OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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domingo, 2 de outubro de 2016

O INDIVÍDUO E A SOCIEDADE (1ª PARTE)

"Um problema se oferece à maioria de nós: se o indivíduo é simples instrumento ou fim da sociedade. Vós e eu, como indivíduos, existiremos para sermos utilizados, dirigidos, educados, controlados, ajustados a um certo padrão pela sociedade e pelo governo, ou a sociedade, o Estado, existirão para o indivíduo? O indivíduo é o fim da sociedade; ou apenas um títere, que existe para ser ensinado, explorado, massacrado como instrumento de guerra? Eis o problema que está nos desafiando. É o problema do mundo: se o indivíduo é mero instrumento da sociedade, um brinquedo à mercê de influências, pelas quais é moldado, ou se a sociedade existe para o indivíduo. 

Como esclarecer-nos a tal respeito? é um problema sério, não é? Se o indivíduo é mero instrumento da sociedade, a sociedade, nesse caso, é muito mais importante que o indivíduo. A ser verdadeira tal afirmação, o que devemos fazer, então, é abandonar a individualidade e trabalhar para a sociedade; todo nosso sistema educativo terá de ser revolucionado de alto a baixo e o indivíduo convertido num instrumento para ser usado e destruído, liquidado, eliminado. Mas se a sociedade existe para o indivíduo, a função da sociedade não é então a de obrigá-lo a ajustar-se a algum padrão e sim de dar-lhe o senso da liberdade, o impulso para a liberdade. Cumpre-nos, pois, averiguar qual das duas coisas é falsa. 

Como poderiamos investigar este problema? É um problema vital, não é? Este problema não depende de nenhuma ideologia, seja da esquerda, seja da direita; e se é dependente de qualquer ideologia, passará a ser apenas matéria de opinião. As idéias geram sempre inimizade, confusão, conflito. Se dependeis de livros da esquerda ou da direita, ou de livros sagrados, dependeis, nesse caso, da mera opinião — de Buda, de Cristo, do capitalismo, do comunismo, ou do que quer que seja. São ideias, e não a verdade. Um fato nunca pode ser negado. Uma opinião a respeito do fato pode ser negada. Se pudermos descobrir a verdade concernente a este problema, estaremos aptos a agir independentemente da opinião. Não é necessário, por conseguinte, que nos desembaracemos do que tem sido dito por outros? A opinião do esquerdista ou de outros líderes é produto do seu condicionamento, e, por conseguinte, se dependerdes, para o descobrimento de vós mesmos, daquilo que se encontra nos livros, ficareis, simplesmente, na dependência de uma opinião. Não é uma questão de conhecimento, de saber. (...)" 

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 31/32)

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

ESFORÇO (PARTE FINAL)

"(...) Para compreendermos o 'estado de ser' em que não há luta, o estado de existência criadora, é claro que temos de investigar integralmente o problema do esforço. Por esforço entendemos a luta para nos preenchermos, para nos tornarmos alguma coisa, não é isso ? Sou isto e quero tornar-me aquilo; não sou tal coisa e devo tornar-me tal coisa. No vir a ser tal coisa há emulação, batalha, conflito, luta. Nesta luta, estamos necessariamente interessados no preenchimento pela consecução de um fim; buscamos preenchimento pessoal num objetivo, numa pessoa, numa ideia, o que exige uma batalha, uma luta constante, um constante esforço para 'vir a ser', realizar. Nessas condições, aceitamos o esforço como inevitável; e eu tenho minhas dúvidas sobre se ele é inevitável, se é inevitável essa luta para 'vir a ser' alguma coisa. Por que há essa luta? Onde há o desejo de preenchimento, em qualquer grau e em qualquer nível que seja, tem de haver luta. O preenchimento é o motor, a mola impulsora do esforço; quer se trate do chefe todo-poderoso, da simples dona de casa, ou do mendigo, há em todos esta batalha para 'vir a ser', realizar. 

Ora, por que existe esse desejo de nos preenchermos? Evidentemente, o desejo de nos preenchermos, de nos tornarmos alguma coisa, surge quando percebemos que nada somos. Porque sou nada, porque sou insuficiente, vazio, interiormente pobre, luto por 'vir a ser' alguma coisa; exterior ou interiormente, luto por me preencher numa pessoa, numa coisa, numa ideia. Preencher esse vazio — nisso consiste todo o processo da nossa existência. Tendo consciência de que estamos vazios, de que somos pobres interiormente, lutamos com o fim de acumular coisas, exteriormente, ou de cultivar riquezas interiores. Só há esforço quando há a fuga ao vazio interior, pela ação, pela contemplação, pela aquisição, pela realização, pelo poder, etc. Tal é nossa existência de cada dia. Estou cônscio de minha insuficiência, de minha pobreza interior, e luto para dela fugir ou preenchê-la. Esta fuga, este esforço para evitar, para tapar o vazio, acarreta luta, agitação, desgaste. 

Pois bem, se não fazemos esforço para fugir, que acontece? Ficamos 'vivendo com aquela solidão', com aquele vazio; e, no aceitar esse vazio, ver-se-á que surge um estado criador que nada tem a ver com a luta, com o esforço. Só existe esforço quando procuramos evitar a solidão e o vazio interior; mas se encararmos o fato, se o observarmos, se aceitarmos o que é, sem tentar evitá-lo, veremos surgir um 'estado de ser', em que cessou de todo a luta. Aquele 'estado de ser' é criação, e não resulta de luta. 

