OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

SABEDORIA: O TESOURO OCULTO

"Helena Petrovna Blavatsky afirmou: 'O conhecimento do eu é que é a própria sabedoria'. Alex A. Wilder disse: 'A sabedoria é o conhecimento desenvolvido das potências do ser interior do homem.' Ao longo da história, indivíduos de muitos campos do conhecimento - artes, filosofia, ciência e arquitetura, por exemplo - manifestaram notáveis atributos de sabedoria. Se pensamos que isso surge ao acaso, não compreendemos o processo do qual todos somos uma parte: a humanidade é orientada em todos os passos da sua evolução.

Nos primórdios do tempo Reis-Adeptos governaram a humanidade com eficiência e sabedoria, altruístas e sempre em sintonia com a natureza e suas leis. Atualmente temos uma humanidade adolescente julgando-se sábia e cometendo muitos equívocos. Aqueles que guiaram a humanidade (os Adeptos) recolheram-se para longe dos olhos do mundo. Guiada principalmente pelo desejo e pelo egoísmo, a humanidade permite-se cometer seus erros e pagar pelas consequências.

Os Adeptos estão ocultos do mundo, mas ainda o orientam através de indivíduos, de grupos e até mesmo de nações. No entanto, a humanidade não surgiu toda ao mesmo tempo; pelo contrário, as pessoas entraram no reino humano em diferentes épocas, algumas individualmente, outras em grupos. Tantos ciclos de evolução nos precederam que sua escala de tempo se situa além da concepção humana. Por esse motivo, alguns que surgiram primeiro são naturalmente mais evoluídos e experientes.

O que podemos fazer para acelerar a nossa evolução? Uma atitude de que precisamos é a gratidão por tudo que já temos e pelo que virá. É preciso muito esforço do universo para nos sutentar. (...)

Vivemos no mundo como se estivéssemos separados de tudo. Todos nós sabemos quando vivemos harmoniosamente - tudo acontece no tempo certo. Contudo, quando vivemos de maneira desarmônica, nada parece acontecer corretamente. A gratidão é essencial para quem quer que busque o caminho espiritual. Ela está fortemente relacionada ao amor, e é isso que verdadeiramente guia o universo. Steiner afirmou: 'Sem o amor oniabarcante, jamais conseguiremos conhecer o universo; quando amamos algo, a coisa se revela a nós'.

Uma atitude de gratidão, juntamente com a tentativa de sempre ver o melhor nos outros, muda completamente nossa abordagem com relação a nós próprios e às outras pessoas. Embora eu saiba disso por experiência própria, essa atitude nem sempre é fácil; ela precisa ser continuamente reforçada. No entanto, isso adoça a vida de modo notável."

(Barry Bowden - Sabedoria: o tesouro oculto - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 39)
www.revistasophia.com.br


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

UM IDEAL SUBLIME

"Este ideal presta-se ao escárnio, ao riso, ou à zombaria? Se ele for apenas um sonho, então é o sonho mais nobre que a humanidade já teve; o mais completo dos autossacrifícios e o mais inspirador dos ideais. Para alguns ele constitui um fato, um fato mais real do que a própria vida. Mas, para aqueles que não o consideram como um fato, ele pode ser um ideal; um ideal de autossacrifício, de conhecimento e de amor. Que tais Homens existem, alguns de nós já o sabemos. Contudo, ainda que vocês não acreditem neles, não há nada no ideal que não seja nobre e que não possa elevá-los ao pensar nele, aproximando-os cada vez mais da luz. 

O cristão possui o mesmo ideal em relação a seu Cristo, o budista, o mesmo ideal em relação a seu Buda. Todas as crenças possuem o mesmo ideal em relação ao Homem a quem consideram Divino. E nós somos testemunho de todas as religiões, afirmando que suas crenças são verdadeiras e não falsas, que seus Mestres são uma realidade e não um sonho, pois o Mestre constitui a concretização da esperança que há no discípulo, a concretização do ideal que exaltamos. E, para alguns de nós que sabemos de sua existência, estes Mestres Divinos são uma inspiração diária. Só podemos entrar em contato com eles na medida em que lutamos por purificar-nos. Só podemos aprender mais na medida em que exercitamos aquilo que eles já ensinaram. Assim, se a princípio falei a respeito da teoria, depois, sobre o passado histórico, mais tarde sobre o testemunho que lhes apresentamos no presente e, finalmente, sobre os passos que todos poderão dar, se assim o desejarem, foi com o único objetivo de resgatar o ideal do ridículo a que foi exposto, da lama que lhe foi atirada e da disputa provocada em torno dele. 

Censurem-nos, se assim o desejarem, mas não toquem nesse nobre ideal da perfeição humana. Riam de nós, se o desejarem, mas não riam do Homem Perfeito, do Homem que se tornou Deus, em quem, afinal, a maioria de vocês acredita. Vocês, que são cristãos, não sejam desleais com sua própria religião, considerando seu Cristo, como muitos de vocês o fazem, como um mero objeto de fé ao invés de uma realidade a ser vivida. E lembrem-se, qualquer que seja o nome, o ideal é o mesmo, qualquer que seja o título, o pensamento que lhe subjaz é idêntico. 

Aquilo que vocês pensam é aquilo que desenvolvem; gradualmente suas vidas se transformam segundo seus ideais, pois o pensamento possui um poder de transformação tal, que se os seus ideais forem materiais suas vidas serão materiais, e se os seus ideais forem insignificantes, suas vidas também serão insignificantes. Por isso, adotem aquele ideal e pensem a respeito, e sua pureza penetrará em suas vidas; vocês tornar-se-ão homens e mulheres mais nobres, pois ele se converte num objeto de seu pensamento e o pensamento os transforma exatamente à sua imagem. Não há dúvida de que os homens convertem-se naquilo que adoram e naquilo que pensam. Este ideal do Homem Perfeito encerra em si a esperança do futuro da raça humana. Por esse motivo, eu sugiro-o hoje a vocês e lhes aponto o Caminho pelo qual ele poderá transformar-se de um ideal numa realidade viva, de uma esperança, num Mestre vivo. Assim, o sublime ideal de aspiração passará a ser o Amigo e o Mestre a quem poderão entregar suas vidas." 

