OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

LIMPE O SEU CORAÇÃO PARA TRANSFORMAR A SUA NATUREZA

"Egoísmo, orgulho e ambição têm de ser removidos do coração. Sathya (verdade ou veracidade), japa (repetição de um mantra),  dhyana (meditação) constituem o arar e o nivelar (do terreno). Prema (amor) é a água a ser lançada no campo para o arar e enriquecer. Nama (o Nome de Deus) é a semente. Bhakthi (devoção) é o broto. Kama (luxúria, sensualidade obsessiva) e krodha (rancor, ódio) são o gado voraz. A disciplina ascética (sadhana) é a proteção. Ananda (bem-aventurança) é a colheita.

A preguiça deve ser alijada da natureza humana independente da forma em que apareça. Este é o primeiro passo na transformação de manava (natureza humana) em Madhava (natureza divina), isto é, na transmutação do homem em Deus. 

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p.161)


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O QUE DEVEMOS ALCANÇAR

"No Sutra das Quatro Nobres Verdades, Buda diz: 'Deves alcançar as cessações'. Neste contexto, 'cessação' significa a cessação permanente do sofrimento e de sua raiz, a ignorância do agarramento ao em-si. Ao dizer isso, Buda nos aconselha a não ficarmos satisfeitos com uma libertação temporária de sofrimentos particulares, mas que tenhamos a intenção de realizar a meta última da vida humana: a suprema paz mental permanente (nirvana) e a felicidade pura e eterna da iluminação. 

Todo ser vivo, sem exceção, tem que experienciar o ciclo de sofrimentos da doença, envelhecimento, morte e renascimento, vida após vida, sem fim. Seguindo o exemplo de Buda, devemos desenvolver forte renúncia por esse ciclo sem fim. Quando vivia no palácio com sua família, Buda observou como o seu povo estava experienciando constantemente esses sofrimentos e tomou a forte determinação de obter a iluminação, a grande libertação, e conduzir cada ser vivo a esse estado. 

Buda não nos estimula a abandonar as atividades diárias que proporcionam as condições necessárias para viver ou aquelas que evitam a pobreza, problemas ambientais, doenças específicas e assim por diante. No entanto, não importa o quanto sejamos bem sucedidos nessas atividades, nunca alcançaremos a cessação permanente de problemas desse tipo. Teremos ainda que experienciá-los em nossas incontáveis vidas futuras e, mesmo nesta vida, embora trabalhemos arduamente para evitar esses problemas, os sofrimentos da pobreza, poluição ambiental e doença estão aumentando em todo o mundo. Além disso, por causa do poder da tecnologia moderna, muitos perigos graves estão a se desenvolver agora no mundo, perigos que nunca haviam sido experienciados anteriormente. Portanto, não devemos ficar satisfeitos com uma mera libertação temporária de problemas específicos, mas aplicar grande esforço em obter liberdade permanente enquanto temos essa oportunidade. 

Devemos nos lembrar da preciosidade da nossa vida humana. Por exemplo, os seres que agora estão sob uma forma animal tiveram esse tipo de renascimento animal devido as suas visões deludidas passadas, que negavam o valor da prática espiritual. Visto que a prática espiritual constitui-se no único fundamento para uma vida significativa, eles não têm agora chance alguma, sob uma forma animal, de se envolverem em uma prática espiritual. Visto que para eles é impossível ouvir, entender, contemplar e meditar nas instruções espirituais, seu renascimento presente como animal é, por si só, um obstáculo. Como foi mencionado anteriormente, somente os seres humanos estão livres de tais obstáculos e têm todas as condições necessárias para se empenharem nos caminhos espirituais – os únicos caminhos que conduzem à paz e felicidade duradouras. Essa combinação de liberdade e de posse de condições necessárias é a característica especial que faz com que a nossa vida humana seja tão preciosa. (...)"

(Geshe Kelsang Gyatso - Budismo Moderno, O Caminho de Compaixão e Sabedoria - Tharpa Brasil, São Paulo, 2016 - p. 63/65)
Fonte: https://cienciaespiritualidadeblog.wordpress.com



segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

SOFRER OU CRESCER (PARTE FINAL)

"As coisas mundanas não podem nos dar esse tesouro, mas a desilusão que elas provocam, sim. Isso ocorre na medida em que, 'des-iludidos', partimos ao encontro do ser, tornando o insucesso material uma alavanca para o espírito. Por meio da inteligência evolutiva, a insaciedade do ego acaba provocando sua destruição.

Enquanto não chegamos lá, porém, o sofrimento domina. Diante dele, rebelar-se ou crescer? Rebelar-se é não aceitar o sofrimento, negá-lo, buscar culpados ou substitutos, anestesiar-se com drogas e outros recursos de fuga. Quando a aceitação não acontece, a causa do sofrimento segue desconhecida, aumentando o problema. 

Nós fortalecemos tudo aquilo a que resistimos. Aceitar não significa, porém, desistir da mudança. Ao contrário, quando olhamos a situação com receptividade, a raiz do problema - de base mental, incluindo desejos insatisfeitos - vem à tona, sugerindo uma ação harmonizadora que brota das profundezas do ser e extinguindo o problema. A razão é simples: pusemos consciência nele, expandindo a vida espiritual - às vezes até descobrindo que nunca existiu um problema. A escuridão não suporta a luz.

Eckhart Tolle nos dá uma chave ao dizer que a escuridão é passiva e a luz é ativa. Quando iluminamos um quarto escuro não é a escuridão que sai, é a luz que entra. Por isso, Blavatsky diz que o mal não tem existência própria, é apenas ausência do bem.

Somente de cada um de nós depende manter ou eliminar a realidade do sofrimento, crescendo no processo. Sofrer ou não é escolha nossa. Frequentemente, porém, dando razão a Tolle, escolhemos sofrer - como nas situações de ódio mantidas por longo tempo -, gerando o paradoxo de arruinar a vida com nosso próprio veneno."

(Walter S. Barbosa - Sofrer ou crescer - Revista Sophia, Ano 13, nº 55 - p. 06/07)


domingo, 18 de dezembro de 2016

SOFRER OU CRESCER (1ª PARTE)

"A entrada neste mundo se faz com sofrimento, seja para a mãe, seja para a criança, abrindo caminho nas entranhas maternas. Deixar o corpo, em geral, também é motivo de sofrimento. Ao longo da vida, o sofrimento nos acompanha como 'a roda do carro que segue a pata do boi que o puxa'. Esse boi pode muito bem ser representado por nossa natureza anímica, fundamentada no desejo. Conforme o Budismo, aí reside a causa do sofrimento.

O Budismo ensina também o Caminho do Meio, onde o desejo pode ser usufruído em sua face benigna, preservadora de geração e da manutenção da vida. Além de estar por trás da união do macho com a fêmea, do impulso de comer um doce, de comprar um carro, o desejo preside o nascimento do universo pela união do pai e mãe cósmicos, desdobrados de Deus (absoluto): o espírito e a matéria, tornando o desejo a base da manifestação.

