OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 31 de outubro de 2017

O MEDO É A NÃO ACEITAÇÃO DO QUE EXISTE

"O medo encontra várias fugas. O que mais varia é a identificação, não é? A identificação com o país, com a sociedade, com uma ideia. Você já percebeu como reage quando vê um desfile militar ou uma procissão religiosa, ou quando o país está correndo o risco de ser invadido? Você se identifica com o país, com um ser, com uma ideologia. Há outras ocasiões em que você se identifica com seu filho, com seu cônjuge, com uma forma particular de ação ou inação. A identificação é um processo de autoesquecimento. Enquanto estou consciente do 'eu', sei que há sofrimento, luta, medo constante. Mas se consigo me identificar com algo maior, com algo que valha a pena, com a beleza, com a vida, com a verdade, com a crença, com o conhecimento, ainda que temporariamente, há uma fuga do 'eu', não há? Se falo sobre o 'meu país', esqueço de mim temporariamente, não é? Se consigo dizer algo sobre Deus, esqueço de mim. Se consigo me identificar com minha família, um grupo, determinado partido, determinada ideologia, então há uma fuga temporária. 

Agora sabemos o que é o medo? Ele não é a aceitação do que existe? Precisamos entender a palavra aceitação. Ela não significa o esforço realizado para aceitar. A aceitação não ocorre quando percebo o que existe. Quando não enxergo claramente o que existe, então estabeleço o processo da aceitação. Por isso, o medo é a não aceitação do que existe."

(Krishnamjurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 107


domingo, 29 de outubro de 2017

OS ARTISTAS DO DESTINO (PARTE FINAL)

"(...) O termo 'autorresponsabilidade' implica a necessidade de entender o significado de responsabilidade, eu e ego. Responsabilidade significa dever, compromisso, capacidade de conduta racional. Na literatura teosófica, a personalidade é frequentemente chamada de 'eu', e a individualidade, de 'ego'. Podemos diver que a refinada arte de autorresponsabilidade envolve vários aspectos:
  • possuir uma visão ou intuição daquilo que podemos nos tornar;
  • ser sensível a essa visão;
  • perceber as ferramentas do 'eu' com as quais temos que trabalhar; 
  • examinar nossas várias tendências;
  • suavizar essas tendências, de modo que as cores sutis de nossa verdadeira natureza posssam assumir forma.
 Esse processo deve pavimentar o caminho para as nossas ações, que vão se tornando cada vez mais equilibradas e cuidadosas, refletindo nosso dever ou missão de vida individual, de modo que nos tornemos conscientes e plenamente responsáveis por nossas ações.

Se tivéssemos total responsabilidade por nossas ações, não deveríamos nos encolerizar com o karma, nem nos irritar com as circunstâncias com que nos defrontamos. Existe um fenômeno que pode ser descrito como 'fenda', um hiato entre entender intelectualmente ensinamentos como o karma e de fato fundi-los em nosso ser. No livro A Voz do Silêncio (Ed. Teosófica), de Helena Petrona Blavatsky, os termos contrastantes 'aprendizagem intelectual' e 'sabedoria da alma' também se referem a esse hiato, que às vez pode parecer um abismo.

Como artistas do nosso próprio desabrochar, nossa primeira tarefa é ver o que realmente está aqui, identificar as ferramentas com que temos que trabalhar. Isso requer um exame da nossa personalidade que pode ser desconfortável. Nesse processo, os aspectos do eu pessoal que não são úteis se tornam aparentes, assim como os aspectos que não precisam ser mantidos por longo tempo." 

(Linda Oliveira - Os artistas do destino - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 13)

sábado, 28 de outubro de 2017

OS ARTISTAS DO DESTINO (1ª PARTE)

"Frequentemente descrevemos nossa vida em termos de habilidades, realizações, carreira, família, lazer, preocupações, compromissos, etc. Nós nos tornamos especialistas em dividir o tempo em compartimentos, mas é triste ver que a atenção dispensada ao lado espiritual frequentemente está em último lugar entre as tantas áreas que compõem a jornada passageira que conhecemos como vida.

É possível abordar a vida de uma maneira mais holística, integrando nossas várias experiências e incluindo as espirituais, de modo que haja uma consistência de respostas que não seja determinada pelo 'chapéu' que por acaso estejamos usando numa determinada situação. Em outras palavras, podemos agir a partir de quem verdadeiramente somos, e não de acordo com os ditames das circunstâncias. Podemos usar a metáfora da pessoa como um artista, que pode revelar seu eu interior mais íntimo, e no entanto mais universal.

