OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 14 de abril de 2020

DESTINO DOS CORPOS

Resultado de imagem para corpos espirituais do homem"Os corpos têm de ser utilizados, gastos e, por último, abandonados. O homem utiliza seu corpo mental durante todo o ciclo de evolução nos três mundos, desde o nascimento no mundo físico até que deixa o mundo celeste para renascer na terra. É o primeiro corpo do qual se reveste em cada ciclo de vida e o último que abandona. Depois do corpo mental, se reveste do astral para descer do mundo mental ao mundo das emoções e o abandona quando deste mundo emocional ascende ao mental. Finalmente se reveste do corpo físico ou de ação, que abandona ao morrer na terra, ou seja, quando do mundo físico ascende ao astral em seu caminho para o mental.

Portanto, vemos que o homem está revestido de três corpos ou roupagens inseparáveis durante a série de reencarnações, e sobrevestido de outros três corpos ou roupagens transitórias e separáveis, que nascem e morrem e cuja matéria componente reverte à massa geral de seu respectivo mundo, para fazer parte de outras agregações de matéria mineral, vegetal, animal e humana. Pode-se dizer que durante cada uma das três etapas de sua vida o homem tem seus copos em arrendamento, e também assim não são sempre as mesmas as partículas que os contituem, mas que estão em contínuo fluxo e refluxo de assimilação e desassimilação. Daí o contágio das enfermidades e da saúde; o das covardias e dos heroísmos; das superstições e dos nobres pensamentos. Continuamente passam de uma a outra pessoa partículas dos três corpos mental, astral e físico, e cada um de nós é responsável pela índole mórbida ou saudável de suas próprias emanações físicas, astrais e mentais.

As partículas de matéria adequada aos elevados pensamentos, nobres emoções, pura e límpida conduta se aglomeram ao redor de nós formando uma atmosfera de saúde moral, mental e física, enquanto que as partículas de matéria adequada aos baixos pensamentos, emoções grosseiras e conduta libertina criam um ambiente mórbido repleto de germes patogênicos de toda espécie. Há micróbios morais e mentais, como os há físicos."

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 20/21)

terça-feira, 3 de março de 2020

A RELAÇÃO ENTRE HOMENS E ANIMAIS (PARTE FINAL)

"(...) O homem por mais evoluído ou primitivo que seja, possui um corpo astral, um corpo mental e um corpo causal, com o espírito protegendo e vivificando tudo. Mas o animal possui um corpo astral, uma nuvem vaga representando um corpo mental embrionário e o espírito protetor; o corpo causal, aquilo que torna possível o 'eu' autoconsciente, está ausente. Aqui reside a diferença entre o homem e o animal, entre o mais nobre animal e o mais brutal ser humano.

Quando um animal se torna intensamente devotado a um ser humano, e se apega a esse humano com fidelidade apaixonada, a atividade da inteligência humana estimula o despertar da inteligência do animal e acelera o desabrochar de suas potencialidades. Finalmente, um lampejo, como uma centelha elétrica, salta sobre o abismo entre o espírito que cuida e a mente embrionária; uma ponte de luz se estende sobre o abismo, e uma alma individual nasce. Daí em diante aquele animal se separa de sua espécie, tendo completado o limite da evolução animal. Sua morte será seguida de um grande período de repouso e crescimento interior, e, após um longo tempo ele nascerá como ser humano, para começar outro longo curso de evolução.

Esses caso são, na verdade, raras exceções, mas todos os animais estão trilhando o caminho que leva à individualização espiritual, e seu progresso é acelerado ou retardado pelos seres humanos com os quais entram em contato. O cão, o gato e o cavalo são três espécies capazes de obter maior proveito da associação com o homem, e seu progresso no reino animal pode ser muito acelerado pelo treinamento sábio, firme e compassivo oferecido por seus irmãos mais velhos, os homens. Mesmo se não alcançarem o ponto de individualização, podem ser levados até muito perto dele; um elo se forma entre eles e o dono, elo que no futuro será uma fonte de benefícios e felicidade.

O homem deve aprender a se considerar o irmão mais velho do mundo animal e usar seus poderes para apoiar e auxiliar esses jovens companheiros, não para explorá-los e maltratá-los. Deve deixar de considerar que os animais existem para seu uso e conforto; deve tratá-los como irmãos mais novos na família divina, sabendo que para esses seres ele é o representante do divino, a quem deve responder pela responsabilidade colocada em suas mãos."

(Annie Besant - A relação entre homens e animais - Revista Sophia, Ano 11, nº 42 - p. 23)
www.revistasophia.com.br


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

A RELAÇÃO ENTRE HOMENS E ANIMAIS (1ª PARTE)

"A relação do homem com os animais é compreendida de maneira bastante incompleta, principalmente porque os animais normalmente são considerados seres 'sem alma', e por isso separados do homem por um abismo insuperável. Mesmo entre os que evitam cometer crueldades há uma ideia generalizada de que os animais são meros acessórios para o homem - 'Deus fez os animais para uso do homem', como muitas vezes se diz. Essa postura de considerar o animal somente à luz de sua utilidade faz com que as pessoas considerem sem sentido questões como o bem-estar e a evolução dos animais.

Mas tudo isso muda se eles forem vistos como criaturas em evolução - se o animal, tal como o homem, tiver uma 'alma'. Nos animais encontramos afeto fraternal, capacidade de amar, medo da dor, uma inteligência que está despertando, e em alguns vemos grande coragem, resignação, fidelidade e devoção ao dono. Por maiores que sejam as diferenças entre essas qualidades e as suas correspondente no homem, elas são diferenças em grau, não em espécie; é possível encontrar um melhor caráter moral num cachorro domesticado do que em alguns seres humanos.

Um cão valente, amoroso, fiel até a morte, merece mais a imortalidade espiritual do que um criminoso sanguinário e cruel. Contudo, a ortodoxia religiosa comum condena aquele à extinção e concede a este a imortalidade. É verdade que existe uma diferença importante entre o animal e o homem; ambos são vivificados por um espírito imortal, cujos poderes são desenvolvidos e ativos em maior ou menor grau, mas a ponte entre o espírito imortal e um corpo que perece, aquilo que às vezes é chamado de 'alma', o 'eu' inteligente, autoconsciente, está presente no homem, mesmo num homem brutal e normalmente está ausente no animal. 

