OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


Mostrando postagens com marcador passado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador passado. Mostrar todas as postagens

sábado, 1 de abril de 2017

COMPREENDER, COMPARTILHAR E AMAR (PARTE FINAL)

"(...) Uma mente sossegada e calma pode nos tornar mais sensíveis, já que não somos perturbados pelos pensamentos. Então pode haver compreensão, compartilhamento e amor. Profundamente dentro de nós estão as raízes do amor e da compreensão. Não é tão fácil despertá-las. Precisamos experienciar profundamente, estar abertos e ser sensíveis, para dar preferência à outra pessoa. Isso não é fácil, já que esperamos tanto dos outros.

Amor é sabedoria, e sabedoria é amor. Mas a sabedoria e a compaixão verdadeiras não são possíveis a não ser que compreendamos toda a situação, os problemas, o sofrimento da pessoa e assim por diante. Só podemos amar quando esquecemos de nós mesmos e nos situamos além do eu.

'A caridade não busca a si própria', disse o apóstolo Paulo. Amor e compaixão são sentimentos ativos, não passivos. Amor e compaixão significam assumir e suportar o sofrimento dos outros, ajudando a suportar suas dores. Frequentemente buscamos o que é vantajoso para nós, o que pensamos poder nos trazer felicidade. Enquanto estivermos procurando vantagem pessoal, não encontraremos o amor. Agarrar-nos ao eu não nos permite experienciar o amor.

O eu deve morrer para o passado e viver no presente para que nossos corações se encham de amor. Existe amor quando não existe necessidade, quando não buscamos satisfação. Só a mente que está livre do passado, dos preconceitos e dos desejos consegue amar - compreender e compartilhar a vida com os outros. Sem amor e compaixão não conseguimos realizar plenamente nossos deveres mais importantes - não conseguimos ser uma pessoa completa."

(Pertti Spets - Compreender, compartilhar e amar - Revista Sophia, Ano 8, nº 29 - p. 19)
www.revistasophia.com.br


quinta-feira, 30 de março de 2017

COMPREENDER, COMPARTILHAR E AMAR (1ª PARTE)

"Quando dizemos que compreendemos outra pessoa, o que realmente estamos dizendo? Talvez que compreendemos como ela pensa e o que diz. Mas quão profundamente compreendemos? A maioria de nossos problemas surge através do relacionamento com o próximo - quando não o entendemos. Podemos saber o que o outro está dizendo, mas não quais são seus motivos. Podemos entender intelectualmente, mas isso é realmente compreender?

Quando encontramos pessoas que conhecemos, geralmente já temos um quadro sobre elas na cabeça. Reagimos de acordo com nossas experiências prévias e com o quadro que formamos. Carregamos o passado conosco e compreendemos essas pessoas através do passado. Nossas opiniões influenciam nosso relacionamento e nossa compreensão. Mas quando vivemos no presente, e o passado não é parte da nossa visão, podemos realmente entender uns aos outros. A mente deve ser atenta e sem preconceitos.

A abordagem intelectual privou-nos de uma compreensiva visão da vida e também de um entendimento mais profundo das outras pessoas. Compreender os outros verdadeiramente significa compreender toda a pessoa, não apenas o que ela está dizendo, mas também seus pensamentos, valores, motivos, desejos e caráter. A verdadeira compreensão exige que amemos uns aos outros. Quando ouvimos com nossos corações, compreendemos melhor do que quando ouvimos com o intelecto.

Os preconceitos e o medo não nos permitem ver com clareza. Estamos sempre com medo dos fatos e da realidade. É necessário coragem para ver a pessoa sob uma nova luz, sem concepções prévias. Esperamos que nossos amigos ajam de uma certa maneira. Não queremos que eles mudem. Não os reconhecemos se mudarem muito. Isso nos faz ficar incertos. Os pensamentos e as concepções prévias obstruem nossa visão. Confiamos demasiadamente em nossa própria compreensão do que a outra pessoa está dizendo. Essa é a fundação da nossa educação e da nossa cultura, que não enfatiza outras formas de compreensão. (...)"

(Pertti Spets - Compreender, compartilhar e amar - Revista Sophia, Ano 8, nº 29 - p. 19)


domingo, 26 de março de 2017

CRIATIVIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Tudo o que acontece conosco agora reflete nossa carma passado. Se sabemos disso e o sabemos realmente, sempre que sofrimento e dificuldades nos atingem não os vemos mais como falhas ou catástrofes, nem os vemos de modo algum como punição. Não nos culpamos mais, nem nos permitimos odiar a nós mesmos. Vemos que a dor que atravessamos é a culminância dos efeitos, a fruição de um carma passado. Os tibetanos costumam dizer que o sofrimento é 'uma vassoura que varre todo o nosso carma negativo'. Podemos até ser-lhes gratos porque um carma está chegando ao fim. Sabemos que a 'boa sorte', um fruto do bom carma, pode logo passar se não a usarmos bem, e a 'má sorte', o resultado do carma negativo, pode na verdade estar dando a nós uma maravilhosa oportunidade de evoluir.

Para os tibetanos, o carma tem um significidado realmente vivo e prático no seu cotidiano. Eles vivem de acordo com o princípio do carma, no conhecimento da verdade que contém, e essa é a base da ética budista. Eles o entendem como um processo justo e natural. O carma inspira neles, portanto, um sentido de responsabilidade pessoal em tudo o que fazem. Quando eu era jovem, minha família tinha um excelente empregado chamado A-pé Dorje, que gostava muito de mim. Ele era realmente um santo, e nunca fez mal a ninguém em toda sua vida. Sempre que, em minha infância, eu dizia ou fazia algo prejudicial, ele replicava gentilmente: 'Oh, isso não está certo'; desse modo, instilava em mim um profundo senso da onipresença do carma e um hábito quase automático de transformar minhas reações, caso algum pensamento nocivo me invadisse o coração.