Muitas pessoas acham que não têm habilidades artísticas. Porém, cada um de nós é um artista, mesmo sem saber - um artista do nosso próprio desenvolvimento e destino. Para ser um pintor é preciso treinar e desenvolver habilidades básicas com pincéis e tintas; são necessários telas, palhetas de tinta, cavaletes para sustentar as telas. Porém, há muito mais coisas envolvidas, pois o artista tem algum tipo de visão daquilo a que dará vida na tela, cujo esboço pode ser feito de antemão. É provável que essa visão seja refinada no processo resultante. As mais sutis sensibilidades do artista precisam ser despertadas para dar à luz a criação incipiente. (...)"

(Linda Oliveira - Os artistas do destino - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 13)

terça-feira, 17 de outubro de 2017

O PENSADOR PRECISA ENTENDER A SI MESMO (2ª PARTE)

"(...) Os pensamentos são o próprio pensador; eles não estão separados. O pensador se separou dos pensamentos para se proteger; assim, pode modificar os pensamentos de acordo com as circunstâncias, mantendo-se afastado. Esse é um dos truques da mente: separar o pensador dos pensamentos para se dedicar a transformá-los.

Tudo isso é um engano, uma ilusão, um jeito esperto do pensador se proteger, como que para assegurar sua própria permanência, enquanto os pensamentos são impermanentes. Assim, o ego se perpetua. Mas o 'eu' não é permanente, seja o eu inferior ou o eu superior. Ambos ainda estão dentro do campo da memória e do tempo.

A razão para dar tanta importância à psicologia é o fato da mente ser a causa de todas as ações. Sem compreender isso, não há sentido em fazer reformas, desperdiçar o tempo, pôr ordem em ações superficiais. Temos agido assim por muitas gerações, mas só produzimos confusão, loucura e miséria no mundo. 

Por isso, temos que ir até a raiz de todos os problemas da existência e da consciência: o eu, o pensador. Sem compreender o pensador e suas atividades, reformas sociais superficiais não têm significado - não para o homem verdadeiramente sério e zeloso. É importante que cada um de nós descubra isso - seja no plano superficial, no exterior, ou no plano fundamental e interno. (...)"

(J. Krishnamurti - O pensador precisa entender a si mesmo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 24/25)


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O PENSADOR PRECISA ENTENDER A SI MESMO (1ª PARTE)

"Certa vez me perguntaram por que meus ensinamentos são unicamente psicológicos, centrados na mente e seus afazeres, sem nenhuma teologia, ética, estética, sociologia ou ciência política. Isso acontece por uma razão muito simples. Se o pensador pode compreender a si mesmo, todos os problemas estão resolvidos. Ele é a criação e a realidade; tudo o que ele fizer será social.

A virtude não é um fim em si. Ela traz a liberdade, mas só pode existir liberdade se o pensador, que é a mente, deixar de existir. É por isso que temos que compreender os processos da mente, o ego, o eu e os desejos que criam o ego - minha propriedade, minha esposa, minhas ideias, meu Deus.

O pensador é confuso; por isso, suas ações são confusas. É também por isso que ele busca a realidade, a ordem e a paz. Por ser confuso e ignorante, ele quer o conhecimento; por estar cheio de contradições e conflitos, ele procura uma ética que o controle, guie e apoie.

Se eu, o pensador, puder compreender a mim mesmo, os problemas estarão resolvidos. Não serei antissocial; não explorarei os pobres para ser rico; não vou querer coisas e mais coisas, alimentando o conflito entre os que têm e os que não têm nada. Não pertencerei a uma casta, classe ou nacionalidade, porque não haverá separação entre os homens. Poderemos amar uns aos outros e sermos gentis.

Portanto, o que é importante não é a cosmologia a teologia ou a sociologia, mas compreender a mim mesmo: compreender o pensador. Mas será que o pensador é diferente de seus pensamentos? Se os pensamentos acabam, existe o pensador? A qualidade de pensar pode ser removida do pensador? Se ela for removida, o ego do pensador continuará a existir? (...)"

(J. Krishnamurti - O pensador precisa entender a si mesmo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 24)


sábado, 23 de setembro de 2017

A MUDANÇA NO CORPO EMOCIONAL (PARTE FINAL)

"(...) Em verdade, isso torna-se muito diverso quando o verdadeiro Ser determina quais sentimentos devem se manifestar e conscientemente deixa fluir essas elevadas emoções através do corpo astral. Em vez de o agitarem flutuantes e nebulosas emoções que mudam a cada momento, será um corpo radiante, que emite firmemente as emoções determinadas pelo Ego e que palpita ritmicamente sob os impulsos interiores.

Também à visão clarividente, muito diferente se torna assim o corpo emocional: em vez de turvas manchas de cor, nossas emoções se mostram claramente definidas e concentricamente ordenadas, irradiando vigorosamente do centro do corpo emocional. Dessa forma, nesse corpo se opera mudança análoga à efetuada no físico.