Vejamos um rebanho de ovelhas, uma manada de bois, ou qualquer outro grupo de animais semelhantes, selvagens ou domesticados; observa-se entre eles características semelhantes de pensamento, sentimento e ação. São em grande parte guiados por instintos que compartilham, e comparativamente pouco guiados pelo raciocínio individual. É como se houvesse uma 'alma de grupo' guiando a todos.

Mas quando um animal entre em estreito contato com o homem - um animal como o gato ou o cão - uma mudança gradual torna-se visível ao observador criterioso. Se o animal for uma espécie apropriada, e se for fortemente devotado ao dono, gradualmente começará a demonstrar sinais de individualidade; desenvolverá preferências, seguirá caminhos próprios, manifestará crescente capacidade de raciocínio. (...)"

(Annie Besant - A relação entre homens e animais - Revista Sophia, Ano 11, nº 42 - p. 23)


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O MEDO DA LIBERDADE

Resultado de imagem para liberdade na natureza"O hábito é útil no plano físico. É por meio do hábito que as várias funções do corpo físico ocorrem e continuam a ocorrer de modo eficiente. Se fosse necessário aplicar a mente aos processos físicos como respiração e digestão, não sobraria energia para nada mais. Portanto, o corpo se desenvolveu de tal maneira que automaticamente cuida de suas próprias funções essenciais.

No entanto, o hábito atuante em nossa natureza psicológica, estabelecendo reflexos que evitam o uso da mente e da inteligência, está longe de ser uma vantagem. Pessoas inteligentes têm teorias a respeito de usar a propensão da mente de se condicionar como um método de mudança, mas isso é apenas mais um meio para os espertos explorarem os outros. Muitos problemas atuais - religiosos, políticos ou econômicos - envolvem esse tipo de exploração.

As pessoas se acostumam tanto aos condicionamentos que às vezes perguntam se é realmente possível viver de forma não condicionada, isto é, ser verdadeiramente livre. Implícito nessa questão está o desejo de agir mecanicamente, de ser instruído a pensar e agir, e também o medo de ser completamente livre - e inteiramente só.

O movimento evolutivo prosseguiu continuamente na direção de uma maior liberdade, tanto fisicamente quanto internamente. É claro que o animal é, fisicamente, mais livre do que o vegetal, pois não está enraizado em algum lugar; ao mesmo tempo, o vegetal é mais livre do que o mineral, pois é capaz de crescer e viver mais experiências.

Com cada reino surge uma maior liberdade; no entanto, o processo não é inteiramente físico. O ser humano exercita a escolha e não está sob compulsão, como está o animal que só se acasala quando chega a estação, ou que precisa lugar para comer. O ser humano exercita a escolha sob várias formas, como por exemplo, a decisão de compartilhar, de esperar ou de renunciar.

É simplesmente lógico, portanto, sair do condicionamento, que é a escravização a processos mecânicos, para um estado de plena percepção, que é a liberdade. Respostas psicológicas que são compulsivas - a ira que obnubila a mente, a ganância incontrolável e outros impulsos, assim como opiniões automáticas que permanecem não examinadas - são óbices óbvios à liberdade. Todas as reações irrefletidas, que surgem de experiências passadas impedem a inteligência. Em outras palavras, o condiconamento é incompatível com a liberdade e impede o verdadeiro progresso, segundo o plano evolutivo que está ampliando a liberdade estágio a estágio."

(Radha Burnier - O medo da liberdade - Revista Sophia, Ano 16, nº 76 - p. 11/12)


terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

A LÍNGUA DOS HOMENS

Resultado de imagem para A LÍNGUA DOS HOMENS"De uma maneira geral, pode-se dizer que existem três diferentes formas de amor. Cada uma representa um diferente momento na evolução das pessoas desde a infância até a idade adulta.

O amor infantil é um amor carente. O bebê ama seus pais, ou aqueles que dele cuidam porque deles recebe os cuidados que necessita. Esta forma de amor, que podemos chamar de amor egoísta, é a única ao alcance das crianças e também daqueles que ainda não evoluíram de uma situação emocional infantil.

A partir da adolescência já é possível desenvolver uma forma de amor que se manifesta sob uma perspectiva de troca. Assim, não apenas amamos a quem nos ama, mas nos tornamos capazes de oferecer à pessoa amada uma retribuição de amor. Do amor egoísta, o jovem evolui para a possibilidade de também ser capaz de dar.

Mas é o amor desinteressado, aquele que geralmente surge quando nascem os filhos, que culmina o desenvolvimento do sentimento de amor. É quando se ama independentemente da retribuição a ser recebida, quando a recompensa do amor vem do próprio prazer do sentimento generoso se desenvolvendo dentro de nós. E o elemento fundamental para o crescimento da capacidade de amar é a autoestima, pois é a partir dela que encontramos o alicerce para praticar o preceito de amar ao próximo 'como a si mesmo'.

A evolução da capacidade de amar é uma medida bastante precisa do desenvolvimento espiritual de  uma pessoa. Podemos observar se este comportamento se caracteriza pelo egoísmo, ou pela proposta de troca, pela generosidade desinteressada.

Nosso desenvolvimento espiritual depende de nossa capacidade de amar desinteressada e generosamente, pois apenas assim podemos praticar a caridade, sem a qual nada somos, nada valemos. Como disse São Paulo, na 'Primeira Epístola aos Coríntios', talvez o mais belo texto escrito sobre a caridade: 'Ainda que eu não fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver caridade não serei mais que bronze que soa ou címbalo que retine (...) se não tiver caridade, nada disse me aproveitará.'"

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 11/12)


quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O TEMPO NÃO TRAZ SOLUÇÃO

Resultado de imagem para O TEMPO"Todas as religiões têm afirmado que o tempo é necessário, o tempo psicológico do qual estamos falando. O céu é muito longe e só se consegue chegar até ele mediante o processo gradual da evolução, a supressão, o crescimento ou a identificação com um objeto, com algo superior. Nossa questão é se é possível ficar livre do medo imediatamente. Do contrário, o medo produz desordem; o tempo psicológico invariavelmente traz consigo uma extraordinária desordem.