É realmente tão difícil perceber o carma em ação? Não basta apenas olhar para trás em nossas vidas para ver com clareza as consequências de alguns de nossos atos? Quando aborrecemos ou ferimos alguém, isso não veio de volta contra nós? Não fomos deixados com uma amarga e negra recordação, e com as sombras da autodesaprovação? Essas recordações e sombras são o carma. Nossas hábitos e medos também provêm do carma, o resultado de ações, palavras e pensamentos que tivemos no passado. Se examinarmos nossas ações e tomarmos realmente consciência delas, veremos que há um padrão que se repete: sempre que agimos negativamente, isso resulta em dor e sofrimento; sempre que agimos positivamente, isso no final resulta em felicidade."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 133/134)


segunda-feira, 13 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO E SUA NECESSIDADE (1ª PARTE)

"Há apenas três explicações para as desigualdades humanas, sejam de capacidade, de oportunidade ou de circunstância, 1: Criação especial por Deus, implicando que o homem é indefeso, seu destino sendo controlado por uma vontade arbitrária e incalculável. 2: Hereditariedade, conforme sugere a ciência, implicando igual impotência por parte do homem, sendo ele o resultado de um passado sobre o qual não teve controle. 3: Reencarnação, implicando que o homem pode tornar-se senhor do seu destino, o resultado do seu próprio passado individual, sendo, assim, o que fez de si mesmo. A criação especial é rejeitada por todos os que raciocinam, como explicação para as condições que nos rodeiam, a não ser na mais importante de todas elas, o caráter com o qual e o ambiente ao qual nasce uma criança. A evolução é tida como certa em tudo, menos na vida da inteligência espiritual chamada homem. Ele não tem passado individual, embora tenha um futuro individual infinito. O caráter que traz com ele – e do qual, mais do que qualquer outra coisa, depende o seu destino na Terra – é, segundo essa hipótese, especialmente criado para ele por Deus, e é imposto a ele sem qualquer escolha de sua parte, destino saído da sacola da sorte da criação, da qual ele pode retirar um prêmio ou um bilhete em branco, sendo este último a condenação ao infortúnio. Do jeito que for, ele deve aceitá-lo.

Se da sacola ele retirar uma boa disposição, ótima capacidade, uma natureza nobre, tanto melhor: ele nada fez para merecê-lo. Se tirar uma criminalidade congênita, uma idiotia congênita, uma moléstia congênita ou um alcoolismo congênito, tanto pior para ele: ele nada fez para merecê-lo. Se a eterna bem-aventurança está anexada a um e o tormento eterno a outro, o desafortunado deve aceitar sua má sorte como puder. O poder do oleiro não é maior do que o da argila? Isso pareceria triste, se a argila pudesse sentir.

Sob outro aspecto, a criação especial é grotesca. Um espírito é criado especialmente para um pequeno corpo que morre poucas horas depois de ter nascido. Se a vida na Terra tem algum valor educativo ou experimental, esse espírito será, para sempre, o mais pobre, ao perder a vida, e a oportunidade perdida jamais poderá ser recuperada. Se, por outro lado, a vida humana na Terra não é essencialmente importante e leva com ela a certeza de muitas ações más e de sofrimento, e a possibilidade de sofrimento eterno ao seu final, o espírito que vem para um corpo que dura até a velhice mal pode tratar dele, pois deve suportar muitas doenças que o outro pode evitar, sem qualquer vantagem equivalente. E pode ser condenado para sempre.

A lista das injustiças induzidas pela ideia da criação especial poderia ser ampliada ao infinito, porque tal ideia inclui todas as desigualdades. Ela faz miríades de ateus, que a consideram incrível para a inteligência e revoltante para a consciência. Ela coloca o homem na posição de inexorável credor de Deus, perguntando, estridentemente: 'Por que me fizeste assim?' (...)"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)

sábado, 18 de fevereiro de 2017

KARMA INDIVIDUAL E KARMA COLETIVO (3ª PARTE)

"(...) Tendo considerado, de uma forma geral, a mútua interação de todos os seres humanos, e como a única forma de servir a Deus é servir o Homem — o Filho de Deus — agora iremos considerar os seis Grupos.