Portanto, nosso problema não está exatamente no desejo, mas no excesso, que alimenta a gula, a inveja, a competitividade, a violência. Nunca paramos de desejar; nossa satisfação sempre depende de que algo aconteça. Porém, quando esse algo acontece, um vazio latente sufoca a alegria ante o objeto de desejo conquistado. Não é essa a continuidade sem fim do sofrimento, de que trata o Budismo?

Eckhart Tolle, em O Despertar de uma nova consciência, afirma que esse fato está associado ao 'corpo de dor'. Vivendo de nossas tendências para o confronto, atração pelo perigo, filmes de terror e outras paixões estranhas - considerando o instinto de preservação do ego - o prazer desse corpo é se alimentar de sofrimento. A explicação pode estar nas vidas elementais, que evoluem 'para baixo', em simbiose com a negatividade humana, enquanto esta quebra as referências de proteção e conforto do ego. Nada é desperdiçado na economia universal.

Pagamos o preço. Jamais desistimos. Por quê? O motivo é o tesouro oculto na essência dessa busca, à espera talvez de nosso último desejo como seres humanos. Trata-se da paz que intuitivamente sabemos existir, como algo inerente à autossuficiência do espírito (somente por já existir é que pode ser real). Às vezes percebemos a paz no sentimento de 'estar em tudo' ou 'conter tudo' que a meditação provoca. Abre-se então um espaço de silêncio dentro de nós, uma ausência de pensamento. Tudo acontece nesse silêncio, levando afinal ao samadhi, a realização de nossa natureza divina. (...)"

(Walter S. Barbosa - Sofrer ou crescer - Revista Sophia, Ano 13, nº 55 - p. 05/06)


sábado, 17 de dezembro de 2016

UMA NECESSÁRIA MUDANÇA DE ATITUDE


"(...) nossa consciência de sermos uma dualidade, um Eu superior interno e um eu inferior externo, está baseada na ignorância. Não somos duas entidades, senão uma só. Somos o Ser divino e nenhum outro. Seu mundo é nosso mundo, e sua vida é nossa vida. O que sucede é que, quando infundimos nossa consciência divina nos corpos através dos quais temos de adquirir certas experiências, nos identificamos com esse corpos e nos esquecemos do que realmente somos. Então, à consciência aprisionada, escravizada pelos três corpos, obediente a seus caprichos, chamamos de eu inferior ou personalidade.

Sentimos nossa voz interna, nossa verdadeira voz, como o chamamento do Eu superior. E trava-se a penosa luta, nossa verdadeira crucificação, entre os dois, Ego e personalidade. Contudo, a maior parte desse sofrimento provém de nossa ignorância, e cessa quando compreendemos nossa genuína natureza, de que resulta uma completa mudança de atitude.

Para começar, nossa concepção acerca da dualidade de nossa natureza é errônea. Sempre consideramos a Alma, o Espírito, o Eu Superior, o Ego, ou a forma com que designamos nossa natureza superior, como algo ou alguém acima de nós; ao passo que nós próprios - a natureza inferior ou personalidade - existiríamos abaixo dela. E assim nos esforçamos por chegar até o alto, com o intento de conseguir algo essencialmente estranho a nós e, portanto, de difícil alcance. Costumamos, então, falar dos 'tremendos esforços' para alcançar o Eu Superior; e noutras vezes falamos de inspiração ou conhecimento, de energia espiritual ou amor, como se recebêssemos daquele Ser tão superior a nós aqui embaixo. Em ambos os casos cometemos o erro fundamental de nos identificar com o que não somos, e nessa atitude nos aproximamos de todo o problema.

A primeira condição para a realização espiritual é a certeza, sem sombra de dúvida, de que somos o Espírito ou Eu Superior. A segunda condição, tão essencial e relevante como a primeira, é a confiança em nossos próprios poderes como Ego e a coragem de empregá-los livremente. Em vez de considerar nosso estado habitual de consciência como natural e normal, e de olhar o Ego como se fosse um ser altíssimo e alcançar por esforços contínuos e extraordinários, devemos começar a ver nosso estado comum de consciência como anormal e não natural, e ver a vida do Espírito como nossa verdadeira vida, da qual nos mantemos continuamente afastados."

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 19/20)


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A PRÁTICA DO AMOR (PARTE FINAL)

"(...) Em vez de perder o controle e reagir com ira e medo, podemos fazer um esforço consciente para manter o amor em nossos corações, incluindo nesse amor todos os seres humanos, individualmente ou em grupos. Isso não implica aprovar o que eles fazem ou concordar com eles. Podemos praticar a compaixão mesmo com aqueles cujos atos condenamos, particularmente se compreendermos que a violência, a agressão, o ódio e a ganância surgem, afinal, da ignorância e da limitação, assim como acontece em nossa própria vida. Afinal, por que agimos de maneira egoísta, magoamos os outros, criticamos, dominamos, manipulamos? Somos maus, merecemos o ódio e a condenação dos outros ou de nós mesmos?

Cada um de nós pode verdadeiramente dizer que 'nenhum ser humano é estranho a mim', porque os homens são um em origem, essência, potencial e destino. Somos também um com os átomos, os minerais, as plantas, os animais, as estrelas e as galáxias - com tudo que conhecemos ou podemos imaginar. Vendo a nós mesmos como essencialmente cósmicos, podemos adotar uma visão mais ampla e restringir a irrefletida ascendência do nosso ego. Se tivermos fé em nossos recursos internos, não precisaremos nos sentir ameaçados pelos outros ou por eventos, nem permitir que nosso ego fique inflamado, torne-se crítico e farisaico - respostas que são dolorosas à vida em toda parte. Em vez disso, podemos reconhecer o ódio, os impulsos destrutivos e os sentimentos violentos pelo que são, e buscar reagir com autocontrole, gentileza e compreensão compassiva não apenas em nossos atos, mas em nossas atitudes e pensamentos.

Julgar asperamente, afrontar ou odiar aqueles de quem discordamos ou que achamos perniciosos somente contribui para o fardo de influências negativas que aflige a humanidade. Agir assim dá continuidade e expande as condições e os pensamentos a que desejamos pôr fim. A proposta de Jesus de pagar o mal com o bem é de fato a mais prática que podemos adotar, pois o ódio jamais cessa pelo ódio, somente pelo amor."

(Sarah Belle Dougherthy - A prática do amor - Sophia, Ano 12, nº 49 - p. 12)


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A PRÁTICA DO AMOR (2ª PARTE)

"(...) Tudo isso se baseia no reconhecimento de que podemos ser como nosso Pai celeste, quer o chamemos de Deus ou de nosso eu superior. Isso porque, no mais recôndito de nós, já somos um com a fonte divina do nosso ser. Apesar da mensagem de nossos sentidos e das afirmações do nosso ego, não estamos isolados. Como seres humanos, somos um com todos os outros seres humanos: compartilhamos os mesmos pensamentos e sentimentos, as mesmas tendências e características, necessidades, desejos e impulsos. E verdadeiramente compartilhamos, como um rádio receptor e transmissor captando pensamentos e sentimentos transmitidos para a atmosfera mental geral pelos outros, amplificando-os pela nossa atenção e pelo uso que delas fazemos, e depois enviando-os de volta com força aumentada. Nossa resposta hostil aos outros ignora essa interdependência psicológica.

