OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sexta-feira, 16 de março de 2018

FORME BONS HÁBITOS

"Passo a passo, você atingirá o fim da estrada. Um bom ato seguido por outro conduz a um bom hábito. Escutando, você é estimulado a agir. Decida agir; junte-se somente com pessoas boas; leia somente livros elevados; forme o hábito de namasmarana (repetição do nome do Senhor) - e, então, a ignorância (ajnana) automaticamente desaparecerá. Anandam (Bem-aventurança), que crescerá dentro de você, pela contemplação sobre Anandaswarupa (a forma divina que personifica a bem-aventurança), afastará toda aflição e toda preocupação.

Esta proximidade é ganha pelo bhaktha (devoto), o qual não pode estar firme, exceto após a anulação do 'eu' e do 'meu'. Quando um preso é conduzido de um lugar a outro, é escoltado por dois policiais. Não é? Quando o homem que é prisioneiro nesta cadeia² se move de um lugar a outro, é também acompanhado por ahamkara (egoísmo) e mamakara (possessividade). Quando ele se movimenta sem estes dois, esteja certo, ele é um homem livre, libertado da prisão."

² ',,,nesta cadeia...' - a cadeia de nascimentos e mortes, isto é, samsara.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 52)


sexta-feira, 9 de março de 2018

A VOZ DA VIDA

"O objetivo e a direção da vida estão nas mãos da Vida Eterna. Nosso dever é dar cada passo nítida, sincera e corajosamente. Acontecimentos comuns na vida do aspirante adquirem uma complexidade divina. Seus próximos são fragmentos divinos, lutando na treva ao seu lado para serem compreendidos, e o aspirante está sempre pronto a lhes ajudar. Os acontecimentos da vida, mesmo os pequenos, tornam-se cheios de mensagens, desde que ele saiba que eles são a Voz da Vida falando à sua alma. Na vida do discípulo, disse H.P.B., não há acontecimentos insignificantes e, por vezes, os mais triviais são os que contêm mais significados. Por isso ela nos recomenda pensar sobre os acontecimentos da vida e tentar extrair deles os seus significados, estudá-los e tentar ver que mensagens contêm para o desenvolvimento de nossa alma. Pois Vida é Deus, e Deus é Amor, e trabalha somente para a realização e bem-aventurança futuras. Assim aprendemos a ler o Grande Livro da Vida. Isto é bem mais importante do que ler qualquer livro impresso, embora estes possam nos ajudar a ler os maiores.

Somos contra os problemas? Como nos desenvolveríamos se nunca tivéssemos que lidar com algum problema? Preferiríamos qualquer outra coisa? Talvez, mas a Vida é mais sábia. Aparece uma oportunidade de serviço. Nós a tomaríamos? Uma pessoa superfranca segura um espelho diante de nosso olhar espantado. Ficamos ressentidos, negamos, vamos nos vingar? Ou ficamos contentes por termos assim um ângulo de visão que não nos tinha ocorrido? Possa agora olhar para meu passado e ver que muitas coisas rudes e mesmo indelicadas que me foram ditas estavam bem fundamentadas na verdade. Mas somos delicados? Ou o nosso temperamento e a preguiça dominam nossos impulsos generosos? Como o Mestre K.H. uma vez escreveu a um chela em prova: 'O maior consolo e o principal dever da vida, criança, é não infligir dor, e evitar causar sofrimento ao homem ou ao animal.' Ter cortado o nosso egocentrismo é um grande auxílio. A pequenina Tereza de Lisieux escreveu, em certa ocasião, que, se alguém está bem no primeiro degrau de uma escada e não pode ir adiante, é uma grande paz, pois ninguém a inveja nem deseja substituí-la."


(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 200/201)
www.editorateosofica.com.br

sábado, 3 de março de 2018

SUPERAR A PREGUIÇA DE SENTIR ATRAÇÃO POR AQUILO QUE É SEM SENTIDO OU NÃO VIRTUOSO

"Sempre que somos atraídos por divertimentos triviais e tagarelice ou ficamos completamente distraídos por espetáculos ou negócios, é sinal de que nossa mente foi vencida pela preguiça: a preguiça de sentir atração por desejos mundanos e ações não virtuosas. É insensato abandonar a alegria suprema que nasce da prática de Darma e, em vez disso, ficar feliz em criar causas de sofrimento. Por que sentir atração por prazeres triviais - como cantar, dançar etc. -, é causa de sofrimento? O motivo é que tais trivialidades entulham com inúmeros obstáculos o caminho que leva à felicidade sublime. Se desejamos felicidade duradoura, devemos praticar o Darma; e se queremos algo para abandonar, devemos desistir daquelas atividades mundanas que não levam a nada, exceto a intolerável sofrimento.

