OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sexta-feira, 9 de março de 2018

A VOZ DA VIDA

"O objetivo e a direção da vida estão nas mãos da Vida Eterna. Nosso dever é dar cada passo nítida, sincera e corajosamente. Acontecimentos comuns na vida do aspirante adquirem uma complexidade divina. Seus próximos são fragmentos divinos, lutando na treva ao seu lado para serem compreendidos, e o aspirante está sempre pronto a lhes ajudar. Os acontecimentos da vida, mesmo os pequenos, tornam-se cheios de mensagens, desde que ele saiba que eles são a Voz da Vida falando à sua alma. Na vida do discípulo, disse H.P.B., não há acontecimentos insignificantes e, por vezes, os mais triviais são os que contêm mais significados. Por isso ela nos recomenda pensar sobre os acontecimentos da vida e tentar extrair deles os seus significados, estudá-los e tentar ver que mensagens contêm para o desenvolvimento de nossa alma. Pois Vida é Deus, e Deus é Amor, e trabalha somente para a realização e bem-aventurança futuras. Assim aprendemos a ler o Grande Livro da Vida. Isto é bem mais importante do que ler qualquer livro impresso, embora estes possam nos ajudar a ler os maiores.

Somos contra os problemas? Como nos desenvolveríamos se nunca tivéssemos que lidar com algum problema? Preferiríamos qualquer outra coisa? Talvez, mas a Vida é mais sábia. Aparece uma oportunidade de serviço. Nós a tomaríamos? Uma pessoa superfranca segura um espelho diante de nosso olhar espantado. Ficamos ressentidos, negamos, vamos nos vingar? Ou ficamos contentes por termos assim um ângulo de visão que não nos tinha ocorrido? Possa agora olhar para meu passado e ver que muitas coisas rudes e mesmo indelicadas que me foram ditas estavam bem fundamentadas na verdade. Mas somos delicados? Ou o nosso temperamento e a preguiça dominam nossos impulsos generosos? Como o Mestre K.H. uma vez escreveu a um chela em prova: 'O maior consolo e o principal dever da vida, criança, é não infligir dor, e evitar causar sofrimento ao homem ou ao animal.' Ter cortado o nosso egocentrismo é um grande auxílio. A pequenina Tereza de Lisieux escreveu, em certa ocasião, que, se alguém está bem no primeiro degrau de uma escada e não pode ir adiante, é uma grande paz, pois ninguém a inveja nem deseja substituí-la."


(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 200/201)
www.editorateosofica.com.br

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

TANTO QUANTO EU VOS AMEI

"Jesus presenteou seus discípulos com outra gema de sabedoria espiritual a fim de ajudá-los a palmilhar o caminho do coração. Ofereceu-se a eles como exemplo de amor ao próximo, dizendo simplesmente: 'Amai-vos uns aos outros tanto quanto e vos amei'.

Jesus era sem dúvida um ser humano cheio de amor, que quase nunca encolerizava, sempre oferecia a outra face, era paciente e gentil, compassivo e compreensivo com relação aos pensamentos e sentimentos dos que o cercavam. No entanto, quando examinamos acuradamente o modo como amava as pessoas, vemos que ele não conduzia sua vida de forma a minimizar-lhes o sofrimento emocional. Evitava tomar conta dos sentimentos delas. Não era isso o que considerava amor. 

Para ele, amar era acima de tudo manter o coração aberto o tempo todo para o centro espiritual do seu próprio ser. Nesse constante estado de devoção meditativa, ele parece ter vivido, não ocupado em manipular e maquinar com sua mente lógica, mas em seguir a sabedoria e os ditames do coração a cada momento.

Para Jesus, o importante era amar a Deus de todo o coração, mente e alma, e realizar a tarefa que tinha pela frente de maneira expontânea. Por exemplo, ele ensinou aos discípulos que, quando fossem levados à presença das autoridades, não preparassem de antemão o que diriam - antes, permitissem que o Espírito falasse por intermédio deles enquanto mantinham o coração puro e harmonizado com a sabedoria, a orientação espiritual.

Em outras palavras, em vez de viver uma vida prescrita por 'deves' e 'não deves', Jesus se submetia à realidade e era sempre fiel ao chamamento interior, independentemente do que os outros pensassem de seus atos ou do grau em que estes afetassem os sentimentos alheios. Pelo que sabemos, em tudo o que fez, ele viveu o caminho amoroso da entrega absoluta ao momento espiritual.

Jesus deixou claro que não veio nem para obedecer às leis de sua cultura nem para derrogá-las. Veio para completá-las com outras novas, qualitativamente mais confiáveis - a saber, amar ao próximo como a nós mesmos, e com a mesma impávida honestidade e dedicação à verdade que ele demonstrou em tudo."

(John Selby - Sete Mestres, Um Caminho - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2004 - p. 122/123)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O OBJETIVO DA VIDA

"O terceiro aspecto de nosso mundo, que está oculto à maioria, é o plano e o objetivo da existência. A maior parte das pessoas parece desnorteada na vida, sem qualquer objetivo definido, salvo talvez a luta meramente física para fazer dinheiro ou alcançar o poder, porque supõe, erroneamente, que isso lhe trará felicidade. Não tem uma ideia precisa da razão pela qual está aqui, nem certeza alguma quanto ao futuro que a espera. Tais pessoas nem mesmo fazem ideia de que são almas e não corpos, e de que, assim sendo, o seu desenvolvimento é parte de um grande esquema de evolução cósmica. 

Quando essa verdade sublime despontar no horizonte da humanidade, haverá uma transformação, que as religiões ocidentais chamam conversão – uma palavra sutil, que infelizmente tem sido deturpada por associações inadequadas, por ser usada, muitas vezes, para significar nada mais que uma crise de emoção hipnoticamente induzida pelas ondas agitadas da excitação, procedentes de uma multidão exaltada. Seu verdadeiro significado corresponde exatamente ao que sua etimologia indica: 'voltar-se com'. Até agora o ser humano, ignorando a maravilhosa corrente da evolução, tem lutado contra ela, sob a ilusão do egoísmo; mas, desde o momento em que a magnificência do Plano Divino refulge ante seus olhos atônitos, a sua atitude passa a ser a de colocar todas as suas energias ao esforço de cooperar no cumprimento do desígnio supremo, 'voltar-se e acompanhar' a esplêndida corrente do amor e da sabedoria de Deus. 

Seu único objetivo, então, é capacitar-se para ajudar o mundo, tendo todos os seus pensamentos e ações dirigidos a essa meta. Podemos esquecê-la por um instante, sob a pressão das tentações; mas o esquecimento será apenas temporário, e este é o sentido do dogma eclesiástico de que o eleito não pode falhar jamais. O discernimento há de chegar, as portas da mente hão de se abrir – para adotar os termos da fé antiga para essa transformação. A pessoa agora sabe o que é real e o que é irreal, o que merece ser adquirido e o que carece de valor. Vive como uma alma imortal, que é uma Centelha do Fogo Divino, em vez de viver como um animal que perece – para usar de uma frase bíblica, que, aliás, carece de correção, visto que os animais não perecem, exceto no sentido de sua reabsorção na respectiva alma-grupo. 

