OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (1ª PARTE)

"O caminho do conhecimento é o caminho da luz, e aquele que deve trilhar esta vereda deve aprender a deixar de lado todos os atributos que toldem esta luz, pois seu destino é encher-se tanto de luz até que ela possa irradiar através de si para iluminar o mundo inteiro. Desde o início, portanto, deve despir-se de tudo possa velar a luz dos olhos daqueles que, mais tarde, irá iluminar. 

O preconceito é o grande lançador de véus, o maior inimigo de todos os que procuram conhecimento, a maior barreira à iluminação. Deixe-se que o neófito, em sua busca de conhecimento, comece a estudar a si mesmo, pois somente conhecendo a si vai um dia conhecer o grande Eu; somente pelo autoconhecimento ele poderá descobrir os muitos véus em que sua longa peregrinação o envolveu; somente pelo autoconhecimento ele poderá descobrir a maneira de lançar fora tais véus. Para dentro, pois, e não para fora, deve o estudante lançar-se nesta pesquisa; tendo encontrado o Eu dentro de si, o Eu externo lhe será revelado. 

Há um caminho levando do não-eu ao Eu, do material ao espirirtual, da ignorância para a iluminação; este caminho é o caminho do conhecimento; uma das extremidades está na carne, a outra, no espírito. O homem de carne deve procurar entrar na carne, enquanto sua contraparte espiritual - o homem interno - deve buscar a entrada no espírito. Encontradas as duas entradas, deve procurar o centro ao qual as duas entradas conduzem. Este centro comum é a Mansão de Luz, o lugar de iluminação, o Santo dos Santos, onde espírito e matéria são unidos pela luz. Não é um edifício, ou algum sacrário terreno, é o Templo da Luz, de onde brilha a 'verdadeira luz que ilumina cada homem no mundo'; é o vaso através do qual a Luz Única, que brilha eterna do sol espiritual, alcança a escuridão dos mundos materiais em sua caminhada em direção à iluminação. Dentro do templo há um altar, e no altar arde uma chama que acendeu quando sua alma foi formada, e arde continuamente até que um dia o próprio homem se transforme na labareda; então, como Sansão na antiguidade, ele investe com todas as forças contra os pilares do templo, que cai em ruínas ante seus pés; pois ele, que se tornou um Deus, não precisa mais de um altar para cultuar aquilo em que se tornou; assim o templo cai em ruínas, e os milhares de mortos soterrados são os inúmeros véus que ele agora aprendeu a descartar, para que a luz brilhe em plenitude sobre o mundo. 

Antes desta grande consumação, muitas vidas de estudo e pesquisa ainda há pela frente, para o neófito que anda pela trilha do conhecimento. Em suas muitas vidas, antes que a grande decisão tenha nascido, ele tem estado cercando a si mesmo com véu após véu, cada um velando mais e mais a luz que vem da chama sobre o altar de seu Eu Superior. Doravante ele deve entender-se como um desvelador, pois tal é sua missão no caminho do conhecimento. Primeiro ele deve romper os véus que lançou sobre si mesmo, e depois retirar os véus alheios, pois cada professor verdadeiro é um desvelador. O maior de todos os véus é o preconceito, e daqui em diante, em seu caminho, ele deve ser como uma criancinha, professando a mais chã ignorância, pois, possuindo nenhum conhecimento, ele não pode ter nenhum preconceito; para que, esvaziando-se, possa ser preenchido; para que, tendo uma mente aberta e desanuviada, possa oferecê-la como cálice perfeitamente traslúcido, para ser enchido com a luz do conhecimento. (...)"

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O CAMINHO DA VONTADE (PARTE FINAL)

"(...) O homem da vontade treinou-se em muitas vidas de guerra sobre a terra, mas agora as batalhas são em outro campo e aprende a conquistar outros mundos. Ele é como um Alexandre, nunca satisfeito, mas sempre ansiando por estender as fronteiras de seu reino, não externamente, mas internamente, onde os domínios infinitos do mundo espiritual chamam com voz irresistível o aventureiro e explorador em sua alma. Não procura mais fincar a bandeira de uma só nação sobre as cidadelas que vai conquistar, ou nas terras ignotas que vai descobrir; a bandeira que ele desfralda é gravada com uma só palavra. Esta palavra é VONTADE, e significa o poder do Rei que o mandou e a quem serve. Sob esta bandeira ele luta, explora e procura grandes aventuras. Ele subjuga o mundo do mal, ele o preenche com romance, e abre caminhos por terras desconhecidas, para que os mais fracos possam passar. Onde quer que esteja, comanda; onde quer que vá, lidera; onde quer que lute, conquista, pois dentro de si reside um poder que não é seu, mas do qual é cada vez mais uma perfeita encarnação. No coração do conflito, na exaustão a que tantos labores reduzem seu corpo e mente, aquele poder o reergue, até que os homens o reconheçam invencível. Para aquela vontade ele é, porém, apenas um instrumento, obediente como seu corpo o é em relação à sua mente. 

Sua hora usualmente chega quando depõe suas armas, quando seus camaradas e seguidores de muitas vidas de façanhas e gloriosas conquistas aprendem a não reconhecê-lo mais como seu capitão e líder de um exército guerreiro; pois ele será chamado pela paz, e muitas recompensas o aguardam naquela Cidade onde o Rei, a quem serviu durante séculos, o coroará com a coroa de seu próprio reinado, e lhe transmitirá o comando absoluto sobre as terras e povos que fez seus. Então ele poderá vir a seu povo como sábio conselheiro, como pai, como um embaixador de seu Rei; todas as almas que o amaram e seguiram através de muitas guerras, em muitas vidas, o terão agora como salvador e rei; eles também o servirão, assim como ele tem servido ao Rei; e ele as conduzirá ao longo daquela estrada que ele passou, até que eles também sejam coroados, e na coroação conheçam o esplendor e o poder da vontade única e irresistível. 

Assim o homem da vontade cumpre seu destino. Ela se torna um rei no poder do Rei único, um embaixador daquele Um que ele agora conhece em si mesmo. Vontade é o poder que ele derrama, vontade é a bênção que distribui, pois agora ele acende dentro das almas de todos os seus súditos a chama da mesma vontade irresistível da qual ele é uma parte. Com seu toque, os homens sentem sua chama arder em si mesmos; assim ele lhes concede a primeira visão da divindade dentro de si mesmos, a primeira visão do esplendor que é sua missão revelar. Ele atiça estas centelhas até que se tornem labaredas, até que todas as pessoas de seu reino incandesçam com o mesmo fogo que o despertou ao longo da estrada; eles aprendem a incinerar todos os obstáculos pela ígnea intensidade de sua vontade, até que um dia, por sua vez, e aos milhões, aprendam a governar e derramar sobre o mundo a bênção daquela Onipotência cujos sacerdotes ter-se-ão tornado. 

Assim, ao longo das eras, o fogo da Vontade vai passando, da poderosa Chama que ilumina o universo, através dos fogos vivos que os homens chamam de sóis, que dão vida, luz e poder a sistema após sistema, através do grande Doador de Vida de cada planeta, seu senhor e governante absoluto, através dos reis espirituais que O servem, os poderosos Senhores da Vontade, seus regentes e agentes, e através deles a seus seguidores, o povo do mundo, e mais adiante ainda, aos animais e formas de vida inferiores. 