Esse conselho não significa que na vida espiritual não há lugar para momentos de descontração, como ouvir música, nem quer dizer que atividades como tratar de negócios são incompatíveis com o Darma. Como foi enfatizado ao longo do Guia de Shantideva e neste comentário, é a nossa motivação que determina a virtude ou a não virtude de uma ação. Com a motivação adequada - como, por exemplo, o desejo de beneficiar os outros -, existem muitas atividades chamadas de mundanas que podemos fazer, sem ter medo de estar perdendo nosso tempo ou criando causas de sofrimento futuro. O que está sendo enfatizado nesta seção, sobre o segundo tipo de preguiça, é que muitos dos nossos entretenimentos e ocupações da vida diária são diversões inúteis ou sem sentido. Nossa motivação para nos entregar a elas, geralmente, não é nada mais que um egoísmo mesquinho, sem contar que muitas de nossas atividades costumeiras são prejudiciais aos outros. É o nosso apego por esse tipo de conduta que constitui a preguiça, porque todo esforço canalizado nessa direção nos desvia dos propósitos mais elevados na nossa preciosa vida humana."

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, São Paulo, 2009 -. p. 278/279)


sábado, 13 de janeiro de 2018

LIBERTAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) A libertação pode ser vista tanto como um fim quanto como um processo. A compreensão do processo no qual estamos envolvidos abrirá uma visão quanto ao fim.

O processo é contínuo, é a senda descrita na filosofia indiana como a senda do retorno. A senda na qual o homem não anseia por mais experiência do tipo provido pelo mundo, mas, tendo chegado a um ponto de saturação, busca conhecer o valor e significado de tudo isso, e ao compreender, descobrir a si mesmo. Ele então atinge o estágio de descobrir o que está sendo limitado e o que o limita. 

Aquilo que deve ser liberado na realidade somos nós mesmos, como somos profundamente dentro de nós, e não como normalmente sentimos que somos. O puro fluir de nossa consciência tornou-se dividido e estreitado, e coloriu-se de apegos, repulsões, ganância, medo, convencionalismos e hábitos.

Libertação é essencialmente se libertar do carcereiro do egoísmo frio e venenoso do qual todo mal que vemos é apenas o resultado monstruoso. Nossa experiência diária pode ensinar-nos que o amor, como uma emoção ou força abnegada, é o único e supremo libertador de nosso egocentrismo.

Infelizmente, nos dias de hoje, a palavra amor assumiu uma importância aviltada. Passou a conotar excitação sexual física, sua indulgência e um estado de possessividade baseado na ânsia por tal excitação. Não é o amor de São Paulo em sua carta aos Coríntios ou bhakti (devoção com autoentrega) do verdadeiro devoto. 

O principal meio de libertação em relação ao nosso próximo só pode ser amor expresso em serviço, ação na qual o eu é esquecido e através da qual um Eu Superior é manifestado, resultando na criação de beleza e felicidade. (...)"

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 38/39


sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

LIBERTAÇÃO (1ª PARTE)

"É possível pensar na libertação do ponto de vista religioso; do ponto de vista da psicologia moderna, ou de um ponto de vista mais interior que poderíamos chamar de teosófico.

A libertação, do ponto de vista exotérico religioso, ou seja, do ponto de vista do homem comum - que é essencialmente mundano mesmo quando veste o traje religioso - é mais uma fuga do que qualquer outra coisa. Para muitos desses homens, a religião torna-se um meio de consolação que se transforma em fraqueza, um manto respeitável para a inação, uma satisfação por um ímpeto do interior que não é diferente em qualidade de qualquer outro. O homem religioso considera a libertação como a retirada final do estresse e da tensão de uma vida difícil e insatisfatória. Mas essa retirada não é apenas uma derrota da própria proposta da vida e uma confissão de fraqueza, mas o isolamento de uma salvação individual que não diz respeito aos outros. Segundo este conceito, o homem que atingiu a libertação vive num estado de bem-aventurança egoísta desfrutando de seu deus para todo o sempre.

Libertação é um tema familiar também para o moderno pensamento psicológico, que tenta analisar os elementos que entram na composição do homem como uma entidade psicológica, e busca explicá-lo com base no que deve ser percebido em sua consciência comum e em sua vida subconsciente. O psicanalista auxilia o paciente a enfrentar suas frustrações e dissolver os complexos gerados pela repressão. A 'liberação' a que o paciente é levado torna-se muito frequentemente uma livre indulgência de quaisquer anelos ou paixões que até aqui estiveram presos nele.

Autorrejeição e restrição por um lado, autoindulgência e licenciosidade por outro, são todos extremos.

A Teosofia, que é a verdade que equilibra ambas, oferece um ponto de vista a partir do qual percebemos que o caminho para a libertação não jaz nem na luxúria nem no desgosto, mas no amor que transcende a ambos e confere à pessoa um equilíbrio nascido da harmonia interior, dando uma vazão construtiva àquelas energias criativas que jazem no interior do ser humano.

Em cada estágio de evolução, cedo ou tarde, pode-se viver num estado de equilíbrio criativo em seu próprio grau. Não aprendemos ainda a construir o tipo de sociedade onde isso seja possível; a reta educação deve ser o meio para esse fim. (...)"

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 37/38


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

CONTENTAMENTO

"No desespero, pare um pouco e se pergunte: 'Por que estou desesperado?'

Não será porque esperou dos outros mais do que eles poderiam ser? Porque esperou aquilo que não poderiam dar?