A essa pessoa desvelou-se, em verdade, um aspecto da vida que antes estava oculto à sua percepção. Seria mais exato dizer que agora, pela primeira vez, ela começou realmente a viver, ao passo que, antes, toda a sua existência simplesmente se arrastava, improfícua e sem finalidade."

(C.W. Leadbeater - O Lado Oculto das Coisas - Ed. Teosófica, Brasília - p.  36/37)


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

DESAFIOS DA VIDA (PARTE FINAL)

"(...) A limitação material é como o leito de um rio, forçando as águas numa certa direção. Ele pode dar muitas voltas, mas o destino final é sempre o mar. Quanto mais próximo desse destino, menos curvas aparecem no caminho, porque já aprendemos algo, não nos preocupando mais em fugir e desviar do problema.

Benditos desafios! Cada limitação é uma oportunidade nova. Sofrimento? Depende de como olhamos o desafio. Quando um alpinista se defronta com um pico escarpado, enfiado nas nuvens, ele sorri ou empalidece? Encoraja-se ou desanima?

A vida em si é um desafio de alpinista. Chegar ao topo requer equilibrar-se junto às ladeiras, onde tentações diárias - como preguiça, inveja, gula, desonestidade, raiva, mentira - querem nos atrair para a energia antiga, o comportamento antigo. Repetir no mínimo é estagnar, aprofundando a inconsciência, a não ser que coloquemos atenção no ato.

Ainda que repetindo, atenção na ação é crescimento. Da próxima vez será possível um rumo diferente. Ir adiante, porém, é suspender o pé para o degrau seguinte. Por essa razão o autodomínio é tão importante no caminho espiritual - o que não significa reprimir. O trabalho é sempre por meio da consciência. Domar nossa natureza inferior é estabelecer quem manda no corpo, modificando sua energia pela combinação da vontade com pensamentos elevados e amor - o que é impossível na mente entulhada. 

Requer-se esvaziar esse copo, transformando-o em divina taça pela meditação, sons iluminados, trabalho altruísta e alimentação sutil, preferindo também companhias que buscam crescer como você. Essa é uma dieta para a mente e para a alma, elevando também o vaso físico que nos sustenta no mundo. Vibracionalmente, tudo cresce ou se rebaixa ao mesmo tempo em nós, expandindo ou embotando a consciência."

(Walter S. Barbosa - Desafios da vida - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 12/13)


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

AS QUALIDADES REQUERIDAS PARA SE CAMINHAR NA SENDA DO YOGA (PARTE FINAL)

"(...) Em segundo lugar, é preciso ter uma vontade firme, invariável.

Qual é a diferença entre o desejo e a vontade? É uma diferença muito notável. O desejo é a mesma energia que a vontade, mas diferem em que o desejo é sempre determinado por um objeto exterior, mesmo que seja o ardente desejo do qual vos falei; o desejo é sempre posto em atividade por um objeto. A vontade é a mesma energia determinada pelo Eu, brotando do interior e não movida pelos objetos do exterior. Por conseguinte, a vontade não muda com os desejos; é permanente, e é dirigida do interior através de todas as experiências anteriores da alma durante a série de vidas em que o homem tem existido no mundo.

É preciso encontrar esta firmeza de vontade; ela permanece oculta no Eu; é a ultima qualidade divina do Eu, e dirige todas as experiências de nossas vidas, por numerosas que tenham sido. Toda a direção imprimida no transcurso destas vidas, emana da vontade que permanece oculta em nós, é a divindade oculta que tudo dirige. Mas é preciso que esta divindade se manifeste, que não permaneça escondida, pois a vontade do homem, vontade verdadeiramente livre, é o dom mais precioso que a alma humana possui. É Deus mesmo em nós.

A vontade no homem é a vontade divina que caminha sempre unida à Vontade Suprema e que Se esforça por dominar os desejos que pululam nos mundos inferiores; são eles o reflexo de seus próprios poderes, porém se levantam contra estes, dos quais são os verdadeiros filhos.

Em terceiro lugar é preciso uma inteligência penetrante, intensa, sem a qual não existe Yoga possível. Mas como fazer brotar, como fazer crescer estes poderes da alma?

Pode-se responder a esta pergunta com três palavras; cada uma delas se refere a uma capacidade.

Pode-se estimular o desejo, pensando; pode-se desenvolver a vontade, agindo, e pode-se desenvolver a inteligência, estudando.

Eis aqui os três meios que devo precisar."

(Annie Besant - Yoga, ciência da vida espiritual - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 31/32)

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

AS QUALIDADES REQUERIDAS PARA SE CAMINHAR NA SENDA DO YOGA (2ª PARTE)

"(...) O Logos é como uma mãe cujo filho ainda não anda: esta lhe mostra de longe um brinquedo para chamar a sua atenção, e lhe diz: 'Vem, anda, experimenta andar'. Impulsionado pelo desejo de possuir o brinquedo, o menino começa a andar. Da mesma maneira trata o Logos seus filhos, para os quais tem brinquedos de todas as espécies. 

O prazer, o gozo de viver, os elogios, o poder, todas as coisas que não são completamente satisfatórias para a alma humana, a atraem, no entanto, momentaneamente, e preenchem assim sua finalidade no mundo, a tarefa de impulsionarnos ao esforço para compreendê-los e desenvolver-nos quando os tivermos alcançado. 

Destruir num jovem todos os seus desejos é causar-lhe um mal terrível, pois estes desejos são para ele uma proteção eficaz contra muitos dos pecados do mundo. 

Para o jovem ambicioso não são, contudo, viscosos todos os caminhos neste mundo, pois que sem este desejo não pode crescer, não pode chegar a alcançar nenhum poder sobre os demais sem aprender a respeitar-se a si mesmo. Impulsionado pelo desejo, permanece muito amiúde na senda da virtude, evitando desta maneira a senda do vicio, graças a este desejo mais elevado que tem de alcançar o poder, seja político ou social. Nestas circunstâncias pouco importa o objeto; só o esforço tem valor. 

O Logos, que compreende muito bem sua função, coloca todos os objetos desejáveis ante os olhos de Seus filhos, a fim de que aprendam a andar para tornar-se homens. Os desejos pelas coisas elevadas destroem os desejos inferiores; os desejos nobres são as espadas que matam os desejos mesquinhos. 

O desejo de unir-se a Deus, de encontrar o Eu, de realizar sua divindade, é um desejo nobre e necessário. Sem este desejo ardente como uma chama, não seria possível vencer as dificuldades, os perigos, os sofrimentos desta Senda tão difícil e tão curta que conduz rapidamente ao conhecimento do Eu. (...)" 

