mesmos que resulta em comparações: 'Eu sou melhor que fulano e sicrano.' Isso pode levar à arrogância ou ao desespero; de qualquer modo, leva a mais separação. Nas escolas a comparação é usada como incentivo, mas seu efeito sobre o caráter não é nada desejável. Krishnamurti dizia, em suas escolas: 'Não se compare a ninguém.' A crítica e a comparação com os outros surgem da noção de estarmos no centro e fortalecem essa noção.

Como as causas e os efeitos dessa posição central são as mesmas, podemos falar de um círculo vicioso infinito. Podemos esquecer causas e efeitos e ver somente a situação total, onde diferentes aspectos existem simultaneamente. Estar no centro, sentir-se separado, ter medo, criticar, comparar - tudo isso são expressões da situação em que estamos. Podemos simplesmente sair disso?"

(Mary Anderson - Como superar o egocentrismo - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 38/39)


quinta-feira, 20 de julho de 2017

COMO REDUZIR A IRA

"O ressentimento e a ira muitas vezes levam a doenças; por isso, é importante não se deixar contaminar automaticamente por uma pessoa zangada e manter-se atento ao crescimento da própria ira em resposta à ira do outro. Mesmo que esse sentimento surja, pode-se mudar o foco da atenção, visualizar alguém com quem se tem um relacionamento amoroso e deixar que esse amor flua para fora, mesmo que seja durante um curto espaço de tempo.

Essa mudança de atenção permite perceber as causas da ira e nossa habilidade de diminuir nossas próprias respostas hostis. Em suma, isso nos fornece uma melhor perspectiva do padrão da interação. É possível, dessa forma, produzir um fluxo mais positivo de pensamentos suavizantes, calmos, e enviá-los à pessoa com quem se está zangado. De início isso parece uma tarefa impossível, mas a tentativa de implementar essa estratégia desenvolve a percepção que lentamente transforma a resposta automaticamente hostil numa resposta natural e suave.

Muito embora a pessoa possa perceber que está reagindo com raiva, hostilidade e ressentimento, muitas vezes ela resolve não mudar, já que não reagir negativamente à emoção negativa da outra pessoa é interpretado, em nossa cultura, como fraqueza ou submissão. Porém, ao escolher deliberadamente uma resposta positiva, a pessoa desenvolve um método ativo de mudar seu próprio comportamento condicionado.

Perceba os efeitos dos impactos emocionais. Você é capaz de intervir, reduzir as tensões e otimizar seus relacionamentos."

(Dora Kunz e Erik Peper - A ira e seus efeitos - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 37)

quarta-feira, 19 de julho de 2017

EXPECTATIVA NEGATIVA (PARTE FINAL)

"(...) Para evitar o efeito da projeção negativa, é útil relaxar e aquietar a mente e os sentimentos durante algum tempo antes de alguma entrevista difícil. Durante essa pausa, as tendências condicionadas são reduzidas, de modo que há menos antecipações negativas. Essa atitude de não julgamento é essencial no encontro terapêutico.

Contudo, como relaxar e permitir que a mente e as emoções  entrem em harmonia? Provavelmente é mais fácil, em vez de tentar criar um branco na mente, permanecer sossegado e visualizar uma cena unificadora que simbolize um senso interno de totalidade, como uma árvore ou uma montanha. Essa mudança de atenção na qual a pessoa se identifica com as qualidades da totalidade é chamada de 'centramento'.

No processo de mudar a própria percepção para essa experiência unificadora, a pessoa pode perceber sua mente tagarela e um padrão no qual ela continuamente se mantém em contemplação. Os terapeutas ou os pais podem agora, conscientemente, passar de um sentimento negativo para um positivo a respeito do paciente ou do filho, o que produz uma empatia intensificada e permite o livre fluxo de energia entre as pessoas. Dentro de cada um existe um potencial humano ou uma natureza denominada buddhica, em sânscrito, que está relacionada com a intuição pura. Se mantivermos isso em mente, cada troca de energias positivas pode estimular esse potencial."

(Dora Kunz e Erik Peper - A ira e seus efeitos - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 37)

terça-feira, 18 de julho de 2017

EXPECTATIVA NEGATIVA (1ª PARTE)

"Esses conceitos a respeito das energias podem ser aplicados em situações de terapia. Para otimizar o encontro terapêutico, o profissional não deve levar consigo expectativas negativas a respeito de seu cliente nem trazer consigo sentimentos, emoções e tendências associados à sessão anterior.

Sempre que antecipa alguma dificuldade, a pessoa tende a se enrijecer e ficar exausta, o que contribui para dissipar energia. Além disso, existe uma alta probabilidade de que o cliente inconscientemente experiencie os sentimentos negativos projetados e rejeite a intervenção terapêutica. Essa reação inconsciente é provavelmente despertada pelo fluxo de energia negativa associado aos pensamentos, às imagens e expectativas do terapeuta.