Não está desesperado porque esperou demais de si mesmo ou aquilo de que ainda não é capaz?

Esperar soluções adequadas e perfeitas, e conforme almejamos, conforme nosso interesse egoístico, não será imprudente?!

Coitados daqueles que só esperam afagos e facilidades da Vida, principalmente nesta hora da humanidade!

Aprendamos a sabedoria da aceitação e do contentamento, agora.

Bem sei, meu Deus, que Tu queres que eu seja misericordioso."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 68/69)


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

SABEDORIA: O TESOURO OCULTO

"Helena Petrovna Blavatsky afirmou: 'O conhecimento do eu é que é a própria sabedoria'. Alex A. Wilder disse: 'A sabedoria é o conhecimento desenvolvido das potências do ser interior do homem.' Ao longo da história, indivíduos de muitos campos do conhecimento - artes, filosofia, ciência e arquitetura, por exemplo - manifestaram notáveis atributos de sabedoria. Se pensamos que isso surge ao acaso, não compreendemos o processo do qual todos somos uma parte: a humanidade é orientada em todos os passos da sua evolução.

Nos primórdios do tempo Reis-Adeptos governaram a humanidade com eficiência e sabedoria, altruístas e sempre em sintonia com a natureza e suas leis. Atualmente temos uma humanidade adolescente julgando-se sábia e cometendo muitos equívocos. Aqueles que guiaram a humanidade (os Adeptos) recolheram-se para longe dos olhos do mundo. Guiada principalmente pelo desejo e pelo egoísmo, a humanidade permite-se cometer seus erros e pagar pelas consequências.

Os Adeptos estão ocultos do mundo, mas ainda o orientam através de indivíduos, de grupos e até mesmo de nações. No entanto, a humanidade não surgiu toda ao mesmo tempo; pelo contrário, as pessoas entraram no reino humano em diferentes épocas, algumas individualmente, outras em grupos. Tantos ciclos de evolução nos precederam que sua escala de tempo se situa além da concepção humana. Por esse motivo, alguns que surgiram primeiro são naturalmente mais evoluídos e experientes.

O que podemos fazer para acelerar a nossa evolução? Uma atitude de que precisamos é a gratidão por tudo que já temos e pelo que virá. É preciso muito esforço do universo para nos sutentar. (...)

Vivemos no mundo como se estivéssemos separados de tudo. Todos nós sabemos quando vivemos harmoniosamente - tudo acontece no tempo certo. Contudo, quando vivemos de maneira desarmônica, nada parece acontecer corretamente. A gratidão é essencial para quem quer que busque o caminho espiritual. Ela está fortemente relacionada ao amor, e é isso que verdadeiramente guia o universo. Steiner afirmou: 'Sem o amor oniabarcante, jamais conseguiremos conhecer o universo; quando amamos algo, a coisa se revela a nós'.

Uma atitude de gratidão, juntamente com a tentativa de sempre ver o melhor nos outros, muda completamente nossa abordagem com relação a nós próprios e às outras pessoas. Embora eu saiba disso por experiência própria, essa atitude nem sempre é fácil; ela precisa ser continuamente reforçada. No entanto, isso adoça a vida de modo notável."

(Barry Bowden - Sabedoria: o tesouro oculto - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 39)
www.revistasophia.com.br


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O CORPO MENTAL - O LOCAL ESSENCIAL (PARTE FINAL)

"(...) A perfeição é a meta de nosso caminho evolutivo não pelo propósito egoísta de sermos perfeitos, mas porque, através de nós, pode ser um pouco aliviada a carga do mundo.Em vez de nos imaginarmos - como o fazemos inconsciente e involutariamente - sendo e fazendo o que em verdade não queremos ser ou fazer, devemos nos imaginar como o homem perfeito que almejamos ser e que seremos um dia. Pensemos com toda a nossa energia mental em nós mesmos como sendo divinos em amor, divinos em vontade, divinos em pensamento, palavra e ação; e ocupemos todo o nosso corpo mental com essa imagem, vigorizando-a com emoções de júbilo e amor, de consagração e aspiração. Essa imagem também se realizará por si mesma. A mesma lei é válida para ela como para as importunas imagens mentais que tanto nos atribulam.

Quando houvermos dominado conscientemente o poder da imaginação, não seremos mais seus escravos, não mais seremos usados por ele; mas nós é que nos valeremos dele. O mesmo poder que era nosso inimigo tornou-se agora nosso aliado.

Não há limites para os diferentes modos em que o poder criativo da imaginação pode ser usado construtivamente, em substituição às formas destrutivas. Quando tornamos nosso corpo mental um instrumento obediente e dócil, podemos usar esse ilimitado poder não só em nossa conduta e ações diárias, mas na obra que estamos realizando e na maneira como recriamos a nós mesmos.