(Annie Besant - Os Mestres - p. 29/30


terça-feira, 21 de novembro de 2017

A PERCEPÇÃO DA UNIDADE

"Como lhe será possível ir além? Vida após vida, ele aprendeu a identificar-se com o homem; vida após vida, aprendeu a responder a todo grito de dor. Pode, agora que é livre, prosseguir e deixar os outros acorrentados? Pode entrar na bem-aventurança deixando o mundo no sofrimento? Ele, a quem chamamos Mahatma, é a Alma liberta que tem o direito de prosseguir mas, em nome do Amor, regressa trazendo seu conhecimento para remediar a ignorância, sua pureza para absolver a infâmia, sua luz para afugentar a escuridão; aceita novamente o peso da matéria até que toda a humanidade seja libertada, e então prosseguirá, não sozinho, porém como o pai de uma grande família, levando com ele a humanidade para compartilhar do mesmo fim e da mesma bem-aventurança no Nirvana.

Esse é o Mahatma. Vidas sucessivas de esforço coroadas com a suprema renúncia; perfeição obtida através da luta e do trabalho, e depois o regresso para ajudar aos outros a chegarem onde ele chegou. Sua mão está pronta para ajudar a toda Alma que lhe estende as mãos à procura de ajuda. Seu coração responde à súplica de todo irmão que peça sua orientação; e eles estão lá, esperando o momento em que desejemos ser ensinados, dando-lhes a oportunidade de obter o Nirvana, ao qual renunciaram."

(Annie Besant - Os Mestres - p. 28/29)
Fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


domingo, 19 de novembro de 2017

FRATERNIDADE (1ª PARTE)

"(...) vida após vida, você deve exercitar-se, identificando-se cada vez mais com tudo, derrubando tudo aquilo que separa o homem do homem. Por esse motivo a fraternidade constitui nossa única condição, pois o seu reconhecimento é o primeiro passo para a concretização da inseparabilidade, necessária ao progresso do discípulo. E o treinamento preciso para o discípulo é aquele que o torna sensível às tristezas dos outros preparando-o, deste modo, a ajudar, e aquele que exercita sua autoidentificação com o todo de maneira que, finalmente, ele possa transformar-se num dos Salvadores do mundo. Pois, enquanto este treinamento prossegue vida após vida, desenvolve-se gradualmente neste ser humano uma simpatia em constante crescimento, uma compaixão cada vez mais profunda, uma benevolência que não pode ser perturbada e uma tolerância jamais abalada. Nenhuma injúria pode ofender, pois a dor é do seu autor e não daquele a quem se destinava. Nenhum erro pode provocar ira, pois você compreende porque o erro foi cometido e sente pena do autor, não podendo desperdiçar tempo encolerizando-se. Você não perdoará o erro, nem dirá que é justo, não simulará que o bem é o mal, pois essa seria a maior das crueldades e impediria o progresso da raça humana. Porém, mesmo reconhecendo o mal não haverá ira contra o malfeitor, por ser ele uno com sua própria Alma e por não admitir separação entre você mesmo e ele.

Por que tudo isso? Porque, enquanto esse crescimento se processa, as recordações e o conhecimento aumentarão; enquanto esse crescimento prossegue, a existência evoluída do Espírito no interior do discípulo se revelará cada vez mais na conduta do homem e, gradualmente, ele se sobressairá tornando-se um obreiro, um auxiliar e um labutador a serviço da humanidade, trabalhando para ela a fim de torná-la esclarecida, fornecer-lhe conhecimento e revelar-lhe a realidade que subjaz a todas as ilusões do mundo. Além disso, deve ser duro consigo mesmo, pois permanecerá entre o homem e o mal, entre seus irmãos mais fracos e as forças do mal que, do contrário, poderiam esmagá-los. (...)"

(Annie Besant - Os Mestres - p. 26/27)
Fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O SENTIDO DA VIDA, SEGUNDO MOISÉS, BUDA, CRISTO (1ª PARTE)

"Qual o sentido da vida humana, a razão de ser da sua existência?

Todos os gênios da humanidade respondem o mesmo: o sentido da vida do homem é a sua autorrealização. E essa realização supõe, acima de tudo, o conhecimento da verdadeira natureza do homem.

Cerca de seis séculos antes da Era Cristã, vivia na Índia um príncipe real chamado Gautama Siddhartha. Pouco depois do seu casamento abandonou ele, clandestinamente, o Palácio Real e foi peregrinar pelas florestas da Índia, durante 16 anos, meditando, meditando e jejuando. Queria descobrir uma resposta definitiva ao tenebroso mistério do sofrimento universal da humanidade. Os animais selvagens não sofriam, e por que devia o homem, coroa da creação, viver em sofrimento permanente? Certo dia, estava o príncipe sentado à sombra de uma árvore, mergulhado em profunda meditação. Quando despertou do seu prolongado samadhi, proferiu quatro palavras – e os discípulos dele, sentados em derredor, exclamaram: Buda! Buda! isto é: acordou, acordou.