Pensamentos momentâneos do tipo 'espero que essa pessoa não fique zangada', 'gostaria que essa sessão terminasse' ou 'não acredito que ela queira melhorar', são imagens negativas inconscientes. Pacientes e clientes reagem a essa postura automaticamente. Às vezes parecem telepatas e realizam a expectativa projetada. Essa projeção talvez seja o mecanismo por meio do qual a polarização experimental afeta o resultado da pesquisa.

O prejulgamento do terapeuta produz ansiedade ou rejeição automática, uma vez que tende a repercutir no campo do paciente com crenças, pensamentos ou imagens que ele inconscientemente tem de si mesmo. Em vez de diminuir as dúvidas internas, há a ativação dessas autoimagens internas negativas, de modo que sua autoestima e autoconfiança diminuem.

Um processo semelhante ocorre se a pessoa estiver ansiosa demais por um resultado positivo, como desejam os terapeutas para seus clientes ou os pais para seus filhos. Nesses casos, os pacientes ou os filhos experienciam uma pressão por mudança que pode diminuir seu aprendizado de novas habilidades. Isso também pode acentuar a ansiedade ou o medo de ser rejeitado se não atingir as expectativas do terapeuta ou dos pais. (...)"

(Dora Kunz e Erik Peper - A ira e seus efeitos - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 35)
www.revistasophia.com.br


segunda-feira, 17 de julho de 2017

FLUXOS PODEROSOS (PARTE FINAL)

"(...) Embora a carga emocional associada à ira seja direcionada à pessoa com quem se está brigando, ela também é experienciada por outras pessoas nas proximidades. Mesmo sem palavras, o padrão de energia associado à ira irradia-se para fora e afeta outras pessoas no ambiente.

É através desse processo que pais podem inconscientemente magoar seus filhos. Por exemplo, se marido e mulher estão com raiva um do outro, os filhos são atacados energeticamente pela troca emocional entre os adultos. É como se os pais atirassem flechas para atingir um ao outro e assim ferissem os filhos, que estão no meio do fogo cruzado. A criança pode se enfurecer, chorar, retrair-se ou agir de maneira irracional, porque seus sentimentos foram fragmentados. As crianças são muito sensíveis e têm menos habilidade para se proteger das energias negativas.

Não se sabe por que algumas pessoas conseguem lidar mais facilmente com a ira do que outras; no entanto, algumas crianças parecem nascer com mais sensibilidade que outras. As mais sensíveis são mais facilmente afetadas pelas ondas de ira. Uma vez que as crianças não têm discernimento suficiente para compreender que a ira não é dirigida a elas, experienciam o ataque como pessoal e supõem que estão erradas - um processo que diminui sua autoconfiança.

A maioria de nossas interações emocionais é de curta duração e os efeitos são transitórios. Mas se repetimos essa mesma interação e não percebemos um distúrbio  emocional, isso pode fazer com que os ombros enrijeçam e o plexo solar se contraia. Quando essa reação emocional se torna habitual, pode levar a distúrbios gastrointestinais. Outro resultado é o decréscimo na captação de energia, que pode levar à exaustão crônica e à suscetibilidade a doenças."

(Dora Kunz e Erik Peper - A ira e seus efeitos - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 34/35)


sábado, 15 de julho de 2017

A IRA E SEUS EFEITOS

"O amor tende a irradiar um senso de quietude, paz e tranquilidade que abre uma conexão energética entre as pessoas. A ira tende a fechar e a isolar o outro, porque o receptor tende a responder da mesma maneira, formando assim uma barreira. Em cada caso há uma forma de energia fluindo de uma pessoa para a outra, e esse impulso energético nos afeta independentemente de sugestões verbais ou não verbais.

Ser capaz de controlar e compreender esse fluxo energético é um desafio. Quanto mais emocionalmente envolvida está a pessoa, mais dificuldade ela tem de ser objetiva. Fortes apegos emocionais tendem a bloquear a experiência do presente, de modo que a interação é influenciada por imagens passadas e antecipações do futuro. Por exemplo, quando as pessoas conversam, a comunicação entre elas se torna menos eficaz se elas tentam ocultar seus sentimentos. A abertura entre elas é afetada por experiências prévias de desapontamento, falta de apoio ou de carinho. Cada intercâmbio entre pessoas traz experiências condicionadas, imagens e emoções que podem afetar o andamento da comunicação.

Ao lidar com energias dessa maneira, adotamos um ponto de vista chamado 'perspectiva energética'. Pressupõe-se que os pensamentos e as emoções estão não apenas contidos no indivíduo, mas são também irradiados para fora. Além disso, considera-se que cada indivíduo está inserido num campo energético que permeia o espaço e que se interconecta com os outros, afetando-os. Assim, fica claro que interagimos uns com os outros porque somos parte de um sistema total, dinâmico e interdependente.

Se uma pessoa compreende que está continuamente interagindo e afetando os outros, o que pode fazer para fomentar a saúde e o crescimento em si e no próximo? Antes de oferecer estratégias possíveis, descreveremos primeiramente o mecanismo por meio do qual efeitos negativos como a ira, o ressentimento, os preconceitos e as expectativas afetam a outra pessoa."

(Dora Kunz e Erik Peper - A ira e seus efeitos - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 33)