Agora, retiremos também do corpo mental o centro da consciência e o mantenhamos responsivo ao Ser interno, tal qual mantemos os corpos emocional e físico. Assim possuiremos em servidão os três corpos nos três mundos de ilusão. São os três cavalos que puxam nossa carruagem nos mundos inferiores; e o Eu Superior é o divino cocheiro, que não mais permite aos cavalos irem por onde lhes aprazer, senão por onde Ele os dirigir. O Ego desprendeu sua consciência do emaranhamento com os três corpos e a restituiu ao mundo a que verdadeiramente pertence, de onde pode valer-se deles como dóceis servos."

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 32/33

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A MENTE MADURA

"Há um mundo de diferença entre uma mente madura e uma mente imatura. O fragmento intitulado 'Os Sete Portais', no livro A Voz do Silêncio, diz: 'Tua alma tem que se tornar como a manga madura: tão macia e suave quanto sua polpa dourada; para desgosto dos outros, tão dura quanto seu caroço.'

O amadurecimento ocorre lentamente, com a experiência de muitas encarnações, ou rapidamente, quando, em certo estágio, descobre-se em que consiste a maturidade. Do pondo de vista espiritual, a maturidade não é uma habilidade de tipo mundano. Assim como a manga totalmente madura não tem nenhuma parte verde, a mente madura está livre de todo elemento de imaturidade. A palavra imaturo, ou verde, significa, entre outras coisas, 'não treinado'. Um recruta 'verde' é, por exemplo, uma pessoa ainda não treinada. A palavra também significa não curado, doente, inflamado, como uma área ferida, uma área que ainda não sarou. Essas palavras ajudam a compreender o estado de imaturidade.

Geralmente, os pensamentos e as emoções jorram na mente, sendo, em sua maioria, reações desordenadas a certas pessoas e certas circunstâncias. Essas reações são sintomas de uma condição subconsciente. A insegurança do ego é posta à mostra de muitas maneiras: emoções que facilmente se inflamam, excessiva sensibilidade à opinião dos outros, pensamentos que se vangloriam, e assim por diante. Pessoas que parecem ser fortes podem na verdade estar apenas se endurecendo, porque são inseguras e sentem a necessidade de se proteger. Querer se tornar durão, forte ou esperto é um sintoma de fraqueza oculta.

Entre as sete virtudes descritas como as chaves para 'Os Sete Portais', em A Voz do Silêncio, está kshanti: a paciente doçura que nada pode abalar. Na ausência do egoísmo, não há mais motivos por que se ofender ou se perturbar. A mente é como uma luz que queima firmemente, e não é afetada por condições externas. 

A firmeza, um real sentido de paz e de liberdade de desejos e temores são todos características da maturidade. Esse estado é a 'verdadeira felicidade' descrita por Plotino: 'o sinal de que esse estado foi alcançado e que o homem não procura mais nada. Uma vez tendo o homem se tornado conhecedor, os meios da felicidade e o caminho para o bem estão dentro dele, pois nada que esteja fora dele é bom. Qualquer coisa que ele deseje além disso, ela procura como uma necessidade, e não para si mesmo, mas para um subordinado, pois o corpo a que fez jus, uma vez tendo vida, precisa se suprir das necessidades da vida, as quais, porém, não são necessidades para o homem verdadeiro.'

Aquele que cresce em maturidade não se apressa em dar opiniões e a chegar a conclusões. Sua mente é perceptiva e inteligente, mas a própria inteligência faz com que ele pare e espere. Ele não pressupõe que suas opiniões sejam valiosas, e, portanto, com ele não há obstinação, autoafirmação ou orgulho. O primeiro sinal da maturidade é reconhecer suas próprias limitações e ser humilde e simples."

(Radha Burnier - A mente madura - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 5/7)


domingo, 22 de outubro de 2017

DUAS BOAS DEFINIÇÕES (KARMA)

"E. D. Walker, em sua obra Reencarnação,  nos oferece a seguinte explicação: 

"A doutrina de Karma explica que nós mesmos nos fizemos o que somos por atos anteriores e que formamos nossa eternidade futura com as ações presentes. Não existe outro destino além daquele que nós mesmos determinamos.  Não há salvação nem condenação alguma, exceto aquela originada por nós mesmos... Como Karma não oferece nenhum amparo aos gestos culpáveis e requer muito valor, não encontra entre as naturezas débeis tão boa acolhida como as fáceis doutrinas de remissão dos pecados, a intercessão, o perdão e as extremas-unções... No domínio da eterna justiça, a ofensa e o castigo estão unidos inseparavelmente como um único fato porque não existe real diferença entre a ação e sua consequência... Karma ou nossos antigos atos são os responsáveis pela nossa volta à vida terrestre. A residência do espírito muda segundo seu Karma que não permite uma larga permanência na mesma condição, uma vez que sempre está se modificando. Enquanto a ação for governada por motivos materiais e egoístas manifestará seus efeitos com renascimentos físicos; somente o homem perfeitamente desinteressado pode livrar-se do peso da vida material; poucos o conseguiram, mas esta é a meta à qual tende a Humanidade...". 