1. Karma Conjugal. O marido e a mulher partilham, cada qual, do Karma do outro, mas isso se dá especial­mente assim quando existe perfeita união entre marido e mulher, porque seus respectivos karmas podem mesclar-se, tanto mais se a união existiu em vidas passadas, como marido e mulher ou como amigos, e assim eles compar­tilham das alegrias e desgostos um do outro, sentindo da mesma maneira os interesses um do outro. Numa união espiritual do mais puro amor, o laço, uma vez feito, nun­ca mais é rompido, e duas almas assim ligadas serão tra­zidas de volta, vida após vida, embora não obrigatoria­mente como marido e mulher. Podem voltar como ami­gos íntimos. Essa doutrina do Karma Conjugal deu nas­cimento, na Índia e em partes da China, ao 'sutee', a autoimolação de uma fiel viúva sobre a pira funeral do ma­rido. Um triste costume, que felizmente está morrendo, porém que, não obstante, mostra uma alma de nobre elevação na mulher que o seguia e uma grande fé no en­contro após a morte. É uma pena que essa nobre quali­dade não pudesse ser transformada na paciência maior que o conhecimento do Karma deveria causar, e que a ensinaria a esperar o dia da morte, em vez de determiná-lo por si mesma. Não apenas no Oriente, mas também no Ocidente, tem acontecido com frequência que o so­brevivente perca todo o gosto pela vida, e a dor e o cora­ção despedaçado abram uma sepultura depressa demais. Quantos suicídios têm resultado de um amor perdido! O conhecimento da Lei do Karma tende a abrandar esses males e a tornar a vida mais suportável, mostrando que o dia do reencontro é mais bem determinado pelo Kar­ma, que atua pelo amor de Deus, e não por qualquer ato autossugerido, que, afinal, é egoístico. Existe grande nú­mero de pessoas cuja vida seria mais animada por um pouco de amor, e há espaço para o trabalho do enlutado. Assim é que eles podem adoçar sua perda, e mostrar que o amor por uma pessoa não obscurecia o amor pelo Se­nhor do Amor. (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 31


domingo, 5 de fevereiro de 2017

O QUE É O PROGRESSO? (PARTE FINAL)

"(...) Estudos sobre o cérebro humano avançaram a ponto de fazer algumas pessoas pensarem que podem mudar as características psicológicas de pacientes e clientes. Um repórter escreveu: 'À medida que os neurocientistas aprenderem quais produtos químicos causam determinados traços da personalidade, a tentação de brincar com a natureza será irresistível.' Alguns otimistas e aventureiros no campo da neurociência acreditam até mesmo que, no futuro, estarão em posição de projetar cérebros.

Até onde podemos ver, a capacidade humana de agir não aumenta junto com o aumento do conhecimento e das habilidades tecnológicas. Pode o cérebro insensato, que parece ter tanto talento para causar sofrimento, terminar projetando cérebros que irão melhorar os problemas para a espécie humana e para todos os outros seres incorporados na corrente evolutiva?

A destruição da diversidade da Terra é outra causa de preocupação, mas a grande maioria das nações e das pessoas não está preocupada, e busca um estilo de vida que torna a destruição inevitável. Quem seria capaz de adivinhar o futuro do humilde mamífero das primeiras eras, e imaginar que iria tornar-se algo que propõe redesenhar cérebros por si próprio? Se houvesse oportunidade para alguma outra criatura da natureza intervir como o homem intervém, talvez ela pudesse destruir aquele humilde mamífero. Clonar e imiscuir-se geneticamente nos traços que definem a diversidade das espécies e subespécies pode ser antiprogresso.

O direcionamento na evolução só pode originar-se da inteligência ilimitada do universo, operando naquela esfera eterna onde passado, presente e futuro são um. Os Adeptos dizem que, para eles, passado, presente e futuro são como um livro aberto. Somente uma consciência assim pode saber o que é bom, no final das contas. Um cérebro insignificante e uma mente que nem mesmo reconhece que existe uma inteligência superior podem dar passos regressivos enquanto imaginam que existe progresso. Essa mente pode imaginar-se em posição de decidir que parte da diversidade do planeta deve ser preservada ou destruída; que tipo de progênie é melhor para a vaca, o porco ou o ser humano; como o cérebro deve ser moldado e como substituir características indesejadas para satisfazer nada mais do que sua própria vaidade.

Nós, humanos, somos verdadeiramente parte de uma grande família invisível. 'Deus sabe mais' é um bom ditado quando sabemos que Deus é a vida una, a inteligência suprema, sob cuja visão a direção é clara."

(Radha Burnier - Onde está Deus? - Revista Sophia, Ano 8, nº 30 - p. 15)


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

CONSCIÊNCIA

"Tudo que é construído perde sua força no decorrer do tempo, e o cérebro também perde sua vitalidade e coerência com a idade. Mas há mudanças que surgem não devido a qualquer causa física, mas exatamente em virtude da maneira pela qual a mente trabalha em estado de inconsciência. Estamos fazendo aqui uma distinção entre cérebro e mente, atribuindo a esta última uma condição independente. Se a vida fosse um produto da matéria, então a vida deveria secar com a deterioração do corpo, e quando o corpo morre, a vida e a consciência deveriam partir para sempre, como a chama de um pavio que foi consumido. Mas em uma visão profunda da matéria, a vida e a consciência podem ser manifestações de uma energia que é a base do universo, mas que tem de assumir uma forma, uma organização material, para a expressão de significado. De qualquer maneira podemos ver como a consciência limita a si própria. Ela forma ideias em diversas matérias. Essas ideias não são meramente formas de suas ações, mas tendem a se tornar cristalizações que permanecem na mente; a mente se apega a elas, pelo prazer que fornecem ou pelo medo da dor e, então, todo o processo de pensamento realiza-se em relação a elas, gira em torno delas. O homem é um pensador, com a derivação da palavra ‘homem’ indica. Ele está constantemente envolvido na ideação de diferentes tipos. Não pode haver nada de errado com a formação de idéias ou em desfrutar algo agradável, isto é, em registrar uma sensação agradável. Mas complicações apresentam-se quando nos tornamos apegados às sensações ou a idéias e buscamos permanência. Todo apego é um limitador. Mentalmente e emocionalmente levantamos muros ao nosso redor que constituem uma prisão dentro da qual as atividades da mente estão confinadas. Ela permanece enclausurada em seu interior e projeta diversas ideias de lá. Todas essas ideias brotam do solo dos seus condicionamentos, isto é, o terreno das experiências vividas e de suas reações a ela. O homem ambicioso projeta uma imagem de sua própria importância diante de si, a qual busca realizar. Da mesma forma, aquele que tem medo projeta sombras do que pode acontecer a ela a cada muro que lhe aparece.

