OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O CAMINHO DA VONTADE (PARTE FINAL)

"(...) O homem da vontade treinou-se em muitas vidas de guerra sobre a terra, mas agora as batalhas são em outro campo e aprende a conquistar outros mundos. Ele é como um Alexandre, nunca satisfeito, mas sempre ansiando por estender as fronteiras de seu reino, não externamente, mas internamente, onde os domínios infinitos do mundo espiritual chamam com voz irresistível o aventureiro e explorador em sua alma. Não procura mais fincar a bandeira de uma só nação sobre as cidadelas que vai conquistar, ou nas terras ignotas que vai descobrir; a bandeira que ele desfralda é gravada com uma só palavra. Esta palavra é VONTADE, e significa o poder do Rei que o mandou e a quem serve. Sob esta bandeira ele luta, explora e procura grandes aventuras. Ele subjuga o mundo do mal, ele o preenche com romance, e abre caminhos por terras desconhecidas, para que os mais fracos possam passar. Onde quer que esteja, comanda; onde quer que vá, lidera; onde quer que lute, conquista, pois dentro de si reside um poder que não é seu, mas do qual é cada vez mais uma perfeita encarnação. No coração do conflito, na exaustão a que tantos labores reduzem seu corpo e mente, aquele poder o reergue, até que os homens o reconheçam invencível. Para aquela vontade ele é, porém, apenas um instrumento, obediente como seu corpo o é em relação à sua mente. 

Sua hora usualmente chega quando depõe suas armas, quando seus camaradas e seguidores de muitas vidas de façanhas e gloriosas conquistas aprendem a não reconhecê-lo mais como seu capitão e líder de um exército guerreiro; pois ele será chamado pela paz, e muitas recompensas o aguardam naquela Cidade onde o Rei, a quem serviu durante séculos, o coroará com a coroa de seu próprio reinado, e lhe transmitirá o comando absoluto sobre as terras e povos que fez seus. Então ele poderá vir a seu povo como sábio conselheiro, como pai, como um embaixador de seu Rei; todas as almas que o amaram e seguiram através de muitas guerras, em muitas vidas, o terão agora como salvador e rei; eles também o servirão, assim como ele tem servido ao Rei; e ele as conduzirá ao longo daquela estrada que ele passou, até que eles também sejam coroados, e na coroação conheçam o esplendor e o poder da vontade única e irresistível. 

Assim o homem da vontade cumpre seu destino. Ela se torna um rei no poder do Rei único, um embaixador daquele Um que ele agora conhece em si mesmo. Vontade é o poder que ele derrama, vontade é a bênção que distribui, pois agora ele acende dentro das almas de todos os seus súditos a chama da mesma vontade irresistível da qual ele é uma parte. Com seu toque, os homens sentem sua chama arder em si mesmos; assim ele lhes concede a primeira visão da divindade dentro de si mesmos, a primeira visão do esplendor que é sua missão revelar. Ele atiça estas centelhas até que se tornem labaredas, até que todas as pessoas de seu reino incandesçam com o mesmo fogo que o despertou ao longo da estrada; eles aprendem a incinerar todos os obstáculos pela ígnea intensidade de sua vontade, até que um dia, por sua vez, e aos milhões, aprendam a governar e derramar sobre o mundo a bênção daquela Onipotência cujos sacerdotes ter-se-ão tornado. 

Assim, ao longo das eras, o fogo da Vontade vai passando, da poderosa Chama que ilumina o universo, através dos fogos vivos que os homens chamam de sóis, que dão vida, luz e poder a sistema após sistema, através do grande Doador de Vida de cada planeta, seu senhor e governante absoluto, através dos reis espirituais que O servem, os poderosos Senhores da Vontade, seus regentes e agentes, e através deles a seus seguidores, o povo do mundo, e mais adiante ainda, aos animais e formas de vida inferiores. 

Erguei-vos então, homens da Vontade; deixai de ser renegados; voltai aos postos que tendes abandonado e ao serviço daquela estupenda hierarquia de reis, no conhecimento certo de que um dia vós mesmos obtereis o poder de comandar a vasta armada que é vós próprios; até aquele dia em que sejais, vós mesmos, coroados monarcas de algum mundo futuro e sejais chamados de Sol, aquele dia em que tomareis assento entre os rodopiantes sistemas estelares como regentes e governadores de um inteiro Universo." 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



terça-feira, 21 de novembro de 2017

A PERCEPÇÃO DA UNIDADE

"Como lhe será possível ir além? Vida após vida, ele aprendeu a identificar-se com o homem; vida após vida, aprendeu a responder a todo grito de dor. Pode, agora que é livre, prosseguir e deixar os outros acorrentados? Pode entrar na bem-aventurança deixando o mundo no sofrimento? Ele, a quem chamamos Mahatma, é a Alma liberta que tem o direito de prosseguir mas, em nome do Amor, regressa trazendo seu conhecimento para remediar a ignorância, sua pureza para absolver a infâmia, sua luz para afugentar a escuridão; aceita novamente o peso da matéria até que toda a humanidade seja libertada, e então prosseguirá, não sozinho, porém como o pai de uma grande família, levando com ele a humanidade para compartilhar do mesmo fim e da mesma bem-aventurança no Nirvana.