Estou questionando toda a ideia da evolução, não do ser físico, mas do pensamento, que tem se identificado com uma forma particular de existência no tempo. O cérebro tem obviamente evoluído para chegar a esse estágio, e pode evoluir ainda mais, se expandir ainda mais. Mas como ser humano tenho vivido há quarenta ou cinquenta anos em um mundo composto de todos os tipos de teorias, conflitos e conceitos, em uma sociedade em que a ambição, a inveja e a competição têm produzido guerras. Sou uma parte de tudo isso. Para um homem que está triste, não tem significado olhar para o tempo em busca de uma solução, evoluir lentamente para os próximos dois milhões de anos como um ser humano. Constituídos como nós somos, será possível nos livrarmos do medo e do tempo psicológico? O tempo físico precisa existir; não podemos nos livrar disso. A questão é se o tempo psicológico pode produzir não apenas ordem dentro do indivíduo, mas também ordem social. Somos parte da sociedade; não somos separados dela. Onde há ordem em um ser humano, haverá inevitavelmente ordem social externa."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 312)


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

AS CAUSAS GERADORAS DO CARMA (PARTE FINAL)

"O desejo dos frutos das ações, a recompensa que esperamos por tudo o que fazemos, desperta a alma a cada instante à atividade, embora forjando novas cadeias kármicas. 

No início da nossa evolução o desejo e a ambição representam o papel de aguilhões que nos conduzem à atividade.

Todos nós sabemos a história de Fernão Dias Paes Leme, o heróico paulista, o destemido bandeirante que, abandonando a família, conforto, tranquilidade, penetrou pelo interior do Brasil heróicamente em busca das sonhadas esmeraldas. Anos, muitos anos, levou desbravando sertões incultos, florestas virgens, lutando com o índio bravio, vadeando rios caudalosos, dominando sedições da própria gente, vendo dia a dia seus companheiros dizimados pelas febres, devorados pelas feras, mas sempre embalado pelo sonho verde das esmeraldas. 

Nada conseguiu depois de muitos anos; mas uma coisa ficou de sua louca ambição: o conhecimento do nosso sertão. Foi ele o semeador de cidades, o grande povoador dos nossos sertões. Assim, impelido por um móvel egoísta e subalterno, ele cooperou no entanto na grande obra da civilização brasileira.

Podemos conceder o papel preponderante que o aguilhão do desejo representa na evolução das qualidades mentais. A luta, estimulada pelo desejo, e pela ambição, desenvolve a perseverança, a destreza, a calma, o golpe de vista. Mas, quando o homem já atingiu certo grau da evolução, o desejo deve ser vencido, embora aquelas qualidades já tenham se incorporado ao corpo causal.

Por isso, quando o homem aspira libertar-se dos liames do desejo, e procura elevar seu pensamento a mais nobres ideais, sente necessidade da renúncia aos frutos da ação, e assim muda sua atitude mental, modifica as intenções que o conduzem à ação.

Mas, esta atitude não impede que continuemos a trabalhar, dispendendo o mesmo esforço anterior. Todo o Teosofista tem o dever de conhecer o célebre aforismo da 'Luz do Caminho': 'Mata a ambição, mas trabalha como trabalham os que são ambiciosos'.

Há somente uma diferença entre as duas atitudes: o homem vulgar trabalha pensando em si; o homem evoluído esquece-se de si, trabalhando por amor da própria obra sem pensar nos resultados finais.(...)"

(E. Nicoll, A Lei da Ação e Reação (Karma), Sociedade Teosófica no Brasil, São Paulo, 3ª edição, 1960, pg. 37/39)


terça-feira, 7 de janeiro de 2020

CONHEÇA-SE A SI MESMO (2ª PARTE)

"(...) Muitas pessoas, com toda sinceridade, esforçam-se para encontrar Deus. Contudo, caso lhes perguntassem o que exatamente querem dizer com isso, como imaginam que aconteça, seria difícil para eles dar uma resposta significativa. Porém, naturalmente, existe esse desejo de 'encontrar a Deus'. Na verdade é um processo bastante concreto, não existindo nada nebuloso, irreal ou ilusório a respeito dele.

Encontrar Deus quer dizer realmente encontrar ou Eu Verdadeiro. Se encontrar a si mesmo em algum grau, você está em relativa harmonia, percebendo e compreendendo as leis do Universo. Você é capaz de relacionar-se, de amar e de experimentar alegria. É realmente responsável por si mesmo. Você tem a integridade e a coragem para ser você mesmo, mesmo ao preço de abrir mão da aprovação dos outros. Tudo isso significa que você encontrou Deus - não importa o nome pelo qual esse processo possa ser designado. Ele também pode ser denominado de retorno da autoalienação.

O único modo de achar a felicidade é encontrando Deus, e ela pode ser achada aqui e agora mesmo. 'Como?', você poderia perguntar. Meus amigos, com muita frequência as pessoas imaginam que Deus está incomensuravelmente distante no Universo, e é impossível de se alcançar. Isso está longe de ser verdade. O Universo inteiro está no interior de cada pessoa; cada criatura viva tem uma parte de Deus dentro de si. O único modo de alcançar essa parte divina lá dentro é pelo caminho íngreme e estreito do autodesenvolvimento. O objetivo é a perfeição. A base para isso é conhecer-se a si mesmo!

Conhecer-se a si mesmo é realmente difícil, pois significa encarar muitas características pouco lisonjeiras. Significa uma busca contínua, infinita: 'O que eu sou? O que realmente significam as minhas reações - e não apenas os meus atos e pensamentos? Será que minhas ações são apoiadas pelos meus sentimento, ou será que eu tenho motivos por trás dessas ações que não correspondem ao que eu gosto de acreditar a meu próprio respeito ou ao que eu gosto que as outras pessoas acreditem? Tenho sido honesto para comigo mesmo até aqui? Quais são os meus erros?' (...)"

(Eva Pierrakos, Donovan Thesenga - Não Temas o Mal - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2006 - p. 24)

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

CRESCIMENTO DA ESPIRITUALIDADE

"(...) Todas as coisas crescem em ciclos. Um dia segue outro dia, uma primavera segue outra primavera, uma vida na escola da Terra segue outra vida, até que o maior de todos os ciclos seja concluído, e o espírito volte para Deus que foi quem o deu. 'Quando aquele que o tirou da profundeza sem limite, volta mais uma vez para casa.' (Tennyson) De um estado primário de inocência, ele come o fruto da Árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, entre o contínuo jogo dos pares de opostos, desenvolvendo a autoconsciência e a automotivação e, chegada a hora, comendo da outra Árvore, a Árvore da imortalidade consciente.

