OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

SERENIDADE: A FONTE DO PODER

"Toda pessoa tem uma alma e um corpo. Iludido, identifica a alma com o corpo e, portanto, com todas as condições físicas. O corpo pode ser ferido, mudado e destruído; tem seus limites e não dura muito. Assim, a pessoa identificada com o corpo se julga vulnerável.

A alma, porém, de modo algum pode ser ferida, mudada ou destruída. A alma, feita à imagem do Espírito, é serena, eterna e imperturbável.

Em virtude dos desejos mundanos, a pessoa se identifica mais e mais com a debilidade do corpo, sempre temerosa da morte e das limitações. Se dirigir sua atenção para longe das barreiras corpóreas, causadoras da infelicidade, e meditar até a ilusão desaparecer, a alma se descobrirá imorredoura, abrigada na fortaleza da onipresença: inconquistável, imune aos efeitos da mudança vibratória enganadora. Toda pessoa deve lembrar-se de que é imortal, inacessível à mudança ou à extinção mesmo quando seu corpo parece afetado pela doença, pelos acidentes ou pela morte.

Concentrando-se na alma, a pessoa sufoca os desejos passageiros e encontra a liberdade perene.

Não importa quanto haja meditado, se ainda teme as doenças e a morte física por não ter reconhecido a imortalidade da alma, você evoluiu muito pouco e não conquistou quase nada. Precisará meditar mais profundamente até estabelecer uma comunhão estática com Deus e ir além das limitações do corpo. Durante a meditação, procure reconhecer que você está muito acima de quaisquer mudanças corporais - você é informe, onipresente, onisciente."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Ter Coragem, Serenidade e Confiança - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 25/26)


O FENÔMENO "HOMEM" (3ª PARTE)

"(...) É necessário darmos ideia clara sobre a palavra 'potência' ou 'potencialidade', que se diz transformar-se em 'atualidade'. É equívoca e inexata essa expressão 'transformar'. A potência não é, a bem dizer, inerente ao veículo finito, mas sim à Vida Infinita, a qual se serve de certos veículos finitos para se manifestar (parcialmente) no plano dos efeitos individuais. O corpo unicelular da ameba não encerra a potência de crear o corpo pluricelular do molusco, do peixe, do mamífero, do homem. Essa potência é, na realidade, o Infinito, a Essência Imanifesta, a Vida Universal do Cosmos, que se revela (parcialmente) através de algum veículo e aparece como Existência Manifesta. Essa forma existencial da Essência varia de espécie a espécie, de grupo a grupo, de indivíduo a indivíduo.

Na espécia 'homem' encerrava essa forma existencial o mais alto grau de potencialidade, porque este veículo era de todos o mais idôneo. Se dermos ao mais perfeito dos minerais a potencialidade grau 5, ao mundo vegetal o grau 10, ao mundo animal o grau 20, teremos de admitir para a espécie hominal talvez a potência grau 100. Dizer que essa potência 100 estava 'contida' nas potências 20, 10, 5, é o mesmo que abolir a lógica e a matemática. O maior não está contido no menor. Mas é fato que a potência maior (100) se serviu das potências menores (20, 10, 5) como canais e veículos para atingir o 100. O 100, porém, veio do \infty (Infinito), assim como do mesmo Infinito fluíram todos os finitos, pequenos e grandes. Do  \infty veio não só o 100, mas também o 20, o 10 e o 5. 

A diferença não está no fato de terem os finitos vindo do Infinito, mas tão somente do modo como dele vieram, uns por caminhos mais curtos, outros por mais longos. O homem é de todas as creaturas a que está realizando jornada mais longa e diversificada - e ninguém sabe por onde o homem possa passar ainda em eras futuras...

A ciência provou a realidade desses canais condutores que veicularam o corpo hominal - não provou, todavia, que o homem tenha vindo do animal. Nunca um finito maior vem de um finito menor, embora possa vir através de finitos menores. Muitos dos nossos tratados de evolucionismo, e sobretudo certos compêndios colegiais, primam por uma estupenda falta de lógica, confundindo causa com condição, afirmando que o homem veio do animal, quando deviam dizer através do animal. E quando procuramos retificar esse erro, replicam-nos que estamos fazendo 'jogo de palavras', porque fazemos distinção entre de e através. A lógica é coisa raríssima, mesmo entre homens chamados cultos. (...)

Se o Infinito se dignou a manifestar-se através de finitos de todos os graus, mesmo o mais imperfeito, como o corpo unicelular de um protozoário primitivo, será indigno do homem finito o que é digno do Universo Infinito? Qualquer forma finita é digna do Infinito; se assim não fosse, não teria ela aparecido. (...)"

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 83/84)

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

ALCANCE A FELICIDADE

"Quem te ensinou, insensato, que para chegares à luz do sol terás de galgar o cume da montanha?

Deixa o palácio em que vives supostamente tranquilo e protegido.

A luz não te chega porque a evitas.

Sai daí.

A Luz está a teu alcance, mas aqui fora.

Abandona o que falsamente te protege - teu egoísmo. Deixa-o.

E recebe as bênçãos da felicidade."

(Hermógenes - Mergulho na paz - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2005 - p. 126)


O FENÔMENO "HOMEM" (2ª PARTE)

"(...) Ora, para crear uma estação emissora e receptora da potência do cérebro humano, são necessários cerca de 21 anos. Mas como a história do indivíduo é a recapitulação da história da raça ('a ontogênese é a repetição da filogênese'), segue-se que a espécie humana como tal levou cerca de 7 vezes mais tempo para a sua atual evolução do que qualquer animal.

Há milhões de anos e de séculos, já vivia sobre a face da terra a espécie 'homem', não na sua forma atual, e claro, mas em forma potencial.

O homem-ameba era homem.
O homem-molusco era homem.
O homem-peixe era homem.
O homem-lemur era homem.

E se, algum dia, o homem-hominal de hoje transformar o seu corpo material e visível em um corpo imaterial e invisível, ainda será homem. O corpo luz do homem imortalizado é verdadeiro corpo humano.

O Cristo, cujo corpo era ora material, ora imaterial, ora visível ora invisível, era verdadeiro homem, era até o 'filho do homem', quer dizer, o 'homem por excelência', o 'pleni-homem', o 'homem-cósmico'.