Esse é o Mahatma. Vidas sucessivas de esforço coroadas com a suprema renúncia; perfeição obtida através da luta e do trabalho, e depois o regresso para ajudar aos outros a chegarem onde ele chegou. Sua mão está pronta para ajudar a toda Alma que lhe estende as mãos à procura de ajuda. Seu coração responde à súplica de todo irmão que peça sua orientação; e eles estão lá, esperando o momento em que desejemos ser ensinados, dando-lhes a oportunidade de obter o Nirvana, ao qual renunciaram."

(Annie Besant - Os Mestres - p. 28/29)
Fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


segunda-feira, 2 de outubro de 2017

RELAÇÕES E ISOLAMENTO (PARTE FINAL)

"(...) O processo de isolamento está ligado à busca de poder. Quer estejamos buscando o poder individualmente, quer para um grupo racial ou nacional, haverá isolamento, porque o próprio desejo de poder, de posição, é separatismo. Afinal, é isso o que cada um deseja, não é verdade? Cada um quer ocupar uma posição poderosa, uma posição de domínio, seja no lar, seja no escritório, seja num regime burocrático. Procura cada um o poder e nessa busca de poder fundará uma sociedade baseada no poder - militar, industrial, econômico, etc. - o que também é evidente. O desejo de poder não é, por sua própria natureza, causador de isolamento? Julgo muito importante compreender isso, porque o homem que deseja um mundo pacífico, um mundo em que não haja guerras, não haja destruição e miséria, em escala aterradora, imensurável, deve compreender esta questão fundamental. Um homem afetuoso, benevolente, não tem espírito de poderio e portanto não está ligado a nacionalidade nem a bandeira alguma. Esse homem não tem bandeira. 

Não há coisa tal como viver no isolamento; nenhum país, nenhum povo, nenhum indivíduo pode viver no isolamento. Entretanto, porque estais em busca de poder, de tantas maneiras diferentes, criais o isolamento. O nacionalista é uma praga, porque, com seu espírito nacionalista, patriótico, está construindo uma muralha de isolamento. Tão identificado está com seus país, que ergue uma muralha contra outro país. Que acontece quando construís uma muralha contra alguma coisa? Essa coisa fica a chocar-se constantemente contra vossa muralha. Quando resistis a uma coisa, essa própria resistência indica que estais em conflito com ela. O nacionalismo, por consequência, que é um processo de isolamento, que é um resultado da busca de poder, não pode trazer paz ao mundo. O homem que é nacionalista e fala de fraternidade, está mentindo, está vivendo em estado de contradição. 

Pode-se viver no mundo sem o desejo de poder, de posição, de autoridade? Pode-se, é claro. Vivemos assim quando não nos identificamos com uma coisa 'maior'. Esta identificação com uma coisa 'maior' - o partido, a pátria, a raça, a religião, Deus é busca de poder. Porque vós mesmos sois vazios, embotados, sois fracos, gostais de identificar-vos com uma coisa maior. Esse desejo de identificação com uma coisa maior é desejo de poder. 

As relações são um processo de autorrevelação e se, desconhecendo a nós mesmos, desconhecendo as tendências da nossa mente e do nosso coração, procuramos apenas estabelecer uma ordem externa, um sistema, uma fórmula engenhosa, o que estabelecermos terá muito pouca significação. O importante é que compreendamos a nós mesmos em relação com outros. As relações se tornam, assim, não um processo de isolamento, mas um processo no qual descobrimos nossos próprios 'motivos', nossos próprios pensamentos, nossos próprios desígnios; e esta descoberta é o começo da libertação, o começo da transformação."

(J. Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 91/92)
http://www.pensamento-cultrix.com.br/


sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O ADEPTO E O DISCÍPULO (PARTE FINAL)

"(...) O real adepto é completamente diferente. Ele vive num outro tipo de mundo, onde as satisfações materiais ou psicológias não são relevantes. Seu mundo, porém, não é geograficamente diferente do nosso, não é preciso ir ao Himalaia ou ao Tibete para encontrar um instrutor espiritual. É o mundo da sua consciência que é diferente, porque está completamente livre do eu. É um mundo de unidade, pureza, sabedoria e amor.

Um adepto escreveu: 'a porta está sempre aberta ao homem certo que bate.' Essa porta não leva a mais satisfações mundanas. Não há riquezas do outro lado, nem cargos ou posições a ocupar. Por essa porta não podemos fugir das dificuldades e tensões, porque elas são criadas por nós mesmos; nós geramos as forças que produzem as condições difíceis.

Bater na porta, portanto, não é tão fácil, porque requer ardor verdadeiro. Damos pouca atenção ao ditado 'não se pode servir a Deus e ao diabo ao mesmo tempo'. Não podemos nos agarrar a este mundo e esperar entrar no mundo dos adeptos, nem estar ora neste, ora naquele mundo. Bater é desejar aprender, ter entusiasmo, ansiar por sabedoria. O discípulo deve refletir, por exemplo, sobre os sofrimentos que surgem quando não conseguimos ser pacíficos; após ponderar sobre esta e outras questões profundas, deve ter entendido, pelo menos até certo ponto, que valores são reais e quais são falsos.

Não é o instrutor, portanto, quem abre a porta. Nenhum verdadeiro adepto pode ser persuadido a abrir o caminho para uma dimensão espiritual mais elevada. A porta é aberta pelo discípulo, por suas próprias ações, pelo que pensa e sente a respeito de todos os seres vivos." 

(Radha Burnier - O adepto e o discípulo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 37)


quarta-feira, 5 de julho de 2017

É POSSÍVEL DAR FIM À VIOLÊNCIA?