Quando há compreensão do que é, que é o vazio, a insuficiência interior, quando 'vivemos com essa insuficiência' e a compreendemos integralmente, surge a realidade criadora, a inteligência criadora, a qual, e só ela, pode trazer-nos a felicidade. 

A ação, por conseguinte, tal como a conhecemos, é, com efeito, reação, incessante 'vir a ser', quer dizer, negação, fuga do que é. Mas, quando temos conhecimento do vazio, sem escolher, condenar nem justificar, nesse entendimento do que é, há ação, e esta ação é existência criadora. Compreendereis isso, se observardes a vós mesmos, na ação. Observai-vos, quando agis, não só exteriormente, mas observai também o movimento de vosso pensar e sentir. Quando estiverdes cônscios desse movimento, vereis que o processo do pensamento, que é também sentimento e ação, está baseado na idéia de 'vir a ser'. A ideia de 'vir a ser' só se apresenta quando há sentimento de insegurança, e este se manifesta quando estamos cônscios do vazio interior. Se estiverdes cônscios desse processo do pensamento e sentimento, vereis que há uma batalha constante, um esforço contínuo, para transformar modificar, alterar o que é. é este o esforço de 'vir a ser', e o 'vir a ser' é uma maneira direta de evitar o que é. Pelo autoconhecimento, pelo constante percebimento, vereis que a luta, a batalha, o conflito de 'vir a ser', conduz à dor, ao sofrimento, e à ignorância. Só se estiverdes cônscios da insuficiência interior e 'viverdes com ela', sem tentardes fugir, mas aceitando-a inteiramente, descobrireis uma extraordinária tranquilidade, uma tranquilidade não arranjada, não ajustada, mas uma tranquilidade que vem com a compreensão do que é. Só nesse estado de tranquilidade é possível a existência criadora."

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 60/62)

sábado, 24 de setembro de 2016

ESFORÇO (1ª PARTE)

"Para a maioria de nós, toda a vida está baseada no esforço, em alguma espécie de volição. Não podemos conceber ação sem volição, sem esforço; nisso está baseada nossa vida. A vida social, econômica, e a chamada vida espiritual são uma série de esforços, culminando sempre em certo resultado. E pensamos que o esforço é essencial, necessário. 

Por que fazemos esforço? Não é, falando com simplicidade, com o fim de alcançarmos um resultado, de nos tornarmos alguma coisa, de alcançarmos um objetivo? Se nenhum esforço fazemos, pensamos cair na estagnação. Temos uma idéia a respeito do alvo que estamos lutando para alcançar e esta luta se tornou parte da nossa vida. Se desejamos modificar-nos, mudar radicalmente, fazemos um esforço tremendo para eliminar os velhos hábitos, resistir às influências ambientes, etc. Estamos, pois, habituados a essa série de esforços no sentido de encontrar ou realizar alguma coisa, para vivermos de alguma maneira. 

Todo esse esforço não representa atividade do 'ego'? Esforço não significa atividade egocêntrica? Se fazemos um esforço, procedente do centro do 'eu', esse esforço inevitavelmente produzirá mais conflito, mais confusão e amargura. Entretanto, continuamos, obstinadamente, a fazer esforço sobre esforço. Pouquíssimos dentre nós compreendem que a atividade egocêntrica do esforço não nos livra de nenhum dos nossos problemas. Pelo contrário, aumenta nossa confusão, nossa amargura, nosso sofrimento. Sabemo-lo, e entretanto continuamos a nutrir a esperança de nos libertarmos, de algum modo, dessa atividade egocêntrica do esforço, da ação da vontade. 

Penso que chegaremos a compreender o significado da vida, se entendermos o que quer dizer fazer um esforço. Vem a felicidade como resultado do esforço? Já tentastes alguma vez ser felizes? E impossível isso, não achais? Lutais para ser felizes, e não há felicidade, há? A alegria não vem como resultado de coerção, de refreamento ou transigência. Podeis ceder, mas no fim encontrareis amargura. Podeis refrear ou controlar, mas há sempre luta, subterrâneamente. A felicidade, pois, não se consegue pelo esforço, nem a alegria pelo controle e refreamento. Entretanto, toda nossa vida é uma série de esforços, de refreamento, de controle, e uma série de lamentáveis capitulações. Há também um constante esforço de domínio, uma luta constante com nossas paixões, nossa ganância e estupidez. Não é certo que estamos lutando, agitando-nos, esforçando-nos, na esperança de acharmos a felicidade, de acharmos alguma coisa que nos dê um sentimento de paz, um sentimento de amor? Mas o amor ou a compreensão resulta de luta? Julgo importantíssimo compreender o que se entende por luta ou esforço. (...)"

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 58/59)


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

DE ONDE PROVÉM AS DOENÇAS (2ª PARTE)

"(...) O nosso subconsciente (que é o concentrado de nossas experiências passadas) recebe toda a impressão do que pensamos e sentimos. As camadas psíquicas (planos mental e emocional) e as camadas densas (planos etérico e físico) do planeta também recebem todas as nossas emanações. Tanto o subconsciente quanto essas camadas reagem então segundo o estímulo que lhes enviamos. Se, portanto, alguém confirma em si mesmo, com sua atitude, somente a sua aparência humana, está, sem perceber, se abrindo à possibilidade de ficar enfermo. Para estar relativamente livre dessa condição de desarmonia é necessário que aprenda a permanecer estável na ideia de que a maior parte de seu ser se encontra em níveis supramentais, e que lhe cabe tomar consciência disso de maneira cada vez mais clara. 