O peregrino real dormira toda a vida o sono da ilusão sobre si mesmo, identificando-se com o seu ego mental; de repente, despertou para a vigília da verdade – da verdade libertadora sobre si mesmo. Os discípulos dele resumiram a sabedoria do Mestre nas chamadas 'quatro verdades nobres de Buda'. O que Buda disse, depois de despertar para a luz da verdade, foram as palavras seguintes:

1) a vida humana é essencialmente sofrimento,
2) a causa deste sofrimento universal é a ilusão em que o homem vive sobre si mesmo,
3) com a transformação da ilusão em verdade sobre si mesmo, termina a culpa do sofrimento,
4) o meio para o conhecimento da verdade é a profunda meditação sobre si mesmo.

Cerca de mil anos antes de Buda dissera Moisés, com outras palavras, estas mesmas verdades: 'Maldita seja a terra por tua causa', disseram os Elohim ao primeiro homem, porque este se identificava com o seu ego ilusório, aberrando da verdade libertadora sobre a sua verdadeira natureza. E esta ilusão funesta provocou sua autoexpulsão do paraíso e o início do sofrimento Universal. (...)"

(Huberto Rohdem - O Homem, sua Natureza, sua Origem e sua Evolução -  p. 37/38)

sábado, 21 de outubro de 2017

SOBRE O MEDO (PARTE FINAL)

"(...) Ora, de que temos medo? Temos medo de um fato ou de uma ideia relativa ao fato? Temos medo da coisa, tal qual, ou temos medo daquilo que pensamos que ela é? Consideremos, por exemplo, a morte. Temos medo do fato da morte ou da ideia da morte? O fato é uma coisa e a ideia outra. Tenho medo da palavra 'morte', ou do fato em si? Porque tenho medo da palavra, da ideia, nunca chego a compreender o fato, nunca considero o fato, nunca estou em relação direta com o fato. Só quando estou em completa comunhão com o fato, não há temor. Se não estou em comunhão com o fato, há temor. E não estou em comunhão com o fato enquanto tenho uma ideia, uma opinião, uma teoria, relativamente ao fato. É necessário, portanto, que eu me esclareça bem se estou com medo da palavra, da ideia, ou do fato. Se me vejo frente a frente com o fato, nada há que compreender, nele; estou em presença do fato, e sei como proceder. Se tenho medo da palavra, devo então compreender a palavra, examinar todo o processo do qual decorre a significação da palavra, do termo. 

Por exemplo: uma pessoa teme a solidão, a dor, o sofrimento da solidão. Ora, esse medo existe porque a pessoa, em verdade, nunca encarou a solidão, nunca esteve em comunhão direta com ela. No momento em que alguém está completamente aberto para o fato da solidão, compreende o que ela é; mas se só se tem uma ideia, uma opinião a respeito do fato, baseado em conhecimento prévio, essa ideia, essa opinião, esse conhecimento prévio relativo ao fato, cria o temor. O temor, evidentemente, é produto do dar nome, do designar, do projetar um símbolo para representar o fato; isto é, o temor não é independente da palavra, do termo. 

Tenho uma reação, digamos, ligada à solidão, isto é, digo que tenho medo de ser nada. Temo o fato em si, ou esse temor é despertado por um conhecimento prévio do fato, sendo esse conhecimento a palavra, o símbolo, a imagem? Como pode haver temor em relação a um fato? Quando estou frente a frente a um fato, em comunhão direta com ele, posso olhá-lo, observá-lo, por conseguinte, não há medo deste fato. O que causa medo é minha apreensão relativamente ao fato, o que o fato possa ser ou fazer. 

Minha opinião, minha ideia, minha experiência, meu conhecimento relativo ao fato é que cria o temor. Enquanto houver verbalização do fato, que significa dar um nome ao fato e por conseguinte identificar-se com ele ou condená-lo; enquanto o pensamento estiver julgando o fato, na qualidade de observador, haverá temor. O pensamento é produto do passado, só pode existir por efeito da verbalização, dos símbolos, das imagens. Enquanto o pensamento estiver considerando ou traduzindo o fato, tem de haver temor. 

Assim, é a mente que cria o temor, sendo a mente o processo do pensar. Pensar é verbalização. Não se pode pensar sem palavras, sem símbolos, imagens. Estas imagens, que são nossos preconceitos, que é o conhecimento antecipado, as apreensões da mente, projetam-se sobre o fato, gerando o temor. Só há um estado livre de temor, quando a mente é capaz de observar o fato sem o traduzir, sem lhe dar nome, sem lhe pôr um rótulo. Isto é deveras difícil, porque os sentimentos, as reações, as ansiedades que temos, são logo identificados pela mente e ligados a uma palavra. O sentimento de ciúme é identificado por esta palavra. É possível não identificar um sentimento, olhar um sentimento sem lhe dar nome algum? E a atribuição de um nome ao sentimento, que lhe dá continuidade, que lhe dá força. No momento em que dais um nome à coisa que chamais temor, dais-lhe força. Mas se puderdes encarar o sentimento sem lhe aplicar um termo, vê-lo-eis dissipar-se. Por conseguinte, se desejamos ficar completamente livres do medo, é essencial compreendermos integralmente este processo de projetar símbolos, imagens e dar nomes aos fatos. Só pode haver libertação do temor, quando há autoconhecimento. O autoconhecimento é o começo da sabedoria, a qual é o fim do temor."

