OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

CONSCIÊNCIA MUNDIAL

Resultado de imagem para CONSCIÊNCIA MUNDIAL"O caráter distintivo do mundo moderno rebaixa o autocontrole; muitas vezes, a disciplina pessoal é anátema para aqueles educados nas modernas linhas racionalistas que repudiam as noções tradicionais. Embora seja desejável examinar os valores tradicionais, poderá a sociedade continuar a ser civilizada se seus membros se recusarem-se a abraçar o imperativo moral?

A rigidez da moralidade fundamentalista é uma reação a essa atitude relativista. O fundamentalismo simplifica todas as questões e respostas; por isso a moralidade torna-se uma afirmativa dogmática. No entanto, a complexidade de vida não poder ser reduzida ao sim e não, convenientes aos intérpretes da tradição.

A percepção ética deve tornar-se viva através da pesquisa, da discussão inteligente e da promoção de um senso de responsabilidade para com o ambiente e a sociedade. Não podemos nos esquivar das questões éticas, seja em política, adminstração, educação ou comportamento. Educadores, intelectuais, religiosos e pessoas engajados em reconstrução social devem enfrentar esse desafio.(...)"

(Radha Burnier - Viver com ética - Revista Sophia, Ano 16, nº 74 - p. 14)


terça-feira, 15 de outubro de 2019

O MUNDO INTERIOR EM CONTRAPOSIÇÃO AO MUNDO EXTERIOR

"Os sentidos são a raiz da consciência material. O indivíduo comum está mais inclinado para o mundo e para as coisas materiais do que para as coisas espirituais, porque os faróis de seus cinco sentidos - visão, audição, olfato, paladar e tato - estão direcionados para o exterior, isto é, aos objetos e prazeres materiais. É por isso que tudo lá fora parece lindo e agradável. Nunca se contempla o 'mundo interior' a menos que os faróis se invertam e se focalizem ali. Só quando aprender a não se deixar levar pela operação dos sentidos é que você conseguirá desfrutar da consciência espiritual.

Quando você se interioriza, começa a perceber que há muito mais maravilhas no mundo interior do que no exterior. Se gosta da música deste mundo, descobrirá que a música astral é muito mais encantadora. Da mesma forma que aprecia a carícia de um brisa refrescante, o calor do sol e outras sensações saudáveis, quando você tem a consciência voltada para dentro sente as percepções sutis, extremamente agradáveis, das forças situadas nos centros espirituais do eixo cerebrospinal do corpo. Todas as coisas belas deste mundo nada mais são do que uma grosseira réplica da radiante grandiosidade do mundo astral. Nada material pode se comparar às maravilhosas visões do mundo interior. A consciência espiritual leva à percepção da sabedoria e da beleza que existem por trás de todos os fenômenos materiais.

A beleza da natureza é como uma fonte: você vê como a névoa de água é bonita mas não enxerga as maravilhas dentro de cada gota. A luz e a cor astral por trás de cada átomo são indescritivelmente belas. Na fonte de esplendor da natureza você vê apenas o exterior grosseiro, mas não a sutil beleza interior, nem o Poder que confere essa beleza à natureza. 

'Ó Senhor, todas as coisas são formosas porque Tu lhes emprestaste a beleza que possuem. A lua sorri e as estrelas cintilam porque lá estás, fulgurante. Como Tu és belo, tudo é belo; sem Ti, nada seria bonito. Ó Beleza Infinita, és mais bela do que todas as coisas belas que vêm de Ti. Os encantos da natureza nada mais são do que ondas de Tua beleza dançando em Ti, Ó Espirito Invisível da Beleza!'"

( Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 88/89)
http://www.omnisciencia.com.br/livros-yogananda/romance-com-deus.html


terça-feira, 17 de setembro de 2019

A MENTE DESPRENDIDA

"A transformação do mundo é provocada pela transformação de si mesmo, porque o self é o produto e uma parte do processo total da existência humana. Para haver transformação, o autoconhecimento é essencial; sem saber o que você é não há base para um pensamento correto, e sem conhecer a si mesmo não pode haver transformação. O indivíduo precisa se conhecer como ele é, não como deseja ser, pois é meramente um ideal e, por isso, fictício, irreal; só esse o que pode ser transformado, não aquele que você deseja ser.