"Quando você fala sobre violência, o que entende por ela? Trata-se de uma pergunta bem interessante: é possível um ser humano, vivendo neste mundo, cessar totalmente de ser violento? A sociedade e as comunidades religiosas têm tentado não matar animais. Algumas até dizem: 'Se você não quer matar animais, o que dizer sobre os vegetais?'. Você pode levar isso a tal extensão que cessaria de existir. Onde você traça o limite? Existe uma linha arbitrária de acordo com o seu ideal, sua fantasia, sua norma, seu temperamento, seu condicionamento, sobre a qual você diz: 'Vou até lá, mas não além'? Há uma diferença entre a raiva individual e o ódio organizado de uma sociedade que cria e constrói um exército para destruir outra? Onde, em que nível e que fragmento de violência você está discutindo? Ou você quer discutir se o homem pode ser isento de total violência, não apenas de um fragmento que se chama de violência?

Sabemos que a violência não tem expressão em palavras, em frases, na prática. De que maneira começo a abordar essa violência, considerando-se que o ser humano ainda possui um lado animal muito forte? Começa pela parte periférica (a sociedade) ou pelo centro (eu)? Você me diz para não ser violento, porque a violência é feia. Você me explica todas as razões, e eu percebo que a violência é uma coisa terrível nos seres humanos, externa e internamento. É possível dar fim a ela?"


(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 202


quarta-feira, 21 de junho de 2017

PURIFICAÇÃO (1ª PARTE)

"Se nos fosse possível colocar-nos, em pensamento, num centro do espaço, do qual pudéssemos ver o curso da evolução, e estudar a história da nossa cadeia de mundos, tal como podem ser vistos pela imaginação mais do que pelo aspecto que apresentam, poderíamos interpretar o todo num quadro. Vejo uma grande montanha situada no espaço, com um caminho que vai girando em torno dela até atingir seu ápice. As voltas que esse caminho dá são sete, e em cada volta há sete estações onde os peregrinos ficam durante algum tempo. Dentro dessas estações eles têm de subir, volta por volta. Quando traçamos o caminho que sobe por aquela trilha em espiral, vemos que ele termina no topo da montanha, e leva a um majestoso Templo, como que feito de mármore, de uma brancura radiante, e que ali se ergue, cintilando contra o azul etéreo.

Esse Templo é a meta da peregrinação, e os que estão no seu interior terminaram o seu percurso - no que se refere à montanha - e ali permanecem apenas para auxiliar os que ainda estão subindo. Se observarmos o Templo mais atentamente, constataremos, ao tentar ver a sua construção, que ele tem, ao centro, um Santo dos Santos. Em torno desse centro estão os quatro Pátios, circundando o Santo dos Santos como círculos concêntricos. Todos estão dentro do Templo.

Uma parede separa cada Pátio do que lhe é contíguo, e para passar de um Pátio para o outro o caminhante deve atravessar uma porta, apenas uma em cada parede circundante. Assim, todos os que alcançarem o centro terão de passar por aquelas quatro portas, uma por uma. Fora do Templo ainda há outro recinto fechado - o Pátio externo - e esse Pátio acolhe muitos peregrinos, mais do que os que estão dentro do Templo propriamente dito. 

Olhando para o Templo e para os Pátios, e para o caminho que sobe em espiral pela montanha, vemos esse quadro da evolução humana e a trilha ao longo da qual a raça está caminhando, bem como o Templo, que é a sua meta. Ao longo daquele caminho que dá voltas à montanha, vasta massa de seres humanos vai de fato subindo, mas subindo vagarosamente, passo por passo. Às vezes, tem-se a impressão de que cada passo para a frente corresponde a um passo para trás, e embora a tendência de toda aquela massa seja para subir, a ascensão é tão lenta que os passos mal se fazem perceptíveis. Essa evolução eônica da raça, subindo sempre, parece tão lenta, extenuante e dolorosa que nos perguntamos como podem os peregrino ter ânimo para subir durante tanto tempo. Dando voltas à montanha, milhões de anos se passam, e na marcha de milhões de anos o peregrino segue. Enquanto ele caminha por ali durante esses milhões de anos, uma infindável sucessão de vidas parece passar, todas despendidas na subida. Cansamo-nos só de observar as imensas multidões subindo tão lentamente, caminhando, volta por volta, na escalada daquela estrada em espiral. Observando-as, indagamo-nos: 'Por que sobem com tanto vagar? Por que esses milhões de homens empreendem uma viagem tão longa? Por que se esforçam para alcançar aquele Templo situado lá no ápice?' (...)"

(Annie Besant - Do Recinto Externo ao Santuário Interno - Ed. Pensamento, São Paulo 1995 - p. 7/9)


terça-feira, 30 de maio de 2017

DESCUBRA O PROPÓSITO DE SUA EXISTÊNCIA USANDO A INTUIÇÃO

"Se usar a intuição, você conhecerá o verdadeiro propósito de sua existência neste mundo, e quando descobrir isso, encontrará a felicidade. A Terra é um palco e Deus é o Diretor de Cena. Se todos insistissem em ser reis e rainhas, o desenrolar do drama seria impossível. Além da realeza, o servo e o herói também precisam desempenhar bem seus papéis, para o êxito da peça. Vilões são os que perturbam o drama justo do Senhor. Os que escolhem tais papéis têm de pagar caro por seu flagrante desrespeito à direção divina. Independentemente da posição material ou da riqueza que a pessoa tenha, não se pode dizer que ela é bem-sucedida se isso for conseguido por meios escusos. A verdadeira felicidade só é possível quando desempenhamos nosso papel com correção; jamais de outra maneira. Quem faz o papel de milionário e quem faz o papel de pequeno comerciante - ambos são iguais perante Deus. No dia final, Deus despe todas as pessoas de suas posses e títulos. O que sua alma adquiriu é tudo o que você pode levar consigo. 