A palavra sânscrita vritti significa aproximadamente 'comprimento da onda.' Todas as formas e os fenômenos da Natureza são 'comprimentos de onda' - o princípio da limitação - visível ou não para os olhos físicos. Talvez possamos agora compreender a definição de H.P.B. sobre espiritualidade: 'o poder de perceber essências espirituais sem forma.'

Penso que isso quer dizer também se erguer acima dos pares de opostos e, no fim, ficar imune a eles. Os pares de opostos não são reais. Eles existem para ajudar nossa autoconsciência a evoluir. No mundo do Real não há nem bem nem mal, nem sagrado nem profano, mas um poder forte, santo, glorioso e eterno, levando o homem para sua final bem-aventurança e realização.

Mas não podemos destruir nosso egocentrismo combatendo-o. O que apenas o acentuaria. É melhor 'transcendê-lo.' Desistamos de pensar tanto sobre nós mesmos, ou de nos preocuparmos com o que acontece a esse pequeno eu e em seu lugar pensemos mais sobre 'o grande, o sublime, o belo, que são a sombra de Deus na Terra' (Mazzini). A meditação clássica do Senhor Buda diz-nos: Antes de tudo ajustemos nossos corações, de modo que ambicionemos a felicidade e o bem-estar de todos os seres, incluindo mesmo a felicidade de nossos inimigos. Depois representemos vividamente para nós mesmos todos os desgostos e as incapacidades dos outros, até que uma profunda compaixão comova nossa alma. Outra vez pensemos sobre a alegria e prosperidade dos outros, regozijando-nos por sua boa fortuna. Por último, nos ergamos em pensamento acima do amor e do ódio, da fortuna e da necessidade, do sucesso e do fracasso etc, encorajando nosso próprio destino com calma e imparcial e tranquilidade perfeita.

Essa estrutura da mente, se nos for possível verdadeiramente alcançá-la, irá livrar-nos de muitos desgostos. Não cogitaremos quem é importante ou quem não é importante, ou se somos importantes, ou se não somos importantes. O Mestre diz que o crescimento da espiritualidade nos fará 'indiferentes ao fato de sermos fortes ou fracos, instruídos ou não instruídos.' Aos olhos do espírito não há pequeno em grande. Tudo é amado, tudo é importante. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1998 - p. 142/143)
www.editorateosofica.com.br


terça-feira, 1 de outubro de 2019

COMPAIXÃO: A BASE PARA A PAZ (PARTE FINAL)

"(...) Quando há compaixão no coração a Terra parece um lugar de mais beleza e riqueza. Há uma mudança externa, e as qualidades da paz e da compreensão começam a se disseminar. Sem o crescimento da compaixão  no coração e na mente de uma pessoa, o impacto não será sentido pelas outras pessoas que entram em contato com sua fonte. Elas veem apenas o ser humano comum, talvez mostrando algumas diferenças no nível externo. Quando a compaixão chega ao ponto onde seu impacto transparece no exterior, é sinal de que existe uma riqueza interior que cresce e se torna manifesta em forma de paz e compreensão.

A compreensão é resultado de uma atitude compassiva: refere-se à resposta normal de uma pessoa em que a paz é predominante. Pode haver paz mesmo quando uma outra pessoa incide em erro. Aquele que possui compreensão responde pacificamente a tudo, mesmo às afirmações ou às ações de alguém que não tenha as qualidades que geraram a paz. Isso porque ela sabe que, em longo prazo, mesmo aqueles que não sabem o que fazem no presente um dia aprenderão.

A histório de Buda, ao se defrontar com a violência de Angulimala, é um exemplo que serve para mostrar isso. Angulimala era um homem que costumava roubar as pessoas e matá-las sempre que tinha vontade. Ele se aproximou de Buda com essa atitude, fazendo com que todos à sua volta fugissem. Buda era tão digno e compassivo que a violência em Angulimala arrefeceu e as tendências criminosas converteram-se em atitudes de devoção, em vontade de aprender com o mestre. Essa história, como tantas outras, não deve ser considerada literalmente, mas simbolicamente.

Com o tempo, até mesmo o terror, a incerteza e as más inteções desaparecem quando defrontadas com a compaixão e as qualidades gentis de uma pessoa espiritualizada. O bem é eterno, enquanto o mal é efêmero. O bem triunfará sempre, e as pessoas que são verdadeiramente compassivas sabem disto. Esse é um dos importantes ensinamentos transmitidos por Buda de várias maneiras.

Tanto a compreensão quanto o sentimento de paz se tornarão parte de qualquer civilização onde as pessoas se empenhem no processo de assimilar os ensinamentos da compaixão como uma virtude fundamental. Ela deve ser considerada como uma base sólida para todas as coisas que precisam ser feitas durante nossa trajetória no mundo físico. A compaixão não é tema apenas para pessoas religiosas, nem para ser praticada quando alguém está se sentindo mais compreensivo com relação a uma outra pessoa. É uma qualidade a ser praticada o tempo inteiro, com a plena certeza de que o resultado será o progresso na direção da perfeição de todos os homens e mulheres."

(Radha Burnier - Compaixão: a base para a paz - Revista Sophia, Ano 12, nº 48 - p. 22/23)


quinta-feira, 26 de setembro de 2019

COMPAIXÃO: A BASE PARA A PAZ (1ª PARTE)

"A compaixão é a base para se viver como um verdadeiro ser humano. O que geralmente consideramos viver é apenas uma parte mecânica da vida, que deve ser entendida como um terreno onde a compaixão nasça, é nutrida e floresce, levando o ser humano à plenitude de seu potencial.

A palavra compaixão sugere um sentimento apaixonado por aquilo com que se entra em contato. Mas o que quer dizer um sentimento apaixonado? Ele sugere a unidade de que falamos ao contemplar a Teosofia. Essa unidade não é apenas mental, nem apenas sentimental, por mais profunda que possa parecer. É, na verdade, uma percepção que inclui tudo, que faz a pessoa compreender as necessidades do outro, mesmo que o outro não compreenda a sua própria vida. É uma paixão, não simplesmente um sentimento. Os sentimentos podem ser superficiais e mudar de tempos em tempos: essa é a sua natureza. Mas a paixão que trabalha por todas as pessoas e coisas, e através delas, é algo que nunca muda. Ela busca o progresso e a perfeição de todos os seres.