Por longos períodos de tempo em que se desenvolvia a civilização terrestre atual, o homem habituou-se a identificar-se com os aspectos densos e pessoais do seu ser, sem saber que, com isso, polarizava sua atenção nos níveis em que ocorre o atrito entre as forças construtivas solares e a atmosfera terrestre contaminada pelas forças lunares. Seguindo no passado essa tendência (que nos dias de hoje está rapidamente declinando), os eus superiores estiveram mais receptivos à realidade do mundo concreto do que ativos em outras direções. Ainda estão vivos em nossa memória os ensinamentos típicos de épocas passadas, como, por exemplo, as doutrinas emanadas de religiões organizadas que enfatizavam a imperfeição e as limitações do homem, reforçando assim sua identificação com os níveis onde a doença existe.

A propaganda de remédios, a descrição pormenorizada (e nem sempre necessária) dos aspectos das doenças, os costumes alimentares retrógrados, a ansiedade produzida pelo hábito da concorrência e da competição e o desejo canalizado para coisas da matéria mais densa, levaram-nos a uma identificação progressiva com as áreas enfermas do planeta. Atualmente, os poderes superiores que existem dentro do homem estão sendo reconhecidos por ele, e a progressiva concentração de sua mente nas dimensões supramentais lhe propiciará certa imunidade, desde que ele persista em seu trabalho de colocar sua personalidade em alinhamento com a vontade superior. Tal trabalho nada mais é que a contínua atenção em manter-se coerente (nas ações, sentimenos e pensamentos) com a meta espiritual escolhida.

Quem assume esse processo precisa saber de um ponto básico e essencial: o antagonismo com a enfermidade reforça o desequilíbrio e o perpetua. Fomos educados para 'combater' as moléstias, e para julgá-las sempre negativas, e por isso não nos damos conta de outros aspectos que possam ter. Na realidade, elas nos estão sempre demonstrando que há algum ponto a ser transformado em nossa vida e atitude."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 34/36


domingo, 11 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (PARTE FINAL)

"(...) A consciência hindu reconhece a verdade de que há momentos quando se pode opor-se ao costume. O pensamento hindu não exige submissão a cada costume. Se um costume entra em conflito com o dharma, abandonemos o costume e fiquemos com o dharma. Pensemos por um momento, se sempre nos submetermos ao costume, como poderá a sociedade progredir?

Por outro lado, existe algo chamado lei estatutária, isto é, criada por um estado. Jurisprudência é o estudo das leis de estado. Roma é a terra natal da jurisprudência clássica. É a única ciência dos romanos. Essa 'lei' trata de casos e de sua classificação. Dharma também não é lei estatutária. Existem casos de conflito entre dharma  e leis de estado. Deveriam as pessoas desobedecer a uma lei de estado? A pergunta deve ser decidida em cada caso individual, segundo seu próprio mérito. Não posso dizer-lhes em termos gerais: não obedeçam ao estado, ou obedeçam ao estado. Cada lei de estado deve ser considerada segundo seu próprio mérito. Pense em Sócrates. A equivocada democracia ateniense julga Sócrates. As acusações assacadas contra Sócrates são muitas. Sócrates está preparado para beber o copo de cicuta. Alguns discípulos arranjaram para que ele escapasse da cela e lhe pedem para fugir. Sócrates diz: 'Não!'. Ele diz que nada fará para fugir e que não irá desobedecer ou infringir a lei do estado. Pense, por outro lado, em Thoreau. Ele defende a desobediência civil. Assim, nem sempre é fácil dizer quando se deve obedecer e quando se deve desobedecer a uma lei de estado. Desejo assinalar que dharma não é uma lei estatutária. O que então, é o dharma!

Dharma é a lei interior. Nos livros budistas ele aparece como bodhi. Todo homem possui a sabedoria dentro de si; e abençoado é aquele que não confia nos costumes, mas na orientação da sua sabedoria interior. Às vezes falam do dharma como a impessoal lei de função. Nossos costumes e nossas leis de estado são leis muitas vezes preocupadas com coisas estáticas. Um homem rouba seu dinheiro e a lei o pune. Essa lei está interessada principalmente nas coisas. Mas Dharma, a Lei Interior, é verdadeiramente impessoal. Uma lei de estado é aquele que é criada por uma categoria ou partido no poder. Essa é, em grande parte, propriedade dos poderosos. Seu direito (recht) é a expressão do poder. Mirabeau disse: 'A lei das nações é a lei dos fortes cuja observância é imposta aos fracos'. Por trás dessa lei está a concepção do 'estado barraco'. Essa lei está preocupada com a 'persona', isto é, com as pessoas no plano sócioeconômico. Haverá outro plano? Dharma é a impessoal lei de função. É a verdadeira Sanatan Dharma. Somente ela vive e não muda. 

Então, meu dever é cooperar com essa Lei - a grande lei da vida no mundo. E, para cooperar assim, devemos obedecer a certas disciplinas. O Gita é um livro de disciplinas, uma escritura de sadhanas. Devemos aceitar certas disciplinas para cooperarmos com a Grande Lei."

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39/40)


domingo, 8 de maio de 2016

O DESAFIO DOS RELACIONAMENTOS (PARTE FINAL)

"(...)  Você deve praticar o desapego se quiser criar relacionamentos duradouros e harmoniosos. Ser espiritualmente desapegado significa ser capaz de abrir mão de nossas necessidades e preferências. Sem esse desapego você não consegue evitar manipular as outras pessoas, o que cria conflito em seus relacionamentos.