De resto, os dados da biogenética confirmam a tese da biologia: o corpo humano, durante os 9 meses da sua via intrauterina, percorre, rapidamente, todas as fases da sua evolução racial, desde a ameba unicelular, através das formas orgânicas de verme, molusco, invertebrado, peixe, mamífero, até atingir a forma do corpo humano atual. (...)"

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 82/83)


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

SERVINDO A UM PROPÓSITO SUPERIOR

"A mente e a inteligência integrada (buddhi) pertencem ambas à pisque do homem e, junto com o seu corpo, são os determinantes de sua individualidade, a qual, com esforço e auxílio, pode servir a um propósito superior. Pertencendo à natureza material do homem, elas representam sua particularidade – a colocação específica de forças e a combinação especial que o distingue dos outros. Este é o campo das ações, memórias e pensamentos individuais; este é o reino do espaço, tempo e causação; esta é a arena dos esforços e conhecimento humanos. É aqui que um homem pode purificar a si mesmo, orientar-se em direção ao alto e tornar-se disponível. Ele pode cuidar de suas redes e dispô-las judiciosamente; então, paciente, deve esperar, em prontidão para o que possa vir. (...)

Assim como somos, estamos incapazes de ver ou ouvir ou compreender a realidade superior, pois vivemos em um estado de autopreocupação. Se reconhecemos nossa situação, podemos começar a estar abertos ao que é. Temos que nos preparar para ver e para ouvir e para estarmos prontos quando formos chamados. Podemos fazer a vontade divina quando não fazemos a nossa própria vontade. Temos um reto ordenamento dentro de nós mesmos quando podemos dizer como São Paulo: ‘Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim’."

(Ravi Ravindra - Sussurros da Outra Margem - Ed. Teosófica, Brasília - p.37/38)


O FENÔMENO 'HOMEM' (1ª PARTE)

"O homem é o mais antigo habitante do planeta Terra, embora prevaleça a crença geral de que ele seja o mais recente. No estado atual da sua evolução, é verdade, é o homem um ser assaz recente; mas, como homem potencial, é ele antiquíssimo. E, como toda creatura é realmente o que ela é potencialmente, é perfeitamente exato afirmar que o homem é o habitante mais antigo da terra.

Felizmente, as descobertas da ciência corroboram grandemente a nossa afirmação. Fisicamente, pertence o homem à classe dos mamíferos superiores. Entretanto, qualquer cavalo ou vaca é adulto aos 3 anos de idade - ao passo que o homem atinge a plenitude da sua evolução corporal apenas aos 21 anos, levando 7 vezes mais tempo do que qualquer animal. Por que essa diferença?

Principalmente por causa do cérebro humano, cujo desenvolvimento total exige período muito longo; e, para evitar a creação de um monstro, obriga a Natureza o organismo do homem a realizar evolução extremamente lenta, a fim de correr paralela ao desenvolvimento do cérebro.

O animal também tem cérebro, mas sem a função específica do cérebro humano. Anatomicamente, é o cérebro do mamífero superior semelhante ao cérebro do homem, funcionalmente há uma diferença profunda. O cérebro humano produz e capta vibrações de outra frequência, de caráter mental, e até racional, vibrações essas incomparavelmente mais sutis do que as vibrações sensoriais do cérebro animal. Devido a essa diversidade essencial, não há exemplo de que uma 'inteligência animal' se tenha, alguma vez, desenvolvido em inteligência humana. Mesmo o mais inteligente dos animais adestrado pelo homem para certos trabalhos e acrobacias, recai invariavelmente ao estado natural dele quando o treino cessa e o animal é deixado a sós, prova de que a sua 'inteligência' era heterônoma, e não autônoma, como a do homem; era apenas um reflexo extrínseco da inteligência humana, e não uma inteligência com sede intrínseca na própria natureza específica do animal. A inteligência animal está inteiramente a serviço da biologia individual e sexual de seu dono, ao passo que a inteligência humana pode atingir as mais excelsas culminâncias da abstração universal. Nunca nenhum animal se deu ao trabalho 'estéril' de calcular a distância entre a terra e o sol, medir a velocidade da luz ou investigar a trajetória dos elétrons ao redor do próton atômico. (...)"

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 81/82)

domingo, 14 de dezembro de 2014

ONDE ESTÁ A SUA FÉ?

"A Bíblia diz: ... Faça-se-vos conforme a vossa fé (Mateus, 9:29). Em resposta à pergunta 'Qual é a sua fé?', muitos poderão dizer: 'Sou Mórmon', 'judeu', 'protestante', 'budista' etc. A fé é uma atitude da mente, uma maneira de pensar. É uma consciência do Deus Interior e da sua capacidade de deixá-lo agir em todas as fases de sua vida.

Você tem fé quando sabe que tudo aquilo que for gravado no subconsciente será expressado. A fé nada tem a ver com credos, dogmas ou rituais, fórmulas e cerimônias tradicionais, com as doutrinas formuladas por igrejas. Sua fé é o que realmente acredita no fundo do coração, a sua verdadeira convicção interior sobre Deus e a vida em geral.

Quais as suas posições emocionais e convicções interiores sobre si mesmo e seus poderes interiores? Suas pressuposições, crenças e convicções subconscientes determinam e controlam todas as suas ações conscientes. A Bíblia enuncia o que é a verdadeira religião: Porque, como imagina em sua alma (mente subconsciente), assim ele é...(Provérbios, 23:7)."