No entanto, embora saibamos que todos somos unos, sabemos ao mesmo tempo que somos únicos e plenamente responsáveis por nossas próprias escolhas. É importante reconhecer que somente nós podemos controlar a nós mesmos - nossas atitudes, pensamentos e ações. Não podemos forçar os outros a fazer o que achamos melhor, mesmo entre nossos familiares e amigos, e muito menos em relação às pessoas que conhecemos superficialmente. Geralmente aprendemos essa lição somente após muita dor e frustração.

Como, então, podemos ajudar a retificar o sofrimento, a injustiça e a violência que vemos no mundo? Alguns de nós somos capazes de oferecer assistência direta. É mais provável que possamos prover auxílio financeiro ou de algum outro tipo àqueles que estão fazendo o trabalho que gostaríamos de poder fazer. Todavia, em nossas próprias vidas, e em nossos relacionamentos com aqueles à nossa volta, em nosso próprio ato de existência, todos nós podemos fazer um contribuição positiva para o bem-estar da humanidade e do planeta, tentando, dia a dia, dar algo de positivo e construtivo de nós mesmos. (...)'

(Sarah Belle Dougherthy - A prática do amor - Sophia, Ano 12, nº 49 - p.11/12)
www.revistasophia.com.br


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A PRÁTICA DO AMOR (1ª PARTE)

"Dia após dia, semana após semana, somos confrontados com uma ampla seleção de sofrimento, ódio e violência, oriunda de todo o mundo. Percebemos não apenas os problemas em nossa própria comunidade, mas em cidades e nações distantes. Vendo e ouvindo esses eventos de modo quase imediato, muitas vezes repetidos durante um longo período de tempo, começamos a assumi-los pessoalmente, como assumimos algo que aconteceu a um amigo ou a nós mesmos. Começamos a nos deter nessas coisas. Logo que nosso ego se identifica com aqueles que pensamos estar certos, é fácil ficarmos zangados, tornar-nos intolerantes e condenarmos aqueles que julgamos estar errados. Ou simplesmente nos sentirmos deprimidos, impotentes ou temerosos.

Precisamos perguntar a nós mesmos, no entanto, se a qualidade da nossa resposta está aliviando ou contribuindo para os problemas da humanidade. Assim como odiar e temer são escolhas ruins em nossa vida pessoal, também o são nos grandes afazeres. Infelizmente é fácil demais refletir o que quer que nos cause aversão. Quando nos permitimos ser negativamente afetados por alguém, imediatamente começamos a nos identificar com aquela mesma qualidade, despertando-a em nós. Isso ocorre porque cada um de nós tem internamente todos os potenciais da humanidade para o bem e para o mal, para o egoísmo e a crueldade, para o sacrifício e o amor, para o mais elevado altruísmo e a mais abjeta depravação.

Além disso, responder na mesma moeda parece quase instintivo. É preciso muita autodisciplina para responder com uma qualidade oposta àquela que nos ofende. Os ensinamentos de Jesus para amarmos nossos inimigos, oferecermos a outra face, abençoarmos os que nos amaldiçoam, fazermos o bem aos que nos odeiam e orarmos pelos que abusam de nós parecem ir contra a nossa natureza; parece ser virtualmente impossível praticar isso na vida diária. Qual a explicação de Jesus para esses ensinamentos? Ele diz para os seguirmos 'para que possais ser filhos de vosso Pai no céu; pois Ele faz o sol nascer sobre o bom e o mau, e faz chover sobre o justo e o injusto'; 'pois Ele é gentil para com o ingrato e o perverso. Portanto, sede compassivos tal como vosso Pai é compassivo.' (Mateus 5:45, Lucas 6-35-6). (...)"

(Sarah Belle Dougherthy - A prática do amor - Sophia, Ano 12, nº 49 - p.11


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

QUANDO DEUS CHEGA, CAEM OS VÉUS DA ILUSÃO

"A Terra é um lugar de muitas imperfeições. Quando existe prosperidade, então estoura uma guerra, fazendo com que a humanidade regrida muitos séculos. Mas não leve muito a sério os altos e baixos da vida. Não importa o que aconteça no mundo, diga para si mesmo: 'Tudo bem. Estou apenas sonhando no sonho de Deus - nada pode me afetar. Sou feliz. Nada me prende. Estou sempre pronto, Senhor, para sair do sonho ou nele permanecer, segundo a Tua vontade.' Assim, você será livre - é um pensamento maravilhoso.

Tudo o que você faz com o pensamento em Deus é muito diferente da mesma experiência sem Ele. Outro dia, levaram-me para ver um filme: quando me dei conta, estava em samadhi. Alguém perguntou: 'O senhor não está assistundo ao filme?' Respondi: 'Sim, tudo é filme - é um filme dentro de outro'. O cinema, as cenas, as pessoas sentadas - eu via tudo como imagem na imensa tela da consciência cósmica.

O que quer que esteja fazendo, quando Deus chega, você fica completamente inebriado. Caem os véus da ilusão e você recebe a resposta de tudo o que quiser saber. Neste estado de consciência pode enxergar longe, no passado e no futuro. Em geral, não faço questão de ver essas coisas, mas quando estou interessado consigo vê-las. E vejo as almas dos que chegam a mim. Ninguém me engana. Conheço todos por dentro e por fora, mas nunca falo sobre isso, pois não estou interessado no lado mau das pessoas, só o bem me interessa.

Não estimulo as multidões de curiosos, e sim as verdadeiras almas em seu romance individual com Deus. Que alegria, que felicidade! Ter o amor e a proteção do Divino é a suprema conquista, e você a realizará aqui se fizer um esforço."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 287)


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

IRA

"Qual de nós que, diante de uma indignidade, de uma ofensa grave, de uma tremenda injustiça... não se deixa tomar numa crise de ira?!

Na hora, sentimos impulso de destruir, de punir, de dominar o autor ou autores do malfeito! Basta não ter 'sangue de barata'.

E há ainda aquele que de 'pavio curto', que, igual a algum tipo de mate, 'já vem queimado'!

Irar-se é humano.

Não é humano é manter a ira.

Um sábio hindu - Ramakrishna - disse: 'A ira de um sábio dura tanto quanto um risco que se faz na água.'

E São Paulo aconselha: 'que o sol não se ponha sobre tua ira', isto é, não deixes a ira passar para o dia seguinte.

Senhor.
Ajuda-me a ser calmo
em toda circunstância."

(Hermógenes, Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p.77/78)


domingo, 11 de dezembro de 2016

CULTURA GENUÍNA

"Quem anda direito não deixa rasto,
Quem fala bem não diz desacertos.
Quem calcula bem não usa lembretes.
Quem fecha bem dispensa fechaduras e ferrolhos,
E contudo ninguém o pode abrir.
Quem amarra bem não usa corda nem barbante,
E contudo ninguém pode desatar.
Assim, o sábio, em sua madureza,
Sabe sempre ajudar os homens.
Para ele, ninguém está perdido.
Sabe aperfeiçoar tudo que existe,
E não vê mal em ser algum.
É este o duplo segredo
De toda a realização do homem:
O homem plenirrealizado
Ajuda sempre ao menos realizado.
O homem mais culto
Ajuda sempre ao menos culto.
Pelo que, ó homem, trata com reverência
Ao homem mais maduro que tu.
E envolve em sincero amor
Aquele que necessita de ti.
Quem não age assim
Ignora a cultura genuína.
Vai nisto um grande segredo.