Erguei-vos então, homens da Vontade; deixai de ser renegados; voltai aos postos que tendes abandonado e ao serviço daquela estupenda hierarquia de reis, no conhecimento certo de que um dia vós mesmos obtereis o poder de comandar a vasta armada que é vós próprios; até aquele dia em que sejais, vós mesmos, coroados monarcas de algum mundo futuro e sejais chamados de Sol, aquele dia em que tomareis assento entre os rodopiantes sistemas estelares como regentes e governadores de um inteiro Universo." 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



domingo, 21 de janeiro de 2018

O CAMINHO DA VONTADE (1ª PARTE)

"O Caminho da Vontade é de longe o mais árduo de todos. Aquele que o palmilhará deve invocar em seu auxílio todas as forças de seu ser e concentrá-las em um único ponto, uma única direção. Esta direção é, para ele, a onipotência, tal é a meta. O homem da vontade deve usar os poderes de sua natureza como um general usa seu exército; deve descartar qualquer fraqueza e trocá-la por força; deve reforçar todos os pontos nas paredes que guardam a cidadela de sua divindade; deve cuidadosamente preparar sua armadura e suas armas, pois não deve falhar na batalha. Assim, o essencial é que passe suas forças em revista. Sentado em seu carro - um grande cavalo de guerra de brancura imaculada, simbolizando a verdade, rodeado de seus capitães, ele faz uma esplêndida imagem, completamente arnesado, seu estandarte flutuando na brisa, de uma elevação passa as tropas em revista; ele examina sua disposição e todos os apetrechos necessários para a guerra que decidirá o destino do reino que ele está para governar.

Primeiramente ele averigúa seus recursos físicos e analisa suas forças e fraquezas. Cada célula de seu corpo é para ele um soldado que deve cumprir o dever da obediência; cada órgão é um regimento, e cada membro uma brigada; as fibras de seus nervos são mensageiros que ele, cabeça e coração, emprega para dirigir as manobras e operações das forças sob seu comando. Seu corpo deve ser saudável, forte, viril, sensível, educado e refinado, e todos os instintos que assinalam sua origem animal devem ser transmutados em poderes, usados conscientemente pela mente e pela vontade. O corpo deve ser impedido de ter quaisquer iniciativas, exceto aquelas cabíveis a um exército bem treinado no que se refere aos detalhes e às emergências que podem surgir durante o cumprimento das ordens do comandante-chefe. À parte disto, o corpo deve ser meramente um instrumento com suas forças completamente controladas, e deve render estrita obediência à vontade que lhe dá vida.

O mesmo no que tange aos sentimentos e pensamentos; estas divisões da armada devem ser igualmente controladas e treinadas, e deve direcioná-las para o único objetivo, que é o cumprimento de seu destino. Ele deve aprender a reconhecer um obstáculo como uma oportunidade, a ver no fracasso de hoje o sucesso de amanhã, a acolher resistências como amigos que testam e intensificam seus poderes; auxiliado pelos obstáculos, falhas e resistências, ele deve marchar em direção à meta em que seus olhos se fixaram. Se se desvia, é apenas para corrigir um erro, para compartilhar sua força com os demais, para estudar as razões de sua queda ou de seu sucesso.

Assim como o soldado deve encontrar o perigo, o sofrimento e a morte, assim o homem da vontade, no decurso de sua vida, encontrará seu caminho cheio de desastres. Ele deve aprender a conhecer tanto o horror como a glória da guerra; seu horror é a crueldade física e a morte que lhe é inseparável; sua glória é a regeneração espiritual oriunda de seu heroísmo, autossacrifício e coragem. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association)


sábado, 20 de janeiro de 2018

O MAIOR DOS MALES ENTRE OS HOMENS CONSTITUI IGNORÂNCIA RELATIVAMENTE A DEUS

"1 'Corai, ó humanos, ébrios que sois, tendo bebido até a última gota do vinho sem mistura da doutrina da ignorância, que não mais podeis conter, mas que já estais prestes a vomitar. Deixai a embriaguez, parai! 

'Olhai para o alto com os olhos do coração. E se não o podeis todos, pelo menos os que o podem. Pois o mal da ignorância inunda toda a terra, corrompe a alma aprisionada no corpo, sem permitir-lhe lançar a âncora no porto de salvação. Não vos deixeis arrastar pela violência da onda, mas, aproveitando-vos da contra-corrente, vós que podeis aportar ao porto de salvação, lançai a âncora e buscai um guia que vos mostre a rota até as portas do conhecimento, onde a luz flamejante brilha, livre de toda obscuridade, onde ninguém está embriagado, mas todos permanecem sóbrios, elevando o olhar do coração para Aquele que quer ser visto. Pois não se deixa ouvir nem descrever e não é visível para os olhos corporais, mas somente ao intelecto e ao coração. 

2 'Mas, agora, é necessário que laceres pouco a pouco a túnica que te reveste, o tecido da corrupção, o suporte da malícia, a cadeia da corrupção, a prisão tenebrosa, a morte vivente, o cadáver sensível, a tumba que levas para todos os lados contigo, o assaltante que habita em tua casa, o companheiro que pelas coisas que ama te odeia e pelas coisas que odeia, tem ciúme de ti. 

3 'Tal é o inimigo que revestiste como uma túnica, que te estrangula e atira sob si, de modo que, tendo elevado os olhos e contemplado a beleza da verdade e o bem que nela reside, venhas a odiar a malícia do inimigo, tendo compreendido todas as ciladas que preparou contra ti, tornando insensíveis os órgãos dos sentidos que não aparecem e não são tidos por tal, tendo-os obstruído pela massa da matéria e preenchido de uma voluptuosidade odiosa, a fim de que não possuas ouvidos para as coisas que deves ouvir, nem visão para as coisas que precisas ver'"

(Hermes Trismegisto - Corpus Hermeticum - p. 12/13)


sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

VERDADE (PARTE FINAL)

"(...) Entre conhecimento e sabedoria existe uma diferença imensa, e é muito mais fácil obter conhecimento do que sabedoria. A sabedoria não depende nem um pouco do conhecimento, apesar de ambos serem, numa certa medida, até idênticos. A fonte da sabedoria está em Deus, a portanto no princípio das coisas primordiais (no Akasha), em todos os planos do mundo material denso, do astral a do mental.

Portanto, a sabedoria não depende da razão e da memória, mas, da maturidade, da pureza a da perfeição da personalidade de cada um. Poderíamos também considerar a sabedoria como uma condição da evolução do 'eu'. Em função disso a cognição chega a nós não só através da razão, mas principalmente através da intuição ou da inspiração. O grau de sabedoria determina portanto o grau de evolução da pessoa. Mas com isso não queremos dizer que se deve menosprezar o conhecimento; muito pelo contrário, o conhecimento e a sabedoria devem andar de mãos dadas. Por isso o iniciado deverá esforçar-se em evoluir, tanto no seu conhecimento quanto na sabedoria, pois nenhum dos dois deve ser negligenciado nesse processo. 

Se o conhecimento e a sabedoria andarem lado a lado no processo de evolução, então o iniciado terá a possibilidade de compreender, reconhecer a utilizar algumas leis do micro a do macrocosmo, não só do ponto de vista da sabedoria, mas também em seu aspecto intelectual, portanto dos dois pólos. 