Conhecer-se como se é requer uma mente extraordinariamente alerta, porque o que está constantemente sofrendo transformações, mudanças: e para segui-lo depressa a mente não deve estar presa a nenhum dogma ou crença particular; a nenhum padrão de ação. Se você quiser seguir qualquer coisa, não é bom estar preso. Para conhecer a si mesmo é necessário ter consciência, uma extraordinária atividade da mente em que há a liberdade de todas as crenças, de toda idealização, porque as crenças e os ideais só lhe proporcionam uma cor, pervertendo a  verdadeira percepção. Se quiser saber o que você é, não pode imaginar ou acreditar em algo que você não é. Se eu sou ganancioso, invejoso, violento, o simples fato de ter um ideal de não violência, de não ganância, é de pouco valor... O entendimento do que você é - seja feio ou bonito, malvado ou maligno -, sem distorção, é o início da virtude. A virtude é essencial, pois ela proporciona liberdade."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil, São Paulo, 2016 - p. 37)


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

EM SINTONIA COM A FONTE DO SUCESSO

"Pouquíssimas pessoas percebem que a lei divina governa todas as ações e determina os efeitos dessa ação. Assim, o destino de cada um não é regido pela sorte, mas pelas causas que o próprio indivíduo colocou em movimento. Por meio da percepção espiritual, cada circunstância da vida de uma pessoa pode ser cientificamente rastreada até sua causa ou um padrão específico de causas. Mas como a pessoa comum não percebe a lei de ação e reação que governa a sua vida, ela acredita que o que lhe ocorre é em grande parte uma questão de coincidência e destino. É comum as pessoas dizerem 'tive sorte' ou 'foi meu infortúnio'. Não há sorte que não tenha sido criada antes, nesta ou em outra encarnação, e não há destino infeliz, exceto o que já tenha sido 'predestinado' por nossos próprios atos no presente ou num passado distante - às vezes até muitas vidas antes de adentrarmos os portais da vida atual. Essas causas autocriadas são o motivo de algumas pessoas nascerem pobres e outras ricas; algumas doentes e outras saudáveis, e assim por diante. Do contrário, onde estaria a justiça de Deus se Ele criasse todos iguais - mas depois destinasse alguns a viver em circunstâncias favoráveis e outros a suportar condições desfavoráveis?

A lei de causa e efeito que governa nossa vida é o que chamamos de karma. Karma significa ação; e também os frutos e efeitos de nossas ações. São esses efeitos, bons ou maus, que tornam as mudanças tão difíceis para algumas pessoas - mudanças pessoais ou das circunstâncias. Não há outra forma de explicar as desigualdades entre os seres humanos que não negue a justiça de Deus. E sem justiça eu diria que não vale a pena viver.

Então, se sucessos ou fracassos são mais ou menos determinados por você mesmo no passado, não haveria remédio para alterar as condições atuais? Sim, há. Você é dotado de razão e vontade. Não há dificuldade que não possa ser resolvida, desde que você acredite que tem mais poder do que dificuldades e que use esse poder para pulverizar os seus impedimentos. Faça o esforço científico necessário para ter êxito."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship, 2014 - p. 65/66)
http://www.omnisciencia.com.br/jornada-para-a-autorrealizacao/p


quinta-feira, 25 de julho de 2019

A ELIMINAÇÃO DAS IMPUREZAS

"28. O propósito da disciplina do Yoga é eliminar as impurezas causadas pelo processo de condicionamento, de modo que a Luz do Puro Percebimento Incondicionado possa brilhar. 
Em função do sütra acima, o propósito da disciplina do Yoga é negativo em sua natureza. Ele não objetiva construir alguma coisa com um conteúdo positivo, pois o positivo nasce naturalmente no campo da negatividade. O positivo é descendente do alto e não o produto do esforço da mente. Também não é forjado pela Vontade, conquanto forte e resoluta possa ser. E, de fato, Patañjali afirma que o propósito das práticas do Yoga é eliminar os obstáculos que possam ter sido acumulados devido ao processo de condicionamento. A expressão utilizada é asuddhi-ksaye, a eliminação das impurezas. Quando isso é feito, a Luz do puro percebimento brilha por si mesma. Ao serem abertas as portas e as janelas da casa, os raios do sol entrarão imediatamente. Não é preciso convidar o sol para iluminar o quarto, até então, escuro. Há apenas algo a ser feito - remover as obstruções que mantêm fora a luz. Na verdade, a disciplina sobre a qual Patañjali fala neste sütra está na natureza de remover as obstruções que interceptam o fluxo natural da vida. Ele afirma que, com a eliminação das impurezas, brilha a luz da sabedoria, e é nesta luz que vem o percebimento da Realidade. Para se ver, é preciso haver luz, e quando há luz, as coisas aparecem naturalmente à visão como são. Assim, a disciplina indicada aqui objetiva criar um estado de negatividade, no qual tão somente o positivo pode nascer."