(Joseph Murphy - Sua Força Interior - Ed. Record, Rio de Janeiro, 1995 - p. 64)

O PRECONCEITO (PARTE FINAL)

"(...) Às vezes, se bem que menos frequentemente, o preconceito é em favor da pessoa, como no caso da mãe que não enxerga o menor mal no que faz o filho, embora este possa prejudicar seriamente os outros. Ora, quer estejam a favor, quer estejam contra uma pessoa, as duas atitudes são igualmente preconceitos, ilusões mentais que matam o real. A melhor maneira de ver autenticamente é procurar sempre, com determinação, o bem em todo o mundo, visto que os nossos preconceitos, em geral, estão do lado oposto, e nos inclinamos tristemente a ver o mal onde ele não existe. Diferimos das outras pessoas na cor, no vestuário, nas maneiras, nos costumes e em outras formas de religião, mas essas características são apenas externas, e tudo o que concorre para formar o homem real, por trás e além de tudo isso, é praticamente o mesmo em todos nós. Afinal de contas, não é tão difícil aprender a olhar por trás das cascas exteriores que as pessoas utilizam para esconder-se. Por esse meio, elas costumam mostrar-se piores do que são, já que os principais defeitos se encontram quase sempre na superfície, e o ouro verdadeiro se esconde amiúde com êxito. Quem aspira progredir precisa superar a cegueira diante do mérito alheio, a tendência a julgar pelas características superficiais.

Lembremo-nos de que a ninguém que deseja ficar do lado do bem, ou contra o mal, pode ser recusada essa oportunidade, por mais ignorante ou fanática que seja a pessoa. Os Mestres tomam sempre o bem e usam-no onde quer que ele apareça, ainda que haja, no mesmo homem, muito mal também; e o emprego que fazem da força para o bem favorece grandemente o homem que a gerou. Usam, por exemplo, a força devocional encontrável até num fanático assassino e, dessa maneira, lhe permitem praticar alguma boa obra e, consequentemente, ser ajudado.

Imitemos também os Grandes; tentemos sempre encontrar o bem em tudo e em todos. Não procuremos, tampouco acentuemos, o mal em quem quer que seja, mas escolhamos e demos ênfase ao bem. Continuemos a fazer o nosso trabalho da melhor maneira possível, e não nos preocupemos com o trabalho alheio, nem com a maneira com que outrem o executa. Ainda que as outras pessoas ergam dificuldades em nosso caminho, passemos por cima delas e não nos inquietemos; elas são o nosso carma, e, afinal de contas, as coisas de fora, na verdade, não têm importância. Não incorramos no erro de pensar que outros estão tentando prejudicar nossos bons propósitos. Todas essas pessoas são muito parecidas conosco; pensemos, pois, no seguinte: seríamos capazes de fazer deliberadamente uma coisa má como essa?"

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 100)

sábado, 13 de dezembro de 2014

ESPIRITUALIDADE

"Ser espiritualizado significa ter mais compaixão, mais cuidado e mais bondade. Significa lidar com as pessoas com amor no coração, sem esperar nada em troca. Significa saber que há algo maior que nós mesmos, uma força que existe numa esfera que temos que perseverar para descobrir. Significa entender que há lições mais elevadas para serem aprendidas e, depois que as tivermos aprendido, haverá outras ainda mais elevadas. O potencial para a espiritualidade existe em cada um de nós e precisa ser acessado.

Já vi pessoas religiosas cometendo atos de violência e incitando outras à guerra. Matem, dizem elas, porque esses outros não compartilham de nossas crenças e, portanto, são nossos inimigos, Essas pessoas não aprenderam a lição que mostra que só existe um universo e uma única alma. Para mim, a atitude delas é totalmente antiespiritual, não impora qual seja sua religião. De fato, esta é a diferença entre religião e espiritualidade. Você não precisa ser religioso para ter espiritualidade; você pode ser ateu e de ser bom e cheio de compaixão. Você pode fazer trabalho voluntário, por exemplo, não para obedecer à vontade de Deus, mas porque se sente bem ao fazê-lo e acha que os seres humanos deviam agir assim uns com os outros. Este é um caminho de evolução para esferas mais altas.

Em minha concepção, Deus é uma energia sábia e amorosa que está em todas as células de nossos corpos. Para mim ele não é aquele velho clichê do homem barbado, sentado numa nuvem fazendo julgamentos. A questão importante em relação à espiritualidade não é 'qual é o seu Deus', mas se você é verdadeiro em relação à sua alma. Será que você está vivendo uma vida espiritual? Você é uma boa pessoa aqui na Terra? É capaz de encontrar alegria em sua existência? Não prejudica ninguém e faz bem aos outros?

Esta é a essência da vida, aquilo que é fundamental para nossa viagem de elevação, e que não é complicado. Mas muitos ainda não aprenderam essas lições espirituais. Somos egoístas, materialistas, faltam-nos empatia e compaixão. Nosso desejo de fazer o bem é subjulgado pelo desejo do conforto físico. E, enquanto a bondade e o egoísmo lutam dentro de nós, ficamos confusos e infelizes."

(Brian Weiss - Muitas Vidas, Uma Só Alma - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 163/164)

O PRECONCEITO (2ª PARTE)

"(...) O estudante teosófico tem por obrigação aprender a ver as coisas como elas são, e isso significa controle, vigilância e muito trabalho. No Ocidente, por exemplo, as pessoas estão cheias de preconceitos na área religiosa, pois, tendo nascido numa determinada religião, somos ensinados, perseverantemente, a considerar todas as outras meras superstições. Nossas ideias, por conseguinte, são desequilibradas desde o início, e até quando aprendemos a conhecer um pouco de outras religiões e a respeitá-las, fica difícil para nós figurar-nos nascidos nelas. (...)

Quanto mais ignorantes forem as pessoas, maior será a sua desconfiança daquilo a que não estão acostumados. Os camponeses, por exemplo, desconfiam instintivamente de todos os estrangeiros, e em muitos lugares no interior da Inglaterra, um francês, por exemplo, se não estiver na pobreza e necessitado de auxílio, será, por certo, olhado com desconfiança. Se estiver com fome, será alimentado e tratado com compaixão; mas se se apresentar como colega de trabalho, tudo o que fizer será criticado, metido a ridículo e objeto de suspeita. Ora, está visto que tudo isso promana da ignorância e ocorre porque os camponeses não estão acostumados a conviver com estrangeiros. (...)

Do modo como andam as coisas, nossas opiniões se alicerçam em fundamentos muito leves; encontramos uma pessoa pela primeira vez, e uma palavra sua, ou algum gesto trivial, desperta em nós uma pequena antipatia, de modo que se ergue um murozinho entre nós e ela. Isso pode parecer uma questão sem importância, mas, se não tomarmos cuidado, a antipatiazinha pela pessoa se avolumará e transformará em barreira, que nos impedirá, para sempre, de compreendê-la. Até certo ponto, poderemos vê-la através da forma de pensamento que nós mesmo fizemos, e não podemos vê-la corretamente, pois é o mesmo que olhar por um vidro torcido e colorido que tudo deforma. (...)"