Outro ilustre escritor teosófico diz (Objeto da Teosofia, por A. P. Sinnett): 

"Cada indivíduo, com cada ato e pensamento diário, está criando bom ou mau Karma e está ao mesmo tempo esgotando nesta vida o Karma produzido pelos atos e desejos da anterior. Quando vemos pessoas atormentadas por sofrimentos naturais pode-se dizer que esse sofrimento são resultados inevitáveis de causas originadas pelas mesmas num nascimento anterior. Poderá alguém argumentar que pelo fato dessas aflições serem hereditárias nada têm a haver com uma encarnação passada, mas é preciso lembrar que o Ego, o homem real, a individualidade, não tem sua origem espiritual na parentela que o reencarna, mas que é atraído pelas afinidades que seu gênero de vida agrupou na corrente que o leva, quando chega a hora do renascimento, para a morada mais adequada para o desenvolvimento dessas tendências... A doutrina de Karma bem compreendida guia e ajuda àqueles que compreendem sua verdade, elevando e melhorando sua vida; porque não se deve esquecer que não apenas nossos atos, mas também nossos pensamentos atraem com certeza um acúmulo de circunstâncias determinantes no nosso futuro e o que é mais importante, ainda no futuro de nossos semelhantes. Se os pecados por omissão ou cometimento somente interessassem ao Karma do pecado, o fato teria menores consequências; porém, como cada pensamento e ato na vida acarreta uma influência correspondente, boa ou má, nos outros membros da família humana, o sentido estrito da justiça, moralidade e generosidade é necessário à felicidade ou progresso futuros. Nenhum arrependimento, por maior que seja, pode apagar os resultados de um crime já cometido ou os efeitos de um mal pensamento. O arrependimento se é sincero deterá o homem, impedindo-o de cometer novamente as mesmas faltas, porém não pode livrá-lo e aos demais dos efeitos já produzidos por aquelas que infalivelmente recairão sobre ele nesta vida ou no próximo renascer"."

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 78/80)


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

DEUS, A NATUREZA E O HOMEM

"Há três entidades com as quais o homem tem de lidar. Elas são: Paramatmam, Prakritti e Jivatman, respectivamente, Deus, a natureza e o homem.

Deus tem de ser adorado e conhecido pelo homem, através da natureza. Natureza é o nome que tudo quanto imprime sobre o homem a Glória e o esplendor de Deus. É também chamada maya. Maya é a veste de Deus, que vela tanto quanto des-vela a beleza e a majestade d'Ele. 

O homem deve aprender a usar a natureza, não para seu conforto e nela se emaranhar e consequentemente vir a esquecer-se de Deus, que paira além da alegria que ele consegue fruir. A natureza propicia ao homem melhor compreensão da Inteligência que rege o Universo.

Como pode a árvore crescer ou a flor abrir? Como pode o homem aprender sobre as estrelas e o espaço? Como, senão pela inspiração da Felicidade e da Inteligência, às quais, Aquele que mora no íntimo, ao homem atribui?

Aborde a natureza em atitude de humildade e oração. Só assim estará garantindo seu futuro. Ravana cobiçou Sita¹⁶, a qual representa prakritti (a natureza), e, às escondidas, a raptou. Tal egoísmo e ambição arrastou-o à mais profunda queda. Se ele tivesse cobiçado somente o Deus por trás da natureza, isto é, Rama, teria alcançado o júbilo eterno. 

Todos os sofrimentos do homem hoje podem ser creditados a este falso sentido de valores. As coisas promordiais devem vir antes. Primeiro, ser; depois, ajudar. Agora, as pessoas começam por ajudar os outros na senda espiritual sem a terem palmilhado antes. Assim, tanto o guia como os guiados caem no fosso.¹⁷ Sirva primeiro a você mesmo, quer dizer, compreenda aquilo que você é, para onde vai, de onde vem, por que viaja e para quê. Após ter as respostas a tais perguntas, aprendidas nas escrituras, dos sábios e das experiências pessoais inquestionáveis, só então pode um homem liderar outros. As pessoas também não estão treinadas para discernir entre o falso e o verdadeiro, entre o temporal e o atemporal, entre o reto e o incorreto, entre o que é socialmente valioso e o que é socialmente danoso. Rejeitam todos os antigos costumes e maneiras, textos e ritos ancestrais, considerando-os inúteis simplesmente porque são antigos. Adotam novos costumes e modismos só por serem modernos. O tempo é um bom testador - coisas que tenham resistido à critica dos séculos e suportado os sopros de muitas culturas estranhas e as seduções de exóticas fantasias têm o âmago essencial da verdade e da validez." 

¹⁶ Ravana - um demônio, que era a personificação da luxúria e da violência, que sequestrou Sita, a personificação da mulher perfeita, esposa de Rama, um Avatar de Vishnu, tido como a personificação do homem, de Deus, portanto. A violência, a serviço da luxúria, provocou a guerra, pela qual Rama resgatou sua esposa e destruiu Ravana, e que o sabio Valmiki eternizou no grande épico Ramayana. 
¹⁷ 'Pode porventura um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no fosso?' - questionou Jesus (Lucas 6:36)

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 187/188)


segunda-feira, 9 de outubro de 2017

AS CHAVES DA FRATERNIDADE

 "Os quatro elos da cadeia dourada que deveria unir a humanidade, fazendo dela uma só família e uma fraternidade universal são: Unidade e Causalidade universais, Solidariedade humana, lei do Karma e Reencarnação. Como?