Os grandes mestres como Jesus conhecem a verdade por causa do seu poder intuitivo. Percebem as coisas não só com os olhos e com a mente, mas também com a intuição, que é tão desenvolvida que eles conhecem tudo. Jesus, que viveu uma vida muito pura, sabia que seria traído e crucificado. Mas ele também sabia que em última instância estaria nos braços do Deus imortal. Assim, somos todos filhos de Deus, aqui enviados para desempenhar um papel. O que interessa a Deus não é o papel em si, mas o nosso desempenho. Não desanime nunca se tiver recebido um papel difícil. Quando você terminar de representá-lo, será recebido como filho de Deus. Mas enquanto não terminar, você não será totalmente livre."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 111)


quinta-feira, 4 de maio de 2017

A MUDANÇA NO CORPO FÍSICO (1ª PARTE)

"Tudo muda quanto vencemos a ilusão de que somos o corpo físico e passamos a vê-lo tal qual ele é, como nosso servo ou instrumento no mundo físico. Devemos inverter, por assim dizer, a polaridade da relação: em vez de o mundo físico nos dominar por meio do corpo físico com o qual nos identificamos, devemos controlar o mundo físico por meio do corpo físico que tenhamos feito subserviente a nós. O centro de gravidade deve transladar-se do corpo físico para a nossa consciência; e devemos, por assim dizer, experimentar que retiramos dele o centro de nossa consciência e nos reconhecemos ocultos sob o corpo físico, atuando por meio dele, mas sem nos identificar com ele.

O efeito produzido por essa mudança de atitude com relação ao corpo físico é bastante profundo. Como a limalha de ferro se agrupa ao redor de um centro comum sob a ação de um imã e se distribui pelas linhas de força do campo magnético assim formado, de maneira análoga as partículas dos corpos denso e etérico, em vez de estarem caótica e indefinidamente sujeitas a toda eventual influência do exterior, tornam-se submetidas à única influência dominante da Vontade. Devemos experimentar que assim sucede; devemos notar a mudança suscitada por nossa afirmação de que não somos o corpo, mas que o corpo é que é nosso. Devemos perceber, a partir de então, que a vitalidade interna nutre e dinamiza os corpos denso e etérico muito mais que a energia externa.

Toda essa mudança deve ser muito mais explorada que pensada e discutida. Devemos vivenciar que nosso corpo físico torna-se vibrante e sensível à consciência interior, sujeito às suas leis e condições, e não às do mundo físico circundante. (...)"

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013- p. 24)

segunda-feira, 17 de abril de 2017

CONHEÇA A VERDADE INTERNA ENFRENTANDO A BATALHA DA VIDA

"Não é preciso retirar-se para uma floresta ou caverna a fim de conhecer a Verdade interna e vencer a natureza inferior. De fato, lá você fica sem chance de mostrar sua raiva, e, assim, a vitória alcançada lá pode não ser duradoura ou verdadeira. Ganhe a batalha da vida, permanecendo no mundo, e, não obstante, livre de seus tentáculos. Por uma vitória assim, você merecerá congratulações.

Quando você se tornar violento e irado com alguém, quietamente vá tomar um copo de água fria e repita o Nome do Senhor para vencer a crise, ou, ainda, deite-se em sua cama até o paroxismo da fúria passar. Enquanto furioso, você agride o outro, e ele faz o mesmo a você; o temperamento brota; a temperatura cresce; e as últimas injúrias são feitas. Cinco minutos de ira prejudica o relacionamento por cinco gerações - não se esqueça! Que a língua, acostumada ao amargor do fruto da árvore 'margosa' dos triunfos e desastres mundanais, possa saborear a doçura do namasmarana (repetição do Nome Divino). Faça experiência por algum tempo, e se surpreenderá com o resultado. Sentirá imensa melhora em termos de paz e estabilidade, dentro de você e à sua volta. Aprenda esta tão fácil lição. Mergulhe na alegria. E que os outros também participem."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 172 e 174/175)


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O HOMEM E SEUS CORPOS MORTAIS

"Os Mundos nos quais o homem está evoluindo à proporção que faz sua caminhada pelo círculo de nascimentos e mortes são três: o mundo físico, o astral ou intermediário e o mundo mental ou celeste. Nesses três mundos ele vive, do nascimento à morte, em sua vigília do dia a dia; nos dois primeiros ele vive, do nascimento à morte, em sua vida noturna de sono e por algum tempo depois da morte; no último, ocasionalmente, mas raramente, ele entra, durante o sono, em alto transe, e ali passa a parte mais importante da sua vida depois da morte, alongando-se o período ali vivido à proporção que ele evolui.

Os três corpos nos quais ele funciona nesses três mundos são todos mortais: nascem e morrem. Melhoram vida após vida, tornando-se mais e mais valiosos para servir como instrumentos do Espírito revelado. São cópias, em matéria mais densa, dos corpos espirituais imortais, não influenciados pelo nascimento  ou pela morte, e formam o vestuário do Espírito nos mundos superiores, onde ele vive como o Homem espiritual, enquanto aqui vive como o homem de carne, o homem 'carnal'. Esses corpos espirituais imortais são aquilo de que fala São Paulo: 'Sabemos que, se a morada terrena deste tabernáculo fosse dissolvida, teríamos uma casa de Deus, uma casa que não foi feita com as mãos, e que é eterna nos céus. Por esta, nos lamentamos, desejando ardentemente sermos providos com a nossa morada que está no céu.' Esses são os corpos imortais, e deles trataremos em outro capítulo.