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 99/100)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

ESPÍRITO E MATÉRIA

"A ciência moderna sabe que Espírito e matéria são interconversíveis e intermutáveis. A matéria é simplesmente Espírito em velocidade moderada que adquire visibilidade. É um erro dizer que você está condicionado pelo meio ambiente - sua casa, emprego, negócio, o lugar em que vive - pois isso é puramente sugestivo. Mas se aceitar, continuará a repetir os mesmos velhos padrões de seus antepassados e talvez leve a mesma vida, baseada em credos, dogmas e tradições. Os fatores externos não são criativos. O Poder Criativo está dentro de você. Um cientista não encara uma coisa criada como causa; é um efeito. Conhecendo a localização do Poder Criativo e da Causa Primeira, você não irá mais atribuir a qualquer pessoa, lugar ou situação o poder de criação ou geração. Seu próprio pensamento é o único poder criativo de que está consciente.

Todos os poderes do Infinito estão latentes e lhe são inerentes. Uma prece maravilhosa que se pode praticar é a seguinte: 'Deus é, e Sua Sagrada Presença flui através de mim como beleza, harmonia, amor, alegria, sabedoria, compreensão, orientação Divina e abundância. Sei que é tão fácil para Deus promover todas essas coisas quanto uma folha de relva e dou graças que assim seja.'

Repita essas verdades três ou quatro vezes, à noite e pela manhã, certificando-se de não negar posteriormente o que está afirmando. Vai descobrir que é realmente um filho do Infinito e uma criança da Eternidade. Todos os Poderes do Infinito começam a passar através de você, o que é chamado na Bíblia o Cristo em você, a esperança da glória. Procure sempre a sua herança espiritual e nunca a de seus pais ou ancestrais humanos. Você possui todo o poder sobre sua própria vida e os meios e capacidade de transformar seu mundo."

(Joseph Murphy - Sua Força Interior - Ed. Record, Rio de Janeiro, 1995 - p. 40/41)

O PRECONCEITO (1ª PARTE)

"Acautelamo-nos contra os primórdios da suspeita: ela distorcerá tudo. Tenho-a visto surgir entre amigos e notado que uma suspeitazinha logo se transforma em gigantesco mal-entendido. Qualquer palavra inofensiva é deformada e mal-interpretada, como se fosse a expressão de algum motivo maldoso ou impróprio, ao passo que, durante todo o tempo, a pessoa que fala não tem consciência da suspeita. Acontece o mesmo quando as opiniões diferem a respeito de livros ou de religião; uma ligeira diferença de opinião é alimentada pela insistência em tudo o que diz respeito a um lado e contra o outro, até que o resultado seja uma visão absurdamente distorcida. Tornamos a encontrá-la no preconceito de cor, se bem que os que ora usam corpos brancos já usaram corpos escuros, e vice-versa, e os hábitos de uns foram, ou serão, os hábitos do outro. Fraternidade significa, para a gente, livrar-se de preconceitos; o conhecimento do fato da reencarnação nos ajuda a superar nossas limitações e descaridade. 

Nós, estudiosos da vida superior, precisamos alçar-nos acima dos preconceitos. A tarefa é difícil, porque eles estão arraigados - preconceitos de raça, de casta, de religião; mas precisam ser todos desarraigados, porque impedem a visão clara e o julgamento verdadeiro. (...)

É sempre muito fácil atribuir algum motivo mau a outros com os quais antipatizamos e descobrir uma explicação má para os seus atos. Essa tendência representa um impedimento muito sério no caminho do progresso. Precisamos arrancar nossas próprias personalidades, pois só então seremos capazes de ver a outra pessoa tal como é. O preconceito é uma espécie de tumor que nasce no corpo mental, e, naturalmente, quando o homem procura olhar através dessa parte do corpo, não consegue ver claramente. (...)

Era ao efeito nocivo do preconceito que se referia Aryasangha quando disse, em A Voz do Silêncio, que a mente é a grande matadora do real. Com essas palavras, chamava a atenção para o fato de que não vemos nenhum objeto como ele é. Vemos tão somente as imagens que dele somos capazes de formar, e tudo, por força, é colorido para nós pelas formas de pensamento de nossa própria criação. Reparemos em como duas pessoas com ideias preconcebidas, diante do mesmo conjunto de circunstâncias, e concordes no tocante aos acontecimentos reais, referirão histórias totalmente diversas. Esse tipo de coisa se processa, o tempo todo, com todo homem comum, e nos damos conta do modo com que deformamos absurdamente as coisas. (...)"

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 98/99)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

PENSA POSITIVAMENTE

"A plantinha delicada da felicidade não medra senão nesse clima do pensamento positivo. Que diríamos de um homem que se recusasse a gozar dos benefícios da luz solar por saber que existem no globo solar enormes manchas escuras? ou que definisse o sol como grandes manchas tenebrosas rodeadas de luz?

Em linguagem evangélica se chama essa filosofia negativista 'enxergar o argueiro no olho do irmão - e não enxergar a trave no próprio olho', quer dizer, ver sobretudo no próximo as faltas, embora pequeninas, e não perceber as suas próprias faltas, por mais enormes que sejam.

Há uma terapêutica para estabelecer perfeita paz e felicidade na alma, e uma imperturbável harmonia na sociedade humana; consiste na observância do seguinte conselho: Homem, habitua-te a atribuir sempre ao próximo as virtudes que descobres em ti! - e a atribuir a ti mesmo as faltas que encontras no próximo!

O remédio é de efeito infalível - embora seja amargo como losna."