Nesse caso cabe ainda comparar a mudança operada à que se observa numa massa de limalha de ferro quando submetida à influência de um campo magnético. No corpo emocional modificado há uma vontade central, dominante e diretora, e consequentemente ele agora é vitalizado e definido pela Vontade interior. Já é nosso servo, e nenhuma agitação, emoção ou incitação vindas  do exterior poderão despertar-lhe sentimentos ou desejos que já não consentimos. Já não é mais parte integrante do mundo astral circundante, mas apartou-se dele para se harmonizar com o Ser interno. Mudou a polaridade; é agora energizado a partir do interior, e irradia incessantemente emoções superiores em auxílio ao mundo. 

Ao efetuar essa mudança no corpo emocional, teremos cumprido outra etapa na superação daquela dualidade entre o Eu superior e o eu inferior, a qual tanto nos atribulou no passado e que provinha de nossa ignorância em consentir que uma parte de nossa consciência fosse dominada pelos corpos. Retiramos o centro de consciência do corpo astral ao submetê-lo ao Ser interno; desembaraçamos, por assim dizer, a consciência do corpo em que estava enredada, e a conduzimos um passo mais próximo ao mundo a que pertence, ao mantermos assim o corpo astral vitalizado a partir do interior, mantendo-o nosso servo."

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 27/28)


sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A MUDANÇA NO CORPO EMOCIONAL (1ª PARTE)

"Quando mudamos nossa atitude a respeito do corpo físico, lhe retiramos o centro da consciência. É claro que não a retiramos inteiramente, porque senão ficaríamos adormecidos ou em estado de transe. Mas já não a temos no corpo físico; mantemos nossa consciência a um nível superior e atuamos por meio do corpo físico, o que é muito diferente.

Depois de assim proceder, temos que promover a mesma mudança realizada, com relação ao corpo físico, em nosso corpo astral ou emocional⁷. Novamente encontramos a mesma dificuldade. Geralmente consentimos que nosso corpo emocional pertença ao mundo emocional; permitimos que esse mundo defina nosso corpo emocional, e deixamos que desejos e emoções sejam formados em nosso corpo emocional por influências externas. Por certo, nem sempre somos conscientes disso, pois ainda não fazemos distinção entre o 'eu' e o 'não eu', com referência ao que chamamos mundos 'interiores' - o mundo das emoções e o mundo dos pensamentos - e, em consequência, nos parece que as emoções e pensamentos 'surgem de nosso interior', quando, em realidade, provêm de fora, ou pelo menos os excita o mundo exterior.

Visto pela clarividência, o resultado é que o corpo emocional oferece diversas manchas de cor irregularmente distribuídas, que se alteram facilmente por ação de influências externas. Devemos perceber nosso corpo emocional e considerá-lo como nosso veículo no mundo astral. Temos de submetê-lo firmemente ao domínio do Ego e efetuar nele a mesma mudança que levamos a cabo no corpo físico. Temos de vitalizar o corpo emocional a partir do interior, e enviar através dele as emoções que nos determinamos a ter.

Procuremos experimentar essa mudança em nós mesmos. Tentemos perceber nosso corpo astral livre do todos aqueles desejos mesquinhos e daquelas emoções que são tão perturbadoras, e determinemos quais as emoções que nós próprios - o Ser divino - havemos de consentir nesse corpo. Sintamos essas emoções e as irradiemos consientemente. Inicialmente, sintamos amor; não o amor que deseja possuir, mas o amor que se expande livremente a todos os seres e a todas as coisas. Depois, sintamos devoção - devoção pelo Mestre, pela magna Obra, pelo mais elevado que possamos conceber - e enchamos nosso corpo emocional dessa devoção. Ainda, compadeçamo-nos dos que sofrem; sintamos que nosso coração transborda de piedade por quantos sofrem no vasto mundo. E, finalmente, busquemos aspiração espiritual; sintamos-nos intensamente inspirados pelo superior, e percebamos a verdadeira espiritualidade irradiando de nosso corpo emocional. (...)"

Corpo emocional ou astral é o veículo de nossos bons ou maus sentimentos, como o corpo físico o é de nossas boas ou más ações, e o corpo mental, de nossos bons ou maus pensamentos. Assim como podemos e devemos disciplinar o corpo físico para a prática exclusiva de boas ações e aquisição de bons hábitos e costumes, também podemos e devemos disciplinar nossos corpos emocional e mental para que só alimentem e exteriorizem elevados sentimentos e pensamentos. (N. T.)

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 25/27)


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

TODOS OS PROBLEMAS SÃO ILUSÕES DA MENTE

"FOCALIZE SUA ATENÇÃO no Agora e verifique quais são os seus problemas neste exato momento. Não estou obtendo uma resposta porque é impossível termos problemas quando toda a nossa atenção está inteira no Agora. Pode ser que haja uma ou outra situação que você precise resolver ou aceitar. Por que transformar isso em problema?