Se a consciência presente abandona seus apegos, que, na verdade, são suas próprias memórias, imediatamente ocorre uma grande mudança de grande proporção. As memórias não deixam de existir, mas irão retroceder, provocando no presente um estado de completa liberdade e naturalidade. O passado se transformará em mera paisagem. Diz-se que o Buda podia se lembrar de todos os eventos de suas encarnações passadas. Certamente tais lembranças não afetavam de forma alguma sua serenidade, a liberdade que alcançou, e sua atitude benigna para com todos os seres e todas as coisas. O passado era apenas um mapa estendido à sua frente."

(N. Sri Ram - O significado de cada momento presente - Revista TheoSophia, pub. da Sociedade Teosófica no Brasil, out/nov/dez/2016 - p. 22)


quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O FIM DA ILUSÃO DO TEMPO

“A chave do segredo está em acabar com a ilusão do tempo. O tempo e a mente são inseparáveis. Tire o tempo da mente e ele para, a menos que você escolha utilizá-lo.

Estar identificado com a mente é estar preso ao tempo. É a compulsão para vivermos quase exclusivamente através da memória ou da antecipação. Isso cria uma preocupação infinita com o passado e o futuro, e uma relutância em respeitar o momento presente e permitir que ele aconteça. Temos essa compulsão porque o passado nos dá uma identidade e o futuro contém a promessa de salvação e de realização. Ambos são ilusões.

Quanto mais nos concentramos no tempo, no passado e no futuro, mais perdemos o Agora, a coisa mais importante que existe.

Porque o Agora é a coisa mais importante que existe? Primeiramente porque é a única coisa. É tudo o que existe. O eterno presente é o espaço dentro do qual se desenvolve toda a nossa vida, o único fator que permanece constante.. A vida é agora. Nunca houve uma época em que a nossa vida não fosse agora, nem haverá.

Em segundo lugar, o Agora é o único ponto que pode nos conduzir para além das fronteiras limitadas da mente. É o nosso único ponto de acesso para a área atemporal e amorfa do Ser.

Você alguma vez vivenciou, realizou, pensou ou sentiu alguma coisa fora do Agora? Acha que conseguirá algum dia? É possível alguma coisa acontecer ou ser fora do Agora? A resposta é óbvia, não é mesmo?

Nada jamais aconteceu no passado, aconteceu no Agora. Nada jamais irá acontecer no futuro, acontecerá no Agora.

A essência dessas afirmações não pode ser compreendida pela mente. No momento em que captamos a essência, ocorre uma mudança na consciência, que passa a desviar o foco da mente para o Ser, do tempo para a presença. De repente, tudo parece vivo, irradia energia, emana do Ser.”

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., Rio de Janeiro - p.28/29)


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

ILUMINAÇÃO: ELEVANDO-SE ACIMA DO PENSAMENTO

“No processo de crescimento, construímos uma imagem mental de nós mesmos, baseada em nosso condicionamento pessoal e cultural. Podemos chamar isso de ‘o fantasma pessoal do ego’. Consiste em uma atividade mental e só pode ser mantido através do pensar constante. A palavra ‘ego’ tem sentidos diferentes para pessoas diferentes, mas aqui significa um falso eu interior, criado por uma identificação inconsciente com a mente.

Para o ego, o momento presente dificilmente existe. Só o passado e o futuro são considerados importantes. Essa total inversão da verdade explica por que, para o ego, a mente não tem função. O ego está sempre preocupado em manter o passado vivo, porque pensa que sem ele não seríamos ninguém. E se projeta no futuro para assegurar a continuação de sua sobrevivência e buscar algum tipo de escape ou satisfação lá adiante. Ele diz assim: ‘Um dia, quando isso ou aquilo acontecer, vou ficar bem, feliz, em paz.’

Mesmo quando o ego parece estar preocupado com o presente, não é o presente que ele vê, porque constrói uma imagem completamente distorcida, a partir do passado. Ou então reduz o presente a um meio para obter o fim desejado pela mente. Observe sua mente e verá que é assim que ela funciona. O momento presente tem a chave para a libertação. Mas você não conseguirá percebê-lo enquanto for a sua mente.

A iluminação significa chegar a um nível acima do pensamento. No estado iluminado, continuamos a usar nossas mentes quando necessário, mas de um modo mais focalizado e eficiente. Assim, utilizando nossas mentes com objetivos práticos, não ouvimos mais o diálogo interno involuntário e sentimos uma serenidade interior.

Quando usamos de fato nossas mentes e, em especial, quando necessitamos de uma solução criativa, há uma oscilação, de segundos, entre o pensamento e a serenidade, entre a mente e a mente vazia. O estado de mente vazia é a consciência sem o pensamento. Só assim é possível pensar criativamente, porque somente desse modo o pensamento tem alguma força real. O pensamento sozinho, quando não mais conectado com a área da consciência, que é muito mais ampla, rapidamente se torna árido, doentio e destrutivo.”