EXPLICAÇÃO: O verdadeiro sábio está sempre disposto a ajudar o menos sábio. A suprema sabedoria tolera de boa mente ser tachada de loucura. Quem traz dentro de si o testemunho da sapiência, pode tranquilamente passar por insipiente. Não necessita de ostentar grandeza quem realmente é grande. Só os pseudossábios e os pseudograndes fazem alarde de sua sapiência e grandeza.

'Se algum de vós quiser ser grande - dizia o Cristo a seus discípulos - seja o servidor de todos.'"

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 82/83)


sábado, 10 de dezembro de 2016

A PONTE ENTRE A CONSCIÊNCIA INFERIOR E SUPERIOR (PARTE FINAL)

"(...) Somente o homem, em toda a criação, tem o poder de ficar face a face com Deus, porque tem em si uma fagulha, um germe da Vida Eterna e da Consciência do Universo. 'O Princípio que dá a vida mora em nós e fora de nós, é imortal e eternamente beneficente, não é ouvido, não é visto, não é cheirado, mas é percebido pelo homem que deseja percepção'. ('As Três Verdades'). 

Este Caminho ascensional é também apreciado com grande beleza pelo Mestre K. H. numa carta à senhora Francisca Arundale: 'Filha de sua raça e de seu tempo, apodere-se da caneta de diamante e escreva nas páginas de sua vida uma história de ações nobres, de dias vividos corretamente, de anos de esforço devotado. Assim você abrirá seu caminho sempre para cima, para os planos superiores da conciencia espiritual. Não tema, não desanime, seja fiel ao ideal que agora só pode ver vagamente'²³. Com o progresso lento no caminho a idéia e a visão vão-se tornando mais claras e mais fortes. O Mestre K. H., numa carta a outra senhora (no mesmo livro)²⁴, diz: Pouco a pouco sua visão ficará clara, você descobrirá que as névoa se dissipam, que suas faculdades interiores se fortalecem, sua atração para nós ganha força e a certeza toma o lugar das dúvidas'. 

Antahkarana, a 'ponte', uma vez formada, permitirá à inteligência transferir-se da mente do pensamento concreto comum para o plano mais elevado, para a mente mais divina. Este é o 'Filho de Deus', o espírito de Cristo em nós. Além está o plano da Consciência Divina universal e eterna, mas primeiramente, deve-se atingir a consciência de nosso próprio Ego mortal. Através dele chegamos a Deus, a Vida Divina. Isto é simbolizado pelo Senhor Cristo quando diz, identificando-se com o Eu Divino em todos os homens: 'Eu sou o caminho, a verdade e a vida; nenhum homem chegará ao Pai senão por mim'. 

Diz H. P. B.: 'Nenhum degrau da escada que vai ter ao conhecimento pode ser omitido. Nenhuma personalidade pode atingir ou entrar em comunicação com Atma (Divindade) a não ser através de Budhi-Manas (nossos Egos divinos)'.²⁵ 

A Consciência do Eu Superior, uma vez atingida, ilumina e inspira a consciência humana inferior. Certamente, é como foi dito anteriormente, todo o propósito da evolução assim fazer, mas antes que a 'Graça de Deus' possa descer e se apossar de nós, devemos, para que isso seja possível, empenhar todos os esforços. A este respeito H.P.B. cita a Cabala: 'Todas as criaturas no mundo tem alguém que lhes fica acima. Este superior tem o prazer interior de esparzir sobre elas seus eflúvios, mas não pode fazê-lo enquanto elas não o tenham adorado' (isto é, meditando como se faz no Yoga)."

²³ Cartas dos Mestres de Sabedoria, comp. C. Jinarajadasa. Ed. Teosófica, Brasília, 2011, p. 67. (N.E.)
²⁴ Ibidem, p. 146 (N.E.)
²⁵ A Doutrina Secreta, Vol. III, Ed. Pensamento, São Paulo. (N.E.)

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 75/76)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A PONTE ENTRE A CONSCIÊNCIA INFERIOR E SUPERIOR (2ª PARTE)

"(...) A escadaria é o uso, desenvolvimento e purificação progressiva da inteligência. H. P. B. diz-nos que, fazendo crescer os estados meditativos, as imagens empregadas vão se tornando cada vez mais simples e mais abrangentes, de modo que a mente ultrapassa completamente as imagens e atinge as chamadas regiões 'sem forma', embora, ainda diz ela, sem forma somente para os estados inferiores de consciência. 

Em Luz no Caminho²¹ também é descrita essa escadaria: 'Cada homem é para si próprio absolutamente o caminho, a verdade e a vida. Mas isso só se torna real quando ele domina firmemente sua total individualidade e, por força de sua vontade espiritual desperta, reconhece essa individualidade não como sendo ele próprio, mas como algo que com sofrimento criou para seu próprio uso e por meio do qual se propõe, à medida que seu crescimento lentamente desenvolve sua inteligência,  a alcançar a vida além da individualidade'. 

Dr. Alexis Carrel, em seu último livro publicado depois de sua morte, tem coisas de grande importância a dizer sobre aspectos sobrenaturais da vida. Ele afirma que o propósito da evolução da alma tem um objetivo ambicioso e espantoso: 'atingir o reino desconhecido que se estende além da ciência e da filosofia, o reino em cujo limiar o intelecto automaticamente se imobiliza. O espírito se ergue mais pelo sofrimento e desejo do que pelo intelecto; em certo ponto da jornada, ele deixa para trás o intelecto, pois seu peso é demasiado. Ele se reduz à essência da alma que é o amor. Sozinho, no meio da noite escura da razão, ele escapa ao tempo e ao espaço e, pelo processo que os próprios grandes místicos nunca conseguiram descrever, une-e ao inefável substrato das coisas. 

Esse caminho nos é destinado desde o começo da evolução. Pois a profunda sabedoria, que pertence ao nosso Eu evolutivo, está esperando a evocação desde a aurora da grande jornada evolutiva. O Senhor Cristo, em Sua prece antes de Seu julgamento e crucificação, fala a Seu Pai sobre a 'glória que tive junto de Ti antes que houvesse mundo'. São Paulo fala daquele que nos chamou com uma santa vocação... conforme sua própria determinação e graça... antes que o mundo começasse (II Timóteo, 1.9). 

Diz H. P. B. que a semente dessa sabedoria divina foi implantada nas almas nascentes dos homens pelos Dhyan Chohans no alvorecer da evolução. Ela cita as palavras do velho mestre Aryasangha: 'Aquilo que não é nem Espírito nem Matéria, nem Luz nem Trevas, mas é verdadeiramente o receptáculo e raiz de tudo isso... Tu és isso... a Luz-Vida se derrama para baixo pela escadaria dos sete mundos, escadas cujos degraus vão se tornando cada vez mais densos e cada vez mais escuros. É dessa série sete-vezes-sete que és o fiel escalador e espelho, ó homem pequeno!. És isto mas não sabes'.²² (...)"