(J. Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 157/159
http://www.pensamento-cultrix.com.br/


domingo, 8 de outubro de 2017

CARIDADE

"As ideias da Teosofia acerca da caridade significam esforço pessoal para os demais; compaixão e bondade pessoais; interesse pessoal no bem-estar e prosperidade dos que sofrem; previsão e ajuda pessoais em suas penas e necessidades. Os teósofos não acreditam na eficiência do sistema de dar dinheiro por intermediários; acreditam aumentar cem por cento o poder do dinheiro e sua eficácia pelo nosso contato e simpatia pessoais com os que o necessitam. Creem no alívio da alma tanto, se não mais, que aquele do estômago; porque o agradecimento promove maior bem naquele que o expressa que naquele que o fez sentir. Onde está o agradecimento que vossos milhões de libras esterlinas deveriam ter despertado ou os bons sentimentos provocados por eles? Por ventura no ódio que o pobre do East-End sente pelo rico? No aumento do partido da anarquia e da desordem ou nessas centenas de operárias, vítimas do sistema 'do suor' obrigadas a andar pelas ruas, diariamente, para ganhar o sustento? Acreditamos que um bom livro que oferece às pessoas matéria para pensar que fortalece e torna mais clara sua mente facilitando-lhes o entendimento de verdades sentidas de maneira vaga, porém sem que as pudessem formular, produz um bem real e substancial. 

Relativamente ao que chamais de atos práticos de caridade em favor de nossos semelhantes, fazemos o pouco que podemos, porém, como já disse, a maior parte de nossos irmãos é pobre e a Sociedade, por si mesma, não tem recursos suficientes para contratar gente dedicada a seu serviço. (...). Os poucos que reúnem condições de fazer o que se chama vulgarmente atos de caridade seguem os preceitos budistas e trabalham por si próprios, porém não por procuração ou subscrevendo publicamente a obras caritativas. O teósofo deve antes de mais nada esquecer sua personalidade." 

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 86/87)


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

INTELECTO

"Você é um intelectual desses que empenham o nobre talento de que é gerente em estudar, pesquisar, se esclarecer, em buscar ávida e diligentemente a Verdade?

Você tem se apercebido de que, com seu talento, pode melhorar-se e, melhorar as pessoas e a sociedade como um todo, trabalhando arduamento no plano das ideias e ideais, levando propostas e luzes àqueles que, menos dotados intelectualmente, são passíveis de influências (benéficas ou maléficas)?

Há ainda muito que descobrir, entender, conhecer, e, em consequência, propor, ensinar, passar aos demais.

Veja seu bem-dotado intelecto como um poderoso instrumento para sua elevação e a de um número incalculável de pessoas.

Seja vigilante e empenhado no uso de sua inteligência.

Protege, Senhor, de equívocos, dogmas e outras formas de impurezas o meu intelecto. 
Que possa eu, cada vez mais, entender e melhor pensar."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 88)


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

IMAGEM DA ETERNIDADE

"A Teoria da Relatividade surgiu depois da época de Helena Blavatsky. Mas ela já considerava o tempo multidimensional, com muitos aspectos que dependem da nossa observação. Nossas ideias sobre o tempo, originadas das nossas sensações, estão 'inelutavelmente vinculadas à relatividade do conhecimento humano.' e vão se desvanecer quando evoluirmos ao ponto de ver além da existência fenomênica.

Segundo Blavatsky, a duração ilimitada, ou atemporalidade, além da relatividade, é o 'tempo incondicionalmente eterno e universal', o númeno do tempo, não condicionado pelos fenômenos que surgem e desaparecem periodicamente. A duração é 'eterna e, portanto, imóvel, sem começo, sem fim, além do tempo dividido e além do espaço'.

É esse aspecto da realidade que produz o tempo como 'a imagem móvel da eternidade', nas palavras de Platão. Os ciclos de manifestação ocorrem dentro da duração infinita, à medida que o atemporal dá origem ao tempo. Assim como ocorre com o espaço e o movimento, nosso mundo familiar de tempo 'dividido' é gerado a partir desse reino indiviso e informe.

A duração abarca tudo simultaneamente, enquanto o tempo que experimentamos precisa se adaptar à visão sequencial: uma coisa de cada vez. É difícil imaginar a realidade como um todo presente simultaneamente na duração, porque nossa mente é parte do processo do tempo. A atemporalidade nos escapa.

Blavatsky explica que aquilo que é visto em um momento específico é a soma de todas as suas diferentes condições, desde o seu surgimento em forma material até o seu desaparecimento da Terra. Ela compara esse somatório com uma barra de metal lançada ao mar. O momento presente de uma pessoa é representado pela seção transversal da barra, no ponto em que o oceano e o ar se encontram. Ninguém diria que a barra surgiu no momento em que deixou o ar ou que desapareceu quanto entrou na água. Da mesma forma, surgimos do passado para mergulhar no futuro, apresentando, momentaneamente, uma faceta de nós mesmos no presente."

(Tempo e atemporalidade - Do livro Sabedoria Antiga e Visão Moderna, Shirleu Nicholson, Ed. Teosófica - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 17)
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terça-feira, 19 de setembro de 2017

PARA APRENDER, A MENTE PRECISA ESTAR TRANQUILA

"Para descobrir algo novo, você precisa começar por você mesmo; precisa iniciar uma jornada completamente despojado(a), especialmente de conhecimento, porque é muito fácil, mediante o conhecimento e a crença, ter experiências, mas elas são simplesmente o produto da autoprojeção, por isso totalmente irreais, falsas. Para descobrir por si mesmo o que é novo, não é bom carregar o peso do velho, especialmente o conhecimento, por mais incrível que ele seja. Usamos o conhecimento como um meio de autoprojeção, de nos manter seguros, e acreditamos que estaremos certos apenas se tivermos as mesmas experiências que Buda, Cristo ou X tiveram. Porém, um homem que está se protegendo constantemente com auxílio do conhecimento, é óbvio que não é um buscador da verdade...