(Rohit Mehta - Yoga A arte da integração - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 105)


terça-feira, 25 de junho de 2019

O MOMENTO DA MORTE

"Lembre-se de que todos os hábitos e tendências acumulados na base da nossa mente ordinária estão prontos para ser ativados por qualquer influência. Sabemos que basta a menor provocação para trazer as nossas reações instintivas e habituais à superfície. Isso é especialmente verdadeiro no momento da morte. O Dalai Lama explica:

No momento da morte, as atitudes com que temos familiaridade há muito tempo impõem-se e determinam o renascimento. Por essa mesma razão, o eu gera um forte apego, já que tememos que esse eu esteja se tornando inexistente. Tal apego serve como elo de conexão com o estado intermediário entre as vidas, enquanto o desejo de um corpo age por sua vez como causa que estabelece o corpo do ser que está no estado intermediário (bardo).

Desse modo, o estado da nossa mente no instante da morte é absolutamente importante. Se morremos com a mente estruturada de maneira positiva podemos melhorar nosso próximo nascimento, apesar do nosso carma negativo. E se estamos aborrecidos e angustiados, isso exerce um efeito prejudicial, mesmo que tenhamos vivido bem nossa vida. Isso significa que o último pensamento ou emoção que temos antes de morrer tem um efeito determinante e extremamente poderoso no nosso futuro imediato. Assim como a mente de um louco está quase sempre ocupada por uma obsessão que volta de tempo em tempo, no instante da morte também nossa mente está totalmente vulnerável e exposta a quaisquer pensamentos que então nos preocupem. Esse último pensamento ou emoção que tempos pode ser ampliado além de toda proporção e impregnar toda nossa percepção. É por isso que os mestres afirmam que a qualidade da atmosfera que nos cerca quando morremos é crucial. Com os nossos amigos e parentes devemos fazer tudo o que estiver ao alcance para inspirar emoções positivas e sentimentos sagrados como amor, compaixão e devoção, e igualmente ajudá-los a 'abandonar toda possessividade, anseio e apego'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2.000 - p. 286/287)


terça-feira, 3 de abril de 2018

AS MANIFESTAÇÕES DA PRESENÇA DE DEUS

"'Ao sair de casa, tente sentir que todas as coisas ao seu redor fazem parte da sua própria percepção desenvolvida.

'Observe as folhas balançando nas árvores e tente captar-lhes o movimento. Imagine nesse movimento que Deus está expressando Seus pensamentos e inspirações.

'Observe a grama dos prados à medida que ondula ao vento. Imagine a brisa como o hálito de Deus soprando sobre o mundo, inspirando todos os seres e dando-lhes a vida.

'Ouça os pássaros cantando. Imagine que Deus, mediante o canto dos pássaros, está tentando chegar até você por meio dessa sensação de satisfação divina.

'Esteja consciente dos raios do sol na sua pele. Penso no calor que você sente como se ele fosse a energia de Deus. Permita que ele encha o seu corpo com vitalidade e força. Imagine a energia divina dando força às criaturas em todos os cantos da terra por meio da luz solar.'"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 173)


domingo, 25 de março de 2018

O PODER DA SUA PRESENÇA

"PERCEBER, DE REPENTE, que você está ou tem estado preso ao sofrimento pode lhe causar um choque. No momento em que percebe isso, você acabou de romper com a ligação.

O sofrimento é um campo de energia, quase como uma entidade que se alojou temporariamente  no seu espaço interior. É a energia da vida que foi aprisionada, uma energia que não está mais fluindo.

Claro que o sofrimento está ali por causa de certas coisas que aconteceram no passado. Ele é o passado vivo em você. E, se você se identifica com ele, se identifica com o passado. Uma identidade vítima acredita que o passado é mais poderoso do que o presente, o que não é verdade. É a crença de que outras pessoas e o que fizeram a você são responsáveis pelo que você é hoje, pelo seu sofrimento emocional, ou por sua incapacidade de ser o verdadeiro eu interior.