²¹  Ed. Teosófica, 2011, pp 52-53. (N.E.)
²² A Doutrina Secreta, Vol. III, Ed. Pensamento, São Paulo. (N.E.)

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 73/74)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A PONTE ENTRE A CONSCIÊNCIA INFERIOR E SUPERIOR (1ª PARTE)

"Esta viagem para o interior, ou para cima, como preferirmos descrevê-la, finalmente chega a um ponto em que é construído o Anthakarana, a ponte entre a conciencia inferior e a superior. 

Diz H. P. Blavastky que a verdadeira mente em nós, que essencialmente é consciência espiritual, não pode entrar em relacionamento direto com a personalidade, exceto através de seu reflexo, a inteligencia comum, inferior. 

'É, portanto, tarefa do Manas inferior, ou personalidade pensante, se ele deve fundir-se com seu Deus, o Ego Divino, dissipar e paralisar os Tanmãtras, ou propriedades de forma material... Isto é Kãma-Manas (pensamento influenciado pela paixão), ou o Eu inferior, o qual, iludido por uma noção de existência independente... Torna-se Ego-ísmo, ou eu egoísta'.¹⁹ 

Certamente um grande desenvolvimento de 'manas inferior' muitas vezes fechará as percepções mais elevadas. Diz ela ainda: 'Devido ao extraordinário crescimento do intelecto humano e do desenvolvimento em nossa época de manas no homem, seu rápido progresso paralisou as percepções espirituais. É à custa da sabedoria que o intelecto geralmente vive.'²⁰ 

Essa escadaria ou ponte (não importa a metáfora que preferimos usar) da consciência inferior ou comum para a consciência superior ou espiritual é descrita por vários videntes. São Paulo fala de 'véu' que será removido quando a vida de Cristo estiver pronta para se manifestar em nós. (II Coríntios, 3 e 4). Ele também fala do muro divino a ser demolido quando a consciência de Cristo surgir em nós. (Efésios, 2.14). (...)"

¹⁹.A Doutrina Secreta, cap. III, Ed. Pensamento, São Paulo. (N.E.)
²⁰.A Doutrina Secreta, cap. III, Ed. Pensamento, São Paulo. (N.E.)

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 72/73)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A GRADUAL MUDANÇA DE ATITUDE (PARTE FINAL)

"(...) De fato, uma pessoa se torna progressivamente consciente da alma das coisas em lugar do corpo das coisas e assim ocorre gradativamente uma mudança correspondente dos valores. P. W. Martin, em Experience in Depth (Experiência em Profundidade), num relato de seu mergulho nas profundidades de seu subconsciente, diz que, uma vez atingido o Centro, tem lugar uma mudança fundamental na atitude do homem em relação aos acontecimentos externos, ao relacionamento com os outros, às suas fontes de ação e à sua perspectiva final, e que esta mudança não é nem resignação nem otimismo fácil. 'É a visão das coisas deste mundo em seu aspecto eterno, do mesmo modo que na forma que aparece externamente. O homem que tenha encontrado seu caminho para essa visão interior sabe que deve e pode acreditar no processo, desde que sua atitude seja a apropriada'. 

Jung denomina esta mudança de atitude em relação aos acontecimentos externos como a experiência do Tao, cujo espírito é corporificado na expressão de São Paulo: 'Todas as coisas trabalham juntas em benefício daqueles que amam a Deus'. Encontramos também nas palavras de Jó: 'Ainda que ele venha me matar, mesmo assim acreditarei Nele', e na bela frase de Dante no Paraíso: 'Em Sua Vontade está nossa paz'. 

O relacionamento com os outros também se altera. A maior parte do contato pessoal é por intermédio da persona ou máscara, o que significa nenhum contato. O relacionamento em profundidade é diferente. É um encontro numa 'outra dimensão espiritual', nas 'coisas que são eternas', do mesmo modo que no mundo externo. Aqui o 'ser real' de uma pessoa fala ao 'ser real' da outra."

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 70/71)
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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A GRADUAL MUDANÇA NA ATITUDE (1ª PARTE)

"Fica assim claro que meditar é aproximar-se do Supremo que está no interior, e, devido a essa incursão o mundo interno cresce, fica mais vívido e real, enquanto o externo perde muito de sua influência e realidade. Isso fica bem evidente nos estágios mais avançados da meditação. 

Diz A Voz do Silêncio: 'Porque quando para si mesmo a sua própria forma parece irreal, como o parecem, ao acordar todas as formas vistas em sonhos. Quando deixar de ouvir os muitos, poderá perceber o uno - o som interior que mata o exterior'¹⁸. 

Santa Teresa d'Avila descreve um fenômeno similar: 'Olho para baixo, para o mundo, como se fora de uma grande altura e muito pouco me importa o que dizem ou sabem a meu respeito. Nosso Senhor tornou minha vida agora uma espécie de sonho, pois quase sempre o que vejo parece-me como um sonho, nem tenho grande sensação de prazer ou de dor'. 

Este é o começo da ida 'do irreal para o Real'. Nosso corpo nos parece real, nossas emoções nos parecem reais, nosso pensamento nos parece importante, porque ainda não percebemos a Divindade interior. O sábio Shankaracharia diz que assim como os sonhos parecem verdadeiros enquanto a pessoa não desperta, assim é a identificação de alguém com o corpo, etc. e a autenticidade das percepções sensoriais e de tudo mais pertencente ao estado de vigília continua, enquanto não houver o 'Autoconhecimento'. (...)"

¹⁸ Editora Teosófica, Brasília, 2012, pp. 89-90. (N.E.)

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 69/70)
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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

DUAS GRANDES VERDADES

"Há duas grandes verdades que são a base de todas as formas de meditação. 

1. O Eu Interior assume a aparência daquilo que a mente contempla. Muitos escritos bíblicos confirmam isto: 'Como ele pensa em seu coração assim ele é''. (Provérbios, 23.7). 'E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como num espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Espírito do Senhor'. (II Coríntios, 3.18) 'No caso de alguém cujas citta-vrttis foram quase completamente aniquiladas, ocorre a fusão ou completa absorção recíproca do conhecedor, do conhecimento e do conhecido, como no caso de uma joia transparente (colocada sobre uma superfície colorida)'¹⁷.

O amor e a concentração da mente, com base no amor, levam a isso, como é tão belamente descrito por Tennysom em Idílios do Rei.
Mas quando ele falou e saudou sua Távola Redonda
Com palavras grandiosas, divinas e confortadoras,
Além do que minha língua pode contar-lhes - eu observei
De face para face, por toda a Ordem, relampejar
Uma semelhança, momentânea com o Rei.
Diz-se que marido e mulher que se amam verdadeiramente, com o passar do tempo começam a se assemelhar - porque se amam e pensam constantemente um no outro. Assim S. Paulo exortou seu povo a pensar em todas as coisas que sejam verdadeiras, honestas, justas, amáveis, e que mereçam ser ditas, contendo virtude ou louvor. 

2. A Energia Vital do universo, chamada no Oriente Prãna, e que nos planos cósmicos é a Vontade Divina, segue o pensamento, inspira, aviva e torna reais as criações mentais daquele que pensa. Finalmente o pensador é unificado com o Encanto que ele vislumbrou através de suas formas-pensamentos autocriadas."