Para a descoberta da verdade não há caminho... Quando se quer encontrar algo novo, quando se está experimentando alguma coisa, a mente tem de estar muito tranquila, certo? Se a mente está sobrecarregada, repleta de fatos e conhecimento, estes atuam como um impedimento ao novo. Para a maioria de nós, a dificuldade é que a mente se torna tão importante, tão predominantemente significativa, que interfere constantemente em qualquer coisa que possa ser nova, em qualquer coisa que possa existir simultaneamente com o conhecido. Por isso, o conhecimento e a aprendizagem são impedimentos para aqueles que buscam, tentam entender aquilo que é eterno." 

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 22)

domingo, 27 de agosto de 2017

A GRANDEZA ESTÁ NO SERVIÇO ESPONTÂNEO

"Ó Tao!
Tu, que tudo superas!
Em ti está o Todo.
Em ti, a vida de todos os seres!
Tu não te negas a ninguém,
Tu, que tudo realizas,
Tudo nutres,
Tudo fazes prosperar!
Tu, o eterno servidor da vida,
Jamais te vanglorias de nada.
Pequenino pareces aos que ignoram
A tua grandeza.
Grande, porém, és
Tu, de que tudo vem
E a quem tudo volta.
Nunca te arvoras em dominador.
....................................................
Assim também o sábio sempre serve,
Realizando grandes coisas,
Sem se ufanar da sua grandeza.

EXPLICAÇÃO: Esta apoteose da Divindade lembra as palavras de Santo Agostinho: 'Ó Deus! Formosura sempre antiga e sempre nova - quão tarde te amei!... Tu estavas em meu coração - e eu te buscava lá fora... Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo... E então tu me chamaste em altas vozes... rompeste a minha surdez... relampejaste e afugentaste a minha cegueira... rescendeste suaves perfumes em torno de mim, e eu os sorvia - e agora vivo a suspirar por ti... Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti... Tocaste-me de leve - eu me abrasei em tua paz.

Quanto mais te possuo, tanto mais te procuro... Que eu me conheça a mim para que te conheça a ti'.

Lembra também as palavras de Jesus a seus discípulos: 'Os reis e príncipes deste mundo são chamados grandes, porque são servidos por seus súditos. Entre vós, porém, não há de ser assim; aquele que dentre vós quiser ser grande seja o servidor de todos'."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 97/98)


quinta-feira, 3 de agosto de 2017

LIÇÕES A SEREM APRENDIDAS ATRAVÉS DO CONHECIMENTO DO KARMA (2ª PARTE)

"(...) 3. A Autoconfiança. Assim como, no passado, fi­zemos de nós o que somos hoje, também pelo que agora fizermos nosso futuro será determinado. O conhecimen­to e a lembrança desse fato e de que a glória do futuro é ilimitada devem, com o tempo, dar-nos grande autocon­fiança, e afastará aquela tendência a apelar para o auxí­lio externo, que, na verdade, em nada auxilia. Thoreau disse: 'Não conheço fato mais encorajador do que a in­discutível capacidade do homem para elevar sua vida, através de um empenho consciente.' E as derradeiras palavras de Buda foram: 'Trabalhai com diligência por vossa salvação!' No Dhammapada diz-se, também, que 'pela própria pessoa o mal é feito, pela própria pessoa vem o sofrimento; pela própria pessoa o mal é anulado, pela própria pessoa vem a purificação. Pureza e impu­reza pertencem à própria pessoa, e ninguém pode puri­ficar outrem'.

4. A Restrição. Naturalmente, se compreendermos que o mal que fazemos se voltará contra nós, saberemos ser muito cuidadosos para não fazer ou dizer coisa algu­ma que não seja boa, pura e verdadeira. O conhecimen­to do Karma evitará que façamos coisas erradas, por amor dos outros como de nós próprios. Fiscalizemos os pensa­mentos; o pecado é feito por um pensamento positivo, mesmo que esse pensamento não seja levado à ação, por­que os pensamentos são tão reais no mundo mental co­mo as ações o são no mundo material. Jesus disse: 'Quem olhar para uma mulher com o desejo de luxúria, já co­mete adultério com ela, em seu coração.' (Mat., v, 28.) O envio constante de bons pensamentos para outros é de importância muito grande, fazendo-se a melhor das ora­ções — mas ponhamos intenção, energia e vontade neles. Outra coisa a ser aprendida é que devemos combater todo pensamento errado que nos vier à mente, através do po­der do Eu Superior.

5. A Responsabilidade. O fato de haver unidade es­piritual na Raça Humana, já que ela, em sua raiz, é uma apenas, traz, também, o fato da nossa responsabilidade uns para com os outros. No início do Capítulo XIII, dis­semos o quanto somos interdependentes uns dos outros, e como se torna dever nosso, para com a Humanidade em geral, abandonar o Mal e praticar o Bem.

6. O Poder. Quanto mais fizermos da Doutrina do Karma uma parte de nossas vidas, mais poder ganhare­mos, não só para dominar o Mal, mas para dirigir, em grande extensão, o nosso futuro, e ajudar com maior efi­cácia o nosso próximo. Isso se dá porque, tornando-nos autoconfiantes, atraímos força do Eu Superior interno. Por aquele Ser Divino interno nossa vida deve ser guiada e, com a Sua força, dominamos as limitações, destruí­mos os grilhões que nos mantêm fora do Nirvana, e nos tornamos Auxiliares Conscientes da Humanidade. (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 39/40)

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

LIÇÕES A SEREM APRENDIDAS ATRAVÉS DO CONHECIMENTO DO KARMA (1ª PARTE)

"Quanto mais compreendemos a Lei do Karma, tan­to mais vemos o quanto devemos ser cuidadosos sobre nossos atos e pensamentos e como somos responsáveis para com o nosso próximo. Vivendo à luz desse conhe­cimento, aprendemos dia a dia certas lições.