(Huberto Rodhen - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda, São Paulo, 1982 - p. 39

A MORTE É UM INFORTÚNIO OU UMA BÊNÇÃO DISFARÇADA? (PARTE FINAL)

"(...) A matéria se forja com a mudança; e o espírito que nela habita, embora essencialmente imutável, sofre mudanças superficiais em razão da sua experiência subjetiva daquele fenômeno. Assim como a consciência subjetiva de uma mesma identidade se conserva da infância à idade avançada (exceto, talvez, nas primeiras e menos perceptivas etapas da infância e nas últimas etapas da velhice adiantada), não há razão para que essa consciência subjetiva não possa ser conservada antes do nascimento e após a morte. Com esta continuidade, a morte é verdadeiramente vista como a melhor amiga da alma, dando-lhe infinitas oportunidades de lutar contra a matéria e por fim vencê-la - mesmo depois de um milhão de derrotas. Esta amiga sincera ensina a alma a manifestar sua natureza imutável ao transcender a consciência de mudança. 

A mente humana prefere a mudança de ambientes, gostos, hábitos e posses, não porque não possa ficar só com uma coisa, mas porque está constantemente descobrindo que sua atenção foi mal direcionada e mal posicionada. O desejo que sente por algo desconhecido não se satisfaz com a aquisição de posses neste mundo de coisas mutáveis. Com novas oportunidades dadas pela morte e pela mudança de condições, a alma busca sua imutabilidade inata, e não fica satisfeita enquanto não readquire e não se restabelece no estado natural de união com o Espírito. Portanto a morte, ou a mudança de condições em que a alma reside temporariamente, é favorável ao crescimento e desenvolvimento da alma. 

O crescimento e a educação da vida significam apenas que a consciência manifestada na matéria evolui para finalmente expressar seu pleno potencial. A partir deste ponto, a consciência se desligará da matéria a fim de se conhecer e se libertar como entidade independente que possa existir sem a intermediação material. Durante o processo de aprendizado, antes que a alma empreendedora e diligente reconheça sua superioridade e sua natureza transcendente, a consciência fica muito apegada ao instrumento físico por meio de laços sensoriais e egoístas muito fortes, criados durante sua residência no corpo. Por isso, em cada nova encarnação a alma observa o novo corpo com o cuidado e a possessividade que um homem tem por seu carro novinho em folha. Em consequência, a morte que sobrevém prematuramente por doença - causada por uma vida desnatural ou pelo mau karma - ou por supostos acidentes e outros infortúnios implica dor mental e física, porque a alma manifestada fica extremamente preocupada ao ver seu veículo de expressão ser levado embora antes de expirar a validade natural."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 215/216)


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

EXPECTATIVAS

"Se você não for verdadeiro com a voz interior ou com a fonte divina do seu coração, você não será feliz. Quantas vezes dizemos ou fazemos alguma coisa que não é inteiramente verdadeira, apenas para sermos apreciados ou para nos sentirmos próximos de outra pessoa, e logo em seguida nos arrependemos? Muitos sacrificam seus sonhos individuais e seus desejos para atender às expectativas dos outros.

Eu quase fiz isto. O sonho da minha mãe era que um de seus filhos se tornasse freira ou padre. Decidi atender seu desejo e ser o padre que minha mãe sempre quis. Por quê? Porque eu pensava que com isto minha mãe sentiria orgulho de mim e me amaria ainda mais. entretanto, após um ano em um seminário, desisti, percebendo que não tinha a vocação espiritual necessária para o sacerdócio. Era o desejo da minha mãe, não o meu. Na época, eu não percebia que o amor da minha mãe estava sempre presente e sempre estaria, independentemente do rumo que eu tomasse.

Quando somos crianças, existe um padrão estabelecido: os filhos devem esforçar-se para conquistar o amor dos pais, e os pais moldam os filhos para fazer deles o que esperam que sejam. Para quem foi criado em famílias muito exigentes ou muito fechadas, o esforço para agradar pode ser interminável. À medida que as crianças crescem, os desejos dos pais permanecem em seu subconsciente e tornam-se parte de sua programação. Na idade adulta, sua autoestima pode depender da aceitação dos outros, da mesma maneira como procuravam agradar os pais para conseguir seu amor. O que acontece é que estes adultos nunca chegam realmente a viver para si mesmos. (...)"

(James Van Praagh - Em Busca da Espiritualidade - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 - p. 51)

A MORTE É UM INFORTÚNIO OU UMA BÊNÇÃO DISFARÇADA? (1ª PARTE)

"A morte é um fenômeno peculiar, que significa a cessação de todas as funções vitais do corpo, sem possibilidade de ressuscitação. É o fim da residência da alma naquela forma física. O próprio termo 'morte' suscita terror no coração dos seres humanos, por causa das seguintes associações:
a) o predomínio do pensamento aterrorizante de dor corporal muito intensa que supostamente acompanha a morte;
b) a dor psicológica de ter que enfrentar a separação da família e dos amigos, das alegrias da vida e das posses terrenas;
c) o medo de perder a existência individual.
Mas não há que se temer a morte natural. A alma residente é imortal. A morte natural é uma bênção, pois oferece à alma a oportunidade de trocar uma moradia já trôpega e dilapidada por um corpo novo e resistente. A alma requer os sucessivos instrumentos de organismos novos e melhores para uma expressão plena. Se o eu individualizado, envolto pela ilusão e enviado para evoluir e voltar a Deus, não tivesse a oportunidade de se expressar - para afirmar sua natureza - através de várias mudanças de corpo, ele teria que continuar num estado não corpóreo nascente ou latente. E imagine se a alma imortal tivesse que viver para sempre num corpo encurvado, pálido e enrugado! Não se imaginaria castigo maior para este grande ser, a alma, do que contemplar e se expressar para sempre por meio de um organismo decrépito. Em vez disso, o organismo habitado passa pela disciplina da alma à medida que esta faz experiências com ele. Quando a alma termina o trabalho numa forma específica, inicia-o em outra. (...)"

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 215)


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O PODER DO PENSAMENTO CRIADOR

"Realizados os poderes de amor e vontade, devemos agora descobrir o terceiro poder capital do Ego: o poder do pensamento criador ou Manas¹, como o denomina a Teosofia. O pensamento humano é a manifestação do Espírito Santo, assim como a vontade é a manifestação do Pai, e o amor, a do Filho. O Espírito Santo é o aspecto ou pessoa da criadora atividade de Deus, o Criador; e quando realizamos esse poder em nós, nos sentimos inspirados e possuídos da ilimitada qualidade criadora, do poder da ação. Em nós, só o pensamento atua, só o pensamento cria e executa os mandatos da vontade. Se a vontade é o rei, o pensamento é o primeiro-ministro, e a atividade de nosso pensamento criador deve ser dirigida sempre pela vontade.