A paz surge da prática contínua do desapego - em casa, no trabalho, com amigos e parentes, e especialmente com pessoas difíceis. A pessoa espiritualmente desapegada não deixa o relacionamento se degenerar até se transformar em um jogo de estímulo e resposta. O teste é simples: mesmo que você esteja chateado ou zangado comigo, eu consigo permanecer calmo, amoroso e gentil com você e lhe ajudar a vencer a raiva? Se você persistir em continuar zangado comigo, consigo ainda ser amoroso com você?

A aversão pelas pessoas é na verdade um reflexo de nós, não daqueles de quem não gostamos. Tendemos a ver os outros não como realmente são, mas como somos. Nossos relacionamentos são sempre espelhos, refletindo algum aspecto de nós mesmos. Esse é o modo do espírito dizer: 'Olhe para o que podemos aprender a respeito de nós mesmos.'

Preste muita atenção quando um padrão ou um comportamento particular se refletir em você vindo de três ou mais pessoas diferentes, pois então você pode ter certeza de que aí está algo que é preciso verificar. Para uma pessoa zangada, todo mundo parece zangado e cheio de hostilidade. Para uma pessoa desconfiada, todo mundo parece suspeito. Para uma pessoa amorosa e terna, todo mundo merece amor, toda ocasião é uma oportunidade para oferecer perdão e ver o melhor nas outras pessoas." 

(Susan Smith Jones - O desafio dos relacionamentos - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 33)


segunda-feira, 28 de março de 2016

A BOA CONVIVÊNCIA COM O PRÓXIMO COMEÇA EM CASA

"Enquanto aprende a viver bem consigo mesmo, pratique também a arte de conviver com os outros - uma grande arte, embora difícil.

Comece em sua própria casa, com as pessoas que convivem com você. Há um ditado: 'um anjo nas ruas e um demônio em casa'. Se aprender a se dar bem com o pessoal de casa, você estará mais bem equipado para conviver com o resto do mundo. Corrija seu comportamento, sua atitude. Se tentar fugir dos que entram em atrito com você, ainda assim seu temperamento e suas paixões continuarão pendurados em você; aonde quer que vá, continuará a ter dificuldades. Por que não resolver as dificuldades aqui e agora?

Antes de qualquer coisa, sempre que tiver problemas com outras pessoas, analise-se: veja se não é o culpado pelo que aconteceu. Faça uma introspecção profunda e veja se seu comportamento está correto; veja se merece as críticas que lhe são feitas. E lembre-se: exemplos falam mais alto do que palavras. Se quer transformar alguém, transforme primeiro a si mesmo. Se quer ensinar outra pessoa a conviver com os outros, dê o exemplo. Viver bem com os seres humanos significa viver bem com Deus, desde que eles não se comportem injustamente em relação a você. Jesus foi injustamente perseguido. Mas se uma pessoa criticar você justamente, significa que ainda é necessário um esforço maior para se corrigir."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 144)


sábado, 26 de março de 2016

OS CAMINHOS DA SAÚDE (PARTE FINAL)

"(...) A negação da unidade da vida assume comumente o aspecto de crueldade. A desumanidade do homem para com o homem é proverbial. As prisões e os relatórios de sociedades de proteção a mulheres e crianças fornecem as provas. Os crimes praticados contra os animais vêm de longa data e abrangem o mundo inteiro. O homem é o maior inimigo dos animais. Nos abatedouros, a humanidade alcança o ápice da selvageria, pois a brutal matança é desnecessária e os animais são indefesos. 

O resultado inevitável, de acordo com as leis que acabamos de enunciar, é a miséria e a doença. Aqueles que matam animais e consomem suas carcaças não podem ser indivíduos felizes ou saudáveis. Eles estão em conflito com a unidade da vida e com o poder, o propósito e o impulso da natureza, pois toda a criação se move rumo à plenitude da liberdade de manifestação. 

A chave para a saúde e a felicidade é a clemência, definida como benevolência, compaixão e gentileza para com todos os seres sencientes. Existem quatro razões básicas para a clemência. A primeira é que somente a clemência ratifica o fato da unidade da vida. O dano a uma única criatura pode ter amplas consequências, pois a vida em todos os seres é a vida una. A crueldade traz sofrimento a todos, inclusive ao autor. A vida una é uma energia consciente e criativa. Efeitos agradáveis ou dolorosos são comunicados através de toda a existência manifestada. 

A segunda razão é que na conduta clemente, a mais elevada ratificação da unidade, está o amor universal. Deve-se ser clemente por causa do amor. Tudo o mais são trevas. A terceira razão é que a saúde e a felicidade de todos os seres dependem de seu relacionamento mútuo. Todos nós dependemos muito uns dos outros para o nosso bem-estar, progresso e realização. A quarta razão para a clemência é que, sob a lei de causa e efeito, o homem colhe aquilo que semeia. A crueldade inevitavelmente traz sofrimento, e a gentileza com toda certeza traz felicidade."

(Geoffrey Hodson - Os caminhos da saúde - Revista Sophia, Ano 12, nº 50 - p. 38/39

terça-feira, 22 de março de 2016

OS RELACIONAMENTOS

"A maioria dos relacionamentos humanos se restringe à troca de palavras - o reino do pensamento. É fundamental trazer um pouco de silêncio e calma, sobretudo aos seus relacionamentos íntimos.