Já tomamos conhecimento de uma dentre muitas dessas leis, a primeira chave principal, ou seja, o mistério do Tetragrammaton ou do magneto quadripolar, em todos os planos. Como se trata de uma chave universal, ele pode ser empregado na solução de todos os problemas, em todas as leis a verdades, em tudo enfim, sob o pressuposto de que o iniciado saberá usá-lo corretamente. Com o passar do tempo, à medida em que ele for evoluindo a se aperfeiçoando na ciência hermética, ele passará a conhecer outros aspectos dessa chave e a assimilá-los como leis imutáveis. Ele não terá que tatear na escuridão a no desconhecido, mas terá uma luz em suas mãos com a qual poderá romper todas as trevas da ignorância." 

(Franz Bardon - Iniciação ao Hermetismo - p. 31/32)

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

VERDADE (1ª PARTE)

"Abandonaremos agora o microcosmo, portanto o homem com seus corpos terreno, astral a mental, a passaremos a tratar de outras questões, cuja solução também preocupa o futuro iniciado. Um desses problemas é sobretudo o problema da, verdade. Inúmeros filósofos já se ocuparam a ainda se ocupam, e a nós também cabe essa tarefa.

Consideraremos aqui só aquelas verdades cujo conhecimento exato somos obrigados a dominar. A verdade depende do reconhecimento de cada um, a como não temos todos a mesma concepção das coisas, também não podemos generalizar essa questão. É por isso que cada um de nós, se for sincero, possui a sua própria verdade de acordo com o seu grau de maturidade e a sua concepção das coisas. Só aquele que domina a conhece as leis absolutas do macro a do microcosmo pode falar de uma verdade absoluta. Certos aspectos da verdade absoluta com certeza serão reconhecidos por todos. 

Ninguém duvidará da existência de uma vida, uma vontade, uma memória a uma razão; ninguém contestará tais coisas tão evidentes. Nenhum verdadeiro iniciado forçará alguém que não está suficientemente maduro a aceitar a sua verdade, pois a pessoa em questão só passaria a encará-la de seu próprio ponto de vista. É por isso que seria inútil conversar sobre as verdades supremas com os não iniciados, a menos que se tratem de pessoas que desejam muito conhecê-las, a que portanto estão começando a amadurecer para elas. Todo o resto seria profanação, a incorreto do ponto de vista mágico. Lembrem-se das palavras do grande mestre do cristianismo: 'Não joguem pérolas aos porcos!' 

À verdade pertence também a distinção correta entre a capacidade, o conhecimento e a sabedoria. Em todos os campos da existência humana o conhecimento depende da maturidade, da capacidade de assimilação da memória, da razão a da inteligência, sem considerar se esse conhecimento foi enriquecido através da leitura, da comunicação ou de outro tipo qualquer de experiência. (...)"

(Franz Bardon - Iniciação ao Hermetismo - p. 31/32)


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

O NASCIMENTO (PARTE FINAL)

"(...) Para determinar a qualidade de matéria etérica que entrará na constituição do corpo etérico, dois pontos devem ser considerados: primeiro, o tipo de matéria, encarado sob o ponto de vista dos Sete Raios ou divisões verticais, a seguir, a qualidade de matéria, encarada sob o ponto de vista de delicadeza ou grosseria, divisões horizontais. O primeiro tipo, o do raio, é determinado pelo átomo físico permanente, no qual estão impressos o tipo e o subtipo. O segundo é determinado pelo karma passado do indivíduo; o elemental construtor está encarregado de produzir um corpo adequado aos requisitos da pessoa. Em suma, o elemental representa a porção de karma (prârabda) individual que deve ser expresso no corpo físico. Da seleção operada pelo elemental construtor dependem, por exemplo, a inteligência natural ou a estupidez, a calma ou a irritabilidade, a energia ou a indolência, a sensibilidade ou a inércia do corpo. As potencialidades hereditárias estão latentes no óvulo materno e no espermatozoide paterno; o elemental extrai deles os elementos necessários ao caso. 

Embora o elemental esteja, desde o início, encarregado do corpo a construir, o EGO não entra em relação com sua futura habitação senão mais tarde, pouco antes de seu nascimento físico. Se as características a impor pelo elemental são poucas, ele pode retirar-se logo, e deixar o corpo a cargo do Ego. Pelo contrário, se for preciso muito tempo para desenvolver as limitações exigidas, o elemental pode permanecer com o encargo do corpo até o sétimo ano. 

A matéria etérica para o corpo da criança é extraída do corpo materno; daí a importância de a mãe só assimilar elementos muito puros. 

A não ser que o elemental esteja encarregado de obter um resultado especial nas feições, como a beleza excepcional ou o contrário, o principal trabalho neste sentido serão os pensamentos da mãe e as formas-pensamentos que flutuam ao redor dela. 

O novo corpo astral é posto em relação com o duplo etérico logo na primeira fase, e exerce grande influência sobre sua formação; por intermédio dele também o corpo mental age sobre o sistema nervoso." 

(Major Arthur E. Powell - O Duplo Etérico)

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

O NASCIMENTO (1ª PARTE)

"Poderemos agora abordar proveitosamente o estudo do duplo etérico, em relação com o nascimento e a morte do corpo físico. 

Quem tenha estudado o mecanismo da reencarnação, sabe que, no caso do corpo etérico, intervém um fator que não atua no caso dos corpos astral e mental. O duplo etérico destinado ao Ego reencarnante é antecipadamente construído por um elemental, que é a forma-pensamento conjunta dos Quatro Devarajas, cada um dos quais governa um dos quatro subplanos etéricos da matéria física. A principal tarefa deste elemental construtor é preparar o molde etérico no qual se formarão as partículas físicas do novo corpo a nascer. 

A forma e a cor deste elemental variam nas diferentes fases. Na primeira, ele exprime a forma e a dimensão do corpo que deve construir. Ao ver esta espécie de pequeno boneco no princípio, ao redor e depois no interior do corpo da mãe, os clarividentes tomaram-no, algumas vezes, erradamente, pela alma da criança; na realidade é o molde de seu futuro corpo físico. 

Quando o feto encheu completamente o molde e está pronto para nascer, começa o desenvolvimento da forma na nova fase, apresentando as dimensões, o tipo e as condições do corpo, tal como será no momento em que o elemental o deixará, depois de terminada a sua tarefa. Após a partida do elemental, todo o crescimento ulterior do corpo estará a cargo do próprio EGO. 

Em ambos os casos o próprio elemental serve de molde. Suas cores representam, em grande parte, as qualidades requeridas no corpo a construir, e sua própria forma é também, em geral, a destinada ao corpo. Ao terminar o seu trabalho, cessa a energia que mantinha a coesão de suas moléculas, e o elemental desagrega-se. (...)"

(Major Arthur E. Powell - O Duplo Etérico)


segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

JUSTIÇA PUNITIVA

"'Ora, eu furto, e ninguém fica sabendo...'

Coitado do idiota que assim pensa.

Os vizinhos, os amigos, os parentes, o público, a polícia podem ignorar...

Até eles próprios, se fazendo de 'esquecidos', podem ignorar a má ação...

Mas há uma lei infalível - a Grande Lei - sempre vigilante, que é tão natural como qualquer outra lei científica, que não perdoa e não erra.

O sofrimento persegue o culpado, não importa onde ele tente esconder-se.