1. A Paciência. Sabendo que a Lei do Karma é nos­sa grande auxiliar, se a servimos, e que não virá Mal al­gum para nós se trabalharmos com ela, sabendo, também, que ela nos abençoa, exatamente no tempo certo, e que o término disso tudo é o Bem final, aprendemos a gran­de lição da paciência, e aprendemos que a impaciência é um entrave ao nosso crescimento. Sofrendo, sabemos que estamos pagando uma dívida, e aprendemos, se so­mos sensatos, a não criar mais sofrimento para o futuro. Na alegria, agradecemos a sua doçura. A paciência inclui resignação e contentamento, e produz paz e segurança. 'Alcançou a perfeição' — diz o Bhagavad-Gïtã — 'o ho­mem que está contente com a sua sorte' (xviii, 45). Afas­te a ansiedade, a Lei não lhe dá atenção, e ela só produz novas aflições. E trabalhe calma e confiantemente.

2. A Confiança. A Lei, sendo divina, como é pos­sível nos sentirmos inquietos a propósito dela? Se es­tamos inquietos e se nos faltar confiança, mostramos claramente que não apreendemos a realidade da Lei. Es­tamos, realmente, bastante seguros sob as suas asas, e nada há a temer em todo o amplo universo, a não ser nossos próprios delitos. A confiança fortalece, ou antes, aprofunda a nossa Paz — essa quietude interna que todas as hostes de Mãra são impotentes para destruir, aquela paz mostrada tão perfeitamente na vida de Buda e na de Lao-Tsé. Nosso lar é o Cosmos, e a Lei é o grande an­fitrião que nos convida a ficar tranquilos e a esquecer a escuridão exterior. Onde quer que estejamos, a Lei é o nosso Protetor. (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 39

segunda-feira, 24 de julho de 2017

TREINANDO A MENTE (PARTE FINAL)


"(...) 'Treinar' a mente não significa, de modo algum, subjugá-la pela força ou submeter-se a uma lavagem cerebral. Treinar a mente é, antes de tudo, ver de maneira direta e concreta como ela funciona, um conhecimento que você tira dos ensinamentos espirituais e da experiência pessoal na prática da meditação. Aí você pode usar a compreensão para domar a mente e trabalhar habilmente com ela, fazendo-a mais e mais dócil, de modo a poder tornar-se mestre de sua própria mente, empregando-a em seu potencial mais amplo e benéfico. O mestre budista do século oitavo, Shantideva, dizia: 

Se este elefante da mente é atado por todos os lados pelo cordão da presença mental, 
Todo medo desaparece a a felicidade completa emerge.
Todos os inimigos: tigres, leões, elefantes, ursos, serpentes [das nossas emoções]²
E todos os guardiões do inferno; os demônios e os horrores,
Todos se submetem à maestria da sua mente,
E pelo domar dessa mente, todos são subjugados,Porque é da mente que procedem os temores e penas infinitas.³

Como o escritor que só domina a espontânea liberdade de expressão depois de anos de estudo muitas vezes estafante, e tal como a simples graça de uma bailarina só é conquistada com enorme e paciente esforço, quando começamos a entender onde a meditação nos levará, saberemos aproximar-nos dela como sendo o grande empenho da nossa vida, aquele que demanda de nós a mais profunda perseverança, entusiasmo, inteligência e disciplina."

² Os animais ferozes e selvagens que eram ameaça no passado, hoje foram substituídos por outros perigos: nossas emoções selvagens e descontroladas.
³ Marion L. Matics, Entering the Path of Enlightenmente: The Bodhicaryavatara of the Buddhist Poet Shantideva (Londres: George, Allen anda Unwin, 1971), 162.

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 88

sexta-feira, 14 de julho de 2017

A IMPORTÂNCIA DE CONTROLAR OS SENTIDOS

"A filosofia vedanta ensina que, desde que reconheçamos a base essencial de tudo que vemos, desnecessário se torna qualquer outro sadhana (disciplina). Se você tem um pote com um furo, jamais o encherá de água. Da mesma forma, se o pote de nossa mente tem alguns furos, na forma de desejos sensuais, todo trabalho que fizermos será inútil; nunca a plenificaremos com pensamentos sagrados. Somente quando já hão haja orifícios, suas tentativas serão eficazes e você poderá elevar-se ao Divino.

Rancor, orgulho e outras paixões reduzem o homem ao nível de um lunático e algumas vezes o degradam ao nível da besta. Portanto, é necessário que devamos reconhecer vijnana, prajnana e sujnana⁶⁹, que latentes no homem, o dirigem, por canal apropriado, para assim atingir o estado mais alto da felicidade suprema. A causa de todos os problemas, confusões e desordens é o fato de que perdemos o domínio sobre nossa sensualidade. Permitimos que tudo ocorra de maneira selvagem. Por deixar liberados e descontrolados os sentidos, tornamo-nos incapazes de apropriadamente discernir, de pensar de forma fria, calma e racional. É assim que, muitas vezes, somos arrastados a ações errôneas. A ira é igual a um tóxico. Induz-nos internamente a fazer coisas erradas. Esta é a fonte de todos os pecados. É um imenso demônio. Ela nos conduz a cometer os demais pecados. No caso de Viswamitra⁷⁰, sabemos que todo bem que adquiriu praticando thapas⁷¹ foi anulado por este único mal - a ira. O mérito que acumulara mediante thapas, que durara muitos anos, foi perdido num momento de ira."