(Annie Besant - Yoga, ciência da vida espiritual - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 30/31)
http://www.pensamento-cultrix.com.br


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

AS QUALIDADES REQUERIDAS PARA SE CAMINHAR NA SENDA DO YOGA (1ª PARTE)

"Existem três grandes qualidades, que é necessário possuir; a primeira é um desejo ardente; a segunda, uma vontade firme; a terceira, uma clara inteligência. Sem estas qualidades, é impossível caminhar por senda tão difícil; para poder compreendê-las, é preciso analisá-las e como podem estas qualidades evoluí em nós mesmos. 

Embora a Yoga não seja nada mais do que aplicação das leis da evolução da matéria, bem como dos poderes da inteligência; no entanto, em certo sentido, não é para ser seguida por todo o mundo; só pode sê-lo por poucas pessoas. Todo mundo pode começar, todo mundo pode tratar de aplicar em si mesmo, pouco a pouco, estas leis; porém, sem um método consciente, sem uma ininterrupta e resoluta prática, não pode converter-se num fato para qualquer homem ou mulher. Só alguns dentre nós podem verdadeiramente converter-se no que se chama um yogue. Somente aqueles que a praticam resolutamente e seguem a Yoga propriamente dita têm possibilidade de êxito nesta empresa. 

Assim, dissemos que a Yoga requer, em primeiro lugar, um desejo ardente. Sem este desejo é impossível qualquer êxito; é tão longo o caminho, as dificuldades são tão grandes que somente aquele que ardentemente deseja pode seguir por esta senda. 

Examinai a vós mesmos e encontrareis em vosso interior um grande número de desejos, porém que são passageiros, fugitivos; não são perduráveis; hoje desejais uma coisa, amanhã outra. Os desejos mudam continuamente no caminho do progresso normal da evolução; é preciso sentir todos estes desejos para evocar os poderes da inteligência e da alma. 

Algumas vezes se fala dos desejos como se estes fossem uma coisa má, e que é preciso não ter desejos. Isto só é verdade uma vez alcançado certo grau, porém, não é verdade no caminho onde se buscam as experiências. 

Nossos livros falam das sendas chamadas Pravritti, a senda pela qual se vai, e Nivritti, a senda pela qual se volta; e segundo a senda que alguém siga, deve ou não ter desejos. 

Mas procurar matar os desejos quando ainda não se está suficientemente desenvolvido, é um erro fatal, comum a muitas pessoas. Credes por ventura que o Logos, criador do Universo, teria enchido este mundo de objetos próprios para despertar o desejo, se quisesse que este não existisse? Se Deus não quisesse que os homens sentissem desejos, o mundo seria muito diferente do que é; na senda não se encontrariam objetos  agradáveis que vos atraem dizendo a cada instante: 'Eis-me aqui; toma-me'. (...)"

(Annie Besant - Yoga, ciência da vida espiritual - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 30/31)
http://www.pensamento-cultrix.com.br


domingo, 28 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO AMOR (2ª PARTE)

"(...) Assim aquele que um dia deverá ser amante, deve iniciar sendo operário e estudante. Deve embeber-se da ciência da alma, e deve obrar continuamente na aplicação daquele conhecimento; tampouco necessita ir a qualquer lugar para obter os materiais de sua pesquisa, pois a natureza ordenou que cada homem produza em si mesmo todos os elementos de que precisa. Assim ele direciona todas as suas forças e todos os seus poderes de vontade e pensamento sobre os produtos de seu próprio ser - não sobre seu próprio ser, não sobre si mesmo; senão, viajando para dentro, descreverá um círculo que se fecha sobre si mesmo, e desse modo bloqueará todo o progresso, quando deve delinear uma espiral que, volta após volta, o alça aos mundos espirituais; não seja a concentração, portanto, sobre si mesmo, mas sobre os produtos de seu ser.

Tampouco deve prestar atenção nas fraquezas de outras pessoas, pois só de si mesmo ganhará forças. Cada homem é completo, cada homem é diferente, são como facetas de uma mesma jóia, e aquilo que cada um destila de sua completude será diverso da destilação de outro. O grande Alquimista somente pode misturar a miríade de essências destiladas por miríades de homens e fazer um único e glorioso perfume. Até que este grande experimento seja completado Ele trabalhará sem cessar no laboratório universal em que Ele, o Cientista Supremo, obra de idade em idade. 

O amor que salva os mundos guarda apenas tênue semelhança com aquilo que os homens chamam de amor; antes é um derramar universal de poder, sabedoria e conhecimento sobre todas as formas de vida, sem distinção de idade, corpo ou alma. Não distingue entre o inseto e o homem, o animal ou o anjo, o pecador ou o santo; todos estão igualmente incluídos na glória de seu espantoso fluir. Não julga o homem ou a besta, o anjo, árvore ou flor, tampouco detém-se para avaliar as bênçãos que distribui, tal é o amor que se derrama continuamente do coração d'Aqueles que são Salvadores do mundo pelo grande poder do amor. Seu amor não procura abraçar, nem envolver; à medida que flui, impregna cada célula, cada átomo do corpo daqueles que recebem seu benefício. 

Deixai que o peregrino na senda do amor comece a imitar esta perfeita maneira de amar, que comece a tornar seu amor igual ao d'Eles; pois ele também deve aprender a irradiar uma correnteza de luz rósea, contribuindo com sua porção no amor universal; ele deve emancipar-se cada vez mais da escravidão do amor terreno às formas; jamais permitirá que uma só forma concentre seu amor, ou uma única pessoa seja o único objeto de seu amor, pois ele aspira a ser um amante universal. O amor que ele derrama é direcionado à alma, para auxiliar o desenvolvimento do Deus interno em evolução, e não à forma. Gradualmente ele deve cortar cada laço terreno, até que nenhuma pessoa no mundo possa reivindicar a posse exclusiva de seu amor. Ele deve amar a todos, e com um amor tão compassivo, tão terno, tão cheio de divina bondade, que à sua luz brilhante e poder qualquer amor humano pareça apenas escuras sombras de desejo. Mais tarde, o amor que agora sacrifica ser-lhe-á restituído em plena medida, quando os homens puderem ver nele um salvador pelo poder do amor, e, vendo, possam igualmente devolver-lhe um amor que ele ensinou a purificar. O ideal de amor, como um todo, deve ser elevado, deve se desvencilhar inteiramente dos abraços sufocantes do desejo; o peregrino deve se tornar puro, altruísta e livre, se o amor com o qual deseja salvar o mundo deve ser puro e livre. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



sábado, 27 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO AMOR (1ª PARTE)

"Aquele que trilhar o caminho do amor deve descobrir aquela alquimia espiritual que transmuta o amor mais baixo no mais alto; deve conhecer a ciência sagrada pela qual as piores qualidades da alma, passando pelo crivo do pensamento, possam ser sujeitadas pelo fogo ardente da vontade, para que sua essência possa ser destilada, gota a gota, e então colocado nas mãos do experimentador o tão almejado elixir da vida. Do vil obterá o puro; do imperfeito, a perfeição; do impermanente, o eterno. Até que essa ciência seja aprendida, e tudo o que for baixo tenha sido purificado, o homem não pode ser um salvador do mundo. 