A mente, inconscientemente, adora problemas porque eles podem ser de vários tipos. Isso é normal e doentio. A palavra 'problema' significa que estamos lidando mentalmente com uma situação sem que exista um propósito real ou uma possibilidade de agir no momento, e também que estamos inconscientemente fazendo dela uma parte do nosso sentido de eu interior. Ficamos tão sobrecarregados pela nossa situação de vida que perdemos o sentido da vida, ou do Ser. Ou então vamos carregando na mente o peso insano de uma centena de coisas que iremos ou poderemos ter de fazer no futuro, em vez de focalizarmos a atenção sobre uma coisa que podemos fazer agora.

QUANDO CRIAMOS UM problema, criamos sofrimento. Por isso, é preciso tomar uma decisão simples: não importa o que aconteça, não vou criar mais sofrimento nem problemas para mim.

É uma escolha simples, mas radical. Ninguém faz uma escolha dessas a menos que esteja verdadeiramente sufocado pelo sofrimento. E não se consegue levar esse tipo de decisão adiante a não ser acessando o poder do Agora. Se não criar mais sofrimento para si mesmo, você não criará também para aos outros. Deixará, assim, de contaminar nosso lindo planeta, seu próprio espaço interior e a psique humana coletiva com a negatividade da criação de problemas.

Caso apareça uma situação com a qual você precise lidar agora, sua ação vai ser clara e objetiva, se conseguir perceber o momento presente. Tem muito mais chances de dar certo. Não será uma reação vinda do condicionamento da sua mente no passado, mas uma resposta intuitiva à situação. Em situações em que a mente condicionada pelo tempo teria reagido, você vai achar mais eficaz não fazer nada. Fique só centrado no Agora."

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2016 - p. 38/40)


sábado, 16 de setembro de 2017

QUEM SOU EU?

"(4:27) Alguns, guiados pelo discernimento, oferecem as atividades de seus sentidos e a energia nelas contida ao fogo do autocontrole. (Perguntam a si mesmos: 'Quem está vendo? Quem está ouvindo? Que força me motiva a experimentar essas sensações?')

O método de oferecer a consciência egóica à expansão cósmica acaba por suscitar a pergunta: 'Quem sou eu?' Primeiro, a pessoa quer saber: 'Quem está comendo?', 'Quem anda quando meu corpo se desloca?', 'Quem, de fato, respira?', 'Quem pensa?', 'Quem reage com pensamentos positivos ou negativos?', Quem está fazendo estas perguntas?'

E, rematando tantas indagações, de novo: 'Quem sou eu?'

Essa é a abordagem do Gyana Yoga (o caminho do discernimento), que todos deveriam adotar em sua sadhana (prática espiritual). Examine-se enquanto come, anda, respira, conversa, pensa. Faça um esforço mental para distanciar-se de seu corpo e mente. Torne-se o observador silencioso de seu próprio eu. Aos poucos, irá se sentir interiormente desapegado e aceitará seu ser como uma outra realidade: a alma divina que apenas sonha tudo aquilo que acontece fora dela."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 199


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O GUIA SÁBIO (PARTE FINAL)

"(...) Tertön Sogyal, o místico tibetano, disse que não se impressionava com alguém que pudesse dar uma volta pelo teto, ou que acendesse fogo na água. Milagre de verdade, dizia ela, era alguém se libertar de uma emoção negativa.

Mais e mais, então, em lugar da tagarelice estridente e fragmentada que o ego tem murmurado junto a você ao longo da sua vida, você se verá ouvindo em sua mente a clara orientação dos ensinamentos, que inspiram, advertem, guiam e dirigem você a cada instante. Quanto mais ouvir, mais orientação receberá. Se seguir a voz do seu guia sábio, a voz da sua sabedoria discriminativa, e deixar o ego em silêncio, você experimentará a presença da sabedoria, da alegria e da felicidade que você realmente tem. Começa em você uma vida nova, profundamente diferente daquela em que se mascarava com seu ego. E quando a morte vier, já terá aprendido em vida como controlar aquelas emoções e pensamentos que nos estados da morte, os bardos, tornar-se-iam uma realidade esmagadora.

Quando sua amnésia sobre sua identidade começar a ser curada, entenderá afinal que o dak dzin - apego ao eu - é a causa-raiz de todo seu sofrimento. Você entenderá, finalmente, quanto mal ela fez a você a os outros e perceberá que a coisa mais nobre e mais sábia a fazer é proteger e acarinhar os demais, em vez de a si próprio. Isso trará cura ao seu coração, cura para sua mente e cura para seu espírito.

É importante lembrar sempre que o princípio da ausência de ego não quer dizer que havia um ego no começo e os budistas o afugentaram. Ao contrário, isso de fato significa que não havia ego algum desde o começo. Compreender isso é o que se chama 'ausência de ego'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 164

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A RELIGIÃO DA BELEZA (1ª PARTE)

"A vida é beleza. A beleza está em todas as formas de vida - na grande folha da bananeira e no formato delicado da samambaia. Tudo na natureza é belo. Quando observados de perto, um pequenino grão de areia, a asa de um inseto, uma labareda, tudo é capaz de arrebatar o coração.