⁶⁹ Vijnana, prajnana e sujnana - vi, praj e su são três prefixos acrescentados à palavra jnana (conhecimento), atribuindo a esta três graus diferentes, expressando três espécies de conhecimento. As diferenças são demasiadamente sutis para a mente ocidental, e explicá-las não caberia num simples rodapé. Podemos acrescentar que se trata de níveis diversos e progressivos, que transformam o simples conhecimento em sabedoria suprema unitiva.
⁷⁰ Um celebrado sábio, que, tendo nascido na varna (casta) dos guerreiros, através de pesadas e prolongadas austeridades (thapas), ascendeu à varna dos mentores - os brahmanas ou brahmins.
⁷¹ Duras práticas ascéticas.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 179)
www.record.com.br


segunda-feira, 10 de julho de 2017

O REAL E O IMAGINÁRIO (PARTE FINAL)

"(...) Será realmente importante para uma grande causa possuir propriedades enormes, um império e toda a parafernália envolvida, ou as pessoas que a seguem possuírem a forma correta de sentimento e entendimento? O espírito necessário nunca pode ser ostentado, exibido permanentemente ou divulgado de nenhuma maneira. Ninguém pode dele obter dinheiro.

Tais distinções podem abranger todos os campos da vida, todas as nossas atividades e pensamentos. Será apenas quando a mente estiver suficientemente alerta para perceber essas distinções, para separar a luz da escuridão, que ela poderá chegar na verdade das coisas.

Constitui a grande assertiva dos instrutores espirituais que podemos conhecer a verdade absoluta e não apenas argumentar a seu respeito, chegar a ela através do raciocínio, ponderar sobre ela ou postulá-la. Podemos conhecê-la, assim como conhecemos a nós próprios. Podem existir algumas hipóteses que ajudam a explicar; são valiosas, desde que plausíveis e esclarecedoras; podem até mesmo ser necessárias para ligar as lacunas em nossa observação e pensamento. Quando não conseguimos ver, a ligação ou a suposição nos possibilita conectar aqueles fatos que são percebidos. Como não vemos a conexão na natureza entre um evento específico e outro, mas vemos que deve haver uma conexão, tal suposição será um substituto temporário para uma verdade que se é incapaz de perceber no momento.

Eu iniciei este capítulo com a palavra 'ocultismo'. Ocultismo é um empreendimento muito mais exigente e rigoroso do que poderíamos pensar. Não é simplesmente contar histórias de fadas e nelas acreditar - esse é ocultismo para crianças. Deve haver, especialmente em uma sociedade que se interessa naquilo que é chamado o oculto, uma orientação que a fará progredir até a verdade absoluta em todas as coisas sem satisfazer-se com as aparências. Precisamos ser muito cuidadosos em cada etapa para ver que estamos prosseguindo no caminho da verdade, que é também o caminho do verdadeiro amor, não nos satisfazendo com ilusões com relação a nós próprios ou com a natureza das coisas porque elas são confortantes ou agradáveis."

(N. Sri Ram - Em Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 30/31)
www.editorateosofica.com.br


terça-feira, 4 de julho de 2017

APRENDIZADO CONSTANTE (PARTE FINAL)

"(...) Os budistas acreditam que o caráter é a soma de nosso passado. Os ensinamentos teosóficos explicam essas ideias, dizendo que a memória é armazenada na parte superior de nossa natureza; ela é vislumbrada ocasionalmente e vista claramente no momento da morte. Livres dos embaraços terrenos, vemos em retrospectiva as causas, as inter-relações, o propósito e a justiça de tudo que ocorreu na vida. (...) 

Todos os seres vivos existiram antes de sua atual aparição na Terra. Orígenes, um padre da Igreja Primitiva, explicou que as almas humanas existiam no mundo espiritual dentro do ambiente divino, antes de encarnarem. Platão foi além, explicando que as almas não apenas existiam no universo antes de entrar neste reino de experiência, mas que, quando libertas dos vínculos de suas limitações, retornavam à morada anterior para repousar e assimilar as experiências terrenas. Depois de certo tempo, elas novamente seguem adiante, revigoradas e prontas para enfrentar as novas provações por meio das quais obtêm conhecimento da vida e visualizam as alturas que um dia alcançarão.

Quantas vidas vivemos? No livro Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach, a sábia gaivota expressa um ponto de vista interessante: 'Você tem alguma ideia de quantas vidas devemos ter vivido antes de sequer termos a primeira ideia de que existe mais coisas com relação à vida do que comer, lutar, ou o poder do rebanho? Mil vidas, Jon, dez mil! E depois outra centena de vidas até que comecemos a aprender que existe algo chamado perfeição, e mais cem vidas novamente até adquirirmos a ideia de que nosso propósito para viver è encontrar essa perfeição e manifestá-la.'

A mesma regra aplica-se a nós; escolhemos nosso próximo mundo através daquilo que aprendemos neste. Se não aprendermos nada, o próximo mundo será semelhante, com todas as limitações e pesos para superar."

(Eloise Hart - Os mistérios da reencarnação - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 30/31)


segunda-feira, 3 de julho de 2017

APRENDIZADO CONSTANTE (1ª PARTE)

"O 'retorno' à vida terrena ocorre mais cedo para aqueles que criaram pouco karma psicológico e mais tardiamente para os mais espiritualizados, que precisam de tempo para assimilar todas as lições espirituais.

Também não é possível retornar à vida como um animal. Uma vez desenvolvida a autoconsciência, não podemos mais retroceder. Essa ideia surgiu de uma interpretação literal de figuras de linguagem, como era o caso de um índio norte-americano que falava em se tornar lobo, águia ou toupeira. Isso não queria dizer que ele se tornaria um desses animais, mas que seria tão esperto e dedicado à família quanto o lobo, com uma visão de alcance longo como a da águia, e tão próximo à terra quanto a toupeira, para sondar seus segredos. Seres humanos não podem voltar a ser animais, e animais não se transformam em seres humanos da noite para o dia, mas só após muito, muito tempo.