Os três corpos mortais são: o físico, o astral e o mental, e estão relacionados, individualmente, com os três mundos nomeados anteriormente."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)


domingo, 22 de janeiro de 2017

BONDADE EXISTE

"Como está ficando difícil e traumatizante viver nesta hora em que não se fala bem dos outros, não se pensa bem dos outros, não se deseja o bem dos outros, não se pratica o bem aos outros... - esta é uma reclamação generalizada, que vive na mente de quase todos.

Tudo indica que estamos todos nos afogando numa terrível tempestade de violência, e afundando num imenso pantanal de degradação.

Será assim tão dramática e desesperada a situação?!

É isto o que ficamos sabendo através dos órgãos noticiosos.

Se os jornais, as rádios, as TVs, embora continuando a difundir as notícias alarmantes concedessem ainda que apenas 10% do tempo e do espaço por elas dedicados à divulgação do que anda sendo feito diariamente por pessoas e instituições caridosas, poderíamos mudar nosso julgamento sobre o momento atual do mundo.

É preciso dar vez ao bem. É necessário restaurar a esperança.

Que possamos saber que a bondade ainda existe."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 65)


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

TRANSFORMAÇÃO

"Transformações estão ocorrendo constantemente no mundo à nossa volta - na Natureza, nas coisas feitas pelo homem e no próprio homem. Não será a transformação uma expressão do movimento que, segundo A doutrina secreta, é um dos três aspectos do Absoluto - movimento, espaço e duração?

A palavra transformação é derivada do latim trans, que significa 'além de, completamente, através de', e forma, que significa 'uma forma'. Assim, poderíamos dizer que, etimologicamente, transformação tem a ver com atravessar ou ir além de uma forma ou de formas. Existe movimento através das formas de uma para outra e novamente daquela forma. Assim, é a forma que muda, embora visivelmente possa não mudar em sua inteireza ou imediatamente, a não ser que um fator especial, tal como o fogo, seja introduzido do exterior. Geralmente, aquilo que muda constantemente não é a forma total, mas suas partes. Na matéria são as moléculas e os átomos que mudam. Nos corpos vivos, orgânicos - corpos de animais e plantas -, células novas estão constantemente sendo adquiridas e as velhas sendo descartadas.

Dizem que a cada sete anos as células do corpo humano são completamente renovadas de modo que não é o mesmo corpo que era há sete anos. Em toda matéria - a de nossos corpos tanto quanto a de objetos inanimados - os átomos estão em constante movimento, e as partículas subatômicas da matéria movem-se tão rapidamente que passam a pertencer a um conjunto de leis completamente diferentes das leis que se aplicam à matéria que vemos com nossos olhos físicos. Mas, na matéria que conhecemos, as mudanças normalmente parecem ocorrer lentamente e conseguimos identificá-las. Vemos uma flor crescer, desabrochar e estiolar-se. Vemos o corpo de um animal recém-nascido crescer, entrar na fase adulta, envelhecer e depois morrer, desintegrando-se. Podemos dizer que o corpo do adulto ou do idoso é o mesmo que o de um bebê? É o mesmo que era há sete anos? É o mesmo que era ontem ou há poucos momentos? Contudo, reconhecemos a sucessão de formas como pertencendo a uma unidade, porque muitas dessas formas permanecem para preservar a aparência exterior e, acima de tudo, porque existe 'algo internamente' que permaneçe constante através de todas as mudanças. Existe um movimento de forma para forma, mas o que é que se move? Frequentemente dizem que a forma é um par de opostos, sendo o outro par a vida, e que, enquanto a forma muda, a vida é imutável."

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 30)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

CONCEITO DE OPOSTOS (1ª PARTE)

"O Budismo e o Taoísmo também sustentam a supremacia do Caminho do Meio. Entendem que o mundo de aparências é impermanente. A Realidade Última consiste na interação cíclica da mudança entre os dois opostos de bem e mal, prazer e dor, certo e errado. Aplicam o conceito dos opostos (Yang e Ying) e macho e fêmea, céu e terra, e a todas as coisas concretas, assim como às ideias abstratas. Acreditam que os opostos estão dinamicamente entrelaçados no fluxo cósmico, que os combina na harmoniosa unidade da criação. Assim, a vida ideal é a mistura harmoniosa dos dois opostos. A realização dessa verdade última da criação é a meta final.

De acordo com Chuang Tzu: 'Os homens plenamente realizados, por suas ações, tornam-se reis, e por sua tranquilidade, sábios'.

Como a vida humana é um microcosmo, o fluxo de suas ações deve fundir-se com o fluxo cósmico e mover-se rumo ao ritmo do macrocosmo. Desse modo, a melhor ação harmoniza os opostos extremos e age em equilíbrio. De acordo com Lao-Tzé, o sábio evita o excesso, a extravagância e a indulgência. Quando um homem vive segundo esse padrão, os assim chamados opostos tornam-se complementares.

A Quarta Nobre Verdade do Budismo trata do fim do sofrimento e inclui a Oitava Senda do autodesenvolvimento, que leva ao Budado. As duas primeiras sendas são a Visão Correta e o Conhecimento Correto, que levam a uma mente iluminada. Ver não é a mesma coisa que olhar para as aparências externas; de modo semelhante, conhecer é diferente de simplesmente acumular informação ou coletar dados, pois consiste na compreensão e realização da verdadeira natureza das coisas. E assim a mente é despertada, e, quando aprecia a natureza última da Criação, age em conformidade com a verdade cósmica. (...)"