¹⁷. A Ciência do Ioga, I.K. Taimini, I-41. Ed. Teosófica, Brasília, 5 ed. 2011. (N.E.)

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 68/69)
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domingo, 4 de dezembro de 2016

O CAMINHO

"O primeiro e mais importante ponto neste antigo e eterno Caminho é a Meditação. Sem a meditação diária, paciente, persistente nunca poderá ser encontrado o Caminho. Isso parece, para algumas pessoas, uma atividade difícil e fatigante. Entretanto, dentro de certa medida, todos nós 'meditamos'. Se estamos empenhados no pensamento de um esquema de trabalho, ou mesmo num novo trabalho, estamos de certo modo 'meditando'. O homem de negócios, que aprende a concentrar o pensamento e a fazer um planejamento bem dirigido de suas atividades, está aprendendo algo que será de valor quando começar, em uma vida futura, a meditar de verdade. Planejar e pensar no que pode ser feito de melhor são formas de 'meditação'. 

Permita-me dar uma lista de estados meditativos da mente na ordem de sua intensidade: 

1. Aspiração, ânsia do coração para a Estrela, o Ideal, o Verdadeiro. 

2. Prece, levando ao reconhecimento de um 'mundo interior', e de que o homem é uma alma, bem como um corpo. 

3. Concentração direta ou pensamento em sequência. Isso, com o tempo, integra a personalidade. 

4. Pensamento concentrado num ideal, que acarreta a união do pensador com sua vida superior. 

5. Adoração e veneração. A mente tendo criado a forma, o coração é estimulado e brilha para o alto.

6. Um apelo ao Eu Superior, pondo em atividade a Vontade espiritual. 

7. A conscientização do Mestre e da 'Presença de Deus'." 

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 67/68)


sábado, 3 de dezembro de 2016

A NATUREZA DA DIVINDADE (PARTE FINAL)

"(...) É dito entretanto, que o Logos Solar não é tão impessoal e imparcial a ponto de ser desatento às aspirações e vicissitudes dos seres humanos. Ao contrário, Ele deve ser concebido como respondendo à aspiração sincera e altruísta pelo aumento de sabedoria e poder para servir. Dentro dos limites da lei de justiça, ou de causa e efeito, as nações e os indivíduos recebem ajuda divina tanto diretamente como através da mediação de representantes. A graça divina é considerada como uma realidade que pode chegar ao homem, diretamente do Logos Solar ou do Eu divino no seu íntimo. Uma fartura de provas é proporcionada por aqueles que experimentaram a exaltação inesperada, a intensificação inspiradora da força intelectual e do poder da vontade. A elevação aparentemente miraculosa do espírito e a cura de doença são igualmente afirmadas. 

A essa altura o estudante da sabedoria Eterna defronta-se com uma declaração concernente à Deidade que, embora de lógica inevitável, pode a princípio ser inaceitável e até mesmo repugnante. É a de que Deus, como o princípio divino na natureza e no homem, está evoluindo junto com todo o universo e com tudo o que ele contém, rumo a um objetivo que está além da compreensão do homem mortal. Esse desenvolvimento para culminâncias cada vez mais elevadas é o destino final do homem, 'aquele evento divino longínquo, para o qual toda a criação se move.'² Na medida em que o eu espiritual do homem é um Deus em formação, seu futuro esplendor, sabedoria e poder são totalmente sem limites."

² 'In Memoriam', Tennyson, St. 36.

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 57)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A NATUREZA DA DIVINDADE (1ª PARTE)

"O que quer dizer o termo 'Deus'? A sabedoria Antiga afirma a existência de uma vida transcendente, autoexistente, eterna, onipenetrante, que tudo sustém, por meio da qual e na qual todas as coisas que existem se originaram, vivem, movem-se e têm o seu ser. Essa vida é imanente em nosso mundo e no sistema solar como o Logos, o 'Verbo', adorado sob diferentes nomes em diferentes religiões, mas reconhecido como o único Criador, Preservador e Regenerador. O sistema solar é dirigido e guiado pelo Logos Solar por meio de uma hierarquia de seres altamente evoluídos, os 'Poderosos Espíritos diante do Trono'. Na Terra essas funções são conduzidas por uma hierarquia de homens perfeitos, referidos como rishis, sábios, adeptos, santos. O princípio Divino Absoluto revela-se num processo Universal de perpétuo desdobramento de potencialidades. Embora esse processo seja consumado segundo lei eterna, ele não é mecânico, sendo dirigido ajudado pelo Logos Solar por intermédio de Seus ministros. Deus é assim apresentado como transcendente e imanente, além de criador, sustentador e transformador de todos os mundos e a fonte espiritual de todos os seres dentro do Seu sistema solar. 

Essas definições de deidade não se harmonizam com a ideia de Deus aceita pelo cristianismo. Na sabedoria Eterna, Deus não é apresentado como uma figura antropomórfica, um ser onipotente em forma humana e com tendências humanas associadas a poderes divinos. Ele¹ não é considerado sensível à propiciação, mas é sobretudo uma incorporação da lei eterna. Ele não confere favores a alguns em detrimento de outros, todos Seus filhos são considerados igualmente. Ele não está distante num céu remoto, mas, de fato, presente como a vida divina na natureza e a divina Presença no homem, o 'Deus que opera em vós...' (Fl 2:13). (...)"

¹ O masculino é usado por conveniência apenas, sendo o princípio divino considerado igualmente como masculino, feminino e andrógino.

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 56/57)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

PENSAMENTO E SENTIMENTO ESTÃO SUJEITOS A MUDANÇA (PARTE FINAL)

"(...) As formas podem dar-nos infinito deleite, talvez porque sintamos a vida divina nelas. Para citar um dos Upanishads: 'Não é por amor aos mundos que os mundos são queridos, mas os mundos são queridos por amor do Eu'. Talvez, acima de tudo, seja porque sintamos a Vida interiormente que chegamos a amar as formas, a admirá-las e ao mesmo tempo a amar suas transformações - isto é, estamos desejosos de que as formas morram. 'Aquele que prende a si uma alegria destrói a vida alada, mas aquele que beija a alegria enquanto ela voa, vive na eternidade da aurora'. A adaptabilidade que a vida mostra e os mutantes disfarces do homem e da Natureza nos fascinam, tanto quanto os propósitos a que servem. O passado assume um aspecto diferente; a história torna-se a expressão infinitamente variante do homem lutando através de várias tolices. Podemos observar a revolta contínua do homem contra Deus, contra a Natureza, na maioria das vezes contra si mesmo. É um paradoxo que, embora seja tão apegado às formas, o homem apesar de tudo anseie por transformações e, porque ele anseia por elas, ele as sofre. Ele não sofreria sua maior transformação, a reencarnação, se não a desejasse, se não fosse forçado a reencarnar repetidamente devido à sua sede de vida.