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., Rio de Janeiro, 2016 - p.20/21)


domingo, 18 de setembro de 2016

KARMA ATIVO E KARMA PASSIVO

"Karma Ativo, ou Karmabhava, é o Karma que esta­mos formando agora com os nossos pensamentos, ações e nossa vida em geral, bem como o que nela há de bom ou de mau. Isso produzirá o que vai ser o Karma Passivo da próxima vida, isto é, seu ambiente e condições. Da mes­ma maneira, o Karma Ativo da existência passada produ­ziu o Karma Passivo desta vida.

Karma Passivo, ou como é chamado tecnicamente, Upapattibhava, refere-se ao ambiente, às condições e ao caráter com os quais nascemos: todas essas coisas que nos dão, na vida, a impressão de que exercemos controle sobre elas, levando-nos a cogitar porque temos tal ambiente e tais obstáculos ao nosso progresso. Há, no Mahâbhârata, uma estranha passagem que merece consideração, em­bora, recordem bem, não se trate de doutrina autorizada, mas de certas palavras ditas por Bhishma a Yudhisthira, para explicar que o fruto de um ato aparecerá no período correspondente da vida, na próxima existência. Pode haver, e provavelmente há, muita verdade nessa declaração, e é muito possível que ações bastante sérias e fortes tenham seu efeito da maneira assim exposta. É possível atribuir isso a acontecimentos inquietantes e inesperados de nossa vida? É possível contra-arrestar esses efeitos? Alguns en­tre nós andam sob uma nuvem durante anos, quando, de repente, a nuvem sobe e as coisas parecem tomar novo caminho e novo aspecto. Tudo pode ser atribuído a al­gum Karma passado e poderoso demais para ser anulado enquanto não se esgote completamente.

Há, aqui, um outro ponto. Seria de se julgar que o lado passivo de nossas vidas é bem projetado previamente (pelas nossas próprias ações, naturalmente) e que a Fata­lidade, o Destino, a Predestinação mostram-se, em parte ou na totalidade, verdadeiros. Se considerarmos melhor, todavia, vemos que não é assim, mas que o que quer que nos aconteça só acontece porque nós próprios o trouxe­mos para nós. Se o nosso Karma é poderoso demais para ser afastado, nós o chamamos de Destino. Quanto à Sorte, ela está, esteve e estará em nossas próprias mãos. Certa passagem do Vaishnava Dharmasastra, ou Sutra de Vishnu, vem-me à mente, agora. Ela diz: 'Um homem não morre­rá enquanto não chegar o seu tempo, mesmo que tenha sido traspassado por um milhar de flechas. Não viverá depois que seu tempo chegar, mesmo que tenha sido toca­do apenas por uma haste da era Kusa.' Isso precisa ser explicado. Embora seja verdade que a nossa vida, sen­do produto de causas passadas, deve ser 'fixada', certa­mente, como resultado lógico dessas causas passadas, ou 'projetada' em seus aspectos principais, ainda assim, devemos ter em mente que possuímos, a cada dia, o po­der de modificar ou mudar a chamada Sorte, ou 'Desti­no', que é nosso. Na prática, entretanto, deve ser muito raro, se é que chega a acontecer, que alguém viva a exata extensão de tempo que elaborou para si mesmo. O mes­mo livro diz: 'Quando expiram os efeitos das ações de alguém em existências passadas, e que levaram sua pre­sente existência a ser o que é, a morte arrebata essa pes­soa, energicamente.' Em conexão com isso, é bom recordar que um homem pode alterar a sua sorte, e se a ex­tensão dos dias forem resultado nítido de Karma passado, é bastante seguro dizer-se que novo Karma pode ser gera­do nesta vida, com o efeito de contra-arrestar os efeitos do Karma passado. Podemos fazer uma pedra rolar por uma colina abaixo e, pela lei do Karma, ela deve atingir o fundo. Todavia, ela poderá ser detida se corrermos à frente, se a segurarmos e lançarmos para um lado. O Ver­dadeiro Eu Imortal Interior é Senhor do Karma, e, pal­milhando o Caminho da União com esse Um Oculto, po­demos dominar o Destino, ou Sorte, ou, pelo menos, mo­dificá-lo. De outra maneira, ele nos dominará. Recorde­mos, portanto, estas palavras de Shu-King (Livro dos Anais): 'Não é o céu que corta cedo a vida dos homens; eles a conduzem ao fim por si próprios.' (IV, ix, I.)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Editora Pensamento, São Paulo - p. 14/15)
www.pensamento-cultrix.com.br


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

DIVISÕES DO CARMA

"Denominemos, segundo os hindus:

Carma total ou Sanchita, o mal e o bem acumulados de todas as vidas passadas.

Carma parcial ou inicial ou Prarabda, a quantidade de sofrimento e de prazer destinados a uma vida física.

Carma final ou futuro ou Agami ou Kryiamana, a relação entre o bem e o mal praticados na vida atual. É o Carma que estamos formando, para ser descontado futuramente, nesta ou em outras encarnações.

A diferença entre o Carma final e o inicial, dará um saldo a favor do indivíduo, e será descontado do Carma total.

Em cada vida física o indivíduo procura descontar certa porção de Carma.

No fim de numerosas existências, terá pago todas as suas dívidas cármicas.

Esgotado o mau Carma total, o indivíduo terminou sua evolução humana.

A vida do indivíduo é coisa por demais complexa, para poder-se descer à análise de todos os seus atos, pensamentos e sentimentos.

Muita coisa resolve-se dentro do próprio mecanismo da natureza, porém o resultado global dos atos do indivíduo tem de passar pelo controle dos Senhores do Carma.

Há ações que produzem resultados imediatos, porém outras só permitirão a colheita de frutos em novas vidas.