O poder criador do pensamento parece ser ilimitado. E uma vez o tenhamos realizado, sabemos que como Egos podemos ‘fazer tudo’; sentimos em nosso interior uma ilimitada energia criadora para levar a cabo tudo quanto decretar a vontade. Somente quando esse terceiro poder, o pensamento criador ou imaginação, está em funcionamento é que a realização se dá em ação. Por essa razão esse poder é muito perigoso ao homem até que ele tenha compreendido que deve dirigi-lo conscientemente, pois, do contrário, é a sua natureza inferior que o fará; e o homem, assim, se tornará escravo dela."

¹. Manas: termo sânscrito que literalmente significa “a mente”, a faculdade mental, que faz do homem um ser inteligente e moral e o distingue dos seres brutos. 

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 51/52)


A ATITUDE TEOSÓFICA - A CURIOSIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Nunca falemos sem saber e sem ter a mais absoluta certeza de que alguma coisa boa advirá do que dissermos. Antes de falar, perguntemos a nós mesmos a respeito do que vamos dizer: 'O que vou dizer é verdadeiro? É bondoso? É proveitoso?' E, a não ser que possamos responder afirmativamente às três perguntas, temos a obrigação de permanecer calados. Estou plenamente convicto de que, seguida à risca, essa regra reduziria a conversação do mundo em cerca de noventa por cento, o que seria uma vantagem indizível e faria o mundo progredir muito mais depressa.

Quando compreendemos a unidade que existe por baixo de tudo, não podemos deixar de ser prestativos, não podemos alhear-nos da tristeza do nosso irmão. É evidente em muitos casos ser impossível a ajuda física, mas, pelo menos, podemos acudir sempre com o auxílio da simpatia, da compaixão e do amor, e esta é, claramente, a nossa obrigação. Para o homem que compreende a Teosofia, a crueldade é inadmissível. Todo membro que proceder brutal ou cruelmente estará falhando na sua Teosofia, e faltando-lhe paciência, faltar-lhe-á compreensão. Compreender tudo é perdoar tudo, amar tudo. Todo homem tem o seu próprio ponto de vista, e o caminho curto para um homem não é, necessariamente, o melhor para outro. Todo homem tem direito de tomar nas mãos a própria evolução, à sua maneira, e fazer, no que respeita a ela, o que ele mesmo decidir, contanto que não cause sofrimento nem transtornos a quem quer que seja. Não nos compete tentar endireitar toda a gente, mas apenas zelar para que tudo esteja certo, do nosso lado, na nossa relação com os outros. Antes de empreendermos um esforço para obrigar alguém a enveredar pelo nosso caminho, melhor será examinar com cuidado o caminho dele, que talvez seja preferível para ele. Devemos estar sempre prontos a ajudar livremente em toda a extensão das nossas forças, mas nunca interferir."   

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 101/102)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A CONQUISTA DO EGO

"Assim como somos, sem rumo, o nosso interesse egocêntrico não se harmoniza com o interesse de nosso eu mais profundo. Nós não buscamos primeiro o reino interno e somente depois o externo; ao contrário da verdadeira ordem, nós primeiro nos esforçamos pelo domínio do mundo. Se necessário, nós até mesmo negamos e sacrificamos o superior pelo inferior. Mas, ‘o que aproveitará o homem, se ganhar o mundo inteiro mas arruinar a sua vida?’¹ É o falso eu, o ego, que está obsecado com a conquista do mundo. É este ego que devemos sobrepujar a fim de ‘nascer de novo... do Espírito’.² A conquista do ego é na verdade a vitória sobre o mundo psíquico abstrato, construído por nós mesmos, o qual habitamos e nos mantém sobrecarregados e pesados. Aquele que sobrepujou o mundo é do alto e não deste mundo; uma tal pessoa vivendo no mundo não é impelida por desejos mundanos ou ambições. Ela faz o que lhe é exigido pelo alto, não para sua satisfação ou glória pessoal.

Os traços distintivos do egoísmo são o eu, separado do resto do Universo, e o meu. Estes são o seu próprio âmago e substância, e é através destes que um homem ‘prende-se a seu eu como um pássaro em uma armadilha’.³  Estes são os núcleos ao redor dos quais tudo no mundo revolve. Um homem do mundo diz: eu faço isto, eu tenho aquilo; ele é autocentrado mesmo quando faz boas obras no serviço a outros. Enquanto qualquer atividade – orar, meditar, dar esmolas – for controlada por nosso eu, ela será uma atividade egoísta."

¹ Mateus 16:26
² João 3:7-8
³ Maitri Upanishad 3:2

(Ravi Ravindra - Sussurros da Outra Margem - Ed. Teosófica, Brasília - p.33/34)


A ATITUDE TEOSÓFICA - A CURIOSIDADE (1ª PARTE)

"Concentremo-nos de tal maneira no nosso trabalho que não tenhamos tempo de achar defeitos no trabalho dos outros, ou de meter o bedelho na vida deles. Se todo homem se ocupasse unicamente dos próprios assuntos, o trabalho seria infinitamente mais feliz. 

Esse bisbilhotar nos negócios dos outros é causa de muito mal, e pode dizer-se que a pessoa que o faz sofre de uma doença. O homem que enreda, por costume, não o faz com o propósito de ajudar, mas simplesmente para satisfazer a curiosidade a respeito de alguma coisa que não lhe diz respeito, o que é sintomático da sua doença. Outro sintoma é o de ele não conseguir guardar para si a informação que tão infamemente adquiriu, mas sente necessidade de despejá-la nos ouvidos de outros, tão néscios quanto ele. Pois é imoral, sem dúvida, esse mexerico - uma das coisas mais imorais do mundo. Noventa e nove vezes em cem o que se diz é uma rematada invenção, mas produz enorme quantidade de mal. 