No estado atual da sociedade, particularmente nos países chamados civilizados, esbarramos continuamente com grandes massas que sofrem por efeito da miséria, da pobreza e das enfermidades. Suas condições físicas são miseráveis e suas faculdades mentais e espirituais frequentemente inativas. Por outro lado, muitas pessoas que ocupam o extremo oposto na escala social vivem indiferentes, entregues ao luxo material e à complacência egoísta. Nenhuma dessas formas de existência é fruto de pura causalidade, ambas são efeitos das condições que rodeiam aqueles que estão sujeitos a elas se o abandono do dever social por um lado tem relação muito íntima com o progresso interrompido do outro. Na Sociologia, como em todos os ramos da verdadeira ciência, a lei da Causalidade universal é exata, porém esta causalidade implica como consequência lógica à solidariedade humana, na qual muito insiste a Teosofia. Se a ação de uma pessoa provoca reflexos na vida de todas as demais e esta é a verdadeira ciência científica, então somente com a conversão de todos os homens em irmãos e praticando todos, diariamente, a verdadeira fraternidade é que se alcançará a solidariedade humana real em que se estriba e enraíza a perfeição da raça. Esta ação mútua, esta verdadeira fraternidade, em que cada um deve viver para todos e todos para um, consiste num dos princípios teosóficos fundamentais a que todo teósofo deveria obrigar-se não apenas a ensinar, mas a aplicar praticamente na vida."

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 87/88)


terça-feira, 12 de setembro de 2017

INOFENDIBILIDADE

"A melhor forma de se evitar a ira é ser não ofendível.

Ofendível é a pessoa que se esquenta com frequência, e por motivos sem grande importância.

Nossa ofendibilidade é do tamanho do amor ou adoração que temos por nós mesmos como pessoas.

'Ninguém é bastante homem para ofender-me, para me desrespeitar, para me humilhar...' - diz o egoísta orgulhoso.

Ora, o mundo não se sente na obrigação de sempre respeitar e acariciar a gente.

Assim, a cada hora, estamos precisando brigar para defender e homenagear nosso ego.

Isto é vida, que valha a pena viver?

Que grande estupidez é a suscetibilidade aguçada!"

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 79)


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

SEGUINDO O IMPULSO DA ALMA (PARTE FINAL)

"(...) É muito importante para o discípulo entender que tudo o que ele recebe por meio de instruções ou conselhos deve ser encarado com responsabilidade, para beneficiar a humanidade e os outros seres vivos. Assim como recebemos, devemos dar. Não podemos esperar até estarmos plenamente iluminados para compartilhar. Devemos compartilhar qualquer coisa que temos agora. Como todo ensinamento verdadeiro é destinado a todo mundo, não há lugar para orgulho ou presunção na senda espiritual.

A afinidade com um instrutor que não tem favoritos, que representa o amor ilimitado, exige algo desse mesmo espírito no discípulo. Ele deve buscar a verdade por si mesma, não porque ela veio do 'seu mestre', como afirmou um adepto: 'Aprenda a ser leal à ideia, não ao meu pobre eu.' O único objetivo pelo qual devemos nos esforçar é melhorar as condições humanas por meio da propagação da verdade.

Como alguém pode começar o treinamento para se tornar um discípulo? A raiva, a cobiça e a ilusão são os três grandes venenos que devem ser eliminados. Um adepto aconselhou: 'Guarde-se do espírito impiedoso, porque ele surgirá como um lobo faminto em seu caminho, e devorará as melhores qualidades de sua natureza.' Não devemos buscar o que é errado nas outras pessoas, nem ter maus sentimentos mesmo contra alguém que nos prejudicou. Não devemos julgar os outros. Os padrões do mundo espiritual são diferentes dos mundanos. 'Um engraxate honesto é tão bom quanto um rei honesto.' Uma pessoa espiritual trata todos os seres com afeição e boa vontade.

Devemos dar pouco valor à aparência externa. O que importa é a pureza interna. 'Um faxineiro imoral é muito melhor e mais desculpável do que um imperador imoral', porque o humilde faxineiro pode não ter tido oportunidade de aprender. A vida do discípulo deve naturalmente ser de estrita moralidade, uma conquista diária do eu. O egoísmo, que toma a forma de cobiça e se evidencia pela raiva, é o impedimento mais sério à compreensão da verdade, e deve ser arrancado pela raiz. Quem domina o eu é maior do que aquele que, na guerra, vence milhares. O adepto dominou o eu; o discípulo deve se empenhar na mesma tarefa."

(Radha Burnier - O adepto e o discípulo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 38/39)

sábado, 17 de junho de 2017

ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO

"Tempo dedicado a nós mesmos, tempo dedicado ao próximo, tempo dedicado a Deus, tempo dedicado ao repouso - eis os quatro itens essenciais à boa administração de nossas vidas.