A beleza também está no movimento: o voo dos pássaros, a queda d'água, os majestosos movimentos do elefante, o veado correndo na floresta.

Há beleza, ainda, em toda qualidade especial que distingue um indivíduo dos outros. Há beleza na mente que voa para o céu, examina a criação e alcança a compreensão. Há beleza no silêncio e no som. Portanto, a vida é beleza.

Toda a vida é beleza para os olhos que podem ver. Mas o fato é que nossos olhos não veem. Aquilo que achamos que vemos não é visto pelos olhos, mas pelo eu. O que escutamos não é ouvido pelos ouvidos, mas pelo eu. Não se trata do eu que conhecemos ('eu sou isso', 'eu não sou aquilo'). O eu é o puro objeto, o vidente que não pode ser visto. Ele permite ver, ouvir, conhecer e sentir a beleza.

O eu imortal não é pessoal; não é a imagem que fazemos de nós mesmos. Ele é o vidente, profundo e universal. Ser humano significa responder à beleza das cores e formas, do som, da natureza, ao delicado uso das palavras ou à beleza do pensamento e caráter. Essa resposta é uma qualidade da consciência humana. (...)"

(Radha Burnier - A religião da beleza - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 5)


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O MUNDO DO EGO (1ª PARTE)

"Quando a consciência se liberta dos três corpos em que estava aprisionada, reintegra-se naturalmente ao Ser que realmente é. 

Assim é que temos de restituir ao Ego a consciência; mais ainda, tratar de reconhecer sem sombra de dúvida que somos o Ego, uma Alma divina que estava em exílio. Temos de transferir a consciência para o mundo a que pertence, entrar no mundo que é realmente nosso; então nos reconheceremos como sendo o divino Ser interno, em unidade com o divino de todas as coisas. Daí em diante, já não poderemos mais questionar se somos o Eu Superior ou o eu inferior, nem haverá a exaustiva luta entre os dois polos opostos de nossa natureza, pois já não haverá dois - a consciência aprisionada e exilada se restituiu à consciência original de que se desviou, e novamente o homem é uno; é o divino Ser interno que se vale conscientemente dos três corpos como de seus instrumentos, sem estar subordinado a eles.

Não busquemos reintegrar a consciência ao Ego tão somente em pensamento; não concordemos por mera intelectualidade que somos o Ego. Temos de fazê-lo em realidade: ser o Ego e viver em seu próprio mundo. (...)"

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 35)


quinta-feira, 17 de agosto de 2017

CULTIVE A EQUANIMIDADE EM SUA MENTE

"'A mente do adepto de Yoga deve ser como a chama firme, vertical e imperturbável de uma lamparina protegida pelo vento, dentro de um recinto sem janelas.' Quando quer que o mínimo sinal de instabilidade ocorra, você deve esforçar-se para segurar a mente, e não lhe permitir vagar. Desenvolva a consciência de que você está em tudo e cultive o sentimento de unicidade; sinta que tudo está em você. Conseguindo isso poderá assumir todos os Yogas e ser bem-sucedido em todos. Depois disso, está liberto de todas as distinções como 'eu' e 'os outros' ou Atma⁶⁷ e Paramatam⁶⁸. As alegrias e tristezas que cheguem aos outros tornam-se suas também. 

Se você não tem paciência, sua fúria é inútil. E chega mesmo a lhe ser danosa. Esta sua zanga, que nasce da falta de paciência, faz-lhe crescer a infelicidade. a habilidade de controlar esta espécie da zanga somente virá quando você puder cultivar equanimidade em sua mente.

A corda da mente deve ser fortemente puxada e nunca deixada frouxa. É neste contexto que nos é dito que o caminho direto para atingir a Divindade (Madhava) é controlar a mente. Por dar muita importância a ela e ao nosso corpo - sendo a mente como uma bolha d'água -, nossa vida inteira é tornada infrutífera."

⁶⁷ Atma - a Divina Centelha, o Cristo Cósmico, em nós. 
⁶⁸ Paramatma - o Ser Supremo, o Pai de Cristo.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 178)


quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A ORIGEM DO MEDO (PARTE FINAL)

"(...) Uma vez que não estejamos mais identificados com a mente, não faz a menor diferença para o nosso eu interior estarmos certos ou errados. Assim, a necessidade compulsiva e profundamente inconsciente de termos sempre razão - o que é uma forma de violência - vai desaparecer. Você poderá declarar de modo calmo e firme como se sente ou o que pensa a respeito de algum assunto, mas sem agressividade ou qualquer sentido de defesa. O sentido do eu interior passa a se originar de um lugar profundo e verdadeiro dentro de você, não mais de sua mente.