Que a Tua Santa Lei sempre se cumpra."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 83)


domingo, 14 de janeiro de 2018

LIBERTAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) O Ocultista - o homem ou a mulher que almeja a perfeita aptidão espiritual - deve transcender o anelo de qualquer que seja o tipo, toda fraqueza que exija autoindulgência, e atingir um estado de autodomínio espiritual. Seu amor é doação de si mesmo em abundância, de si mesmo em sua pura natureza, na realidade nada mais possuindo. É a neutralização do veneno do senso de eu e a libertação do prisioneiro movimento de vida de suas limitações de tempo na eternidade.

Os direitos de posse, de asserção de si próprio e de ilimitada autoindulgência são em toda parte os mais desmedidos fenômenos da vida moderna e aos quais se devem a maioria de nossas dificuldades. Nenhuma pessoa sensível pode esperar uma perfeição impossível no atual estágio, nem fará bem algum pregar o ideal do sannyasi - renunciante indiano - ao homem do mundo. Não existe disciplina modeladora, não existe uma vida verdadeiramente espiritual nos dias de hoje que possa ser praticada pelo homem do mundo. O mérito dos ashramas (estágios de vida), na Índia antiga, era que os deveres designados para cada estágio - juventude, virilidade, maturidade e o período anterior à temporária libertação do corpo - eram calculados para preparar o indivíduo para os estágios seguintes e torná-lo cônscio o tempo todo de um propósito profundamente espiritual na vida. 

O ideal do amor, na vida prática do dia a dia, deve significar o serviço de cada um a tudo dentro de sua esfera, consideração dos direitos dos outros, autocontrole, e particularmente cessação de crueldade e luxúria. Pode haver uma medida de liberdade espiritual para cada um se as condições de vida forem organizadas com base nisso. 

Cada um deve descobrir em si próprio aquilo que é capaz de uma bela expansão, que será uma proteção e uma bênção aos outros e o meio de libertar a luz em si próprio. Nessa luz e expansão está a mais pura felicidade.

Há momentos, que raramente nos ocorrem, quando sentimos a bem-aventurança de um temporário autoesquecimento, seja através da devoção, do amor humano, ou do auxílio altruísta ao outro, e nesses momentos atingimos uma certa centelha que pode transformar-se numa chama brilhante. Quando esse estado for atingido, seremos homens e mulheres libertos."

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 39/40


sábado, 13 de janeiro de 2018

LIBERTAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) A libertação pode ser vista tanto como um fim quanto como um processo. A compreensão do processo no qual estamos envolvidos abrirá uma visão quanto ao fim.

O processo é contínuo, é a senda descrita na filosofia indiana como a senda do retorno. A senda na qual o homem não anseia por mais experiência do tipo provido pelo mundo, mas, tendo chegado a um ponto de saturação, busca conhecer o valor e significado de tudo isso, e ao compreender, descobrir a si mesmo. Ele então atinge o estágio de descobrir o que está sendo limitado e o que o limita. 

Aquilo que deve ser liberado na realidade somos nós mesmos, como somos profundamente dentro de nós, e não como normalmente sentimos que somos. O puro fluir de nossa consciência tornou-se dividido e estreitado, e coloriu-se de apegos, repulsões, ganância, medo, convencionalismos e hábitos.

Libertação é essencialmente se libertar do carcereiro do egoísmo frio e venenoso do qual todo mal que vemos é apenas o resultado monstruoso. Nossa experiência diária pode ensinar-nos que o amor, como uma emoção ou força abnegada, é o único e supremo libertador de nosso egocentrismo.

Infelizmente, nos dias de hoje, a palavra amor assumiu uma importância aviltada. Passou a conotar excitação sexual física, sua indulgência e um estado de possessividade baseado na ânsia por tal excitação. Não é o amor de São Paulo em sua carta aos Coríntios ou bhakti (devoção com autoentrega) do verdadeiro devoto. 

O principal meio de libertação em relação ao nosso próximo só pode ser amor expresso em serviço, ação na qual o eu é esquecido e através da qual um Eu Superior é manifestado, resultando na criação de beleza e felicidade. (...)"

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 38/39


sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

LIBERTAÇÃO (1ª PARTE)

"É possível pensar na libertação do ponto de vista religioso; do ponto de vista da psicologia moderna, ou de um ponto de vista mais interior que poderíamos chamar de teosófico.

A libertação, do ponto de vista exotérico religioso, ou seja, do ponto de vista do homem comum - que é essencialmente mundano mesmo quando veste o traje religioso - é mais uma fuga do que qualquer outra coisa. Para muitos desses homens, a religião torna-se um meio de consolação que se transforma em fraqueza, um manto respeitável para a inação, uma satisfação por um ímpeto do interior que não é diferente em qualidade de qualquer outro. O homem religioso considera a libertação como a retirada final do estresse e da tensão de uma vida difícil e insatisfatória. Mas essa retirada não é apenas uma derrota da própria proposta da vida e uma confissão de fraqueza, mas o isolamento de uma salvação individual que não diz respeito aos outros. Segundo este conceito, o homem que atingiu a libertação vive num estado de bem-aventurança egoísta desfrutando de seu deus para todo o sempre.

Libertação é um tema familiar também para o moderno pensamento psicológico, que tenta analisar os elementos que entram na composição do homem como uma entidade psicológica, e busca explicá-lo com base no que deve ser percebido em sua consciência comum e em sua vida subconsciente. O psicanalista auxilia o paciente a enfrentar suas frustrações e dissolver os complexos gerados pela repressão. A 'liberação' a que o paciente é levado torna-se muito frequentemente uma livre indulgência de quaisquer anelos ou paixões que até aqui estiveram presos nele.

Autorrejeição e restrição por um lado, autoindulgência e licenciosidade por outro, são todos extremos.

A Teosofia, que é a verdade que equilibra ambas, oferece um ponto de vista a partir do qual percebemos que o caminho para a libertação não jaz nem na luxúria nem no desgosto, mas no amor que transcende a ambos e confere à pessoa um equilíbrio nascido da harmonia interior, dando uma vazão construtiva àquelas energias criativas que jazem no interior do ser humano.

Em cada estágio de evolução, cedo ou tarde, pode-se viver num estado de equilíbrio criativo em seu próprio grau. Não aprendemos ainda a construir o tipo de sociedade onde isso seja possível; a reta educação deve ser o meio para esse fim. (...)"

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 37/38


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

DECIDA E AJA

"Tal como o bicho-da-seda que, de si mesmo, tece o casulo, que comprova ser seu túmulo, de sua própria mente o homem fabrica a gaiola na qual fica preso. Há porém um recurso para escapar, o qual o Guru lhe pode ensinar ou Deus lhe poderá desvelar. Assuma o sadhana (disciplina) que lhe propicie alívio. Afaste de si os papéis de bobo e de arrogante que, em todas essas eras, você tem representado. Assuma o papel de hero (herói) e não de zero. Olvide o passado. Não se perturbe quanto a possíveis erros e desapontamentos. Decida. E aja.