Um salvador do mundo é aquele que se emancipou de toda fraqueza humana, caminhou pela estrada do amor e, caminhando, tornou-se divino. Os que vão passar por esta estrada, a qual atravessaram aqueles cujos pés sangraram, devem aprender a ciência que eles aprenderam; deve preparar a cruz do pensamento, deve acender em si mesmos o ígneo poder da vontade e, tomando cada vício, fazê-los objeto de experimento, e então transmutá-los, um a um, na virtude oposta, pois, acima de tudo, o amor deve ser puro. 

Assim como o lixo terrestre é destruído pelo fogo, o lixo da alma deve ser incinerado pelo fogo da vontade. Todo o vício, ainda que grande, esconde um precioso perfume que ele procura, cada fraqueza se revela fonte de uma força oculta, cada erro esconde uma verdade; vício, fraqueza, erro, estes são os equipamentos com os quais o homem começa a palmilhar a estrada do amor. A fim de que sejam transformados em seus opostos, o homem deve retirar-se para o laboratório de sua alma, e lá preparar os instrumentos de seu trabalho. Os instrumentos são: pensamento e vontade; estes dois, apenas, fornecem tudo de que necessita; de sua união uma criança nascerá; a criança é o amor. Os homens a conhecem como Hórus, ou como Cristo. 

Tendo-se retirado para a reclusão dos recessos mais íntimos de sua alma, aquele que um dia será um amante da humanidade deve estocar seus recursos, deve procurar em seu eu terreno as ervas das quais extrairá as essências procuradas. Distanciado de seus desejos, ele os cortará um por um do solo de sua natureza, onde tão firme deitaram raízes. Vício, sexualismo, sensualidade, impureza, egoísmo, crueldade, mentira, indiscrição, superstição, avareza, e ilusão, tais são os nomes das plantas que ele juntará na selva de sua natureza inferior, selva cujo dever seu é transformar no mais refinado jardim da terra. Cada planta que tiver arrancado ele porá sob a minuciosa lente de seu pensamento e provará ao fogo de sua vontade inquebrantável; este fogo não deverá abrandar-se, menos ainda extinguir-se, até que raízes, folhas e flores se tenham consumido. Então, no receptáculo espiritual, o veículo de seu Eu Imortal, no qual reside a imortalidade, o líquido precioso que destilou será recolhido, gota a gota. Lá será guardado até que a secreta farmácia de sua alma seja abastecida, prateleira após prateleira, com aquelas essências vitais das quais fluirá um dia a panacéia universal. Esta panacéia é o amor. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association)



sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (PARTE FINAL)

"(...) À medida em que subis os degraus, esforçai-vos com todos os poderes de vossa vontade, procurando livrar vossa alma do invólucro de carne, como se devêsseis ultrapassar a própria abóbada celeste, à procura de luz. A palavra-chave, que todos os que entram no Templo devem conhecer, e que deve ser objeto de contínua meditação, é: 'O brilho e a Luz são UM',  ou 'A centelha e a Chama são UMA'. Da concentração sobre este ponto passai à meditação, onde todo o conhecimento do mundo externo é obliterado; da meditação passai à contemplação, onde todo o conhecimento do eu é obliterado, onde só a luz persiste. 

Assim passareis pela porta do Templo, e, tendo passado, não precisareis mais de nenhum guia, pois vos encontrareis na presença d'Aquele que vos tem guiado através de cada vida, desde vossa primeira encarnação humana: vosso Eu Superior, que é uma encarnação da luz. Ao vos ajoelhardes ante o altar onde arde a sagrada chama, ele vos alimentará com alimento espiritual, colocará em vossas mãos a espada com a qual, doravante, rasgareis todos os véus, e vos dará uma tocha, por meio da qual todas as trevas se dissiparão. 

Finalmente, donde estais, junto do altar, olhareis para baixo, a terra onde viveis, e começareis a saber. A luz que agora é vossa vos desvelará os segredos que outrora foram ocultos, e podeis retornar a vossos estudos agora com a certeza do sucesso, pois a chave do conhecimento está em vossas mãos, e o cálice do eu inferior está repleto do vinho da sabedoria. Diariamente devereis ajoelhar-vos diante do sacrário, para que o cálice possa ser novamente enchido. Tendo posto vossos pés no caminho, marchai mais e mais fundo em vosso eu interior, não descanseis jamais, até que o clarão se torne de novo a Luz, e a centelha novamente se torne a Chama. 

Em vossa busca por conhecimento, aprendei a arte da meditação; colocai diante de vós o objeto de vossa pesquisa, seja uma jóia, um flor, um animal ou um homem; fixai vossa atenção e meditai neste objeto como sendo uma viva e prefeita expressão d'Aquele que é imanente nele. Vós não podeis descobrir perfeita verdade a menos que a forma que vos serve de moto seja perfeita e viva. Meditai sobre a imanência, procurai a alma que mantém a forma viva; encontrando a alma, meditai sobre ela, do mesmo modo como meditastes sobre a forma, e procurai nela o conhecimento do modo como vive, e achando o modo, procurai qualquer outro conhecimento de que tenhais necessidade. O passado, ainda que remoto, pode ser revelado ante vós, para que possais entender os caminhos percorridos; com este estudo o processo de desenvolvimento pode ser estimulado. Tendo discernido o passado, olhai reverentes o futuro, procurando obter a visão do todo. Não podeis meditar sobre uma flor cortada ou seca, pois já não têm conexão com sua alma, e a flor já não sabe por que meios vive: este conhecimento reside na alma da flor. 

Evitai os escuros caminhos da pesquisa com animais como se evitásseis o pior dos infernos, e não há pior inferno em toda a criação do que a mesa de vivissecção, não há maior cegueira do que aquela dos que pensam que empregar crueldade contra outra parte da vida de Deus pode trazer iluminação para si. Apenas soubessem que estão construindo véus tão densos sobre si mesmos que uma centena de vidas não bastaria para os redimir!, e mesmo assim a verdade ocultaria sua face brilhante de seus olhos, envergonhada do que terão feito usando seu doce nome. Procurai a verdade entre os vivos, e encontrareis a verdade viva, e o vasto tesouro de conhecimento da Natureza será vosso. Este é o ensino a respeito da via meditativa."

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (3ª PARTE)

"(...) Tendo-se retirado e descansado completamente, enviai uma ardente invocação aos Deuses da Luz e ao Senhor da Luz, para que possais ser iluminados em vossa busca, e professai um voto solene de que todo o conhecimento eventualmente obtido será dedicado ao serviço de vossos irmãos. Procurai o conhecimento, só assim podereis ensinar; procurai a luz, só assim podereis iluminar os outro; procurai o poder que o conhecimento dá, para que possais rasgar os véus do preconceito e da ignorância nos quais a raça humana está tão fundamente envolta. Vosso ofício deve ser dúplice: deveis ser um tocheiro e um desvelador.