TENHA CUIDADO COM qualquer tipo de defesa dentro de você. Está se defendendo de quê? De uma identidade ilusória, de uma imagem em sua mente, de uma entidade fictícia. Ao trazer esse padrão à consciência, ao testemunhá-lo, você deixa de se identificar com ele à luz de sua consciência, o padrão de inconsciência irá se desenvolver rapidamente. Esse é o fim de todos os argumentos e jogos de poder, tão prejudiciais aos relacionamentos. O poder sobre os outros é a fraqueza disfarçada de força. O verdadeiro poder é interior e está à sua disposição agora.

A mente procura sempre negar e escapar do Agora. Em outras palavras, quanto mais nos identificamos com as nossas mentes, mais sofremos. Ou ainda, quanto mais respeitamos e aceitamos o Agora, mais nos libertamos da dor, do sofrimento e da mente.

Se não quer gerar mais sofrimento para você e para os outros, se não quer acrescentar mais nada ao resíduo do sofrimento do passado que ainda vive em você, não crie mais tempo, ou, pelo menos, não mais do que o necessário para lidar com os aspectos práticos da sua vida. Como deixar de criar tempo?

TENDO UMA PROFUNDA consciência de que o momento presente é tudo o que você tem. Faça do Agora o foco principal da sua vida. Se antes você se fixava no tempo e fazia rápidas visitas ao Agora, inverta essa lógica, fixando-se no Agora e fazendo visitas rápidas ao passado e ao futuro quando precisar lidar com os aspectos práticos da sua vida. Diga sempre 'sim' ao momento atual."

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 26/28)

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

LIÇÕES A SEREM APRENDIDAS ATRAVÉS DO CONHECIMENTO DO KARMA (PARTE FINAL)

"(...) 7. A Renúncia aos Frutos da Ação. Aqui está a es­sência de toda a filosofia, encerrada numa casca de noz. É a Ação que nos mantém presos à Roda dos Nascimentos, Mortes e Renascimentos, porque Ação é Karma. Não importa que a ação seja física, moral ou mental; ela nos encadeia às esferas de atividades regidas pelo Karma. De­vemos, então, desistir de fazer alguma coisa, por causa disso? Não! Como, então, devemos agir sem deixar que a ação tenha qualquer força repressora sobre nós? Aqui está o segredo, e não há livro no mundo que exponha mais claramente a forma do que 'A Canção do Senhor', ou Bhagavad-Gitã. Ele nos ensina a trabalhar e a agir, ofe­recendo todas as ações ao Senhor Supremo e deixando as consequências para Ele. Se trabalharmos para ter recom­pensas na Terra, sim, mesmo que trabalhemos para ser­mos recompensados no Céu, os frutos amadurecerão onde a semente foi plantada. E a Terra e o Céu nos manterão fora do Nirvana, isto é, fora do que é imensamente maior do que o mais alto Céu — a União com o TODO-EU Su­premo. Céus, Terra e Infernos estão, todos, dentro da Roda da Existência, onde o Karma opera. 'Os que cul­tuam os deuses, vão para os Deuses, mas o que Me cul­tua, habitando em todos os seres, esse virá ter comigo, seja qual for a sua forma de existência' (Bhagavad-Gitã).

'Teu trabalho é só com a ação, nunca com os seus frutos. Portanto, não deixes que o fruto da ação seja o teu motivo, nem sejas ligado à inação' (ib.). 'Produze a ação, ficando em união com o Divino, renunciando a apegos, e equilibrando-te bem no sucesso como no fracasso' (ii, 47-48). 'Agindo sem apego, o homem alcança verdadei­ramente o Supremo' (iii, 19).

'O Eu disciplinado, movendo-se entre os objetos dos sentidos, com os sentidos livres de atração como de repulsão, dominado pelo EU, dirige-se para a Paz' (ii, 64). 'A afeição e a aversão pelos objetos dos sentidos residem nos sentidos. Que homem algum se deixe dominar por esses dois sentimentos, porque eles são seus adversários' (iii, 34).

'O que quer que faças, o que quer que ofereças, o que quer que dês, o que quer que faças com austeridade, faze como uma oferenda a Mim' (ix, 27). Como isto nos faz lembrar as palavras de São Paulo: 'Se, portanto, co­meres ou beberes, ou seja o que for que faças, faze tudo para a glória de Deus' (l Cor., x, 31).(...)

Nessas palavras inspiradas, a Voz do Mestre é ouvi­da, ensinando-nos o segredo da Ação e da Inação. E assim aprendemos quando as ações não têm força conectiva, e fugimos à teia Kármica para nos tornarmos 'unos com a Vida, embora sem viver'."