Então intervêm os Auxiliares Superiores, distribuindo para cada existência terrena a quantidade de bom e mau carma, criando o ambiente, as circunstâncias em que a pessoa vai viver e lutar."

(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 62)


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A SOMBRA

"Enquanto estiver seguindo pelo caminho, você pode observar sua sombra a arrastar-se sobre lama, poeira, depressão ou montículo, espinhos ou areal, trechos de terra seca ou úmida. A sombra e suas experiências não têm permanência (mithyam) nem verdade (satyam). Similarmente, convença-se de que você é somente a sombra de Paramatma (o Ser Supremo), e que essencialmente você não é este você, mas o próprio Paramatma. Este é o remédio para tristezas, afãs e dores. Naturalmente, será somente ao fim de prolongado e sistemático processo de sadhana (disciplina) que você conseguirá fixar-se na Verdade; até então, é suscetível de identificar-se com este corpo, esquecendo-se de que ele, que projeta sombra, ele mesmo, por sua vez, é uma sombra.

Você não vê os alicerces de um arranha-céu de muitos andares. A partir daí, pode afirmar que ele está simplesmente pousado no chão?! As fundações desta sua vida de agora já vêm da profundidade do passado, das vidas que você já viveu.

Esta estrutura atual foi construída a partir do projeto daquelas vidas. O invisível decide sobre os ângulos, as finalidades, o número de pavimentos, e peso e a altura.

Deus é o grande alicerce de criação. Ore a Ele, e Ele distribuirá frutos."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - fl. 83)


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

SOMOS A SENDA

"Em certo sentido, somos já perfeitos e divinos nesse exato momento. Nosso verdadeiro Eu, nosso verdadeiro Ser não é o fugaz e sempre mutável vislumbre que chamamos presente, senão que abarca todo o nosso passado e todo o nosso futuro. É o completo existir com todo o seu ciclo de evolução nele contido. Assim é que somos tantos homens primitivos quanto homens perfeitos; e aquilo por que nos esforçamos, em realidade, já é nosso; o segredo da evolução consiste em nos tornarmos o que somos. Somente assim podemos compreender o significado de outras máximas ocultistas, como a de que 'nós mesmos devemos nos tornar a Senda'. Isso é a completa verdade e, contudo, só a compreendemos quando em nossa consciência como Egos considerarmos a meta, o desígnio de perfeição, a conquista do Adeptado, não como algo estranho e muito distante, do qual temos de nos aproximar de fora, mas como nossa divindade interior, nosso próprio Ser mais íntimo.

Quando reconhecermos o que significa converter-nos na Senda, também saberemos que nada terreno poderá se interpor entre nós e nossa meta, pois a vimos e nos tornamos unos com ela. É como se houvéssemos visto nossa própria divindade e como se a meta estivesse no centro de nosso Ser. A Senda da Perfeição se converte, então, no desenvolvimento de nossa divindade."

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 50/51)


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

SER HONESTO

"Não é fácil ser verdadeiramente honesto, especialmente em relação a nós mesmos. Os corpos mental concreto e astral - os veículos da consciência para pensamento e desejo - influenciam-se mutuamente. A mente produzirá sempre razões excelentes e plausíveis pelas quais deveríamos fazer o que nosso desejo natural nos incita a fazer. Diverte-me frequentemente observar meus próprios processos a este respeito. Assim, como diz H.P.B., estamos 'constantemente nos enganando.'

Ser completamente honesto é ser inteiramente verdadeiro, e não podemos atingir isto se formos demasiado emocionais, amarrados a nosso próprio exame e preocupados se somos bons ou maus, inteligentes ou estúpidos etc. Um dos efeitos do progresso espiritual é a diminuição do remorso e da ansiedade. Ambos indicam carência de energia no momento presente e para trabalho em pauta. Remorso indica escoamento da força da alma em relação a algum acontecimento no passado, e ansiedade significa escoamento em função de algum efeito imaginário no futuro. C.W.L. referia-se a isto com muita simplicidade. Ele citava o provérbio muito conhecido de não atravessar pontes antes de chegar onde elas estão, e o velho ditado 'isto não terá importância daqui a dez anos.' 'Bem', dizia ele, 'se não tem importância dentro de dez anos, não tem importância agora.'

A raiz do remorso, diz-nos H.P.B., é o egoísmo, e a raiz da anisedade é o medo de um desconhecido imaginário. Medo é o recuo da personalidade ante aquilo que não deseja ter, ou dúvida se irá receber aquilo que deseja. O sábio Patañjali, assim, diz que tanto desejo quanto aversão devem ser sobrepujados - outro dos 'pares de opostos.' No equilíbrio entre os dois está o 'Caminho.' Esta é a razão por que ele é descrito como sendo 'tão estreito como o fio de uma navalha' e 'caminho reto e estreito', porque nele o discípulo aprende aquela divina indiferença que o habilita a transcender a tirania dos pares dos opostos."

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios, O Discipulado na Nova Era - Ed. Teosófica, Brasília, 1998 - p. 149)


segunda-feira, 6 de junho de 2016

AS CAUSAS OCULTAS DAS DOENÇAS (PARTE FINAL)

"(...) As atuais forças lunares, sendo restos de um planeta que fracassou, evocam um passado remotíssimo, marcado por lutas subjetivas e objetivas que, por fim, resultaram na situação presente: a Lua existindo como satélite da Terra e mantendo sobre esta algumas influências diretas, concretas, além de várias outras, indiretas e menos evidentes. Entre as visíveis, encontram-se as que produzem a oscilação das marés e o ritmo do crescimento e da vida das plantas: entre as influências menos palpáveis, pode-se citar a estimulação instintiva e emocional no homem, esse ser que já ultrapassou o estado irracional, mas que ainda não está liberto do comportar-se como aqueles que não pensam.