Não se trata apenas do prejuízo causado à reputação de outra pessoa; essa é a menor parte do mal. O bisbilhoteiro e seus amigos pestilentos estão sempre gerando formas de pensamento de alguma qualidade má que decidem atribuir à vítima e, a seguir, passam a jogá-las sobre ela numa torrente incessante. O efeito natural disso será despertar nela a qualidade má de que a acusam, se existir alguma coisa em sua natureza que corresponda aos perversos esforços dos detratores. Num caso em cem, em que haja alguma verdade na intriga maldosa, as suas formas de pensamento intensificam o mal, e destarte vão empilhando para si mesmos uma provisão do carma terrível, decorrente do fato de induzir um irmão a fazer o mal. Os teosofistas, sobretudo, deveriam fazer diligência para evitar esses males, porque muitos estão envidando esforços no sentido de desenvolver poderes psíquicos, e, se os usarem com o propósito de bisbilhotar nos negócios de outras pessoas ou de enviar-lhes maus pensamentos, o seu carma acabará sendo da natureza mais terrível. (...)"

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 101)


domingo, 7 de dezembro de 2014

AS TRÊS SALAS (PARTE FINAL)

"(...) Os sábios não dão ouvidos às vozes musicais da ilusão.

Procura aquele que te dará o nascimento na Sala da Sabedoria, a sala que está além, onde se desconhecem todas as sombras e onde a luz da verdade brilha com uma glória permanente.

Aquilo que é incriado habita em ti Discípulo[1], assim como reside na Sala. Se queres alcançá-lo e combinar os dois, tens de despir-te das tuas escuras vestes de ilusão. Abafa a voz da carne, não permitas que nenhuma imagem dos sentidos se entreponha entre a Luz do incriado e a tua, e assim as duas poderão fundir-se em uma. E, tendo aprendido a tua própria ajnᾱna[2], abandona a Sala da Instrução. Essa sala é perigosa por sua traiçoeira beleza, e necessária apenas para a tua provação. Acautela-te Lanoo, não vá tua Alma, deslumbrada pelo brilho ilusório, demorar-se e enredar-se na sua luz enganadora.

Esta luz brilha na joia do grande enganador (Mᾱra)[3]. Enfeitiça os sentidos, cega a mente e deixa o descuidado qual um náufrago abandonado. (...)

Se, através da Sala da Sabedoria, queres chegar ao Vale da Bem-aventurança, Discípulo, fecha os teus sentidos à grande e cruel heresia da separatividade que te afasta dos demais."

1 O Iniciador que conduz o discípulo pelos conhecimentos que lhe ministra, ao seu segundo nascimento, ou nascimento espiritual, chama-se Pai, Guru ou Mestre.
2 Ajnᾱna é a ignorância ou não sabedoria, o contrário de conhecimento, Jnᾱna.
3 Mᾱra é, nas religiões exotéricas, um demônio, um Asura, mas na filosofia esotérica é a personificação da tentação pelos vícios humanos; traduzido literalmente, quer dizer ‘aquilo que mata a alma’. (...)

(H. P. Blavatsky - A Voz do Silêncio - Ed. Teosófica, Brasília - p. 97/105)


ANTES DE BUSCAR DEUS, CONCILIA-TE COM O TEU ADVERSÁRIO (PARTE FINAL)

"(...) 'Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto está com ele no caminho...' Cristo está nos ensinando que não podemos perder tempo e energia em discussões e ressentimentos, mas que devemos refazer-nos tão rapidamente quanto possível no pensamento de Deus. Perceber Deus - eis o nosso propósito de vida; portanto, é preciso que procuremos manter-nos conscientes dele com poucas interrupções e que elas sejam as menores possíveis. 'Joga fora todas as conversações inúteis' - dizem-nos os Upanishads. 'Conhece apenas a Atman.' 

O desejo de discutir e de brigar é um sinal do ego. Se desejarmos encontrar Deus, precisaremos eliminar o ego e humilhar-nos - não diante de nosso adversário, mas diante do Deus, que está dentro dele. Não te submetas jamais a um adversário poderoso por temeres a consequência de desagradá-lo; isso seria covardia. Faze distinção, porém, entre princípios e opiniões. Diz um ditado hindu: 'Dize, ' sim, sim' para todos, mas conserva firme a tua posição!' Não te comprometas com ideais e princípios. Mas, em se tratando de opiniões, aprecia pontos de vista diferentes dos teus, e aceita-os quando valerem a pena. Swami Turiyananda dizia: 

'Teimosia não é força. A teimosia apenas mascara a própria fraqueza. Forte é quem é flexível como o aço e não quebra. Forte é quem pode viver em harmonia com muitas pessoas e pode dar atenção a opiniões que não sejam as suas.'"

(Swami Prabhavanda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 55/56)
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sábado, 6 de dezembro de 2014

AS TRÊS SALAS (1ª PARTE)

"Três salas, ó cansado peregrino, conduzem ao fim dos trabalhos. Três salas, ó conquistador de Mᾱra, te trarão através de três estados[1] até o quarto[2], e daí até os sete mundos[3], os mundos do descanso eterno.

Se queres saber os seus nomes, escuta-os e recorda-te.

O nome da primeira é Sala da Ignorância - Avidyᾱ. É a sala em que vistes a luz, em que vives e hás de morrer[4].

O nome da segunda é a Sala da Instrução[5]. Nela a tua Alma encontrará as flores da vida, mas debaixo de cada flor, uma serpente enrolada[6].

O nome da terceira é a Sala da Sabedoria, para além da qual se estende o mar sem praias de Akshara, a fonte indestrutível da onisciência[7].

Se queres atravessar seguramente a primeira sala, que a tua mente não tome os fogos da luxúria que ali ardem pela luz do sol da vida.

Se queres atravessar seguramente a segunda, não pares a aspirar o perfume das suas flores embriagantes. Se queres ver-te livre das cadeias kármicas, não procures o teu Guru nessas regiões mᾱyᾱvicas.

Os sábios não demoram nas regiões de prazer dos sentidos. (...)"