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 40/41

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

LIÇÕES A SEREM APRENDIDAS ATRAVÉS DO CONHECIMENTO DO KARMA (2ª PARTE)

"(...) 3. A Autoconfiança. Assim como, no passado, fi­zemos de nós o que somos hoje, também pelo que agora fizermos nosso futuro será determinado. O conhecimen­to e a lembrança desse fato e de que a glória do futuro é ilimitada devem, com o tempo, dar-nos grande autocon­fiança, e afastará aquela tendência a apelar para o auxí­lio externo, que, na verdade, em nada auxilia. Thoreau disse: 'Não conheço fato mais encorajador do que a in­discutível capacidade do homem para elevar sua vida, através de um empenho consciente.' E as derradeiras palavras de Buda foram: 'Trabalhai com diligência por vossa salvação!' No Dhammapada diz-se, também, que 'pela própria pessoa o mal é feito, pela própria pessoa vem o sofrimento; pela própria pessoa o mal é anulado, pela própria pessoa vem a purificação. Pureza e impu­reza pertencem à própria pessoa, e ninguém pode puri­ficar outrem'.

4. A Restrição. Naturalmente, se compreendermos que o mal que fazemos se voltará contra nós, saberemos ser muito cuidadosos para não fazer ou dizer coisa algu­ma que não seja boa, pura e verdadeira. O conhecimen­to do Karma evitará que façamos coisas erradas, por amor dos outros como de nós próprios. Fiscalizemos os pensa­mentos; o pecado é feito por um pensamento positivo, mesmo que esse pensamento não seja levado à ação, por­que os pensamentos são tão reais no mundo mental co­mo as ações o são no mundo material. Jesus disse: 'Quem olhar para uma mulher com o desejo de luxúria, já co­mete adultério com ela, em seu coração.' (Mat., v, 28.) O envio constante de bons pensamentos para outros é de importância muito grande, fazendo-se a melhor das ora­ções — mas ponhamos intenção, energia e vontade neles. Outra coisa a ser aprendida é que devemos combater todo pensamento errado que nos vier à mente, através do po­der do Eu Superior.

5. A Responsabilidade. O fato de haver unidade es­piritual na Raça Humana, já que ela, em sua raiz, é uma apenas, traz, também, o fato da nossa responsabilidade uns para com os outros. No início do Capítulo XIII, dis­semos o quanto somos interdependentes uns dos outros, e como se torna dever nosso, para com a Humanidade em geral, abandonar o Mal e praticar o Bem.

6. O Poder. Quanto mais fizermos da Doutrina do Karma uma parte de nossas vidas, mais poder ganhare­mos, não só para dominar o Mal, mas para dirigir, em grande extensão, o nosso futuro, e ajudar com maior efi­cácia o nosso próximo. Isso se dá porque, tornando-nos autoconfiantes, atraímos força do Eu Superior interno. Por aquele Ser Divino interno nossa vida deve ser guiada e, com a Sua força, dominamos as limitações, destruí­mos os grilhões que nos mantêm fora do Nirvana, e nos tornamos Auxiliares Conscientes da Humanidade. (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 39/40)

sexta-feira, 28 de julho de 2017

COMO SUPERAR O EGOCENTRISMO (1ª PARTE)

"Durante uma palestra, Krishnamurti observou que a plateia estava desatenta e perguntou: 'Em que vocês estão interessados?' A conclusão foi que cada pessoa estava interessada em si mesma. Com poucas excessões, todos tendem, consciente ou inconscientemente, a ser egocêntricos, ou seja, a imaginar-se no centro. Mesmo ao imaginar uma bela paisagem, nós a vemos a partir do nosso ponto de vista e nos colocamos no centro.

Podemos dizer que essa tendência é simplesmente humana. Mas uma criancinha ainda não tem um sentimento definido do 'eu'. Ela às vezes fala de si mesma na terceira pessoa: 'Ana está com sede.' Com o tempo ela desenvolve o sentimento do 'eu'. Será que aprende com os pais ou com o ambiente? Ou esse sentimento será inato?

De qualquer forma, podemos ver facilmente as razões psicológicas dessa tendência. Nós nos colocamos no centro para nos proteger e nos autoafirmar. Temos medo de ser magoados ou desaparecer no anonimato. Esse medo significa que percebemos as pessoas e coisas de acordo com a nossa imaginação; imaginamos que elas podem nos magoar ou nos ignorar. O medo surge da noção de que há pessoas que não são 'nós', que estão separadas de nós.

Certamente é o caso no nível físico. Temos um corpo físico definido e aparentemente sólido. Sabemos que ele continuamente troca partículas atômicas com o ambiente, mas como não vemos isso acontecer, não conseguimos realmente acreditar. Estamos sujeitos à ilusão que nos leva a cuidar do corpo, a providenciar alimento, teto etc, se tivermos que permanecer no plano físico. Fisicamente percebemos que somos entes separados do ambiente; somos obrigados a colocar nosso corpo no centro para cuidar dele.(...)"