Os ignorantes, egoístas e materialistas empenham quase todo o tempo no preenchimento de seus desejos de posse e prazer. Até o repouso é visto como algo que atrapalha, que impõe suspensões inoportunas ao trabalhar e ao gozar. Tempo para Deus... absolutamente nenhum. Tempo para o próximo? Que é isto?! O próximo é aquele que estiver ao alcance da mão para ser explorado como um meio de se ganhar mais e mais intensamente curtir.

Que desequilíbrio!

Infelizmente, é o que mais se encontra.

Você não é desses... Ou é?!

Senhor, com Teu infinito Poder, muda tais pessoas, salvando-as das 'trevas exteriores'."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 35/36)


quinta-feira, 1 de junho de 2017

NÃO SE OCUPE DO PASSADO

"Nunca se ocupe do passado. Quando a aflição o dominar, não rememore fatos similares em sua experiência de outrora, vindo assim a intensificá-la. Em vez disso, lembre-se daqueles incidentes quando a aflição não lhe bateu à porta e você foi feliz. Tire consolação de tais memórias, e se levante acima das águas crescentes do sofrimento. Dizem que as mulheres são fracas porque, mais facilmente que os homens, se rendem à raiva e à tristeza. Assim, a elas eu pediria que façam esforços extras para chegarem a vencê-las. Repetir o Nome de Deus e pensar em Sua Forma é o melhor antídoto.

Não faltam livros que lhes digam como se libertar da aflição. A Bhagavad Gita está em todas as línguas e a muito baixo custo o exemplar. O Bhavata e o Ramayana e todos os demais livros são vendidos aos milhares a cada dia, mas nada há que indique que eles tenham sido estudados e muito menos assimilados. O hálito na boca pode dar uma leve indicação sobre o alimento que foi consumido. Não é? Os hábitos, a conduta e o caráter dos leitores de tais livros, porém, não têm denotado quaisquer mudanças para melhor. O egoísmo e a ambição ainda estão desenfreados. O ódio não foi reduzido, e a inveja devora a vitalidade dos homens."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interios - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 173)


segunda-feira, 29 de maio de 2017

O AMOR UNIVERSAL

"O amor é abordado pelas grandes tradições religiosas do mundo. São sublimes os comentários de São Paulo sobre o amor, na Bíblia: 'Ainda que eu falasse línguas, a dos homens e a dos anjos, se eu não tivesse amor, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine (...) Ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu nada seria.'

Paulo comentou a fala, que é um poder. As palavras são extraordinariamente potentes e suas vibrações possuem efeito muito maior do que podemos imaginar. Muitas palavras são ditas descuidadamente porque vêm de uma consciência caracterizada pelo egoísmo. De nossa parte, sem uma conexão fundamental com toda a vida, elas talvez não queiram dizer muita coisa. Até que o amor universal crie raízes em nós e comece a crescer, seremos incapazes de expressar nossa humanidade mais plenamente.

Talvez seja interessante dizer que geralmente só conhecemos uma versão limitada do amor. Podemos sentir uma afeição profunda por outra pessoa, mas o que chamamos de amor pode ainda ter em si uma mancha de egoísmo.

O relacionamento encontra sua mais elevada expressão quando existe amor genuíno. Uma máxima encontrada em várias tradições religiosas apresenta o princípio fundamental do correto relacionamento: tratar os outros exatamente como gostaríamos que nos tratassem. Essa é conhecida como 'a regra de ouro'.

É inevitável que a humanidade desenvolva um relacionamento autêntico e significativo com o espírito. Muitas pessoas sentem esse relacionamento, quer pertençam ou não a uma tradição religiosa. Os santos e sábios, ao longo da história, e alguns indivíduos inspirados dessa era, dão testemunho quanto à nobreza do espírito humano. Dentro de nós há renovação, se ousarmos olhar para nós próprios inteligentemente, e se ousarmos aquietar-nos, o que muitas pessoas têm medo de fazer. Com a renovação surge uma ética natural que se derrama em nossas atividades e relacionamentos. No relacionamento significativo há renovação. A renovação de uma massa crítica da humanidade, refletida no correto relacionamento, pode agir como uma parteira que algum dia auxiliará o parto de um renascimento espiritual na sociedade."

(Linda Oliveira - A renovação da sociedade - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 35
www.revistasophia.com.br

quinta-feira, 25 de maio de 2017

A AUTÊNTICA ESPIRITUALIDADE (1ª PARTE)

"O que é espiritualidade? O termo tende a ser usado livremente e muitas vezes tem algo de vago. Aliás, poderia ser útil começar fazendo uma consideração sobre o que a espiritualidade não é. Primeiro, não é sinônimo de psiquismo. Hoje em dia  são oferecidas muitas buscas aparentemente espirituais, prometendo coisas maravilhosas. Essas coisas podem puxar as pessoas em muitas direções ao mesmo tempo, mas não satisfazem nossos anseios mais profundos. É provável que as fraquezas de um indivíduo que prematuramente obtém certos poderes psíquicos aumentem em tal situação, levando talvez a um senso inflado de autoimportância, à ilusão de que a pessoa é extraordinariamente especial, com mensagens de grande significação para o mundo.