Ao longo da evolução ele compreende o que está acontecendo. Gradualmente ele tende cada vez mais a abraçar a vida em vez das formas, e assim ele não mais sofre com sua inconstância. ele as ama, como se pode dizer que a videa sensibilizadora as ama. O processo é gradual, mas a realização em si pode surgir num instante. A realização ou transformação, a expansão de consciência, foi descrita na literatura do misticismo. Krishnamurti diz-nos que: 'O som de um sino tocando, uma pedra que cai, um simples acontecimento diário pode ser a centelha que leva o monge Zen budista à realização'. Ele assinala repetidamente a alegria, o intenso senso de viver, que existe em estar perceptivo e simplesmente observar as coisas e suas transformações constantes. Essa é realmente a dança de Shiva, para sempre esmagando com os pés as velhas formas que serviram seu propósito, enquanto ao mesmo tempo é criada nova beleza.

Transformação é evolução. O próprio viver é uma transformação contínua e estamos em meio a ela - somos parte dela e somos um com ela. Transformar-se em quê? Na verdade não podemos saber atualmente. Seria fútil inquirir. Não podemos conhecer o futuro, pois nós mesmos seremos diferentes; estaremos transformados quando encontrá-lo. De qualquer maneira não existe causa para temor do desconhecido. É simplesmente uma experiência - transformação interior e exterior. Nossa senda pode levar-nos a uma prontidão - mesmo à necessidade - de renunciar não apenas às formas que amamos, mas até mesmo àquilo que sentimos ser nossa própria vida ou eu. Sri Ram diz-nos: 'a verdadeira grandeza [do homem] jaz em nada ser, em se erradicar por meio de sua boa obra disseminada em toda parte'. Poderíamos ver isso como uma transformação última, porém eterna."

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 33/34)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

PENSAMENTO E SENTIMENTO ESTÃO SUJEITOS A MUDANÇA (1ª PARTE)

"Assim, existe uma mudança sutil quanto à ênfase do papel predominante da vida para um papel como forma. Como a transformação ocorre dentro de nós ao longo de muitas encarnações e é repetida no processo de desenvolvimento de uma criança ao longo de toda nossa evolução humana, primeiramente nos identificamos e à nossa vida com nossos corpos físicos. Leva algum tempo antes que compreendamos que estes corpos são formas que irão passar. Depois quando vemos o corpo como uma forma passageira, são os nossos sentimentos que parecem ser duradouros. Quando adolescentes, juramos amizade eterna ou amor eterno. Posteriormente compreendemos que nossos sentimentos estão também sujeitos a transformação constante, e são nossas ideias que agora consideramos como duráveis. A essa altura somos muito dogmáticos. Isso também passa e podemos adquirir uma certa flexibilidade de pensamento até que compreendamos que até mesmo o pensamento é apenas uma vestimenta, e que algo mais profundo interiormente representa para nós a vida eterna.

O processo pode continuar - o que sentíamos ser uma alma imortal compreendemos ser, por sua vez, um simples veículo temporário ou uma forma, como os outros, sujeito a transformação. Até mesmo Buddhi é um veículo de Atma, não no sentido de um corpo ou de uma forma como os vemos, mas talvez como um tipo de véu tênue - mais sutil do que o mais sutil que conseguimos imaginar. À medida que o homem evolui, a personalidade torna-se cada vez mais a expressão direta do Ego, que é uma forma que reflete verdadeiramente a vida interior. O homem está agora cônscio como um Ego imortal sensibilizando a personalidade como sua forma. Dizem que, com o tempo, até mesmo o Ego deixa de existir como tal, pois, afinal de contas, ele é simplesmente o veículo ou a forma externa da Mônada. Assim, também ele está sujeito a transformação e parece desaparecer. Podemos começar a nos perguntar se, de um certo ponto de vista, a distinção entre vida e forma não é uma ilusão - se vida e forma são, depois de tudo, não duas coisas distintas, mas realmente duas funções da mesma coisa divina.

Voltemos ao nosso estado atual - a nossa condição presente - em relação ao mundo objetivo, onde estamos apegados a formas materiais e sofremos quando elas são transformadas. Como vimos até certo ponto com relação à nossa própria constituição, logo que deixamos de nos identificar com certas formas, toda nossa atitude com relação a elas muda. Ao mesmo tempo nossa atitude com relação à transformação dessas formas muda. Essa mudança é em si mesma uma transformação em nós, uma transformação na consciência até onde a consciência seja forma, até onde esteja cercada, modelada pela forma. Talvez, realmente, seja mais uma questão de ir além das formas do que atravessá-las. Em outras palavras, quando vemos as formas aprisionando nossas consciências, nossos lamentos e preconceitos com relação a elas desaparecem e nossa consciência torna-se correspondentemente livre. Uma expansão de consciência ocorre quando não mais estamos pessoalmente e, portanto, dolorosamente, apegados a elas. (...)"

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 32/33)

terça-feira, 29 de novembro de 2016

SOMENTE A FORMA MUDA

"(...) Nada consegue ferir-nos. Nada consegue assombrar-nos logo que compreendermos que o que muda é apenas a forma - a forma é que é passageira e temporária - e que somente a vida perdura. 'O espírito [poderíamos dizer 'a vida'] jamais nasceu; o espirito jamais deixará de ser'. Dito filosoficamente, o lótus individual estiola-se, mas um arquétipo, a ideia platônica do lótus é eterna, dando origem a outras formas de lótus. Dito de maneira teofófica, o lótus estiola-se, mas o perfume de sua vida retorna à alma-grupo para enriquecer as formas das gerações futuras de lótus. O corpo de nossa mãe, de nosso marido, de nossa esposa, de nosso filho, de nosso amigo morre, mas ele ou ela permanece como um ser vivo, assumindo outras formas, tal como a borboleta deixa pra trás a forma morta da lagarta que era. 'Morri como mineral e me tornei vegetal; morri como vegetal e me tornei animal; morri como animal e me tornei um homem. Quando fui diminuído por isso?'

Pois morte é transformação - é o cruzar a forma ou ir além dela. Reciprocamente, transformação é morte e é uma coisa grande e gloriosa quando ocorre naturalmente, quando a hora é chegada, quando a forma está gasta. Mas quem somos nós para julgar quando é o momento adequado; e quem somos nós para julgar quando a forma está gasta? A morte das formas faz com que soframos por nos identificarmos com essas formas. Dizem que a vida jamais existe sem a forma, ou a forma sem a vida. Onde há forma, há vida interior mesmo que seja tão sutil que seja invisível para nós. Mesmo na assim chamada matéria morta, a vida elemental está ativa. Uma vez que vida e forma, então, estão tão intimamente ligadas, às vezes é difícil traçar a linha divisória entre elas. Como no caso de tantos pares de opostos, não podemos dizer 'isto é vida' e 'aquilo é forma'. Podemos dizer, 'a vida parece predominar aqui' e 'ali parece predominar a forma'. O que num caso parece ser a sensibilização da vida é visto no outro caso como a forma externa. Se algo que pensávamos ser a vida desaparece na transformação, será que essa coisa não era forma o tempo todo? Ou não poderia, por meio de uma mudança sutil - uma retirada da vida -, ter-se tornado predominantemente forma?