1 Os três estados de consciência, que são: Jᾱgrat, o de vigília; Svapna, o de sonho; e Sushupti, o estado de sono profundo. Estas três condições do Yoga conduzem ao quarto, que é -
2 Turῑya, o que está além do estado do sono sem sonhos, um estado de elevada consciência espiritual.
3 Alguns místicos orientais indicam sete planos de existência, os sete Lokas ou mundos dentro do corpo de Kᾱla Hamsa, o cisne além do tempo e do espaço, convertível em o cisne no tempo, quando se torna Brahmã, em vez de Brahman.
4 O mundo fenomênico, apenas dos sentidos e da consciência terrena.
5 A sala da Instrução probacionária.
6 A região astral, o mundo psíquico das percepções sensuais e das visões ilusórias. (...)
7 A região de plena consciência espiritual, para além da qual já não há perigo para quem lá chegou.

(H. P. Blavatsky - A Voz do Silêncio - Ed. Teosófica, Brasília - p. 97/105)


ANTES DE BUSCAR DEUS, CONCILIA-TE COM O TEU ADVERSÁRIO (1ª PARTE)

"Até que alcancemos efetivamente a união com Deus, claro que é absolutamente natural a ocorrência de disputas e desentendimentos entre nós e os outros. É preciso, porém, que não deixemos o ressentimento permanecer em nós; caso contrário, ele nos corroerá os corações como um câncer. Cristo que, como todos os mestres verdadeiramente espirituais, era grande psicólogo, ensinou que devemos reconciliar-nos o mais cedo possível com nosso irmão, antes de oferecermos nossa oferenda a Deus. Todos quantos tenham praticado a meditação compreenderão imediatamente quão profundo é este ensinamento.

Suponha que alguém o tenha ofendido e que você se irritou. Ao começar a meditar, o que acontece? A oração e a meditação concentram a mente e intensificam as emoções. Consequentemente, o montículo de irritação converte-se numa montanha de raiva. Você começa a imaginar coisas terríveis sobre a pessoa que o ofendeu. Você acaba por sentir-se incapaz de meditar e de rezar, incapaz de achegar-se de Deus, enquanto não se reconciliar sinceramente com seu irmão. Só há um meio de sentir-se sinceramente reconciliado: procurar ver Deus em todos os seres e amá-lo neles todos. Se você se irritou com seu irmão, reze por ele como você o faz por você mesmo; reze para que ambos possam crescer no entendimento e na devoção a Deus. Logo você alcançará a espiritualidade. Mas, se guardar a raiva no coração, você ferirá tanto a si mesmo quanto a seu irmão.

Ensina-se no Budismo e no Vedanta que é dever do homem rezar pelos outros antes de rezar por si mesmo. Pede-se que mandemos um pensamento de boa-vontade a todos os seres antes de nos oferecermos a Deus. Semelhante prática é um estágio significativo na conquista do amor ao nosso próximo e a Deus. (...)"

(Swami Prabhavanda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 54/55)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O MEDO DA MORTE

"O medo da morte é uma severa realidade na cabeça de muita gente. Um número muito maior do que seríamos capazes de imaginar padece desse medo, e um número ainda maior padece do medo do que pode acontecer-nos após a morte. Isso, naturalmente, se encontra sobretudo entre pessoas com ideias do inferno.

Mas nós conhecemos a lei do carma e compreendemos que os estados depois da morte são, simplesmente, uma continuação da vida que ora vivemos, embora num plano mais elevado e sem o corpo físico; e quando, além disso, aprendemos que o que chamamos vida é apenas um dia na vida verdadeira e maior, todas essas coisas assumem um perspectiva muito diferente. Conhecemos, então, que o progresso é absolutamente certo. Um homem pode tropeçar, pode investir contra as forças do progresso, mas será carregado por elas a despeito de si mesmo, se bem que, ao resistir, se machuque e se enrede em dificuldades. Percebemos, de pronto, que esse conhecimento elimina o medo. 

A chamada perda de um ente amado, por efeito da morte, não passa, na verdade, de uma ausência temporária, e nem mesmo isso, depois que o homem desenvolve o poder de ver nos planos superiores. Os que pensamos ter perdido continuam conosco, ainda que não possamos vê-los com olhos físicos; e nunca devemos esquecer que, apesar de podermos alimentar, às vezes, a ilusão de que nós os perdemos, eles não alimentam de maneira alguma a ilusão de que nos perderam, porque ainda podem ver o nosso corpo astral, e, tanto que deixamos o veículo físico no sono, estamos ao seu lado e podemos comunicar-nos com eles, exatamente como acontecia quando estavam no plano físico.

Não precisamos preocupar-nos com a salvação da nossa alma; antes, como disse, de uma feita, um autor teosófico, talvez estejamos inteiramente afastados da esperança de nossa alma, um dia, poder salvar-nos. Não existe alma para ser salva no sentido comum em que se impregnam as palavras, porque nós mesmos somos a alma; e, além disso, não há nada de que possamos ser salvos, exceto o erro e a ignorância. O corpo nada mais é que um vestido, e, quando se gasta, nós o colocamos de lado." 

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 119)


O PECADO EQUIVALE À IGNORÂNCIA (PARTE FINAL)

"(...) 'E por que a lascívia é um pecado? Porque ela é a falsificação do amor. Porque leva as pessoas na direção oposta à satisfação que há no verdadeiro amor. Este é divino, magnânimo, nunca egoísta.

'O homem lascivo, ao buscar o próprio prazer nos outros, se enfraquece, até mesmo quando se ilude no sentido de que se torna mais forte. Ele se afasta da alegria espiritual, até mesmo quando imagina que encontrou a felicidade por que anseia. No final, o único êxito que obtém é o de criar a desarmonia em si próprio e nos outros.

'A harmonia é o caminho do amor. A desarmonia é o caminho da autoafirmação. A pessoa lasciva perde a saúde, a paz de espírito e a própria oportunidade que imaginou ter encontrado no sentido de vir a se realizar. Ela se torna cada vez mais cansada e nervosa, envelhece precocemente, tudo isso porque essa pessoa negou o amor divino, a fonte de bem-estar verdadeiro e duradouro.

'E as mesmas coisas acontecem com respeito a todos os tipos de pecado. O pecado é uma negação da natureza mais profunda da própria pessoa - daquela Vida Infinita que é a realidade que está por trás de todos os seres vivos.'"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 61/62)