Um indivíduo assim pode - ou não - ser ético. Em muitos casos, sem verdadeira preparação moral, o desenvolvimento deliberado de poderes psíquicos pode ser inútil. É mais sábio deixar que tais habilidades desabrochem naturalmente no decorrer da evolução, em vez de serem artificialmente aceleradas.

Em segundo lugar, espiritualidade não é algo que pode ser produzido rapidamente, nem pode ser conferida por outro. Em terceiro, a espiritualidade não surge automaticamente só porque a pessoa torna-se culta em questões religiosas; não é algo superficial, resultado da busca egoísta do saber.

Sendo assim, o que é espiritualidade? Primeiro, a espiritualidade autêntica transcende o reino psíquico. É um desejo profundo, genuíno, de se conectar conscientemente com o divino. Quando a espiritualidade é genuína há uma firme convicção da mais profunda sacralidade no interior de toda vida, que se expressa naturalmente num viver ético. No livro The Nature of Nature, Klaus Klostermaier cita o famoso cientista Konrad Lorenz, que via o maior perigo para a humanidade 'não na ameaça nuclear ou na crise ecológica, mas na progressiva decadência e desintegração da ética e da moralidade. (...)"

(Linda Oliveira - A renovação da sociedade - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 32/33)


quarta-feira, 17 de maio de 2017

AMAR É CONHECER (2ª PARTE)

"(...) Buda afirmou que os pensamentos de amor poluem a mente, enquanto o próprio amor limpa e purifica. Krishnamurti falou que quando a ação surge do pensamento não há amor. Nos seus Comentários sobre a vida, ele disse que os sentidos de tempo, espaço, separação e dor nascem do pensar, e que só quando cessa o pensamento pode haver amor.

Buda não explicou em detalhes o que é o amor, mas explicou a causa da ausência de amor na vida do ser humano. A abordagem de Krishnamurti é diferente, mas tem por meta o mesmo estado de bondade e amor. Ele nos instiga a descobrir que o que cria a servidão não é o amor verdadeiro, mas a sentimentalidade, o apego às pessoas num relacionamento emocional. Quando existe esse tipo de sentimentalismo e de autopromoção por meio de outra pessoa, a coisa pode facilmente mudar e se tornar ira, frustração ou crueldade. Podemos encontrar muitos casos semelhantes na vida comum, quando o assim chamado amor transforma-se em animosidade e depois em ódio.

Portanto, o que chamamos de amor traz consigo complicações e tumulto interior. Krishnamurti disse: 'O que vamos fazer é descobrir o valor do conhecido, olhar para o conhecido. Quando se olha para ele com pureza, sem condenação, a mente liberta-se do conhecido. Somente então podemos saber o que é o amor.' O teste talvez esteja na sensação de perda, de solidão, se essa posse não mais for possível. E o teste maior está na morte, quando ela traz o sentimento de que tudo foi perdido.

Helena Blavatsky afirmou, num de seus escritos, que, 'quando existe amor verdadeiro, não há absolutamente qualquer senso de separação'. A pessoa pode se examinar e verificar se o senso de separação é realmente compatível com o amor, ou se ele surge junto com o desejo de possuir. Quando há o sentimento de que algumas pessoas importam tremendamente e outras não, será isso realmente amor, ou alguma forma de busca egoísta? (...)"

(Radha Burnier - Amar é conhecer - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 25)


terça-feira, 2 de maio de 2017

COMPARTILHE SUA FELICIDADE COM OS SEMELHANTES

"Quando dois indivíduos egoístas se unem pelos laços formais do matrimônio, permanecem separados mentalmente porque cada qual está enclausurado no amor a si próprio. Na prisão do egoísmo, nunca alcançam juntos a felicidade e a harmonia. Amar, antes de ser amado, é a chave que abrirá as portas de seus corações, trazendo-lhes alegrias comuns.

Amar apenas a si próprio é confinar-se. Quando os casais aprendem a expandir suas simpatias e a desprender-se de si mesmos - como indivíduos, casal ou família -, transformam seu relacionamento, tanto quanto a desarmonia emocional que o egoísmo produziu, num convívio de amor divino e solidário. 

O amor abenegado é o segredo de tudo. Casais que de começo definem seu relacionamento em termos de 'eu e você', aprendem mais tarde, graças ao aprofundamento da compreensão, a pensar em conjunto. Assim, o amor humano evolui para o amor divino.

Sem Deus, o afeto humano nunca é perfeito. Nenhum casamento pode ser realmente frutífero sem o 'ingrediente secreto' do amor divino. O amor terreno, que não vai além da criatura amada para absorver a divindade, não é de forma alguma um sentimento autêntico. É mero culto do ego, pois está enraizado no desejo.

O verdadeiro amor emana de Deus. Somente corações purificados pela autoexpansão conseguem absorver a plenitude desse amor. Expandindo-se, os sentimentos do coração tornam-se canais por onde o amor de Deus flui para o mundo."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como ser feliz o tempo todo - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 72/73)
www.editorapensamento.com.br