(Mary Anderson - Como superar o egocentrismo - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 38)


quinta-feira, 13 de julho de 2017

A RAIZ DE TODO O MEDO

"O anseio de se tornar causa medo. Ser, alcançar e depender também geram medo. O estado de ausência de medo não é a negação, não é o oposto do medo nem é coragem. Quando se entende a causa do medo, ele cessa. Não se trata de tornar-se corajoso, porque em tudo o que se torna há a semente do medo. A dependência de coisas, de pessoas ou de ideias gera medo. A dependência nasce da ignorância, da ausência de autoconhecimento, da pobreza interior. O medo causa incerteza na mente e no coração, impedindo a comunicação e o entendimento.

Mediante a autoconsciência começamos a descobrir e, assim, a compreender a causa do medo, não apenas a superficial, mas os profundos medos causais e acumulativos. O medo pode ser tanto inato quanto adquirido, está relacionado ao passado, e para libertar dele o pensamento-sentimento, o passado deve ser compreendido por meio do presente. O passado está sempre querendo dar origem ao presente, tornando-se a memória identificadora do 'eu' e do 'meu'. O self é a raiz de todos os medos."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 110)


terça-feira, 11 de julho de 2017

EVOLUÇÃO VERSUS INVOLUÇÃO

"Quando Deus viu que havia projetado os elementos da criação para fora de Si mesmo - das formas mais sutis às mais grosseiras -, o processo de involução entrou em funcionamento. Do ponto de vista do assunto de hoje, pense na evolução como o que viaja para longe de Deus, e na involução como o que volta para Ele. Para cada processo de evolução há um processo de involução. Quando os pensamentos criadores de Deus assumiram uma forma mais densa na matéria, teve início a involução, que está ocorrendo o tempo todo. A consciência onírica divina se manifesta primeiro nas pedras ou minerais inertes. Depois começa a vibrar na sensibilidade das plantas, mas não possui autoconsciência. E depois vêm todas as formas de vida sensiente do reino animal. A consciência e a vitalidade inata, então, encontram expressão no homem, com o seu poder inteligente superior de pensar e discernir. E finalmente a superconsciência divina se reflete plenamente no super-homem. Assim, a criação realmente se afasta de Deus e depois volta para Ele. Deus dará salvação não apenas ao homem mas também aos planetas, à Terra, às estrelas - a todos os que trabalham tão arduamente há bilhões de anos fornecendo os cenários para o drama cósmico onírico.

Voltar a Deus pelo processo involutivo da Natureza é um processo muito longo. Um dia, o homem de discernimento pergunta: 'Por que esperar milhões de anos antes de poder voltar para Deus?' Ele raciocina que, primeiramente, não pediu para ser criado - que Deus o criou sem pedir sua permissão e portanto o Próprio Deus devia libertá-lo. E se recusa a esperar mais. Quando chega este desejo o ser humano deu o primeiro e definitivo passo para voltar a Deus.

Quando você realmente quer ser libertado do sonho terreno, não há poder que possa impedi-lo de alcançar a libertação. Nunca duvide disto! Sua salvação não precisa ser alcançada - já é sua, pois você é feito à imagem de Deus; mas é preciso saber disso. Você esqueceu. O cervo almiscareiro busca desesperadamente o perfumado almíscar em todos os lugares. Nessa busca frenética, ele descuidadamente escorrega para a morte nas encostas das altas montanhas. Se o tolo cervo virasse o nariz para a bolsa de almíscar que está dentro de si mesmo, encontraria o que buscava. Da mesma forma, só precisamos interiorizar e encontrar a salvação na percepção de que a alma, nosso verdadeiro Eu, é feita à imagem de Deus."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 57/58)


quarta-feira, 5 de julho de 2017

É POSSÍVEL DAR FIM À VIOLÊNCIA?

"Quando você fala sobre violência, o que entende por ela? Trata-se de uma pergunta bem interessante: é possível um ser humano, vivendo neste mundo, cessar totalmente de ser violento? A sociedade e as comunidades religiosas têm tentado não matar animais. Algumas até dizem: 'Se você não quer matar animais, o que dizer sobre os vegetais?'. Você pode levar isso a tal extensão que cessaria de existir. Onde você traça o limite? Existe uma linha arbitrária de acordo com o seu ideal, sua fantasia, sua norma, seu temperamento, seu condicionamento, sobre a qual você diz: 'Vou até lá, mas não além'? Há uma diferença entre a raiva individual e o ódio organizado de uma sociedade que cria e constrói um exército para destruir outra? Onde, em que nível e que fragmento de violência você está discutindo? Ou você quer discutir se o homem pode ser isento de total violência, não apenas de um fragmento que se chama de violência?

Sabemos que a violência não tem expressão em palavras, em frases, na prática. De que maneira começo a abordar essa violência, considerando-se que o ser humano ainda possui um lado animal muito forte? Começa pela parte periférica (a sociedade) ou pelo centro (eu)? Você me diz para não ser violento, porque a violência é feia. Você me explica todas as razões, e eu percebo que a violência é uma coisa terrível nos seres humanos, externa e internamento. É possível dar fim a ela?"


(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 202