Tendo erguido vossa prece e professado vosso voto, pratiqueis a arte de colocar vosso corpo inteiramente em repouso, de domar as tempestades das emoções, de aquietar vossa mente, pois são preliminares imprescindíveis. E quando a calma reinar em vossa natureza interna e externa, pensai fortemente em vosso coração como uma gruta, onde vossa alma possa penetrar em sua busca de luz. Pensai firmemente, durante vários dias, na gruta de vosso coração, e tentai concentrar vossa mente lá; gradualmente, onde só havia escuridão, uma luz começará a brilhar – uma luz que o guiará no caminho. Aprofundai-vos na contemplação da verdadeira luz, que brilha em cada homem, cujos lampejos finalmente aprendeis a discernir. À medida em que a luz cresce e começa a vos envolver, alçai-vos em pensamento, dentro de vós mesmos, em direção ao meio de vossa cabeça, onde encontrareis uma luz maior; tendo encontrado esta passagem, continuai a meditar sobre a luz. Pensai em vós como um fulgor da Luz Única, uma centelha da Chama Única, e forçai com todos vossos poderes de pensamento e vontade ainda mais acima, ainda dentro de vós, para dentro daquela Luz paternal de onde saístes. Alçai-vos através de vossa cabeça, através dos sentimentos para os pensamentos, ansiando beber a essência-pensamento, para tornar-se pensamento encarnado, e fixai vossa mente de modo inflexível sobre a luz, procurando a porta do Templo. 

A chave está em vossas mãos, eu vo-la dei; é o conhecimento de que o clarão que constitui vosso ser emana da Luz Única, a faísca que sois é parte da Chama Única: que possais ser o que em verdade sois. 

Gradualmente vós aprendereis a viajar por esta estrada que leva do coração à cabeça, e da cabeça ao lugar da luz. Encontrareis vossa luz iluminada por outra luz, que vem do alto, e aprendereis a reconhecer seu brilho. Através destes exercícios diários tereis dominado todas as muitas tendências do sentimento e do pensamento de escapar ao controle. Tereis construído os degraus que vos levarão às portas do Templo. A chave está em vossas mãos, colocai-a direto na fechadura e, girando-a, entrai no Templo da Luz. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (1ª PARTE)

"O caminho do conhecimento é o caminho da luz, e aquele que deve trilhar esta vereda deve aprender a deixar de lado todos os atributos que toldem esta luz, pois seu destino é encher-se tanto de luz até que ela possa irradiar através de si para iluminar o mundo inteiro. Desde o início, portanto, deve despir-se de tudo possa velar a luz dos olhos daqueles que, mais tarde, irá iluminar. 

O preconceito é o grande lançador de véus, o maior inimigo de todos os que procuram conhecimento, a maior barreira à iluminação. Deixe-se que o neófito, em sua busca de conhecimento, comece a estudar a si mesmo, pois somente conhecendo a si vai um dia conhecer o grande Eu; somente pelo autoconhecimento ele poderá descobrir os muitos véus em que sua longa peregrinação o envolveu; somente pelo autoconhecimento ele poderá descobrir a maneira de lançar fora tais véus. Para dentro, pois, e não para fora, deve o estudante lançar-se nesta pesquisa; tendo encontrado o Eu dentro de si, o Eu externo lhe será revelado. 

Há um caminho levando do não-eu ao Eu, do material ao espirirtual, da ignorância para a iluminação; este caminho é o caminho do conhecimento; uma das extremidades está na carne, a outra, no espírito. O homem de carne deve procurar entrar na carne, enquanto sua contraparte espiritual - o homem interno - deve buscar a entrada no espírito. Encontradas as duas entradas, deve procurar o centro ao qual as duas entradas conduzem. Este centro comum é a Mansão de Luz, o lugar de iluminação, o Santo dos Santos, onde espírito e matéria são unidos pela luz. Não é um edifício, ou algum sacrário terreno, é o Templo da Luz, de onde brilha a 'verdadeira luz que ilumina cada homem no mundo'; é o vaso através do qual a Luz Única, que brilha eterna do sol espiritual, alcança a escuridão dos mundos materiais em sua caminhada em direção à iluminação. Dentro do templo há um altar, e no altar arde uma chama que acendeu quando sua alma foi formada, e arde continuamente até que um dia o próprio homem se transforme na labareda; então, como Sansão na antiguidade, ele investe com todas as forças contra os pilares do templo, que cai em ruínas ante seus pés; pois ele, que se tornou um Deus, não precisa mais de um altar para cultuar aquilo em que se tornou; assim o templo cai em ruínas, e os milhares de mortos soterrados são os inúmeros véus que ele agora aprendeu a descartar, para que a luz brilhe em plenitude sobre o mundo. 

Antes desta grande consumação, muitas vidas de estudo e pesquisa ainda há pela frente, para o neófito que anda pela trilha do conhecimento. Em suas muitas vidas, antes que a grande decisão tenha nascido, ele tem estado cercando a si mesmo com véu após véu, cada um velando mais e mais a luz que vem da chama sobre o altar de seu Eu Superior. Doravante ele deve entender-se como um desvelador, pois tal é sua missão no caminho do conhecimento. Primeiro ele deve romper os véus que lançou sobre si mesmo, e depois retirar os véus alheios, pois cada professor verdadeiro é um desvelador. O maior de todos os véus é o preconceito, e daqui em diante, em seu caminho, ele deve ser como uma criancinha, professando a mais chã ignorância, pois, possuindo nenhum conhecimento, ele não pode ter nenhum preconceito; para que, esvaziando-se, possa ser preenchido; para que, tendo uma mente aberta e desanuviada, possa oferecê-la como cálice perfeitamente traslúcido, para ser enchido com a luz do conhecimento. (...)"

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O CAMINHO DA VONTADE (PARTE FINAL)

"(...) O homem da vontade treinou-se em muitas vidas de guerra sobre a terra, mas agora as batalhas são em outro campo e aprende a conquistar outros mundos. Ele é como um Alexandre, nunca satisfeito, mas sempre ansiando por estender as fronteiras de seu reino, não externamente, mas internamente, onde os domínios infinitos do mundo espiritual chamam com voz irresistível o aventureiro e explorador em sua alma. Não procura mais fincar a bandeira de uma só nação sobre as cidadelas que vai conquistar, ou nas terras ignotas que vai descobrir; a bandeira que ele desfralda é gravada com uma só palavra. Esta palavra é VONTADE, e significa o poder do Rei que o mandou e a quem serve. Sob esta bandeira ele luta, explora e procura grandes aventuras. Ele subjuga o mundo do mal, ele o preenche com romance, e abre caminhos por terras desconhecidas, para que os mais fracos possam passar. Onde quer que esteja, comanda; onde quer que vá, lidera; onde quer que lute, conquista, pois dentro de si reside um poder que não é seu, mas do qual é cada vez mais uma perfeita encarnação. No coração do conflito, na exaustão a que tantos labores reduzem seu corpo e mente, aquele poder o reergue, até que os homens o reconheçam invencível. Para aquela vontade ele é, porém, apenas um instrumento, obediente como seu corpo o é em relação à sua mente. 