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 23/24)

domingo, 23 de outubro de 2016

O BOM E O MAU KARMA, E OS LUGARES ONDE SÃO EFICIENTES

"O Bom e o Mau Karma operam em um ou em todos os Três Mundos da Existência.

1. O Mau Karma (Akusala-karma, literalmente karma inábil) só é colhido em Kamaloka. Kamaloka é o Mun­do dos Sentidos, e consiste na vida sobre a Terra e na vida no Hades. Geralmente, na Literatura Teosófica, essa pala­vra se limita ao 'Hades', ou Estado entre a Terra e o Devachan; mas, metafisicamente falando, refere-se a todos os Mundos ou Estados resultantes dos Desejos (Kama) e nos quais o Desejo é expresso. Refere-se, também, aos Infernos (Narakas), ou regiões de purificação (Pêtalas), que são os mais baixos subplanos do Mundo Astral. Na vasta maioria dos casos, o mau Karma é esgotado em am­bas essas partes do Kamaloka. Nas vidas terrenas poste­riores, ajustamos os males feitos ao nosso próximo e apren­demos as lições nas quais falhamos, enquanto nos Nara­kas e Pâtalas esgotamos nossas tendências passionais.

2. O Bom Karma (Kusala-karma, literalmente, 'karma hábil') é trabalhado em todos os Três Mundos — o dos Sentidos (Kamaloka), os Céus da Forma (Rupa-Loka) e os Céus Sem-Forma (Arupa-Loka). Nesse caso, até onde se refere ao Kamaloka, isso acontecerá nos níveis supe­riores, ou em seus subplanos, onde qualquer bem pode ser colhido, e essas regiões correspondem ao Paraíso da terminologia cristã, aos Campos Elísios da filosofia grega e ao Amenti da religião egípcia. Trata-se de um estado de prazer destituído de espiritualidade, e pode reter a Alma por mais tempo, adiando sua entrada no Devachan, ou Céu, mais ainda do que o fazem Narakas e Pâtalas, por causa de certas satisfações que dá à personalidade. Trata-se de uma espécie de pequeno céu, para aqueles que são simples e fazem o bem visando apenas o próprio bem-estar.

Todas as nossas punições e todas as nossas alegrias são feitas por nós mesmos e, segundo o grau de nossas aspirações, assim iremos ascender. O Senhor Krishna disse que 'aqueles que veneram os Deuses irão ter com os Deu­ses', mas 'os que me veneram, virão ter Comigo'. 'Ao fim da vida, a Alma se vai sozinha para onde apenas as nossas boas ações nos ajudam' (Fo-Sho-Hing-Tsan-King, v. 1560); e no Mulamuli podemos ler: 'Quando uma pes­soa faz o mal, acende fogo no inferno e queima-se em seu próprio fogo.' E no Chhândogya Upanishad, iii, xiv, l, há estas palavras definitivas: 'O Homem é uma criatu­ra, de Vontade. Conforme seja sua Vontade neste mundo, assim será quando tiver partido desta vida.' Tudo isso mostra nosso grande poder — potencial ou real — porque todos esses Estados de Céus e Infernos que existem, es­tão, também, dentro de nós, e é construindo dentro de nós e na nossa natureza elementos pertencentes a esses estados que nos tornamos semelhantes a eles. Ou antes, é o fato de nos desembaraçarmos de todos aqueles Véus de Ignorância e Pecado, que ocultam a Glória Interior. 'Eu próprio sou Céu e Inferno', canta Omar Khayyam."

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Editora Pensamento, São Paulo - p. 25)


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A DEVOÇÃO DEVE SER COMPLETA (1ª PARTE)

"Nesta Senda não pode haver meias medidas. Muitos se acham na atitude reservada em que se colocaram Ananias e Safira, que se esquivaram de declarar o que possuíam em bens terrenos, não precisamente com o intento de enganar, mas porque não estavam seguros do êxito da nova religião cristã. Eram muito entusiastas e dispostos a dar tudo o que possuíam; mas conjeturaram que seria prudente reservarem para si algo, no caso de fracassar o movimento. Não mereciam que os vituperassem por esta circunstância, porém o malicioso e falaz foi que, sabendo que haviam reservado algo, dissessem que haviam entregue tudo. Muitos há atualmente que lhes seguem o mau exemplo; espero que o relato não seja verídico, pois o Apóstolo se mostrou certamente um tanto severo com eles.

Tampouco entregamos nós tudo quanto temos, pois nos reservamos algo de nós mesmos, não precisamente dinheiro nem bens materiais, senão sentimentos pessoais, que nos afastam dos pés do Mestre. Em ocultismo não cabem essas coisas. Devemos seguir o Mestre sem reservas. Não digamos: 'Seguirei o Mestre, enquanto não me fizer trabalhar com tal ou qual pessoa; ou seguirei o Mestre, com a condição de que publique nos jornais tudo quanto faço.' Não nos cabe estabelecer condições; mas também não devemos descurar nossos deveres no plano físico. O necessário é que ponhamos todo o nosso ser à disposição do Mestre. Temos de preparar-nos para renunciar tudo, ceder tudo e ir aonde convenha, não como uma prova, mas porque nosso amor à obra é a maior coisa de nossas vidas. (...)"