Progresso e perfeição têm a ver não apenas com o lado físico e mecânico de um indivíduo, mas com o senso de unidade que surge das profundezas e exige que todos desfrutem de felicidade e beatitude. Portanto, a compaixão busca não apenas a satisfação das necessidades físicas, emocionais e intelectuais, mas exige uma visão ampla e clara do crescimento de cada pessoa. Em conformidade com essa visão, cada indivíduo crescerá e florescerá segundo sua própria natureza, mas em unidade com a natureza dos outros. Certamente isso torna o todo muito maior do que suas partes. O todo é imaginavelmente belo, mostrando diferentes facetas em diferentes momentos. O atingimento dessa unidade é parte do destino humano. Quando ela é alcançada, do ponto de vista da evolução, o homem verdadeiramente se torna o que deve ser.

Antes de chegar a esse ponto, temos que aprender muito. O processo ocorre lentamente. São necessárias muitas encarnações antes que cada pessoa passe por experiências suficientes e finalmente chegue ao conhecimento interior que começa a lançar luz sobre as experiências. Esse processo, visto por olhos ignorantes, parece não existir, ou essa experiência não parece ocorrer como imaginada, e cada encarnação parece não ter sentido. Mas mesmo então, a alma - um termo que usamos por falta de outro melhor - reconhece alguns aspectos da verdade, sem conhecê-la no nível externo.

O valor de uma encarnação após uma longa jornada é que a pessoa chega ao ponto onde começa a compreender o que tem que aprender. Ela então aprende muitas coisas a respeito da vida do plano físico. Entende que tem que aprender, mesmo quando não sabe o que é realmente importante no aprendizado.

Uma das coisas que ela começa a aprender é a compaixão, através de sofrimentos de vários tipos. Ela compreende que, quando a atitude da pessoa não tem a qualidade compassiva, é provável que venha o sofrimento. Quando está presente, a compaixão planta as sementes da paz e da compreensão, e permite que elas cresçam. Esse processo leva muito tempo. As sementes ficam sob o solo e não são vistas. Elas podem ter que passar um período sob a terra inculta antes de germinar, brotando do solo do desconhecido. Da mesma forma, o resultado de se praticar a compaixão pode permanecer oculto, para um dia emergir do desconhecido e se tornar visível. A pessoa compreende que esse é o único caminho para a verdadeira paz entre as pessoas de características diferentes. Podem dizer que esse é o início de um novo padrão. (...)"

(Radha Burnier - Compaixão: a base para a paz - Revista Sophia, Ano 12, nº 48 - p. 21/22)


terça-feira, 6 de agosto de 2019

OFEREÇA SEUS DONS ESPECIAIS A DEUS

"(18:46) Atinge a perfeição o homem que oferece seus dons especiais Áquele que permeia todo (o universo) e por meio do qual todos os seres se manifestam.

Qualquer que seja o dom especial de uma pessoa, ela evoluirá mais se ofertar espiritualmente esse dom a Deus. Este, de seu lado, aprimorará o dom e ajudará a pessoa a sair-se bem em tudo o que faça. Também a ajudará, pois que a vê ansiar pela verdade, a avançar na direção da liberdade interior. 

Vemos aqui, recapitulado, o conselho de Krishna a Arjuna para agir e não tentar chegar a Deus renunciando a toda atividade. A única restrição a esse ensinamento é: 'Se um dever conflitar com outro, de tipo superior, deixará de ser um dever.' Em outras palavras, havendo diversas coisas que ele faça bem, o homem se concentrará naquela que lhe expanda os bons sentimentos e lhe exalte a consciência. 

Muitos comentadores afirmaram que Krishna, nessa passagem, recomenda seguir a vocação tradicional na família. Estão enganados. Numa sociedade estável (não em transição como a nossa no mundo inteiro), esse conselho talvez pudesse ser aceito de um modo geral (embora não se saiba, então, como alguém que o seguisse iria se tornar um sannyasi!). Entretanto, numa época em que a própria sociedade não pára de modificar-se, tal conselho seria ruinoso! Em verdade, neste mundo, cada qual é cada qual. Aparece em sua família como um convidado. Sendo transitório, nada que está fora poderá definir quem ou o que ele é. Todo homem deve seguir sua própria estrela. Quanto mais subir rumo à liberdade interior, mais imperativo se tornará para ele esse conselho."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 494/495)
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quinta-feira, 11 de julho de 2019

A MANIFESTAÇÃO DO AMOR NA ALMA

"(...) A Vida Divina ama todos os filhos que envia a este mundo, seja qual for sua posição, seja qual for o grau de sua evolução, por muito inferior que seja. Porque o amor do Divino, de onde tudo emana, nada tem fora de si próprio. A Vida Divina é o âmago de tudo o que existe, e Deus está presente tanto no coração do malfeitor como no coração do santo. No Pátio Externo, o Divino deve ser reconhecido, não importando quão espessos sejam os véus que o escondem, pois ali os olhos do Espírito abri-se-ão e não haverá véus entre ele e o Eu dos outros homens. Portanto, aquela nobre indignação tem de ser depurada de tudo quanto seja cólera, e transformada numa energia que nada marginaliza do seu âmbito auxiliador, amparando tanto o tirano como o escravo, e encerrando, no mesmo abraço, tanto o opressor como o oprimido. Porque os Salvadores dos homens não fazem acepção entre os que Eles devem servir - Seu Serviço não conhece limitações. O que são servidores de todos não odeiam ninguém no Universo. O que antes era cólera tornou-se, pela purificação, proteção aos fracos, oposição impessoal aos grandes males, justiça perfeita pra todos.

E o que fez com a cólera deve fazer com o amor. O amor começa a manifestar-se na Alma sob seu aspecto mais pobre, sob seu aspecto inferior, quando ela começa a progredir. Talvez sob o aspecto que só conhece a procura exterior do outro, e que, em sua autossatisfação, nem mesmo se preocupa com o que acontece àquela que amou. Quando a Alma se faz mais elevada, o amor transforma seu aspecto, faz-se mais nobre, menos egoísta, menos, pessoal, até ligar-se aos elementos superiores do bem-amado, em vez de ligar-se ao invólucro externo. O amor, que era sensual, torna-se moralizado e purificado. (...)"