Sua hora usualmente chega quando depõe suas armas, quando seus camaradas e seguidores de muitas vidas de façanhas e gloriosas conquistas aprendem a não reconhecê-lo mais como seu capitão e líder de um exército guerreiro; pois ele será chamado pela paz, e muitas recompensas o aguardam naquela Cidade onde o Rei, a quem serviu durante séculos, o coroará com a coroa de seu próprio reinado, e lhe transmitirá o comando absoluto sobre as terras e povos que fez seus. Então ele poderá vir a seu povo como sábio conselheiro, como pai, como um embaixador de seu Rei; todas as almas que o amaram e seguiram através de muitas guerras, em muitas vidas, o terão agora como salvador e rei; eles também o servirão, assim como ele tem servido ao Rei; e ele as conduzirá ao longo daquela estrada que ele passou, até que eles também sejam coroados, e na coroação conheçam o esplendor e o poder da vontade única e irresistível. 

Assim o homem da vontade cumpre seu destino. Ela se torna um rei no poder do Rei único, um embaixador daquele Um que ele agora conhece em si mesmo. Vontade é o poder que ele derrama, vontade é a bênção que distribui, pois agora ele acende dentro das almas de todos os seus súditos a chama da mesma vontade irresistível da qual ele é uma parte. Com seu toque, os homens sentem sua chama arder em si mesmos; assim ele lhes concede a primeira visão da divindade dentro de si mesmos, a primeira visão do esplendor que é sua missão revelar. Ele atiça estas centelhas até que se tornem labaredas, até que todas as pessoas de seu reino incandesçam com o mesmo fogo que o despertou ao longo da estrada; eles aprendem a incinerar todos os obstáculos pela ígnea intensidade de sua vontade, até que um dia, por sua vez, e aos milhões, aprendam a governar e derramar sobre o mundo a bênção daquela Onipotência cujos sacerdotes ter-se-ão tornado. 

Assim, ao longo das eras, o fogo da Vontade vai passando, da poderosa Chama que ilumina o universo, através dos fogos vivos que os homens chamam de sóis, que dão vida, luz e poder a sistema após sistema, através do grande Doador de Vida de cada planeta, seu senhor e governante absoluto, através dos reis espirituais que O servem, os poderosos Senhores da Vontade, seus regentes e agentes, e através deles a seus seguidores, o povo do mundo, e mais adiante ainda, aos animais e formas de vida inferiores. 

Erguei-vos então, homens da Vontade; deixai de ser renegados; voltai aos postos que tendes abandonado e ao serviço daquela estupenda hierarquia de reis, no conhecimento certo de que um dia vós mesmos obtereis o poder de comandar a vasta armada que é vós próprios; até aquele dia em que sejais, vós mesmos, coroados monarcas de algum mundo futuro e sejais chamados de Sol, aquele dia em que tomareis assento entre os rodopiantes sistemas estelares como regentes e governadores de um inteiro Universo." 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



sábado, 20 de janeiro de 2018

O MAIOR DOS MALES ENTRE OS HOMENS CONSTITUI IGNORÂNCIA RELATIVAMENTE A DEUS

"1 'Corai, ó humanos, ébrios que sois, tendo bebido até a última gota do vinho sem mistura da doutrina da ignorância, que não mais podeis conter, mas que já estais prestes a vomitar. Deixai a embriaguez, parai! 

'Olhai para o alto com os olhos do coração. E se não o podeis todos, pelo menos os que o podem. Pois o mal da ignorância inunda toda a terra, corrompe a alma aprisionada no corpo, sem permitir-lhe lançar a âncora no porto de salvação. Não vos deixeis arrastar pela violência da onda, mas, aproveitando-vos da contra-corrente, vós que podeis aportar ao porto de salvação, lançai a âncora e buscai um guia que vos mostre a rota até as portas do conhecimento, onde a luz flamejante brilha, livre de toda obscuridade, onde ninguém está embriagado, mas todos permanecem sóbrios, elevando o olhar do coração para Aquele que quer ser visto. Pois não se deixa ouvir nem descrever e não é visível para os olhos corporais, mas somente ao intelecto e ao coração. 

2 'Mas, agora, é necessário que laceres pouco a pouco a túnica que te reveste, o tecido da corrupção, o suporte da malícia, a cadeia da corrupção, a prisão tenebrosa, a morte vivente, o cadáver sensível, a tumba que levas para todos os lados contigo, o assaltante que habita em tua casa, o companheiro que pelas coisas que ama te odeia e pelas coisas que odeia, tem ciúme de ti. 

3 'Tal é o inimigo que revestiste como uma túnica, que te estrangula e atira sob si, de modo que, tendo elevado os olhos e contemplado a beleza da verdade e o bem que nela reside, venhas a odiar a malícia do inimigo, tendo compreendido todas as ciladas que preparou contra ti, tornando insensíveis os órgãos dos sentidos que não aparecem e não são tidos por tal, tendo-os obstruído pela massa da matéria e preenchido de uma voluptuosidade odiosa, a fim de que não possuas ouvidos para as coisas que deves ouvir, nem visão para as coisas que precisas ver'"

(Hermes Trismegisto - Corpus Hermeticum - p. 12/13)


segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

CELEBRA O TEU NATAL - DE DENTRO!

"Quantas vezes, meu amigo, celebrastes o Natal de fora? O Natal litúrgico, de 25 de dezembro de cada ano? 20, 30, 50 vezes em tua vida?

Foi um verdadeiro Natal - ou foi apenas um pseudonatal?

Foi um Natal - ou foi o teu Natal?

Foi como um fogo pintado na tela - ou foi um fogo real, cheio de força, luz e calor?

Natal sem natalidade não passa de ilusão e mentira...

Que quer dizer um Natal onde não haja nascimento do Cristo?

Nasceu ele, é verdade, há quase 2000 anos, na gruta de Belém - mas não nasceu na gruta de teu coração.

Foi reclinado na singela manjedoura de palha - mas podes tu dizer em verdade: Já não sou eu que vivo, o Cristo é que vive em mim?

Ainda que mil vezes nasça Jesus em Belém - se não nascer em ti, perdido estás...

A árvore de Natal que costumas armar em tua casa é bem o símbolo inconsciente do teu pseudonatal interior: árvore sem raízes, morta ou moribunda, ostentando lindos enfeites de papel sem vida, frutinhas ocas de celulóide inerte - não é isto que é a tua vida espiritual?

Quanto tempo pretendes ainda 'brincar de Natal' - sem celebrar um verdadeiro Natal, um dia natalício do Cristo em ti?

Por que toda essa camuflagem e insinceridade diante de ti mesmo?

Por que não retificas, enfim, todas as tortuosidades da tua vida?

Por que não pões ponto final a toda essa política e diplomacia curvelínea do teu egoísmo e inicias, finalmente, uma vida retilínea de absoluta verdade, honestidade e amor universal?

Quando permitirarás que nasça em ti o Redentor - ele, o Caminho, a Verdade e a Vida?

Não imaginas, meu amigo, o que viria a ser para ti esse Natal externo do ano litúrgico, se, de fato, celebrasses o Natal interno de tua alma.