Alguns Gurus que aconselham a manutenção de um 'diário', onde você registraria cada coisa má que pratique, pedem-lhe que o leia, a título de exercício espiritual, e, assim, decida corrigir-se. Escrever e ler tais anotações somente concorrem para ainda mais imprimir na mente (os erros). Melhor é substituir maus pensamentos por bons pensamentos e limpar a mente de todo mal, mediante curtir as boas ações e os pensamentos santos. Esqueça as coisas más das quais não quer se lembrar. Traga à memória somente o que é bom para ser lembrado. Tal é o santo caminhar para atingir o progresso espiritual."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Camionho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 189/190)


quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

REVENDO VALORES PARA TRANSFORMAR A TERRA (PARTE FINAL)

"(...) O nosso planeta conturbado, onde permeiam as guerras, os homicídios, os roubos, as chacinas, as invasões, a ganância, entre outras mazelas, é consequência da luta desenfreada pelo poder, pelo ter, o que desencadeia dores e sofrimentos. 

Até a própria natureza tem respondido às agressões com reações implacáveis, como os maremotos, ciclones, terremotos, entre outros, que culminam com extermínio de milhares de pessoas.

É chegado o momento de todos nós nos conscientizarmos de que, se deixarmos o Deus que habita nosso interior fluir, o mundo será diferente. Cada um de nós é responsável pela mudança desse estado de coisas que envolvem nossa sociedade de hoje.

Assim como o certo e o errado só existem na mente do julgador, a vida que estamos vivendo é a que escolhemos e, se seus frutos são bons ou maus, simplesmente depende de nossas atitudes. Urge que mudemos nossos atos.

A humanidade está excessivamente voltada para uma vida repleta de realizações exteriores; é preciso, no entanto, refletir que estas realizações são resultantes da formação interior que possuímos. Como o planeta, e até a própria vida que estamos vivendo, estão bem próximos do caos, é chegado o momento de cada ser se transformar interiormente.

É preciso entender que o realinhamento do Universo depende das nossas ações, da prática do Amor, de atos voltados para o bem comum, da irradiação da Luz, que permitirá vermos nossa Terra iluminada, como sendo o próprio Paraíso. 

Se cada um procurar se transformar a si próprio, o mundo estará transformado."

(Valdir Peixoto - Conheça-te a ti Mesmo - Ed. Teosófica, Brasília, 2009 - p. 74/76)


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

REVENDO VALORES PARA TRANSFORMAR A TERRA (2ª PARTE)

"(...) Nem sempre o que é real é visível aos nossos olhos. Tome-se o exemplo de uma garrafa contendo apenas ar atmosférico. À primeira vista, se perguntarmos a alguém o que ela contém, receberemos em resposta que não tem nada, que está vazia. Contudo, sabemos que o ar é matéria e podemos alterar seu estado físico, tornando-o líquido ou sólido. Além disso, sabemos que ele reage com outras substâncias. O que aparentemente era o nada se solidificou ou se liquefez. Da mesma forma, nem tudo o que vemos é real.

Dessa maneira, geralmente priorizamos e valorizamos as coisas materiais, os bens terrenos, esquecendo-nos da realidade primeira que é Deus.

É lamentável constatar igualmente, que o interesse pessoal se sobrepõe ao coletivo, quer no sentido político, social ou humano. A todo momento, nos deparamos com o SER sendo relegado pelo TER, e para que isso aconteca, constantemente vemos ficar esquecida a Verdade, a Honra, a Justiça e o Amor. 

Eis a razão de tanto sofrimento e de tanta dor permeando a sociedade humana. Ser resgatados esses princípios, certamente não veríamos inúmeros atos de desamor e injustiça sendo praticados, provocando tanta angústia e tanta dor. 

O que se precisa, na realidade, é resgatar a prática do bem em nome do verdadeiro amor, sem visar compensação. Somente assim se alcançará a plenitude da paz espiritual, que é o próprio Céu. É necessário que saibamos que o Céu não é um lugar que se conquista com a prática do bem, a título de recompensa. O Céu é um estado de ser, é um estado de Paz, de Harmonia, de Tranquilidade e de extrema Felicidade, onde reina, como já dissemos, A Verdade, a Justiça e o Amor. (...)" 

(Valdir Peixoto - Conheça-te a ti Mesmo - Ed. Teosófica, Brasília, 2009 - p. 72/74)


segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

REVENDO VALORES PARA TRANSFORMAR A TERRA (1ª PARTE)

"O ser humano autêntico fala o que pensa e age da mesma forma como pensa e fala; só assim, ele pode ser considerado uma criatura equilibrada. Vivenciando essa linha de coerência, novos horizontes surgirão e a própria vida se tornará mais suave.

Para que alcancemos a felicidade é essencial que reformulemos algumas de nossas atitudes.

Para vivenciarmos a Paz e a Harmonia, é preciso lembrarmos que, originalmente somos uma Centelha do Todo, que somos parte de Deus. Em sendo assim, evidentemente somos todos peças de uma mesma Unidade, todos somos um.

Lembrando disso, não há por que vivermos priorizando aquilo que nos satisfaz individualmente, colocando em um segundo plano os interesses de outras pessoas, quer sejam os nossos familiares, os nossos amigos e, especialmente, aqueles que nos são desconhecidos. Se assim entendermos, veremos a nós mesmos como extensão de cada um dos outros seres e, assim, a felicidade ou a tristeza do outro será também a nossa.

No momento em que conseguirmos ver e sentir a todos, independente de os conhecermos ou não, como parte de uma mesma Unidade, poderemos, muito mais facilmente, vivenciar um estado de total Felicidade.

O entendimento do que é real e do que é irreal é outro aspecto a ser reavaliado. A limitação dos nossos sentidos nos faz crer que o que não vemos não existe. Nossa essência Divina, todavia, que é eterna e não pode ser vista através dos olhos físicos, é real, enquanto que o nosso corpo físico é efêmero, temporal, provisório. (...)

(Valdir Peixoto - Conheça-te a ti Mesmo - Ed. Teosófica, Brasília, 2009 - p. 71/72)


domingo, 7 de janeiro de 2018

O EGO E O CASTIGO KÁRMICO

"P: Se depois da destruição de meu corpo meu Ego some em um estado de inconsciência completa, onde terá lugar o castigo pelos pecados cometidos durante minha vida passada? 

T: Nossa filosofia ensina que somente em sua próxima encarnação o Ego encontra o castigo kármico. Depois da morte, apenas recebe o prêmio dos sofrimentos imerecidos que experimentou durante sua encarnação passada⁷. Todo o castigo depois da morte - até para um materialista - consiste, portanto, em não receber recompensa alguma e na perda total da consciência da própria felicidade e descanso. Karma é filho do Ego terrestre, o fruto das ações da árvore que constitui a personalidade objetiva visível para todos, assim como o fruto de todos os pensamentos e até dos motivos do 'Eu' espiritual, mas Karma é também a mãe carinhosa e eterna que cura as feridas infligidas por ela durante a vida anterior, sem torturar aquele Ego, causando-lhe novos sofrimentos. Se se pode dizer que não existe nenhum sofrimento - mental ou físico - na vida de um mortal, que não seja fruto e consequência direta de algum pecado cometido em uma existência prévia; por outro lado, o homem não conservando a menor recordação disto em sua vida atual, considera que não merece tal castigo e que está sofrendo por um crime que não é seu. Basta isso para que a alma humana tenha direito ao consolo, descanso e bem-aventurança mais completos, em sua existência post-mortem

Para nossos Egos espirituais a morte sempre se apresenta como salvadora e amiga. Para o materialista, que não foi mau apesar de seu materialismo, será o intervalo entre as duas vidas semelhante ao sono tranqüilo e não interrompido de uma criança, ou seja, inteiramente livre de sonhos ou cheio de imagens de que não tem percepção definida; enquanto que para o mortal comum, será um sonho tão vivo e animado como a própria vida, cheio de felicidade e visões reais."  