(Annie Besant - Do Recinto Externo ao Santuário Interno - Ed. Pensamento, São Paulo,1995 - 26/27)
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domingo, 15 de abril de 2018

A IMPORTÂNCIA DA MUDANÇA SOCIAL (1ª PARTE)

"Enquanto as pessoas no mundo inteiro creem que a eficiência está aumentando, ou que deve aumentar, o lugar da ética na vida está sendo empurrado para baixo. As crianças estão sendo educadas para conseguir bons empregos, e tornar o esforço um sucesso independentemente de se o que fazem é certo ou errado. A questão do que é certo, ou do que é muito diferente do que é certo, pouco importa. Num artigo sobre o assunto impresso no Guardian Weekly, falam-nos de algumas perguntas que são feitas a alunos da oitava série. As crianças viam as questões em grande parte em termos de como conseguir um emprego, que é a verdadeira razão por que sentem que devem adquirir habilidades sociais. Quando se perguntou se era esse o único pormenor, a maioria disse: 'Sim, o que mais existe?'. Se essa é a atitude de pessoas supostamente educadas, o que podemos esperar das pessoas como um todo? Num outro artigo, o autor diz que o altruísmo pode ter sido um mecanismo importante para nossos ancestrais num estágio particular de sua evolução, e pode também ser uma chave para nossa sobrevivência hoje. Assim, isto é o que pensamos do altruísmo - um meio para um fim egoísta.

A ética obteve um lugar importante no estudo da filosofia, mas se tornou meramente teórica. Existe cada vez menos preocupação por uma percepção ética do que acontece no ambiente imediato de alguém, ou no mundo como um todo. A ética, aliás, é considerada sem importância como prática, embora possa ainda ter um lugar no estudo da filosofia.

Na Grécia e na Índia, talvez também em algumas outras civilizações, a ética tinha um lugar diferente. Sem dúvida era parte de um pano de fundo filosófico, porém, mais do que qualquer outra coisa, era a base de se viver de um modo que faz os seres humanos merecer o nome de 'humanos'. Certamente que os animais não precisam praticar a ética, eles têm um código de ética próprio. Mas o ser humano, que possui a habilidade de pensar, tem o direito e o dever de decidir como quer viver; e as filosofias de alguns países, inclusiva aqueles citados acima, mostraram compreensão com referência à questão. (...)"

(Radha Burnier - A importância da mudança social - TheoSophia, Ano 100, Julho/Agosto/Setembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 8)


domingo, 8 de abril de 2018

A CRÍTICA (1ª PARTE)

"Se quisermos fazer algum progresso no Ocultismo, precisamos aprender a tratar da nossa vida e deixar as outras pessoas em paz. Elas têm suas razões e suas linhas de pensamento, que nós não compreendemos. Ficam de pé ou caem diante do próprio Mestre. Mais uma vez, temos o nosso trabalho para executar, e nos negamos a ser desviados dele. Precisamos aprender a ter caridade e tolerência, e reprimir o desejo insensato de estar sempre descobrindo defeitos nos outros. 

É um desejo insensato, e domina a vida moderna - o espírito de crítica. Cada um de nós deseja interferir na obrigação de outrem, em vez de atender à nossa; cada um de nós cuida-se capaz de fazer o trabalho de outro homem melhor do que ele o está fazendo. Isso é constatado na política, na religião, na vida social. A obrigação manifesta de um governo, por exemplo, é governar, e a do povo  ser bons cidadãos e fazer com que o trabalho do governo seja fácil e eficiente. Nos dias que correm, porém, as pessoas anseiam tanto por ensinar seus governos a governar que se esquecem do dever primordial de ser bons cidadãos. Os homens querem compreender que, se se restringirem a fazer sua obrigação, o carma se encarregará dos 'direitos' a cujo respeito vociferam tanto.

Por que carga d'água esse espírito de crítica está tão generalizado e é tão selvagem neste período da história do mundo? Como a maioria dos outros males, é o excesso de uma qualidade boa e necessária. No discorrer da evolução chegamos à quinta sub-raça da quinta raça-raiz. Quero dizer que essa raça foi a última a ser desenvolvida, que o seu espírito domina o mundo neste momento, e que até os que não pertencem a ela são, por força, muito influenciados por esse espírito.

Ora, cada raça tem suas próprias lições especiais para aprender, sua própria qualidade especial para desenvolver. A qualidade da quinta raça é a que, às vezes, se denomina manas - o tipo de intelecto que discrimina, que nota as diferenças entre as coisas. Quando ela estiver perfeitamente desenvolvida, os homens notarão as diferenças com calma, unicamente com o propósito de compreendê-las e julgar qual delas é a melhor. Mas agora, nesta fase de semidesenvolvimento, a maioria das pessoas procura as diferenças do seu próprio ponto de vista, não para compreendê-las, senão para se opor a elas - e muitas vezes para persegui-las com violência. Este é simplesmente o ponto de vista do homem ignorante e não desenvolvido, cheio de intolerência e presunção, absolutamente seguro de estar certo (talvez o esteja, até certo ponto) e de que tudo o mais, portanto, há de ser inteiramente errado - uma coisa que não se segue à outra. Lembremo-nos do que disse Oliver Cromwell ao seu conselho: 'Irmãos, eu vos imploro, pelo nome sagrado do Cristo, que julgueis possível que às vezes estais enganados!' (...)"

(C. W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 97)
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quarta-feira, 21 de março de 2018

A VERDADE ETERNA, A META DA IOGA (PARTE FINAL)

"(...) Aqueles que são conhecidos como adeptos renunciam este desaparecimento na forma última para tornarem-se a Hierarquia Oculta deste planeta, desde o Senhor do mundo, passando pelos Mahatmas de todos os Graus, até os Asekhas. Eles fazem esta grande Renúncia em prol de todas as outras Mônadas-Egos em evolução e de outros seres. Isto capacita a Hierarquia em Sua preocupação compassiva e envolvê-los e a 'preservá-los' através da 'noite escura', o Gethsemane do Esquema Planetário que começou nesta Quarta Ronda. 