Nenhum relacionamento pode existir sem a sensação de espaço que vem com o silêncio e a calma. Meditar ou passar um tempo juntos, em silêncio, na natureza, por exemplo. Se as duas pessoas forem caminhar, ou mesmo se ficarem sentadas uma ao lado da outra no carro ou em casa, elas irão se sentir bem por estarem juntas, em silêncio e na calma. Nem o silêncio nem a calma precisam ser criados. Eles já estão presentes, embora perturbados e obscurecidos pelo barulho da mente. Basta abrir-se para eles.

Se falta um espaço de silêncio e calma, o relacionamento será dominado pela mente e correrá o risco de ser invadido por problemas e conflitos. Se há silêncio e calma, eles se tornam capazes de dominar qualquer coisa.

Ouvir com verdadeira atenção é outra forma de trazer calma ao relacionamento. Quando você realmente ouve o que o outro tem a dizer, a calma surge e se torna parte essencial do relacionamento. Mas ouvir com atenção é uma habilidade rara. Em geral, as pessoas concentram a maior parte de sua atenção no que estão pensando. Na melhor das hipóteses ficam avaliando as palavras do outro ou apenas usam o que o outro diz para falar de suas próprias experiências. ou então não ouvem nada, pois estão perdidas nos próprios pensamentos.

Ouvir com atenção é muito mais do que escutar. ouvir com atenção é estar alerta, é abrir um espaço em que as palavras são acolhidas. as palavras se tornam então secundárias, podendo ou não fazer sentido. Bem mais importando do que aquilo que você está ouvindo é o ato em si de ouvir, o espaço de presença consciente que surge à medida que você ouve. Esse espaço é um campo unificador feito de atenção em que você encontra a outra pessoa sem as barreiras separadoras criadas pelos conceitos do pensamento. A outra pessoa deixa de ser o 'outro'. Nesse espaço, você e ela se tornam uma só consciência."

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed, Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 59/60)


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

HÁBITOS DESTRUTIVOS (2ª PARTE)

"(...) A luta é um hábito psicológico destrutivo para provar o próprio mérito, para parecer esperto, obter vantagens, progredir rapidamente e assim por diante. Mas por que devemos parecer espertos? Por que devemos parecer alguma coisa? Por que todo esse esforço? Será possível agir e viver, fazer o que vale a pena, o que é útil e bom, sem precisar psicologicamente lutar para isso?´

Como lutar é um hábito do ego, quando as pessoas decidem não fazer parte do mundo e viver a vida espiritual, a mente continua ansiosa por obter a atenção do guru, para se iluminar rapidamente ou para encontrar o melhor método de vencer os defeitos. Assim, ela não é pacífica. É fácil ser mundano enquanto se imagina ser espiritual. Por outro lado, ao perceber que o eu egoísta se alimenta da confrontação com os outros, com as ideias, as circunstâncias e os seus próprios defeitos, a pessoa se livra da tensão, e sobrevém a calma.

Viver uma vida saudável, ser natural e feliz como as crianças significa não lutar, mas permanecer quieto e calmo com o que quer que seja. O Taoísmo ensina a não resistência, o que implica profundo contentamento interior, em harmonia com o céu e a terra. Não será isso o que quer dizer o Bhagavad Gita ao aconselhar a pessoa a agir 'estabelecida no yoga'? Yoga é realizar plenamente a harmonia do céu e da terra dos quais somos parte. Quando não há sentimento de luta, ocorre uma mudança nos nossos relacionamentos e em nosso próprio ser.

Pessoas inteligentes e talentosas oferecem soluções variadas para os imensos problemas atuais, mas muitas vezes a cura é pior que a doença. O uso de produtos químicos artificiais é um exemplo. Supunha-se que prenunciavam uma sociedade livre de doenças, mas criaram novos problemas. Quem sabe o que irá resultar das manipulações genéticas?

Somos incapazes de dar fim aos conflitos no mundo ou de erradicar a pobreza. Será que somos tão impotentes porque somos vítimas do estresse do ego, que essencialmente projeta ilusões a partir de mentes perturbadas e, portanto, obscuras? Obviamente, apenas a mente tranquila possui clareza; a mente confusa acredita em suas capacidades e supõe que a confusão pode ser subitamente dissipada. Mas isso não acontece, porque suas percepções não são nem totais nem saudáveis. (...)"

(Radha Burnier - Estar no mundo e viver em paz - Revista Sophia, Ano 11, nº 41 - p. 29/30)
www.revistasophia.com.br


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

ESTAR NO MUNDO E VIVER EM PAZ (PARTE FINAL)

"(...) Muitos são os caminhos para tentar fugir dos altos e baixos da vida, com suas esperanças e temores. Uma forma de fuga é a busca do prazer, tão comum hoje - encontrar coisas boas para comer, novas roupas, passeios. Essas atividades não são erradas, desde que não haja crueldade ou indiferença para com as necessidades dos outros; porém, a fuga deixa a mente com seu problema básico de incerteza e confusão. Todas as formas de fuga são uma distração da necessidade de refletir sobre a vida e seu significado.

Outra fuga é se isolar do mundo e de seus acontecimentos, dizendo: 'Não quero participar desse jogo.' Milhões de pessoas, nesses tempos de violência, estão preocupadas apenas com seus próprios afazeres e vivem alheias a qualquer outra coisa. Não fosse assim, a maior parte delas se levantaria para protestar contra a fabricação de armas e outras calamidades atuais. Existe conforto na conformidade, por isso a maioria faz o que todo mundo faz e espera o melhor.