⁷ Alguns teósofos discordaram desta frase, mas as palavras são do Mestre, e seu sentido unido à palavra 'imerecidos', é o que foi dado antes. No folheto número 6, da T.P.S. (Sociedade Teosófica de Publicações), empregava-se uma frase com a mesma ideia, de que depois se fez uma crítica em Lúcifer. A palavra era 'desgraçada' e se prestava à crítica que se fez dela; mas a ideia essencial era que os homens sofrem frequentemente por efeito de ações consumadas por outros; efeito que não faz parte essencialmente de seu próprio Karma, e, como é natural, merecem a compensação desses sofrimentos.

(Blavatsky - A Chave da Teosofia - Ed. Três, Rio de Janeiro, 1973 - p. 156/157

sábado, 6 de janeiro de 2018

COMPREENSÃO

"PERGUNTA: A experiência demonstra que a compreensão só surge depois de cessar a argumentação e o conflito, e se manifesta uma espécie de tranquilidade ou simpatia intelectual. Isso se dá até na compreensão de problemas matemáticos ou técnicos. Entretanto, tal tranquilidade só tem sido experimentada depois de feitos todos os esforços de análise, exame ou experimentação. Significa isso que o esforço constitui uma preliminar, se não suficiente, pelo menos necessária para se obter a tranquilidade?

KRISHNAMURTI: Espero que tenhais compreendido a pergunta. O interrogante pergunta, em resumo: O esforço, o investigar, analisar, examinar, não é necessário para que haja tranquilidade da mente? Para que a mente possa compreender, não é necessário esforço? Isto é, não se necessita uma técnica, para que se tenha a capacidade de criar? Se tenho um problema, não preciso penetrar nele, pensar nele a fundo, investigá-lo, analisá-lo, preocupar-me com ele, e largá-lo depois? E então, estando a mente quieta, encontra-se a solução. Tal é o processo pelo qual passamos. Temos um problema, pensamos nele, examinamo-lo e discorremos a seu respeito. Depois, a mente, tendo-se cansado, fica quieta. Acha-se então a solução do problema, sem se saber como. Todos nós estamos familiarizados com esse processo. E o interrogante pergunta: 'Não é necessário isso, primeiramente?'

Por que passo por esse processo? Não formulemos a pergunta erradamente; o que devemos perguntar não é se esse esforço é necessário ou não, mas, sim, por que passamos por esse processo. Evidentemente, passo por esse processo porque quero achar uma solução. O que me interessa é encontrar uma solução, não é verdade? O receio de não achar a solução me leva a fazer todas essas coisas, não é assim? E depois, tendo passado pelo processo, fico exausto e digo 'não encontro a solução'. Aí, a mente se aquieta e, às vezes ou sempre, apresenta-se a solução.

A questão, pois, não é se o processo preliminar é necessário, mas, sim, porque passo por esse processo. É óbvio que o faço porque estou à procura de uma solução. O que me interessa não é o problema, mas, sim, a maneira de me livrar dele. Não estou buscando a compreensão do problema, mas, sim, a sua solução. Certamente, há uma diferença nisso, não achais? Porque a solução está no próprio problema, e não fora dele. Passo pelo processo de investigar, analisar, dissecar, porque quero livrar-me do problema. Mas, se não fujo do problema, e procuro encará-lo, sem temor nem ansiedade, se apenas olho para o problema, que pode ser um problema matemático, político, religioso, ou outro qualquer, se o considero sem a mira numa solução, então começará o problema a descerrar-se. Eis o que acontece. Passamos pelo processo, e afinal o abandonamos, porque não encontramos saída alguma. Assim, pois, por que não começamos pelo começo, isto é, abstendo-nos de procurar uma solução para o problema, que é coisa dificílima?

Pois, quanto mais eu compreender o problema, tanto mais significação encontro nele. Para compreendê-lo, preciso considerá-lo tranquilamente, sem envolvê-lo com minhas idéias, meus sentimentos de agrado ou desagrado. O problema nos revelará então o seu significado.

Por que não é possível termos a tranquilidade da mente desde o começo? E só haverá tranquilidade quando eu não estiver à busca de uma solução, quando não tiver medo ao problema. Nossa dificuldade é esse medo que temos ao problema. Nessas condições, se perguntamos se é necessário ou não fazer-se esforço, receberemos uma resposta errada.

Consideremos a questão por maneira diferente. Todo problema requer atenção, e não distração motivada pelo temor. E não há atenção, quando estamos a procurar uma solução fora do problema, uma solução que nos convenha, que seja preferível, que nos dê satisfação ou um meio de fuga. Por outras palavras, se podemos considerar o problema sem esse propósito, é então possível compreendê-lo. A questão, portanto, não é se devo passar por esse processo de analisar, examinar, dissecar, e se é necessário isso para termos a tranquilidade. A tranquilidade se manifesta. quando não sentimos temor; mas, visto que temos medo ao problema, ao que ele nos revele, ficamos entregues aos desejos de nossos próprios impulsos, aos impulsos de nossos próprios desejos."

(Krishnamurti - A Conquista da Serenidade - Editado pela Instituição Cultural Krishnamurti, p. 14/17)

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

DE PATINHO FEIO A CISNE ENCANTADO (PARTE FINAL)

"(...) A reestruturação é algo que faz parte do cotidiano dos grandes seres. Napoleon Hill perguntou a Thomas Edison se sua surdez não lhe trazia dificuldades no seu trabalho de inventor, ao que ele respondeu 'Muito pelo contrário; a surdez me ajudou bastante. Poupou-me de ter que ouvir muitas conversas inúteis entre homens que não sabiam sobre o que estavam falando e ensinou-me a ouvir a voz interior.'

Gandhi transformou a não violência em sua arma mais poderosa. Ao propor para si mesmo e para mais de 100 milhões de seguidores que poderia vencer o maior exército da época sem usar armas, Gandhi fez uma magnífica resignificação. Ele acreditava que, quanto mais feroz fosse a agressão dos soldados ingleses, maior ainda teria de ser a capacidade de não violência do povo indiano. Com a desobediência civil e a resistência pacífica, levou a Índia a libertar-se do jugo britânico.

Ghandi convenceu seu povo de que a visão de mundo ocidental não se adaptava a realidade da Índia. Era necessário reafirmar sua própria realidade. Nas palavras de Gandhi, '...devemos reconhecer que competir com as nações ocidentais, nos termos deles, é um convite ao suicídio. Mas, se compreendermos que, apesar da aparente supremacia da violência, é a força moral que governa o universo, devemos, então, nos dedicar à não violência com uma fé total em suas possibilidades ilimitadas'.

Dependendo do contexto, o rosnado de seu cão pode significar coisas diferentes. Por exemplo, se você escuta o barulho durante o dia enquanto ele está brigando com o cão do vizinho por um pedaço de osso, você resolve facilmente o problema, dando-lhe um osso maior do que o do vizinho. Depois volta sua atenção para suas tarefas rotineiras. Mas se, no meio da madrugada, você está sozinho em casa e escuta o rosnado constante de seu cão, isso pode significar algo completamente diferente.