Ninguém abaixo do nível destes Seres pode estimar a natureza do sacrifício ou a amplitude e a extensão do serviço Deles. Ainda que estes grandes e gloriosos Seres tenham, por assim dizer, atrasado a Autoidentificação com a Verdade última, no entanto, Eles são iluminados por sua Luz e assim capazes de percepção perfeita e vislumbre infalível em todos os princípios e processos da Natureza, desde o físico até os níveis espirituais mais altos.

Admitimos, porém, que este conceito é altamente abstrato, além do alcance e mesmo do interesse da maioria das pessoas. Porém, deveria ser mantido na consciência do discípulo devotado como sua meta durante o desempenho da ioga ao longo de toda a sua vida. A consideração desta meta para a percepção da unidade de toda a vida interior como a meta, e sua aplicação a todas as ações e todos os relacionamentos como o ideal, deveria-se lembrar da meta última, que é a Verdade eterna e sem fim. 

Em circunstâncias normais, a ideia de cada pessoa sobre sua meta espiritual e, em grande parte o resultado do seu Raio.¹⁶ Os homens são obrigados pelas restrições da automanifestação a expressar seus Raios, daí os sete ideais principais dos sete temperamentos humanos: poder, sabedoria, compreensão, beleza, conhecimento e a capacidade para saber, devoção ou consciência de causa e ordem. É correto que cada pessoa em sua aspiração humana e autoexpressão deverá ser levada em direção ao Raio, mas além de todos os Raios está a Unidade ou existência unitária em que todos os objetivos são sintetizados e transcendidos. É esta Existência Una ou Verdade celestial que será finalmente procurada e encontrada.

Ao meditar, a pessoa é aconselhada a seguir sua inclinação natural e procurar um resultado natural, em particular a realização da unidade, lembrando-se porém que uma realização ainda maior aguarda, chama e pode ser alcançada na meditação. Ainda que isto possa estar além da conceituação e da expressão no momento, não será sempre assim. Para ajudar na formulação desta ideia, a pessoa pode proveitosamente pensar sobre a existência da Verdade como estando por trás e além de todas as verdades: o Princípio abstrato sem forma que não pode ter nome e, no entanto, é a síntese de todas as ideias verdadeiras em todos os tempos."

¹⁶ Os Sete Raios ou temperamentos humanos.

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Ioga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 30/31)


domingo, 18 de março de 2018

A ORAÇÃO (1ª PARTE)

"É difícil dizer alguma coisa sobre a oração que se aplique universalmente, porque existem espécies diferentes de oração, e porque estas são dirigidas a seres que diferem amplissimamente na evolução. Os fundadores da maioria das grandes religiões nunca estimularam, de maneira alguma, os seus seguidores a rezarem para eles, e, via de regra, estes últimos têm sido esclarecidos demais para fazerem alguma coisa desse gênero. Se um pensamento muito forte, endereçado a eles, os alcançaria, ou deixaria de alcançá-los, depende da linha de evolução que tivessem seguido desde então - na realidade, se continuam, ou não, em contato com a terra. Se eles ainda estivessem ao alcance dos interessados, e se um pensamento dessa natureza os atingisse, é provável que, vendo que seria bom para o emissor de pensamento que alguma nota fosse tomada nesse sentido, eles voltassem para a sua direção a atenção de alguns discípulos que ainda se encontrassem na terra. Mas é totalmente inconcebível que um homem tivesse alguma concepção da obra magnífica e de grande alcance, realizada em prol da evolução, pelos Grandes em planos superiores, sonhasse sequer impor suas próprias e mesquinhas preocupações à atenção d'Eles; não poderia deixar de saber que todo e qualquer tipo de ajuda de que ele necessitasse lhe seria prestada de modo muito mais apto por alguém que se achasse mais próximo do seu próprio nível. Aqui, neste plano físico, somos mais inteligentes, pois não desbaratamos o tempo dos maiores eruditos das nossas universidades ajudando criancinhas às voltas com as dificuldades do alfabeto.

No que concerne aos santos de qualquer Igreja, a posição é diversa, pois até, em se tratando deles, a capacidade de ouvir orações dependerá da sua posição na evolução. O santo comum, que é simplesmente um homem virtuoso e bom, levará sua vida celeste como de costume, e a levará provavelmente longa. Tudo faz crer que a sua existência no plano astral seria breve, e somente durante essa vida poderia uma oração alcançá-lo e atrair-lhe a atenção. Se, durante esse tempo, ela o alcançar, não há dúvida de que ele fará o possível para satisfazer o suplicante; mas não é certo, de maneira alguma, que ela lhe atraísse a atenção, pois ele andaria, naturalmente, muitíssimo ocupado com o novo ambiente. (...)"

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 80)


segunda-feira, 5 de março de 2018

A COOPERAÇÃO

"Faz parte do plano do LOGOS o fato de que o gênero humano, em certo estágio de sua evolução, precisa começar a guiar-se. Por conseguinte, todos os Budas, Manus e Adeptos futuros serão membros da nossa própria humanidade, quando os Senhores de Vênus tiverem ido para outros mundos. Por conseguinte, também, o LOGOS efetivamente conta com todos nós, com vocês e comigo. Podemos ter noventa e nove defeitos e uma única virtude, mas se essa única virtude for necessária à obra teosófica (e que virtude não é necessária?), teremos, seguramente, a oportunidade de utilizá-la.

Devemos, portanto, dar valor aos nossos colaboradores pelo que eles podem fazer, e não estar constantemente a censurá-los pelo que não podem fazer. Muitas pessoas lograram o direito de fazer alguma espécie de trabalho, muito embora seus defeitos sejam maiores que suas virtudes. As pessoas, não raro, cometem um triste erro ao comparar o seu trabalho com o dos outros, e ao desejar que se lhes enseje a mesma oportunidade ensejada a outros. A verdade é que cada qual tem seus próprios dons e seu próprios poderes, e de nenhum homem se espera que faça tanto quanto faz outro homem, mas apenas que faça o melhor que puder - simplesmente o melhor que puder.