Não imaginas o que te diriam a gruta, a manjedoura, os anjos do céu e os pastores da terra se em ti acontecesse o glorioso simbolizado de que esses fatos históricos são o símbolo longínquo e vago.

Não imaginas em que nova luz de compreensão te apareceria o Cristo do Evangelho se dentro de ti nascesse o Cristo da tua experiência íntima, do teu encontro pessoal com Deus.

Se o Cristo fosse para ti, não apenas um artigo de fé aridamente crido - mas uma estupenda realidade intensamente vivida.

Se o Cristo vivesse em ti e tu vivesses no Cristo, ou antes, se fosses vivido pelo Cristo - que vida abundante seria a tua...

Não caberias em ti de tão feliz - e tua exuberante felicidade em Cristo transbordaria em amor e benevolência para com todos os irmãos de Cristo em derredor...

A própria Natureza inconsciente receberia um reflexo desse transbordamento de amor e felicidade - e, como Francisco de Assis, ébrio de Deus, contarias e cantarias as glórias divinas às pedras e às plantas, às aves e aos peixes, ao sol, à lua e às estrelas...

Convidarias a própria 'irmã Morte' para entoar louvores ao Pai celeste.

Se tivesses celebrado o teu Natal de dentro, se o Cristo tivesse nascido em ti e em ti vivesse, seria a tua vida uma gloriosa ressurreição - e os anjos da Páscoa confundiriam as suas vozes com os anjos de Belém, cantando hosanas e aleluias, glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens, em todos os caminhos da sua existência - mesmo por entre as sombras da morte.

Celebra o teu verdadeiro Natal, meu amigo - e saberás o que o Cristo significa em ti e para todos os que o recebem e vivem nele...

'Renascidos pelo espírito'...

'Feitos novas creaturas em Cristo'..."

(Huberto Rohden - Imperativos da vida - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1983 - p. 19/21)

sábado, 9 de dezembro de 2017

RENDIÇÃO

"Quando não aceitamos o mundo tal como ele é, estamos presumindo que não se pode confiar nele e que o universo não se apresenta como deveria. Nosso ego carrega um enorme fardo de crenças sobre como as coisas teriam de ser. Mesmo que nossa crença seja positiva e profundamente espiritual, precisamos encarar o fato de que, caso ela não corresponda à realidade, estamos gerando sofrimento interior e, portanto, conflito - por nos apegarmos a uma imagem falsa.

Em seu livro Loving What Is, Byron Katie vai diretamente ao ponto: 
Se você quiser que a realidade seja diferente, que tal também ensinar um gato a latir? Poderá tentar infatigavelmente, mas no fim o gato olhará para você e dirá: 'Miau'. É inútil desejar um mundo diferente do que é... Deveríamos saber que as coisas são boas assim como elas se apresentam, pois quando as questionamos sentimos tensão e frustração. Se deixarmos de nos opor à realidade, a ação se tornará simples, fluida, amorosa e sem riscos. 
É isso: quando deixamos de nos opor à realidade e aceitamo-la, tornamo-nos amáveis e destemidos. E, quando o medo se vai, nossas ânsias desaparecem e estamos prontos a, sem esforço, abrirmo-nos para a plena participação no momento presente e eterno.

Sugiro que você explore plenamente o que significa submeter-se à realidade. Com isso, deixará de lutar contra ela. Não perca nem mais um segundo desejando que ela seja diferente. Agora mesmo, é imperativo aceitar a realidade porque você nada poderá fazer para mudar o momento presente. Essa é a compreensão espiritual da vida. O momento presente é perfeito - simplesmente, porque não pode ser de outra maneira. Ele é o que é.

A magia da lógica reside em que apenas pela entrega total ao agora adquirimos o poder de participar de seu desdobramento e influenciar positivamente os momentos que virão. Vivendo intensamente o aqui e agora, sem nenhuma resistência à realidade, tornamo-nos partícipes plenos do momento atual. E graças a essa entrega, aceitação e participação, trazemos o poder do amor e da verdade espiritual ao momento presente - todas as nossas ações se tornam naturais, em harmonia e consonância com a verdade do espírito. Nossa realidade e a realidade do mundo que nos cerca entram em sintonia.

Só quando isso acontece fazemos progresso genuíno - não por meio da manipulação da nossa mente crítica, mas da participação da nossa alma. Submetendo-nos à realidade, submetemo-nos a Deus e permitimos ao Espírito agir por intermédio de nós, impedindo assim que o ego cheio de medos determine nossos atos. Dessa maneira, aprendemos a fazer com que o elemento meditativo da mente e da alma atue no mundo."

(John Selby - Sete Mestres, Um Caminho - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2004 - p. 94/95


terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O DISCIPULADO E A LEI

"Antes de encontrar o Primeiro Portal, o peregrino, com alma sedenta e mente desconcertada, exasperadamente procura algo que valha a pena ser amado, que valha a pena servir.

Defronta-se com a Imutável Esfinge do Mistério. Compreende que não encontrará nenhuma ajuda fora de si mesmo. Consegue entender a Lei de desvinculação e, contudo, a sua personalidade mortal ainda anela simpatia e compreensão. 

A crueldade da vida, a incerteza da hora da morte, continuam projetando sombras sobre sua Senda. Para dissolvê-las, terá que deixar de olhar para trás.

A parte mais penosa do seu caminho é ver que, justamente aqueles aos quais procurou servir, não compreendem seu trabalho. Rebelam-se contra ele, condenando e destruindo tudo aquilo que procura fazer com tanto esforço.

Aquele que passou o Primeiro Portal deve aprender a estender a taça da compaixão a todos que dela necessitam, recusando um só gole para si, permanecendo sedento até que algum companheiro, percebendo a sua sede, também lhe dê de beber.

A mesma Lei que impede o instrutor espiritual de se defender, obriga o discípulo a resguardar tudo aquilo que seu Mestre representa e a defendê-Lo contra qualquer agressão. O discípulo que não reagir em defesa de seu Mestre, não deverá ficar surpreso ao encontrar fechado o Portal do Conhecimento.

O discípulo se eleva e decai junto com seu Mestre e, uma vez tendo-O reconhecido, não pode repudiá-Lo.

O homem que quer perceber o Divino, primeiramente precisa apagar de si a própria imagem.

Entre dez mil homens, nenhum reconheceria um Mestre que estivesse em sua companhia.

Os homens costumam dizer: 'Se os Iniciados existem, por que não vivem entre nós?' Não se apercebem de que a vida que levam impossibilitaria a um Iniciado permanecer entre eles.

Quando o homem purificar seus vários conceitos, criados pela personalidade inferior, convencer-se-á, por si mesmo, da existência da Loja dos Mestres.

Antes de falar sobre as obrigações para com a sociedade, a religião, a ciência e o trabalho, é preciso não esquecer o simples dever fraterno – do som da voz, do toque da mão – para com seu irmão ou sua irmã."