(C.W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 76/77

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

VIAGEM DA ANIMALIDADE PARA A DIVINDADE

"A segunda parte da afirmação passa pela compreensão do processo de desapego, que é uma viagem da Sala da Ignorância para a Sala da Aprendizagem e desta para a Sala da Sabedoria, como aparece em Voz do Silêncio, de H. P. Blavatsky. Na Sala da Aprendizagem o homem aprende a pensar e a refletir, passo a passo, e aprofunda a sua compreensão acerca da vida, de certas afirmações importantes e caminha em direção a uma maior sabedoria. Consideremos a afirmação de J. Krishnamurti 'vós sois o mundo', que não é uma afirmação matemática, mas o insight de uma pessoa sábia. Há muitas formas para compreender aquela afirmação. Se se fizer uma abordagem literal de 'vós sois o mundo', então a palavra 'mundo' é um substantivo sem qualquer conteúdo atrás de si. Krishna ou Jesus são nomes, mas os indivíduos por detrás desses nomes são uma realidade. De igual modo, a palavra 'mundo' é o nome mas nós somos a realidade. Este é o primeiro passo para a compreensão do significado da palavra 'mundo' como um coletivo de indivíduos. O segundo passo consiste também em compreender a nossa contribuição enquanto indivíduos. Se formos feios, contribuímos para a fealdade do mundo. Se o mundo estiver cheio de corrupção, ódio, inveja, ira, ganância, ambição, etc., então o estudante aceita, com este novo passo, que ele contribuiu para isso. Não pode atirar a responsabilidade para qualquer outro. Sempre que condena alguém, ele compreende que está condenando a si mesmo. Assim, alcança uma visão holística do mundo, vendo-o como um todo integrado e não como um conjunto dissociado de partes.

Com o terceiro passo ele compreende o real significado da palavra 'mundo'; pergunta-se como é que podemos ser considerados responsáveis quando só temos bons pensamentos, sentimentos de boa vontade e agimos corretamente? Ele reflete, profunda e honestamente, e verifica que ele próprio não é sempre o mesmo, porque algumas vezes está agitado e utiliza palavras ásperas. Ele compreende que esta é a sua contribuição para o estado de fealdade do mundo e aceita, assim, a responsabilidade e compreende o verdadeiro valor da frase 'vós sois o mundo'. E então compreende que ser humano é viver num estado de responsabilidade. Passa a ser a sua própria descoberta que ele não é apenas uma parte do mundo, mas que é o mundo. Como já foi dito, a responsabilidade é a qualidade que forma a sua natureza psíquica, refletindo-se na sua conduta.

Utiliza os seus dons como um bem que está sob a sua proteção e não posse. O seu tempo, capacidades e posses são os seus dons e ele os utiliza em benefício da humanidade. Com essa qualidade magnânima eleva-se acima da futilidade e torna-se sábio. Dessa forma eleva-se do ego pessoal para o ego espiritual. Nesse sentido é o seu salto quântico - da animalidade para a Divindade. Então possui verdadeiro conhecimento, o qual acarreta naturalmente magnanimidade e contentamento. A luta que pertence à personalidade perde o seu poder. Annie Besant diz que existem encarnações de diferença entre um homem ingnorante e um homem sábio.

Quantos de nós seremos capazes de reconhecer um santo? Para se reconhecer tal pessoa, tem de haver algo dentro de nós que ressoe e esteja sintonizado com a sua natureza, que vibre em harmonia com ela. É uma lei que, se a pessoa criar harmonia dentro de si, então a harmonia divina manifesta-se por meio dela tornando-a santa ou sábia. O antídoto para o apego é o desapego ou 'abrir mão'." 

(C.A. Shinde - Nos sábios não existe apego - TheoSophia - Ano 101 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 15/16


terça-feira, 23 de agosto de 2016

VIVEKA (PARTE FINAL)

"(...) Então, o mundo em que vivemos é ilusório? Vamos então cair no platonismo? Vamos negar a realidade do que vemos e sentimos, sobre que agimos e reagimos?

O mundo não é inteiramente ilusório. Não é somente maya (ilusão). A cobra não é de mentira. É real. O mundo o é na medida e extensão em que consegue gerar medo ou apego. As reações somáticas do amedrontado emprestam realidade àquilo que lhe dá causa. E, enquanto a cobra for uma apavorante realidade, a corda não é vista e, portanto, não tem realidade, embora seja Real. Dessa maneira o mundo fenomênico, aquele que vemos e sentimos, é uma realidade, na medida e extensão dos efeitos que em nós provocam ou suas delícias ou suas misérias. E, enquanto tiver o poder de nos fazer sofrer ou gozar, a Realidade Divina é apenas como devaneio de místico. Somente viveka nos desipnotiza a mente para a contemplação do Transcendente, que se esconde atrás do imanente visível. É viveka que nos pode alcançar à visão do Uno, que a multiplicidade esconde, e conduzir-nos à vivência de Deus, que o processo mundano impede. 
Viveka é a luz da Sabedoria, que, enraizada no homem destaca-o da criação subumana. Não é a mesma coisa que intelecto, mas é algo de onde o intelecto se supre de forças. O intelecto é um mecanismo da natureza, enquanto viveka é a luz supramental iluminando-o. Assim como o sol é a fonte da luz elétrica e da luz de uma vela, assim viveka é a fonte de onde imana o poder do intelecto e dos sentidos. Viveka é a luz da Verdade, cujo raio se acha no mais profundo do escrínio do coração do homem e que leva o homem peregrino à percepção de seu Ser como uma imagem de Deus. (Varma, M. M., A Saint's Call to Mankind; Vasanta Press, Madras, Índia)"
(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 146/147)

domingo, 7 de agosto de 2016

O QUE É A REALIDADE? (PARTE FINAL)