Disse o Mestre, certa vez, que, na realidade, só existem duas classes de homens - os que sabem e os que não sabem. Os que sabem são os que viram a luz e se voltaram para ela, seja qual for a religião pela qual se guiam, por maior que seja a distância da luz em que possam encontrar-se. Um sem-número deles pode estar sofrendo muito em sua luta na direção da luz, mas, pelo menos, tem a esperança diante de si, e se bem simpatizemos profundamente com eles e nos esforcemos por ajudá-los, compreendemos que não constituem, de maneira alguma, o pior caso. As pessoas que realmente merecem piedade são as que se mostram totalmente indiferentes a todo e qualquer pensamento elevado - as que não lutam porque não lhes interessa, nem pensam nem sabem que há alguma coisa pela qual se deve lutar. São, na verdade, os que formam 'a grande humanidade órfã'."

(C. W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 120)
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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O OBJETIVO DA VIDA

"O terceiro aspecto de nosso mundo, que está oculto à maioria, é o plano e o objetivo da existência. A maior parte das pessoas parece desnorteada na vida, sem qualquer objetivo definido, salvo talvez a luta meramente física para fazer dinheiro ou alcançar o poder, porque supõe, erroneamente, que isso lhe trará felicidade. Não tem uma ideia precisa da razão pela qual está aqui, nem certeza alguma quanto ao futuro que a espera. Tais pessoas nem mesmo fazem ideia de que são almas e não corpos, e de que, assim sendo, o seu desenvolvimento é parte de um grande esquema de evolução cósmica. 

Quando essa verdade sublime despontar no horizonte da humanidade, haverá uma transformação, que as religiões ocidentais chamam conversão – uma palavra sutil, que infelizmente tem sido deturpada por associações inadequadas, por ser usada, muitas vezes, para significar nada mais que uma crise de emoção hipnoticamente induzida pelas ondas agitadas da excitação, procedentes de uma multidão exaltada. Seu verdadeiro significado corresponde exatamente ao que sua etimologia indica: 'voltar-se com'. Até agora o ser humano, ignorando a maravilhosa corrente da evolução, tem lutado contra ela, sob a ilusão do egoísmo; mas, desde o momento em que a magnificência do Plano Divino refulge ante seus olhos atônitos, a sua atitude passa a ser a de colocar todas as suas energias ao esforço de cooperar no cumprimento do desígnio supremo, 'voltar-se e acompanhar' a esplêndida corrente do amor e da sabedoria de Deus. 

Seu único objetivo, então, é capacitar-se para ajudar o mundo, tendo todos os seus pensamentos e ações dirigidos a essa meta. Podemos esquecê-la por um instante, sob a pressão das tentações; mas o esquecimento será apenas temporário, e este é o sentido do dogma eclesiástico de que o eleito não pode falhar jamais. O discernimento há de chegar, as portas da mente hão de se abrir – para adotar os termos da fé antiga para essa transformação. A pessoa agora sabe o que é real e o que é irreal, o que merece ser adquirido e o que carece de valor. Vive como uma alma imortal, que é uma Centelha do Fogo Divino, em vez de viver como um animal que perece – para usar de uma frase bíblica, que, aliás, carece de correção, visto que os animais não perecem, exceto no sentido de sua reabsorção na respectiva alma-grupo. 

A essa pessoa desvelou-se, em verdade, um aspecto da vida que antes estava oculto à sua percepção. Seria mais exato dizer que agora, pela primeira vez, ela começou realmente a viver, ao passo que, antes, toda a sua existência simplesmente se arrastava, improfícua e sem finalidade."

(C.W. Leadbeater - O Lado Oculto das Coisas - Ed. Teosófica, Brasília - p.  36/37)


terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A MORTE

"Depois de passar por várias espécies de vegetais, a vida manifesta-se em uma árvore preciosa como a Paineira, e, assim, transmite-nos o que plantas mais primárias não nos poderiam transmitir. Na linha da evolução humana, a vida também passa de encarnação em encarnação, liberando cada vez mais luz até que esta, no homem evoluído, se expresse através do surgimento de maior capacidade de compreender os fatos e as leis do universo.

Se os seres humanos tivessem já a visão etérica, assistiriam, por ocasião da 'morte', à grande atividade que se desencadeia naqueles corpos dos quais a vida se retira, quando todos os átomos que compõem suas células retornam à fonte de origem. Com isso, muito substância-luz é liberada no plano astral, para que, com a destruição da forma, profundas transformações possam acontecer nos níveis psíquicos. Nesse processo, dentro do possível, os apegos do indivíduo e sua ilusão sobre a imutabilidade da matéria são desfeitos. A chamada 'morte' facilita também o seu contato com novas ideias, que lhe trazem outras perspectivas, porque vêm de um estado de consciência mais elevado do que o mental pensante.

A retirada da energia vital dos corpos materiais é um ritual necessário, que rege toda a vida planetária. Produz transformações em todos os reinos da Natureza, e eles, com o tempo, apresentam cada vez menor oposição à influência de novos tipos de energia que vêm para aperfeiçoá-los. A Paineira não tem medo de morrer. Só no reino humano e, em parte, no reino animal, existe esse temor. Os outros reinos não o conhecem, e restituem com naturalidade o que pertence ao reservatório geral essencial do planeta, para que essa substância vá formar novos corpos e novas formas de vida, levando consigo as experiências que já fez.

Vidas maiores emanam ordens para que vidas menores se retirem da forma, liberando substâncias que são necessárias para futuras expressões. Abrindo-nos para uma visão mais ampla, tomamos conhecimento de que os sete sistemas planetários envolvidos nesse processo, quanto mais conscientes forem da vida total, mais se movimentarão de acordo com ela, observando com exata precisão os momentos em que a restituição é necessária. O medo da morte é contrário ao ritmo cósmico e, portanto, precisa ser eliminado. Como se sabe, baseia-se no terror que sentimos pelo processo final de rompimento com o corpo físico, no horror pelo desconhecido, na dúvida quanto à imortalidade de nosso ser, na dificuldade de deixar para trás coisas e pessoas queridas, na memória subconsciente de experiências anteriores de mortes dolorosas ou difíceis. Essas causas são conhecidas pela medicina esotérica.

Entretanto, a causa principal do medo da morte reside em nosso apego à forma, e no pouco contato que temos com a alma, o núcleo imortal-reencarnante. O temor básico que o homem, bem como alguns animais, apresenta, é de não sobreviver a essa experiência tão necessária. Isso, porém, ainda é assim, devido à falta de conhecimentos com relação ao processo de desencarnar."

(Trigueirinho - A morte sem medo e sem culpa - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 45/46)