O mesmo ocorre com todas as nossas experiências. Elas só fazem sentido dentro de determinados contextos ou molduras. Se mudarmos a moldura, muda o significado da vivência."

(Dr. Ômar Souki - A Essência do Otimismo, Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 -  p. 85/87)
www.martinclaret.com.br 


quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

DE PATINHO FEIO A CISNE ENCANTADO (1ª PARTE)

"Diante de uma experiência tão forte como a morte de um ente querido, duas pessoas podem ter reações totalmente distintas. Um mesmo fato pode significar coisas diferentes, dependendo da moldura preestabelecida pela experiência cultural. Na cultura ocidental e em várias outras, quando alguém morre é motivo de luto, tristeza e desespero por parte dos parentes. Mas, em algumas culturas indígenas a morte é sinônimo de vida nova, e os funerais são momentos alegres e festivos.

Quanto mais sedimentados forem esses padrões culturais, menos flexível é a pessoa. Você deve conhecer algumas pessoas que se movimentam pela vida estritamente dirigidas por esses moldes culturais. Para a maioria dos eventos, elas já possuem uma reação predeterminada. Elas deixam pouco espaço para a criatividade, preferindo ter mais segurança do que liberdade. A mudança, o novo, o arriscado são vistos com grande desconfiança. E a experiência de viver, para essas pessoas, passa por um denso filtro cultural. Elas se assustam com as grandes transformações do mundo contemporâneo.

Mas você já sabe que as mudanças continuarão ocorrendo e cada vez num ritmo mais acelerado. Passamos milhares de anos cultivando a terra como forma básica de subsistência, mas a Era da Indústria não chegou a completar dois séculos e já estamos em plena Era da Informação. (...) Portanto, quanto maior for nossa abertura para mudanças, melhor nos adaptaremos ao mundo do futuro. Não só teremos condições de entender melhor o mundo, mas de viver de forma mais produtiva e saudável. 

Você já conhece a fábula do patinho feio, que era feio apenas enquanto vivia com os patos. Quando cresceu, percebeu que era um cisne, muito mais belo que os patos com quem se comparava antes. O que mudou? Seu contexto de comparação. A resignificação ou reestruturação é a habilidade de colocar um evento corriqueiro dentro de uma moldura mais útil ou prazerosa. Por isso, é um dos elementos básicos da criatividade.

O inventor da máquina de costura passou, por muito tempo, tentando inventar uma máquina que utilizava uma agulha comum de costurar, isto é, uma agulha onde a linha passava pela extremidade menos afiada. Depois de um sonho, durante o qual era atacado por selvagens que portavam lanças perfuradas, ele conseguiu resolver a questão. As lanças estavam perfuradas justamente nas pontas. Daí ele passou a utilizar-se de agulhas com orifícios nas pontas. Do contexto do sonho ele passou para sua realidade e inventou a máquina de costurar. (...)"

(Dr. Ômar Souki - A Essência do Otimismo, Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 -  p. 84/85)

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

SIGNIFICADO DA DOR E DO SOFRIMENTO (PARTE FINAL)

"(...) O sofrimento é apenas uma palavra, ou uma coisa real? Se é uma coisa real, então a palavra não tem significação alguma. Fica, então, só o sentimento de uma dor intensa. Uma dor que está em relação com quê? Em relação com uma imagem, com uma experiência, com alguma coisa que tendes ou que não tendes. Se a tendes, vós chamais o sentimento 'prazer', se não a tendes, o chamais 'dor'. Assim, pois, a dor, o sofrimento, está em relação com alguma coisa. Essa coisa é uma mera verbalização, ou uma realidade? Não sei se estais compreendendo? Isto é, quando existe o sofrimento, ele só existe em relação com alguma coisa. Ele não pode existir sozinho, tal como o medo, que não pode existir sozinho, mas, sim, em relação com alguma coisa: um indivíduo, um incidente, um sentimento. Pois bem, agora tendes plena consciência do sofrimento. Está esse sofrimento separado de vós, sendo vós, por conseguinte, apenas o observador que percebe o sofrimento? Ou esse sofrimento é uma parte de vós mesmo? Estamos procurando compreender o que é o sofrimento, o que é a dor; procurando examiná-lo profundamente e não apenas superficialmente. 

Pois bem; quando não há observador, quem é que está sofrendo? Esse sofrimento é diferente de vós? Vós sois o sofrimento, não é verdade? Não estais separado da dor, vós sois a dor. Pois bem, que acontece agora? Tende a bondade de seguir-me: não estamos mais pondo rótulos, não estamos mais dando nomes, para nos livrarmos do sofrimento: nós somos aquela dor, aquele sentimento, aquela agonia. E agora, que sois isso, que acontece? Quando não lhe dais nome, quando não há mais temor com relação a ele, está o centro em relação com ele? Se o centro está em relação com ele, então teme-o. Vê-se, por isso, na necessidade de agir e fazer alguma coisa com relação ao sofrimento. Mas, se o centro é o sofrimento, que fazeis então? Nada há que fazer, não é verdade? Compreendei, por favor, não se trata só de ouvir. Procurai compreendê-lo e vereis. Se vós sois o sofrimento, e não o estais aceitando, não o estais rotulando, não o estais afastando de vós - se vós sois o sofrimento, que acontece? Dizeis então que sofreis? Deu-se, por certo, uma transformação extraordinária. Já não se diz 'eu sofro', porque já não há um centro para sofrer; e o centro sofre, porque nunca examinamos o que é o centro. Nós só vivemos de palavra em palavra, de reação em reação. Nunca dizemos: 'Vejamos que é essa coisa que sofre'. E essa coisa não se pode ver mediante constrangimento, mediante disciplina. Precisais olhá-la com interesse, com espontânea compreensão. Vereis então que a coisa que chamávamos sofrimento, dor, a coisa que evitávamos, e também a disciplina, vereis que tudo desaparece. Quando não tenho relação com a coisa, como existindo fora de mim, não há problema algum; mas no momento em que estabeleço uma relação com ela, considerando-a fora de mim, apresenta-se o problema. Enquanto considero o sofrimento como uma coisa externa, sofro - porque perdi meu irmão, porque perdi meu dinheiro, por causa disso ou daquilo. Estabeleço uma relação com a coisa, e tal relação é fictícia. Mas, se eu sou aquela coisa, se percebo o fato, transforma-se, então, a coisa, inteiramente, assumindo um significado diferente. Há, então, atenção plena, atenção integrada. Aquilo que se considerou por maneira completa, é compreendido e se dissolve, e não há mais temor. E, por conseguinte, a palavra sofrimento se torna inexistente." 