(K. Barkel - Cruz, Estrela e Coroa, Ensinamento de Whitehawk - Universalismo - p. 6/7)


sexta-feira, 24 de novembro de 2017

GRATIDÃO E RESPEITO (1ª PARTE)

"Para descobrir o erro não é preciso verdadeiro esforço, mas, para ver melhor, é preciso esforço contínuo. A maioria das grandes almas reforçam isso como um lembrete. Diz novamente Steiner: 'Devemos buscar em todas as coisas à nossa volta aquilo que consegue despertar nossa admiração e respeito Se eu conheço outras pessoas e critico suas fraquezas, retiro de mim o poder cognitivo superior, mas, se penetro profunda e amorosamente em suas boas qualidade, eu assimilo essa força.'

Chegamos onde estamos hoje pelas circunstâncias da vida e pelas forças ativas em nós. Este tem sido um estado semiconsciente. Se desejamos alcançar o estado superconsciente, precisamos engajar nosso eu a partir do interior, o que constitui maturidade em ação - ver e sentir a necessidade de se mover, e então buscar como fazê-lo. Infelizmente na maioria das vezes olhamos na direção de onde fomos empurrados. Este é o lado insconsciente da vida; o lado consciente está no interior. É preciso um esforço quase que constante; contudo, uma coisa é certa: a chave para a vida é compreender não apenas nós próprios e os outros, mas também o mundo em que vivemos. 

Um dos passos iniciais do yoga, dito de maneira simples, é 'cessa de fazer o mal; faz o bem'. São Paulo disse: 'Não faço as coisas boas que quero, mas faço as coisas ruins que não quero'. Isso diz respeito a todos nós, mas por quê? As reações, surgindo da mente subconsciente, formam uma grande parte de nossas vidas. É com a mente que julgamos o que está certo ou errado. Vemos o que desejamos fazer e não fazer; sendo assim, por que cometemos erros? Uma resposta, oculta na compreensão esotérica, pode ser colocada simplesmente assim: 'O corpo do desejo, ou corpo emocional, move os músculos.' Isso é verdadeiramente parte da resposta ao problema. Se não temos vontade de fazer algo e a mente quer fazê-lo, o que acontecerá? Nada. Se não estivermos alinhados com o que queremos, a coisa não acontecerá; ou, se a ação for guiada pelo medo, ela pode ser iniciada, mas não continuará.

Precisamos compreender a nós mesmos retornando ao conhecimento esotérico: 'Desejo é vontade voltada para fora. Essa é sua forma latente. Quando ativa, ela se volta para o interior.' Quando somos atraídos por algo ou por alguém, nos sentimos puxados. A vontade é quando os desejos foram compreendidos e subjugados a partir do interior. Ela então substitui o sentimento de 'não querer fazer' pela força interior do 'fazer', orientada pela moralidade, não porque é doloroso ou agradável. (...)"

(Barry Bowden - Sabedoria: o tesouro oculto - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 40/41)


terça-feira, 21 de novembro de 2017

A PERCEPÇÃO DA UNIDADE

"Como lhe será possível ir além? Vida após vida, ele aprendeu a identificar-se com o homem; vida após vida, aprendeu a responder a todo grito de dor. Pode, agora que é livre, prosseguir e deixar os outros acorrentados? Pode entrar na bem-aventurança deixando o mundo no sofrimento? Ele, a quem chamamos Mahatma, é a Alma liberta que tem o direito de prosseguir mas, em nome do Amor, regressa trazendo seu conhecimento para remediar a ignorância, sua pureza para absolver a infâmia, sua luz para afugentar a escuridão; aceita novamente o peso da matéria até que toda a humanidade seja libertada, e então prosseguirá, não sozinho, porém como o pai de uma grande família, levando com ele a humanidade para compartilhar do mesmo fim e da mesma bem-aventurança no Nirvana.

Esse é o Mahatma. Vidas sucessivas de esforço coroadas com a suprema renúncia; perfeição obtida através da luta e do trabalho, e depois o regresso para ajudar aos outros a chegarem onde ele chegou. Sua mão está pronta para ajudar a toda Alma que lhe estende as mãos à procura de ajuda. Seu coração responde à súplica de todo irmão que peça sua orientação; e eles estão lá, esperando o momento em que desejemos ser ensinados, dando-lhes a oportunidade de obter o Nirvana, ao qual renunciaram."

(Annie Besant - Os Mestres - p. 28/29)
Fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

FRATERNIDADE (PARTE FINAL)

"(...) As explanações dadas aqui a respeito do que deve ser o discípulo, significam que ele deve ser como uma estrela que dá luz a todos sem tirá-la de ninguém; como a neve que recebe a geada e os ventos cortantes para proteger do frio as sementes que dormem na terra e permitir sua germinação quando chegar a estação do crescimento. Eis a instrução à qual os Mestres Divinos exigem obediência; eis o que eles pretendem dos homens que desejam tornar-se discípulos. Não a realização imediata, mas sim o empenho; não a perfeição imediata, mas sim o esforço; tampouco é exigida, certamente, a revelação do ideal, mas sim a luta por alcançá-lo superando fracassos e desacertos. E agora eu lhes pergunto: Acreditam que aqueles entre nós, que acatamos isto como um ideal e que reconhecemos ser uma exigência que nos é imposta por nossos Mestres, possamos prejudicar a sociedade ou que sejamos apenas os serventes da humanidade obedecendo àqueles cuja lei nos esforçamos em acatar?

Além disso, como já mencionei, vida após vida estas qualidades se desenvolvem, até chegar finalmente o momento em que as debilidades do homem tenham diminuído e as fraquezas da natureza humana tenham sido gradualmente superadas, quando haverá uma compaixão inabalável, uma pureza incorruptível, um imenso conhecimento e uma sensação de despertar espiritual; estas qualidades caracterizarão o discípulo que está se aproximando do limiar da libertação; despontará então o dia em que tiver chegado ao final do Caminho, quando o percurso estará terminado e a última possibilidade de transformar-se no Homem Perfeito surgirá diante de seus olhos. Nesse momento, a terra, tal como era concebida, passa a um segundo plano; mas ele – a Alma liberta (como é chamado), a Alma que conquistou sua liberdade, a Alma que conseguiu superar as limitações humanas – ele permanece no limiar do Nirvana, daquela consciência e bem-aventurança perfeitas que se encontram além dos horizontes do pensamento humano é das possibilidades de nossa consciência limitada. Foi dito que, enquanto ele permanece lá, há silêncio; silêncio na Natureza, pois um de seus filhos está transcendendo-a, silêncio que, por algum tempo, nada poderá perturbar, a Alma liberta conquistou sua liberdade. Finalmente, esse silêncio é quebrado por uma voz; uma voz que em uníssono representa o grito de angústia do mundo que foi deixado para trás. A súplica do mundo em sua escuridão, angústia, fome espiritual e degradação moral. Esse grito, que corta o silêncio que cercava a Alma liberta, é a súplica da raça humana à Alma que se ergueu para além de seus irmãos e encontrou a liberdade, enquanto eles permanecem acorrentados."

(Annie Besant - Os Mestres - p. 27/28)