O Dicionário Oxford define 'transformar' como 'efetuar mudança (especialmente considerável) na forma, na aparência exterior, no caráter, na disposição etc. de alguma coisa'. Nosso caráter e disposição também podem mudar, mas não pertencerão eles realmente em tal caso ao nosso lado forma em vez de ao nosso lado vida? Num ser vivo um princípio pode mudar sua função. Dizem que no momento da individualização a alma animal torna-se um corpo causal. Para citar Jinarajadasa em Fundamentos de Teosofia (Ed. Pensamento): 'Na individualização tudo que foi o mais elevado do animal torna-se agora simplesmente um veículo para uma descida direta de um fragmento da divindade, a Mônada [...]'."

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 31/32)


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

TRANSFORMAÇÃO

"Transformações estão ocorrendo constantemente no mundo à nossa volta - na Natureza, nas coisas feitas pelo homem e no próprio homem. Não será a transformação uma expressão do movimento que, segundo A doutrina secreta, é um dos três aspectos do Absoluto - movimento, espaço e duração?

A palavra transformação é derivada do latim trans, que significa 'além de, completamente, através de', e forma, que significa 'uma forma'. Assim, poderíamos dizer que, etimologicamente, transformação tem a ver com atravessar ou ir além de uma forma ou de formas. Existe movimento através das formas de uma para outra e novamente daquela forma. Assim, é a forma que muda, embora visivelmente possa não mudar em sua inteireza ou imediatamente, a não ser que um fator especial, tal como o fogo, seja introduzido do exterior. Geralmente, aquilo que muda constantemente não é a forma total, mas suas partes. Na matéria são as moléculas e os átomos que mudam. Nos corpos vivos, orgânicos - corpos de animais e plantas -, células novas estão constantemente sendo adquiridas e as velhas sendo descartadas.

Dizem que a cada sete anos as células do corpo humano são completamente renovadas de modo que não é o mesmo corpo que era há sete anos. Em toda matéria - a de nossos corpos tanto quanto a de objetos inanimados - os átomos estão em constante movimento, e as partículas subatômicas da matéria movem-se tão rapidamente que passam a pertencer a um conjunto de leis completamente diferentes das leis que se aplicam à matéria que vemos com nossos olhos físicos. Mas, na matéria que conhecemos, as mudanças normalmente parecem ocorrer lentamente e conseguimos identificá-las. Vemos uma flor crescer, desabrochar e estiolar-se. Vemos o corpo de um animal recém-nascido crescer, entrar na fase adulta, envelhecer e depois morrer, desintegrando-se. Podemos dizer que o corpo do adulto ou do idoso é o mesmo que o de um bebê? É o mesmo que era há sete anos? É o mesmo que era ontem ou há poucos momentos? Contudo, reconhecemos a sucessão de formas como pertencendo a uma unidade, porque muitas dessas formas permanecem para preservar a aparência exterior e, acima de tudo, porque existe 'algo internamente' que permaneçe constante através de todas as mudanças. Existe um movimento de forma para forma, mas o que é que se move? Frequentemente dizem que a forma é um par de opostos, sendo o outro par a vida, e que, enquanto a forma muda, a vida é imutável."

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 30)
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domingo, 27 de novembro de 2016

QUAL É O SEU DEVER

"Qual é exatamente seu dever? Deixe-me resumi-lo para você. Primeiro, cuide de seus pais com amor, reverência e gratidão. O segundo é falar a verdade (sathyam vada) e agir com virtude (dharmam shara). Terceiro, quando dispuser de algum tempo, repita, repita o nome do Senhor, imaginando Sua Forma. Quarto, não se permita falar mal dos outros, nem tente descobrir os erros deles. E, finalmente, o quinto, não cause dor, de qualquer forma, aos outros.

Reverencie a sabedoria (jnana), assim como o faz a seu pai. Adore o Amor (prema) como adora sua mãe. Movimente-se fundamentalmente em Retidão (dharma) como se a retidão fosse sua verdadeira irmã. Confie na Compaixão (daya) como sua própria filha. Tais são seus genuínos parentes. Mova-se com eles. Viva com eles. Não os abandone. Não negligencie."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 161)


sábado, 26 de novembro de 2016

A NATUREZA DE DEUS

"(7:24) Os homens de pouca sabedoria imaginam que Eu, o Não manifesto, sou limitado (quando apareço) em forma corpórea. Não atinam com Minha natureza superior: imutável, inefável, suprema.

Os devotos carentes de sabedoria imaginam o próprio Ser Supremo limitado, essencialmente, às Suas manifestações especiais. Chegam a adorá-Lo sob uma dessas formas como o Deus único: por exemplo, Krishna e sua flauta, Shiva e seu tridente, Kali e seus quatro braços ou Jeová e Alá, que têm nomes, mas não formas. Deus é tudo isso, mas ao mesmo tempo muito mais, a ponto de não poder sequer ser imaginado ou nomeado em Sua verdadeira essência.

No entanto, dar ao Inefável um nome e visualizá-Lo sob uma forma qualquer é inevitável, pois o homem não saberia adorá-Lo de outro modo. Krishna não diz, na estrofe acima, que é errado reverenciar Deus com nome e forma: apenas, não se deve confiná-Lo dessa maneira. Deus é tudo - e nada, quer dizer, nenhuma coisa específica. Está em tudo e além de tudo, não sendo nem mesmo as 'coisas' nas quais Se manifestou, que não passam de sonhos e têm a realidade dos sonhos."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 311)


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

AÇÃO SEM APEGO (PARTE FINAL)


"(...) Existe uma historinha sobre dois jardineiros. Ambos possuíam algumas macieiras. O primeiro queria que as árvores produzissem muitas maçãs. E assim ele as regava constantemente e colocava muito adubo. Mas as árvores não se tornavam mais fortes; elas se tornavam mais fracas. Ele não notava isso. Em sua ganância em ter muitas maçãs, ele lhes dava água e adubo em demasia.

Quando chegou a hora, as árvores produziram algumas maçãs, mas não tantas quanto o esperado - apenas dez cestos. Ele começou a pensar: 'Não há tantas maçãs, mas irei vendê-las a preços elevados'. E assim ele seguiu para o mercado. Lá encontrou o outro jardineiro que era um homem muito pacífico e humilde, que trouxera cinquenta cestos cheios de maçãs saudáveis e bonitas. Ele ficou surpreso e invejoso.

Ele perguntou ao outro: 'Estas maçãs são todas de seu jardim?'. 'Sim, são', respondeu o outro, com voz humilde e gentil. 'Mas como pode você ter tantas? O que você fez? Usou um método especial?'. Nenhum método especial, apenas cuidei das árvores por amor às próprias árvores e não por causa das maçãs', respondeu o outro jardineiro.

A sabedoria dessa história nos ensina que, se fizermos nosso trabalho com amor, os frutos virão naturalmente. Existe uma Lei divina operando por trás de todas as nossas ações e o verdadeiro praticante da Doutrina do Coração, que é a verdadeira Teosofia, não se preocupa com os resultados. Se trabalharmos de maneira altruísta para o próximo, quer seja para os minerais, vegetais, animais e seres humanos, tornamo-nos uma força benevolente na Natureza. (...)

Como disse o Mestre ao jovem Krishnamurti: 'Aquele que age sem apego esquece-se totalmente de si próprio e se torna uma caneta na mão de Deus'."

(Duzan Zagar - Ação sem apego - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 36/37)
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