Qualquer que seja o rumo adotado, a fadiga se instalará a seu tempo. Muitos idosos têm essa experiência, não simplesmente porque é difícil lidar com um corpo que envelhece, mas por sentir um tipo diferente de cansaço. Todas as experiências mundanas são repetitivas; depois de algum tempo tornam-se chatas, sem graça, até mesmo intoleráveis. Por isso, em todas as civilizações, homens e mulheres retiram-se para viver em solidão, oração e contemplação. Mas também aí as emoções e os pensamentos funcionam. Também num convento há ciúmes a respeito de pequenas questões, angústias e busca de poder.  

A reclusão não é muito diferente de estar no mundo, quando a mente funciona da mesma forma. A mente egocêntrica está em toda parte. Mesmo o monte Everest está cheio de lixo, e locais remotos não estão livres de ruído. Não é fácil se retirar do mundo nem ser parte dele."

(Radha Burnier - Estar no mundo e viver em paz - Revista Sophia - Ano 11, nº 41 - p. 28/29)


terça-feira, 24 de novembro de 2015

O JUGO DE CRISTO

"Jesus, o grande Mestre de Yoga, uma vez exortou os discípulos para que aceitassem seu santo 'jugo', como condição de se libertarem de suas cargas e fadigas existenciais.
Vinde a Mim todos os fatigados e sobrecarregados, e Eu vos repousarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim... porque meu jugo é benéfico e meu fardo é leve. (Mt 11:29)
Noutra oportunidade, conforme ouso inferir, indiretamente enfatizou mais uma vez a necessidade do santo 'jugo' ou samadhi, ao demonstrar a vulnerabilidade de qualquer sistema, quando dominado por viadhi, isto é, por conflitos internos:
Se um reino se dividir contra si mesmo, esse reino não pode subsistir. Se uma casa se dividir contra si mesma, essa casa não pode permanecer. (Mt 12:25)
O reino ou a casa representa cada um de nós, 'normalmente' fragmentados por dentro, portanto desprotegidos contra e entropia ou viadhi.

Como pode ser visto, o jugo do Cristo, benfazejo e suave, tem o mágico poder de aliviar a carga e a fadiga de cada ser humano, consequentemente da sociedade que constituímos.

Tudo que integre o homem em si mesmo, tudo que unifica os homens entre si, tudo que re-ligue o homem a Deus pode ser chamado Yoga, o jugo do Senhor."

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1996 - p. 30/31)


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

ESTRELAS ANÔNIMAS

"Os condutores de que o mundo precisa raramente aparecem. Surgem como estrelinhas faiscantes, mas em geral ficam anônimos, quando não perseguidos, anulados, esmagados pela mediocridade dominante.

Alguns desses raros seres nem sequer saem da pobreza em que nasceram.

O mundo não os entende. E muito menos lhes atende.

O mundo prefere continuar seu viver sofrido, entre choques de doutrinas, nacionalismos adversários, facciosismos conflitantes, impérios que crescem esmagando e fazendo injustiça, instalando a exploração, despertando ódios, derramando sangue... E tudo em proveito de mentirosas e efêmeras hegemonias.

Os gênios que poderiam conduzir o mundo à Paz continuam estrelinhas anônimas, ignoradas, isoladas, inacessíveis.

São estrelinhas num rasgo de céu em noite tempestuosa, pejada dos negros nimbos da violência e da ignorância.

Quando teremos nós, os homens, um céu todo estrelado?"

(Hermógenes - Mergulho na paz - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 30)


sábado, 18 de julho de 2015

ACEITAÇÃO E ENTREGA (1ª PARTE)

"Sempre que puder, olhe para dentro de si mesmo e procure ver se você está inconscientemente criando um conflito entre as circunstâncias externas de um determinado momento - onde você está, com quem está ou o que está fazendo - e os seus pensamentos e sentimentos. Você consegue sentir como é doloroso ficar se opondo internamente ao que é?

Quando reconhece esse conflito, você percebe que agora está livre para abrir mão dessa guerra interna inútil. Quantas vezes durante o dia, se você fosse verbalizar sua realidade interior, teria de dizer 'Não quero estar onde estou'? Como é sentir que não quer estar onde está - num engarrafamento, no seu local de trabalho, na sala de espera do aeroporto, ao lado de determinadas pessoas? 

É verdade que é ótimo conseguir sair de certos lugares - e às vezes é a melhor coisa que você pode fazer. Mas, em muitos casos, você não tem possibilidade de sair. Em todos esses casos, o 'Não quero estar onde estou' não só é inútil como prejudicial. Deixa você e os outros infelizes. Já foi dito: aonde quer que vá, você se leva. Em outras palavras: você está aqui. Sempre. Será que é tão difícil aceitar isso?

Você precisa criar um rótulo para tudo o que sente, para tudo o que percebe e para toda experiência? Precisa ter uma relação de gosto/não gosto com a vida, mantendo um conflito quase ininterrupto com situações e pessoas? Ou será que é apenas um hábito que pode ser rompido? Não é preciso fazer nada, basta deixar que cada momento seja como é.