"(...) O que é o mundo real? Esta é uma pergunta que ocorre a estudantes e pensadores. O mundo natural - montanhas, rios, estrelas, árvores e pássaros - é real? Provavelmente é, sendo parte da vida una fora da qual nada existe. Por outro lado, uma vez que o mundo natural é apenas uma parte da realidade total, ele pode ser real de maneira relativa, e não de maneira absoluta. Nos textos hindus sugere-se que os rios, montanhas e toda a natureza são apenas parte do divino esplendor que o Supremo revela, pois os nossos olhos são incapazes de ver além. Apenas um fragmento da realidade é manifestado como universo, sendo o não manifesto a parte maior.

Portanto, o mundo natural não é irreal porque é parte de uma suprema existência, mas é apenas parte, não o todo. É um meio através do qual algo muito mais vasto pode ser vislumbrado. No entanto, que tipo de mente e coração consegue ver o esplendor além das formas externas? Não a consciência destituída de inocência. A criança que sofre ao ouvir uma história em que um animal morre provavelmente está muito mais próxima da verdade da vida do que o adulto que sabe tudo a respeito da sobrevivência, do conforto e de vantagens pessoais.

Os seres humanos são parte do mundo natural, são criação da natureza, mas nós nos tornamos estranhos. Ao perder a inocência, nós nos exilamos do paraíso e escolhemos viver num falso mundo de ambição, paixões e guerras. Esse mundo, produto do pensamento humano, é irreal, porque está baseado em percepções distorcidas e em falsos valores. A ilusão não está nas árvores, nos animais e na terra, mas no olho do homem que vê tudo como objeto para possuir e explorar. Aqueles que viam o rio e a montanha como presenças divinas viam a mesma água e a mesma montanha que nós vemos hoje, mas nós os reduzimos a nada mais que matéria inerte.

O endurecimento da mente deve terminar. Devemos prestar atenção à qualidade de nossas respostas ao desenvolvimento da sensibilidade - e isso não é sentimentalismo. Os grandes videntes não cediam ao emocionalismo; eles viam a realidade."

(Radha Burnier - O que é a realidade? - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p.20)

quinta-feira, 12 de maio de 2016

A SABEDORIA INTERNA

"Para conhecer o mundo,
Não é necessário viajar pelo mundo.
Posso conhecer os segredos do mundo
Sem olhar pela janela do meu quarto.
Quanto mais longe alguém divaga,
Menor é seu saber.
O sábio atinge a sabedoria
Sem erudição;
Alcança a sua meta
Sem esforço;
Termina a sua jornada 
Sem viajar.

EXPLICAÇÃO: Toda a fonte da sabedoria está no interior do homem. O mundo externo pode apenas servir de estímulo para despertar a realidade interna do homem: mas não é fonte e causa de sabedoria. O íntimo Ser do homem é infinitamente maior do que o externo ver, ouvir, sentir e ter. Por isto, deve o homem concentrar-se no seu interno ser - e conhecerá todos os mundos externos. Sem essa interiorização, pode o homem ver todas as coisas externas sem compreender nada - assim como um analfabeto pode folhear os maiores livros da humanidade sem entender nada."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 126/127)


quinta-feira, 21 de abril de 2016

EVOLUÇÃO A PARTIR DE CIMA (1ª PARTE)

"Tudo aqui embaixo tem sua contraparte nos planos de cima. É um aspecto da Realidade, embora pesadamente velado, e até certo ponto distorcido e deformado pelos véus. Imaginemos a raiz de toda manifestação como o ponto básico de um lótus, embora não perfeitamente formado. Toda a manifestação pode ser concebida como correntes de força circulando através desse ponto, trançando-se e destrançando-se de inúmeras maneiras. Assim, um padrão, uma ordem, um cosmos é criado. A opinião de que a base de toda manifestação, de toda matéria como a conhecemos, é força, é admissível mesmo segundo a ciência moderna. Todos os fenômenos são a atuação da energia de vida fluindo em um número infinito de ritmos e vibrações. Um átomo é apenas um sistema de forças; todas as formas são criadas pelo incessante alento de Deus. O que quer que surja é apenas a criação das forças que descem em correntes entrelaçantes, por meio de seus mútuos ajuste e desajuste temporários. 

Consequentemente, tal como é, o mundo é uma mistura daquilo que é como deveria ser - como será no padrão final - e muito precisará ser desfeito, reordenado ou remodelado. Em meio aos imaturos, ilegítimos e deformados,  vemos as intimações celestes do próprio pensamento perfeito de Deus. Onde vemos algo totalmente belo, algo que nos arrebata, seja em cor, som ou forma, ou em suas correspondências em matéria, sentimentos, imaginação, pensamento mais sutil, temos a ideia de Deus refletida como em um símbolo - algo que aponta para a Realidade em uma de suas miríades de aspectos.

Aqui e ali podemos ver não a obra perfeita, mas, por assim dizer, o esboço, o ensaio perfeito, de uma realização que ainda vai ocorrer. Vemos também coisas que repelem e que, até onde podemos julgar, são combinações erradas, emprego errado, matéria fora de seu local apropriado, força impropriamente aplicada. (...)"

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 100/101)