No entanto, mudanças psicológicas e físicas ocorrem o tempo todo. Nossos átomos estão constantemente transmigrando: sempre que acariciamos nossos animais de estimação, cheiramos uma rosa, ouvimos música ou pensamos num amigo, trocamos partículas de vida e força. Nossas almas também 'migram' continuamente de um estado de consciência para outro, do sono com sonhos para a percepção de vigília, do pensamento superficial para concentração profunda. E isso continua após a morte. Essas trocas podem ser benéficas ou danosas, dependendo da qualidade da energia. Sabendo disso, o sábio considera um dever pensar e viver tão gentilmente quanto possível.

Outra pergunta frequente é o que acontece àquilo que amamos e pelo qual trabalhamos. O que se perde quando morremos? A resposta é: nada. O conhecimento que obtemos e as habilidades que desenvolvemos permanecem no interlúdio pós-morte e desabrocham em vidas futuras com poder aumentado. Platão fez referência a isso ao dizer que todo conhecimento e sabedoria são memórias de existências prévias. À medida que essa sabedoria se desenvolve no presente, novas possibilidades são moldadas para expressar as características e necessidades de nossas condições internas e externas.

Shakespeare dizia a mesma coisa ao afirmar que um ator representa muitos papéis durante sua vida, identificando-se com eles. Assim como o ator sabe que está desempenhando papéis, nosso eu permanente também sabe, embora possa ser incapaz de transmitir esse conhecimento à 'máscara' ou personalidade temporária. (...)'

(Eloise Hart - Os mistérios da reencarnação - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 30)

quinta-feira, 29 de junho de 2017

A PROMESSA DE ILUMINAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) A iluminação, como já disse, é real; cada um de nós, seja quem for, pode nas circunstâncias certas e com o treinamento adequado realizar a natureza da mente, e assim conhecer em si mesmo o que é imortal e eternamente puro. Essa é a promessa de todas as tradições místicas do mundo, e ela foi e está sendo cumprida em milhares e milhares de vidas humanas.

Essa promessa é ainda mais maravilhosa porque não se trata de alguma coisa exótica ou fantástica, nem para uma elite, mas para toda a humanidade. E quando nós a realizamos, dizem os mestres, é inesperadamente comum. A verdade espiritual não é algo elaborado e esotérico, mas é um profundo bom senso. Quando você tem a realização da natureza da mente, camadas de confusão são removidas. Você de fato não 'se torna' um buda, mas simplesmente deixa pouco a pouco de viver no engano e na ilusão. E ser um buda não é ser um onipotente super-homem espiritual, mas tornar-se um verdadeiro ser humano.

Uma das maiores tradições budistas chama a natureza da mente de 'a sabedoria do ordinário'. Por mais que se diga, não é o bastante: nossa verdadeira natureza e a natureza de todos os seres nada têm de extraordinárias. A ironia é que este mundo que chamamos de ordinário é que é extraordinário, uma alucinação fantástica e complexa da visão enganosa do samsara. É essa visão 'extraordinária' que nos deixa cegos para a natureza 'ordinária', natural e inerente da nossa mente. Imagine se os budas estivessem olhando agora para nós, aqui embaixo: como eles se admirariam, com tristeza, da letal engenhosidade e complexidade da nossa confusão!

Às vezes, porque somos tão desnecessariamente complicados, quando a natureza da mente é introduzida por um mestre ele parece simples demais para que acreditemos nela. Nossa mente ordinária nos diz que não pode ser, que deve haver alguma coisa a mais do que isso. Com certeza deve ser alguma coisa mais 'gloriosa', com luzes fulgurando no espaço ao nosso redor, anjos de cabelos doirados esvoaçantes vindo ao nosso encontro e a voz profunda de um Mágico de Oz anunciando: 'Agora você foi introduzido à natureza da sua mente'. Não há esse drama todo. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 82/83

segunda-feira, 26 de junho de 2017

SABEDORIA NA PRÁTICA (PARTE FINAL)

"(...) Quando governo ou gerencio com efetividade, tenho como objetivo a melhoria na qualidade de vida das pessoas em primeiro lugar. Isso, no entanto, começa comigo. Estar bem comigo mesmo é condição para ser capaz de gerenciar com eficiência e qualidade. Não quero que as pessoas se impressionem com minhas palavras, quero estar satisfeito com minha vida para ser capaz de servi-las com integridade. Quem não respeita esse princípio pode até ser cheio de conhecimento, mas tem pouco autoridade no servir e vive uma relação interna esquizofrênica, frustrada e inquieta.

Vejo um profissional sábio quando enxergo a admiração de seus colaboradores, a serenidade de seus negócios, o sorriso de seus amigos, o cuidado de seus afetos, o acolhimento aos seus clientes. Há um ditado que diz: 'Tua vida me impede de crer no que dizes.' Sabedoria é ver no exterior meu mundo interior e melhorar meu mundo interior se o exterior não me traz felicidade. É ter menos papo e fazer aquilo que se propõe.

Terceio, ser sábio tem a ver com gratidão. A sabedoria revela-se no modo como sou grato porque vejo no outro a possibilidade de aprender. Salomão dá mais presentes à rainha de Sabá do que aqueles que dela recebeu. Ele entende que não se estava estabelecendo ali uma relação comercial. Sabedoria tem a ver com prazer da convivência. É nessa perspectiva que os demais interesses devem se pautar. Se tenho isso em mente, atendo melhor, produzo com qualidade, comercializo com honestidade, honro meus compromissos, relaciono-me com sinceridade, gerencio com integridade, meu ganho é justo e dele não me envergonho, e aprendo sempre.

É esse tipo de sabedoria que está faltando para que o que sabemos faça mais sentido prático na nossa vida e na vida daqueles que nos cercam."

(Homero Reis - Sabedoria, a competência perdida - Revista Sophia, Ano /10, nº 39 - p. 14/15)