O não reativo e habitual fortalece o ego, o 'eu' autocentrado. O 'sim' o enfraquece. Seu ego não é capaz de sobreviver à entrega. "Tenho tanta coisa para fazer.' Muito bem, mas existe qualidade no que você faz? (...) Quanta entrega ou recusa existe no que você faz? É essa entrega que determina o seu sucesso na vida, não a quantidade de esforço empreendido. O esforço implica estresse, cansaço e necessidade de alcançar um determinado resultado no futuro. (...)"

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 43/44)


domingo, 10 de maio de 2015

BHAKTI (1ª PARTE)

"É o caminho do amor devoto a Deus. É a solução mais adequada aos que nasceram dotados de grande sensibilidade (místicos, poetas, artistas), cuja afetividade lhes domina a vida. 

Quem, atendendo a Cristo, busca 'primeiro o reino de Deus', pelos caminhos do amor, infalivelmente alcançará os 'acréscimos', e entre estes a superação de todos os conflitos e ansiedades. 'Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou... Não se turbe vosso coração, nem se atemorize' (jo 14:27).

Efetivamente, é impossível ver-se lágrimas de desespero nos olhos dos que vivem inebriados de amor, se lembrando de Deus. O devoto, vendo-O em tudo, e em tudo O adorando, está isento, longe do desespero. Não há melhor recurso psicoterápico do que amar a Deus acima de tudo e em tudo.

Os homens gastam-se, perdem-se e se destroem na busca dos efêmeros 'acréscimos', esquecidos do essencial. Basta mudar de orientação, e amar a Deus com todas as forças da alma, dedicando-Lhe pensamentos, sentimentos e ações; basta inverter, mediante um discernimento superior (viveka), o processo de busca, passando a buscar antes o Reino de Deus, e todo sofrimento cessará. E a cruz pesada começará a perder peso. E acabará se transformando em bem-aventurança. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 225/226)


quinta-feira, 19 de março de 2015

TODO SER HUMANO PASSA POR INVERNOS EXISTENCIAIS (1ª PARTE)

"Toda e qualquer pessoa passa por turbulências em sua vida. As dores geradas por problemas externos ou por fatores internos são os fenômenos mais democráticos da existência. Um rei pode não ter problemas financeiros, mas pode ter problemas internos. A princesa Diana era elegante e humanística e não atravessava problemas financeiros, mas, pelo que consta, possuía dores emocionais intensas, sofria crises depressivas. Talvez sofresse mais do que muitos miseráveis da África ou do Nordeste brasileiro. 

As pessoas que passam por dores existenciais e as superam com dignidade ficam mais bonitas e interessantes interiormente. Quem passou pelo caos da depressão, da síndrome do pânico ou de outras doenças psíquicas e o superou se torna mais rico, belo e sábio. A sabedoria torna as pessoas mais atraentes, ainda que o tempo sulque a pele e imprima as marcas da velhice.

Uma pessoa que tem medo do medo, medo da sua depressão, das suas misérias psíquicas e sociais, tem menos equipamento intelectual para superá-las. O medo alimenta a dor. Aprender a enfrentar o medo, a atuar com segurança nos sofrimentos e a reciclar as causas que patrocinam os conflitos humanos conduz uma pessoa a reescrever sua história. 

Todos nós gostamos de viver as primaveras da vida, viver uma vida com prazer, com sentido, sem tédio, sem turbulências, em que os sonhos se tornem realidade e o sucesso bata à nossa porta. Entretanto, não há um ser humano que não atravesse invernos existenciais. Algumas perdas e frustrações que vivemos são imprevisíveis e inevitáveis. Quem consegue evitar todas as dores da existência? Quem nunca teve momentos de fragilidade e chorou lágrimas úmidas ou secas? Quem consegue evitar todos os erros e fracassos? O ser humano, por mais prevenido que seja, não pode controlar todas as variáveis da vida e evitar determinadas angústias. (...)"

(Augusto Cury - O Mestre dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2006 - p. 104/105)


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

OÁSIS

EM DIA DE treva,
é bom lembrar que a Luz está apenas temporariamente
oculta.

No tumulto dos conflitos,
necessário é pressentir a Paz.

Em meio à multidão sem rumo,
é gostoso falar da riqueza da Solidão.

Ensurdecido pela disfonia dos ruídos,
bom é ser tangido pelo acalanto do Silêncio.

No festival do amoralismo cultivado,
como é bom pensar e desejar e praticar o Bem!

Afogando-me em mar de ódios,
é sublime cultivar o Amor.

Vítima da injustiça dos potentados
o remédio é esperar pela Justiça de Deus.

Desgarrados e desolados na imensidade do grande deserto,
abriguemo-nos no Oásis de Deus.

Interrompamos o tropel agitado de todas as formas de fuga.

Paremos.

Sentemo-nos.

Vamos orar!

(Hermógenes - Viver em Deus - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2007 - p. 176/177)


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

MANTER A MENTE EM DEUS AJUDA A RESOLVER OS PROBLEMAS

"Todas as vezes que procurávamos Paramahansaji com qualquer tipo de problema ou queixa pessoal - se tínhamos críticas a fazer, ou nos víamos em conflito com outras pessoas ou com nosso trabalho - ele não se detinha nesse assunto particular. De fato, com uma única exceção, não consigo lembrar de ele ter-se sentado e conversado comigo sobre meus problemas. Nós discípulos nunca o procurávamos para consultas pessoais, porque sabíamos qual seria a sua resposta. 'Simplesmente mantenha sua mente aqui', dizia ele, apontando para o centro crístico entre as sobrancelhas, a sede da consciência espiritual e do olho divino.¹ 'Mantenha sua atenção aqui e conserve Deus em sua consciência.' Para algumas pessoas talvez pudesse parecer que ele não oferecia o que estávamos procurando; afinal, podia-se esperar que um guru desse a seus discípulos um longo discurso a respeito da espiritualidade, da natureza de Deus, do valor da virtude. Porém, normalmente, ele dizia somente aquelas poucas palavras, tranquilas e efetivas. E para quem era receptivo, isso era tudo que se necessitava. Dessa forma, ele nos ensinava que, quando endireitávamos nossa própria consciência, invariavelmente encontrávamos a solução correta para nossos problemas.