A presença das enfermidades é, portanto, uma realidade planetária que transcende o próprio homem. Essa situação será resolvida em um futuro mais ou menos próximo, a depender da influência benéfica que outras energias possam ter sobre a órbita física e psíquica da Terra. Tais energias, algumas das quais extraplanetárias, sempre estiveram presentes, mas intensificarão cada vez mais sua ação, dado o grau de necessidade de cura em que atualmente nos encontramos. 

Neste momento cíclico, estrelas e planetas muito mais adiantados do que a Terra fazem incidir sobre nós sua irradiação especial e benéfica; e não só esses 'logos' estelares e planetários estão fazendo tal trabalho criativo, mas também o estão os seres ou entidades de evolução superior que vivem e têm sua essência nas órbitas internas desses 'logos'. Esses seres mantêm sua energia espiritual voltada para todos os níveis de consciência da Terra e alguns têm ação positiva sobre os próprios níveis humanos das criaturas."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 11/13)


terça-feira, 31 de maio de 2016

AMOR OU JULGAMENTO (1ª PARTE)

"Duas são as colunas da compreensão budista do caminho espiritual. Uma é o desafio de abrir nossa percepção pessoal à realidade da vida e desenvolver nosso senso de sabedoria ou perspectiva com relação ao que somos e ao que a vida é. Tal função cabe, em princípio, à mente. A outra grande coluna é o desafio de aprimorar nossa capacidade de sentir compaixão e aceitação com respeito à obra divina - tarefa que cabe, sobretudo, ao coração.

A compaixão é uma qualidade que descobrimos somente quando deixamos de julgar o mundo e passamos a amá-lo. A terceira meditação, que envolve aceitar a realidade tal qual é, induz-nos naturalmente a explorar nossa capacidade de sentir amor no coração e, por fim, a amar incondicionalmente - conforme preceituaram Buda, Jesus e muitos outros mestres espirituais.

O fato se resume ao seguinte: não podemos, ao mesmo tempo, criticar e amar uma coisa. Por quê? Porque o próprio processo de julgamento está radicado em uma área do nosso cérebro, a amídala, que é o centro do medo. Essa área de alerta vermelho, ligada diretamente aos nossos sentidos e funções cognitivas, obriga-nos a determinar primeiro se algo em nosso ambiente imediato constitui uma ameaça. Todo animal possui esse mecanismo de sobrevivência baseado no medo, evidentemente imprescindível para a segurança física. 

O dilema humano consiste no fato de não só analisarmos o momento presente a fim de descobrir se existe algum perigo como também termos a capacidade de evocar coisas ruins que nos aconteceram no passado e temer que voltem a acontecer no futuro. Cifram-se nisso nossas preocupações. Em última análise, boa parte do sofrimento humano vem de nossa propensão a imaginar cenários possíveis no futuro e, ou ficar ansiosos quando eles parecem negativos, ou animados quando parecem positivos. Em qualquer caso, nossas ideias a respeito do futuro tendem a criar sofrimento no presente. (...)"

(John Selby - Sete mestres, um caminho - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 94/95)


terça-feira, 24 de maio de 2016

SINTONIA E SABEDORIA (2ª PARTE)

"(...) O ego e a mente não nos permitem experienciar a unidade universal. Não compreendemos que a parte sagrada de todos nós já está em sintonia com o universo. É a ideia de estarmos separados uns dos outros e a nossa própria tagarelice mental que nos afastam da possibilidade de viver a mente universal.

Para nos elevarmos até a luz e vermos claramente, precisamos compreender que nossas barreiras protetoras e nossos problemas emocionais também criam bloqueios. Esses bloqueios devem ser dissolvidos ao se resolverem os traumas do passado. O processo chamado pelos budistas de 'domar o tigre' ou 'montar o touro' pode realizar isso.

O Vipassana, ou método intuitivo de meditação, também pode ser um grande auxílio, porque eleva os sentidos interiores e exteriores. Mover essa consciência para o centro do coração permite que tenhamos compaixão por todas as formas de vida, deixando-as ser o que são. O movimento da consciência para os quatro centros de energia permite-nos curar a nós mesmos e aos outros, em sintonia com nosso eu superior.

Há algum tempo li o livro Hidden Teachings of Tibet (Ensinamentos Ocultos do Tibete), de Tulku Thondop Rinpoche. Da primeira à última página procurei os ensinamentos ocultos, apenas para descobrir que 'os segredos estão ocultos no céu, nas montanhas, nas colinas, nos rios, nos lagos e nas árvores, e o esconderijo é conhecido somente pelos seres iluminados'. Na época pensei que o livro estava mal escrito, porque não conseguia ver a verdade que continha. Tempos depois, após longos retiros de meditação, experienciei alguns ensinamentos ocultos nesses locais sagrados. Comecei a compreender que os segredos estão trancados nas colinas, nas árvores, nos rios e em cada um de nós. Se meditarmos silenciosamente, sem comentários mentais sobre o ambiente natural e sobre as outras pessoas, poderemos ver que os segredos do universo se revelam a nós, quando estamos receptivos. (...)"