(Krishnamurti - A Conquista da Serenidade - p. 94/96)
Fontehttp://www.lojadharma.org.br/


terça-feira, 2 de janeiro de 2018

SIGNIFICADO DA DOR E DO SOFRIMENTO (1ª PARTE)

"P E R G U N T A : Qual é o significado da dor e do sofrimento

K R IS H N A M U R T I: Quando sofreis, quando sentis dor, qual é o significado disso? A dor física tem seu significado, mas provavelmente queremos referir-nos à dor e ao sofrimento psicológicos, que têm um significado inteiramente diverso, em níveis diversos. Qual é o significado do sofrimento? Por que desejais achar o significado do sofrimento? Não quero dizer que ele não tenha significado - mas vamos averiguá-lo. Mas, por que quereis achá-lo? Quando fazeis a vós mesmos esta pergunta 'por que sofro?' e ficais procurando a causa do sofrimento, não estais fugindo do sofrimento? Quando procuro o significado do sofrimento, não estou evitando o sofrimento, fugindo dele? O fato é que sofro; mas, no momento em que ponho a mente a indagar por que sofro, diluí a intensidade do sofrimento. Por outras palavras: queremos que o sofrimento se dilua, se alivie, seja afastado, explicado. Isso, por certo, não traz a compreensão do sofrimento. Assim sendo, se não estou livre do desejo de fugir do sofrimento, começo a compreender o sentido do sofrimento. 

Ora, que é o sofrimento? Uma perturbação, em níveis diferentes, do físico, e, em diferentes níveis, do subconsciente. É uma forma aguda de perturbação, que acho desagradável. Morreu meu filho. Eu tinha edificado todas as minhas esperanças em torno dele ou de minha filha, de meu marido, não importa de quem. Eu o havia colocado num sacrário, com todas as coisas que eu desejava que ele fosse. Era meu companheiro. E eis que, subitamente, ele se foi. Dá-se, pois, a perturbação, não é verdade? Essa perturbação eu chamo sofrimento. Tende paciência, não estou falando rudemente; nós estamos examinando, estamos procurando compreender. Se acho desagradável esse sofrimento, eu digo: 'Por que estou sofrendo?', 'Eu o amava tanto', 'Ele era isso', 'Eu tinha aquilo'. E procuro escapar-me, com palavras, com rótulos, com crenças, como o faz a maioria de nós. Tais coisas produzem o efeito de um narcótico. Mas se não faço isso, que acontece? Fico apenas consciente do sofrimento. Não o condeno, não o justifico - sofro. Posso então seguir o movimento do sofrer, não é verdade? Posso então acompanhar todo o seu sentido - digo 'acompanhar' , no sentido de procurar compreender uma coisa. 

Assim, pois, que significa o sofrimento? Que é que está sofrendo? Não queremos saber por que há sofrimento, não queremos saber qual é a causa do sofrimento, mas, sim, o que realmente se passa. Não sei se percebeis a diferença. Estou, então, apenas cônscio do sofrimento, e não separado dele, como um observador a observar o sofrimento; ele é parte de mim mesmo, todo o meu ser está sofrendo. Posso então acompanhar-lhe o movimento, ver aonde ele conduz. Certo, se assim procedo, o sofrimento se me revela, não é verdade? Percebo então que eu estava dando importância a mim próprio e não à pessoa que amava. O papel que ela tinha era só o de esconder-me de minha própria miséria, minha solidão, meu infortúnio. Como eu não sou uma determinada coisa, esperava que ele viesse a sê-lo. Mas agora, foi-se-me a esperança; fiquei ao abadono, estou perdido, estou desolado. Sem ele nada sou. Por isso choro. Não o choro porque ele partiu, mas, sim, porque eu fiquei. Estou só. É muito difícil chegarmos a esse ponto, não é verdade? É difícil reconhecermos, deveras, esse fato, em vez de dizermos, meramente: 'estou só, como poderei livrar-me dessa solidão?' - o que representa uma outra forma de fuga - é difícil reconhecê-lo, estar cônscio dele, 'permanecer com ele', observar o seu movimento. Estou apenas dando um exemplo. Assim sendo, se permito que o processo se desdobre, se descerre, começo gradualmente a perceber que sofro porque estou perdido; sou chamado a prestar atenção a algo que não quero olhar de frente; alguma coisa me está sendo imposta, uma coisa que eu reluto- em olhar e em compreender. E há inúmeras pessoas que podem ajudar-me a fugir — milhares de pessoas, dessas que são chamadas religiosas, com suas crenças e dogmas, esperanças e fantasias - é 'karma', é a vontade de Deus - todas me apresentam uma saída. Mas, se sou capaz de 'ficar' com o sofrimento, de não afastá-lo de mim, de não tentar circunscrevê-lo ou negá-lo, que acontece? Qual é o estado de minha mente, quando estou a seguir por essa maneira o movimento do sofrer? Agora, tende a bondade de acompanhar o que vou dizer, em continuação do que acabamos de expor. (...)" 

(Krishnamurti - A Conquista da Serenidade - p. 92/94)

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

UM FELIZ ANO NOVO PARA TODOS

"(...) 'UM FELIZ ANO NOVO PARA TODOS! Isto parece bastante fácil de dizer, e todos esperam ser saudados deste modo. No entanto, é mais difícil saber se o desejo será cumprido, mesmo que venha de um coração sincero, e ainda no caso dos poucos. De acordo com os nossos princípios teosóficos, cada homem e mulher tem uma potencialidade magnética maior ou menor, que, quando reforçada por uma vontade sincera e especialmente intensa e inquebrantável, é a mais eficaz das alavancas mágicas colocadas pela Natureza nas mãos humanas, para o bem ou para o mal. Que nós, teosofistas, usemos então esta vontade para mandar uma saudação sincera e um voto de boa sorte no Ano Novo a cada uma das criaturas sob o Sol - inclusive os inimigos e os traidores. Devemos ter um sentimento especialmente amável e inspirado pelo perdão em relação aos nossos inimigos e perseguidores, honestos ou desonestos, para evitar que alguns de nós mandem uma saudação com maus pensamentos, subconscientemente, ao invés de uma bênção.' 

Quando devemos fazer isso?

Desde o ponto de vista esotérico, o mais indicado não é necessariamente o dia primeiro de janeiro. O dia três de janeiro, por exemplo, era nos tempos antigos dedicado a Minerva-Atenas, a deusa da sabedoria.   E existe a data especial de 4 de janeiro:  

'… É o dia 4 de janeiro que deveria ser selecionado como Ano Novo pelos teosofistas - e entre eles especialmente os esoteristas. Janeiro está sob o signo de Capricórnio, o misterioso Makara dos místicos hindus. Os 'Kumaras', afirma-se, encarnaram na humanidade sob o décimo signo do Zodíaco. Durante eras, o dia quatro de janeiro tem sido sagrado para Mercúrio-Buda, ou Thot-Hermes. Assim, tudo se combina para fazer deste dia uma celebração a ser observada pelos estudantes da Sabedoria antiga.'

Seja qual for o dia exato da nossa escolha, cada Ano Novo nasce e termina sob o signo de Capricórnio, cujo regente é Saturno. Este é o planeta do Carma. É o mestre do tempo, que constrói, mantém, destrói, e reconstrói as estruturas materiais e sutis da vida. É o Senhor dos Anéis, e o corregente da era de Aquário que agora lentamente nasce."

 'Collected Writings', TPH, H.P. Blavatsky, volume XII, TPH, p. 67. Texto intitulado '1890! On the New Year’s Morrow'.
 'Collected Writings', H.P. Blavatsky, volume XII, TPH, p. 75.
 'Collected Writings', H.P. Blavatsky, volume XII, TPH, p. 76.

(Carlos Cardoso Aveline - Sobre o Natal e o Ano Novo, Como Se Cria Uma Atmosfera Correta para o Futuro)