O Mestre era uma pessoa excepcionalmente simples, como são todos os grandes amantes de Deus. Ele tinha apenas um pedido e uma lição que queria que aprendêssemos; que Deus devia vir em primeiro lugar em nossa vida. Devíamos manter em nossa consciência as palavras de Cristo: 'Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas'.² Ele não reservava esse conselho apenas para aqueles que vivem em mosteiros, mas para toda a humanidade. Se insistirmos nesta verdade - buscar Deus primeiro - gradualmente começaremos a compreender o que ela significa. Quando temos dor de estômago, quando estamos passando por problemas em nossa família, ou quando estamos tendo dificuldade no trabalho, a solução é muito simples: crave, com precisão, a mente em Deus. Ancore-se primeiro Nele, e depois, nesse nível de consciência, procure resolver seus problemas. Você ficará impressionado de ver com que rapidez e eficácia isso funciona. Sei, porque essa é a maneira pela qual tenho vivido e cumprido minhas muitas responsabilidades todos esses anos."

¹ O olho espiritual; o centro da percepção espiritual e da sabedoria intuitiva no homem.
² Mateus 6:33.

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 29/31)
http://www.omnisciencia.com.br/so-o-amor.html


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

TODOS ESTAMOS DOENTES NO TERRITÓRIO DA EMOÇÃO

"Não há uma pessoa nesta terra que não esteja doente no território da emoção. Uns mais e outros menos. Uns manifestam seus conflitos e outros ficam represados. Mas todos temos, em diferentes graus, dificuldades de administrar nossos pensamentos. Quem consegue gerenciar plenamente seus sentimentos e ser senhor de sua emoção?

O maior doente é o que não reconhece a sua fragilidade. Cuidado! Como disse, temos no máximo cinco segundos para criticar silenciosamente as zonas de tensão da emoção e não permitir que elas se tornem matrizes doentias na memória e, consequentemente, evitar que gerem ideias fixas. Não deixe que as ofensas estraguem seu dia. Não permita que os fracassos façam de você uma pessoa tímida e inferiorizada. Não se puna diante dos seus erros. O sentimento de culpa deve ter uma dose suficiente para fazê-lo reconhecer as suas falhas e mudar suas rotas. Atenção! Se o sentimento de culpa for exagerado, ele paralisará sua emoção e o controlará.

Podemos inferir, do ponto de vista psicológico, que Jesus passou pelo mais dramático e contínuo estado de stress que um ser humano pode passar. Portanto, era de se esperar que quando ele abrisse a boca, aparecesse um homem radical e agressivo, mas eis que apareceu um homem extremamente gentil e agradável.

Era crível que surgisse um homem que desse pouco valor à vida, mas eis que apareceu alguém, que gostava de olhar os lírios do campo. Era previsível que fosse gerado um revoltado, um especialista em reclamar e julgar os outros, mas eis que surgiu um homem, dizendo: 'Felizes são os misericordiosos, porque alcançarão a misericórdia'. Quem é esse que exala gentileza na terra árida pelo stress?"

(Augusto Cury - O Mestre do Amor - Ed. Academia de Inteligência, São Paulo, 2002 - p. 45/46)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

SAKSHI (2ª PARTE)

"(...) Se você estiver metido na multidão e houver correrias e atropelos por causa de um conflito de rua, o pânico geral poderá contaminá-lo, a menos que você consiga se comportar como um 'espectador silente', observando o que se passa, a menos que exercite sakshi.

Muitos alunos meus têm obtido proveitosos resultados no controle de crises da 'coisa' mediante se comportar como 'testemunha silente'. Saem mentalmente, da condição de pacientes e de envolvidos, e se conduzem como se a taquicardia, ou ataque de asma, ou quaisquer sintomas que antes os alarmavam, estivessem se processando em algo que não eles mesmos. Tomam consciência apenas do que se passa no corpo, sem se deixar cair presas do medo. As coisas desagradáveis, que antes conseguiam deixá-los apavorados, eles agora conseguem 'desmoralizar', por se colocarem a distância, como se não fosse com eles. O interessante é que essa atitude tem efeito tranquilizante imediato, afrouxa a tensão e consequentemente o mal-estar. Esse sentar-se na margem e ficar vendo o rio correr atua como os tranquilizantes comprados em farmácia. Desenvolva esse instrumento de redenção.

Os acontecimentos internacionais, cada dia mais dramáticos, com o choque de ideologias; os acontecimentos econômicos, políticos, sociais, realmente são assustadores pelos maus presságios. A iminência de uma guerra nuclear, os atos terroristas, as greves e as sabotagens, as injustiças sociais, os golpes de estado, mil e um acontecimentos, que a voz caprichosamente emocionada dos locutores e as manchetes da imprensa fazem ainda mais traumatizantes, estão aí para liquidar com seus nervos. Você precisa ficar imune a isso.

Como? Sakshi é a resposta. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 154/155)