(Tom Davis - Sintonia e sabedoria - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 15)


domingo, 22 de maio de 2016

A LEI DO KARMA (PARTE FINAL)

"(...) Para que o karma desempenhe o seu papel, somos colocados em circunstâncias (família, educação, nação etc) que nos obrigam a corrigir fraquezas, aprender com novas experiências e evoluir espiritualmente. Na vida diária, o karma se manifesta como hábitos, tendências, humores, desejos e emoções. Nosso caráter representa a totalidade das boas experiências em vidas passadas, que resultam em tendências e habilidades inatas. As inclinações naturais transformam nossa personalidade e assim o nosso karma é ajustado, fazendo-nos progredir no caminho escolhido ou retardando nosso progresso, quando fazemos escolhas erradas. 

Somos, portanto, os efeitos das nossas ações passadas. Mas há um lado mais sutil na lei do karma: são os traços psicológicos e espirituais deixados na nossa consciência por pensamentos, ações e hábitos de vidas passadas. Eles influenciam o que somos e o que fazemos mais do que podemos imaginar. Essa 'segunda natureza' deve ser controlada no momento em que começar a nos fazer pensar ou sentir diferente, com ciúme, ira ou o que quer que seja. Devemos de imediato trazer à mente um pensamento oposto ou uma qualidade espiritual. Temos que constantemente cultivar boas qualidades para neutralizar os efeitos do mau karma.

Como almas, somos um reflexo de Deus; refletimos a força e as qualidades divinas de amor, gentileza, tolerância compreensão, compaixão etc. Mas estamos no mundo da ilusão, e o mal está presente em cada ser sob a forma de ódio, egoísmo, cobiça, medo etc. O homem deve considerar os sussurros da consciência e as boas tendências como o chamado de Deus em seu interior. Da mesma forma, deve reconhecer e resistir a pensamentos e impulsos malévolos. Lembre-se: o mundo não responderá pelas consequências; você sim. Não ligue como os outros estão agindo. Seja você um exemplo, não para os outros, mas para si mesmo."

(Vinai Vohora - A lei do karma - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 11)



terça-feira, 10 de maio de 2016

A TENTAÇÃO NO DESERTO

"A estória da tentação de Jesus pelo demônio no deserto (Mt 4:1-11) retrata, em linguagem simbólica, apenas parte das experiências do iniciado do segundo grau. Logo após a natividade, Herodes fez o seu ataque, simbolizando o clamor dos hábitos e desejos do passado. Da mesma forma, agora os vestígios remanescentes de orgulho, egoísmo, autossatisfação e desejo de poder, personificados por Satã, tendem a emergir e tentar o iniciado para que abandone sua missão divina. Alegoricamente, o demônio incitava Jesus no deserto (que significa os períodos de aridez espiritual testemunhados por todos os místicos) ao abandono da grande busca e ao uso de seu poder recém-adquirido para adquirir posses pessoais e prestígio. Diz-se que muitos aspirantes falham nesse grande teste. A sensação de intensificação de poder é tão forte, a capacidade intelectual é tão maravilhosamente aumentada pela passagem por esses graus dos mistérios maiores que o egoísmo e o orgulho (personificados por Satã) podem alcançar proporções monstruosas e fazer sucumbir o candidato, levando-o a buscar a gratificação da ambição por poder e ao desenvolvimento de soberba pessoal.

A vitória é obtida por fim. O tentado diz ao tentador: 'Vai-te, Satanás'' (Lc 4:8). O uso permissível dos recém-encontrados poderes capacita-o a curar, ensinar e atrair para si aqueles que se tornam discípulos, e são eles mesmos ajudados a encontrar e a trilhar a mesma senda da santidade, 'a porta estreita' e o 'caminho apertado'."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 161/162)
www.editorateosofica.com.br


segunda-feira, 11 de abril de 2016

CARÁTER AMADURECIDO

"Do ponto de vista moral, pode-se dizer que não existe no homem um caráter amadurecido e firme se ele não tiver ainda enfrentado estágios de sofrimento e de dor. Aquele que já o tem formado certamente o conquistou através de experiências assim, vividas no passado, na encarnação atual ou nas anteriores. O êxtase, que acontece quando o homem se deslumbra pela manifestação de todo seu próprio potencial interior, só é possível quando já existe nele suficiente desenvolvimento nesse sentido; caso contrário, o orgulho ali medraria.

Por caráter formado entendemos a capacidade de assumir o momento presente sem a menor vacilação; isso nada tem a ver, em essência, com aquilo que denominamos temperamento. Enquanto o temperamento é resultado de uma situação circunstancial, que muda a cada instante conforme o raio energético do indivíduo ou do ambiente que o cerca, o caráter é resultado de uma evolução superior. O temperamento traz elementos que continuamente devem ser trabalhados e elevados, em cada encarnação, inclusive pela fusão e mescla com temperamentos opostos que existem dentro do mesmo ser. (...)

Do ponto de vista evolutivo e espiritual, o sofrimento e a dor, quando aceitos, são fatores que impulsionam o progresso; quando, porém, são rejeitados pelas camadas superficiais do ser, deixam de produzir esse efeito e passam a construir apenas uma purificação de resíduos de ações, sentimentos e pensamentos negativos do passado. Falar do próprio sofrimento, partilhando-o com outras pessoas por mero desabafo, ou reagir contra a sua presença, impede que o valor moral e espiritual que seria trazido por ele se instale no caráter do indivíduo. Nesse caso, o que é vivenciado não passa de mero fato físico ou psicológico."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 79/80)