A verdade é que o único poder está bem aqui neste momento: o poder da sua presença. Uma vez que saiba disso, perceberá também que só você é responsável pelo seu espaço interior no presente instante e o passado não consegue prevalecer contra o poder do Agora.

A inconsciência cria o sofrimento. A consciência transforma o sofrimento nela mesma. São Paulo expressa esse princípio universal de forma linda ao dizer: 'Tudo é revelado ao ser exposto à luz, e o que for exposto à própria luz se torna luz.'

Assim como não se pode lutar contra a escuridão, não se pode lutar contra o sofrimento. Tentar fazer isso poderia gerar um conflito interior e um sofrimento adicional. Observar o sofrimento já é o bastante. Observá-lo implica aceitá-lo como parte do que existe naquele momento."

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 81/82)


quarta-feira, 21 de março de 2018

A VERDADE ETERNA, A META DA IOGA (PARTE FINAL)

"(...) Aqueles que são conhecidos como adeptos renunciam este desaparecimento na forma última para tornarem-se a Hierarquia Oculta deste planeta, desde o Senhor do mundo, passando pelos Mahatmas de todos os Graus, até os Asekhas. Eles fazem esta grande Renúncia em prol de todas as outras Mônadas-Egos em evolução e de outros seres. Isto capacita a Hierarquia em Sua preocupação compassiva e envolvê-los e a 'preservá-los' através da 'noite escura', o Gethsemane do Esquema Planetário que começou nesta Quarta Ronda. 

Ninguém abaixo do nível destes Seres pode estimar a natureza do sacrifício ou a amplitude e a extensão do serviço Deles. Ainda que estes grandes e gloriosos Seres tenham, por assim dizer, atrasado a Autoidentificação com a Verdade última, no entanto, Eles são iluminados por sua Luz e assim capazes de percepção perfeita e vislumbre infalível em todos os princípios e processos da Natureza, desde o físico até os níveis espirituais mais altos.

Admitimos, porém, que este conceito é altamente abstrato, além do alcance e mesmo do interesse da maioria das pessoas. Porém, deveria ser mantido na consciência do discípulo devotado como sua meta durante o desempenho da ioga ao longo de toda a sua vida. A consideração desta meta para a percepção da unidade de toda a vida interior como a meta, e sua aplicação a todas as ações e todos os relacionamentos como o ideal, deveria-se lembrar da meta última, que é a Verdade eterna e sem fim. 

Em circunstâncias normais, a ideia de cada pessoa sobre sua meta espiritual e, em grande parte o resultado do seu Raio.¹⁶ Os homens são obrigados pelas restrições da automanifestação a expressar seus Raios, daí os sete ideais principais dos sete temperamentos humanos: poder, sabedoria, compreensão, beleza, conhecimento e a capacidade para saber, devoção ou consciência de causa e ordem. É correto que cada pessoa em sua aspiração humana e autoexpressão deverá ser levada em direção ao Raio, mas além de todos os Raios está a Unidade ou existência unitária em que todos os objetivos são sintetizados e transcendidos. É esta Existência Una ou Verdade celestial que será finalmente procurada e encontrada.

Ao meditar, a pessoa é aconselhada a seguir sua inclinação natural e procurar um resultado natural, em particular a realização da unidade, lembrando-se porém que uma realização ainda maior aguarda, chama e pode ser alcançada na meditação. Ainda que isto possa estar além da conceituação e da expressão no momento, não será sempre assim. Para ajudar na formulação desta ideia, a pessoa pode proveitosamente pensar sobre a existência da Verdade como estando por trás e além de todas as verdades: o Princípio abstrato sem forma que não pode ter nome e, no entanto, é a síntese de todas as ideias verdadeiras em todos os tempos."

¹⁶ Os Sete Raios ou temperamentos humanos.

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Ioga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 30/31)


domingo, 11 de março de 2018

O CAMINHO DO MEIO (1ª PARTE)

"Na manifestação não há harmonia. Tal é a situação em quase todo o tempo entre as pessoas e entre a pessoa e as circunstâncias em que se encontra e assim por diante. Mas harmonia é uma das coisas que devemos aprender para viver corretamente. Isso significa que não devemos fazer qualquer julgamento injusto e apressado, mas sim que devemos praticar para compreender. Normalmente fazemos julgamento a respeito de várias coisas, mas devemos aprender a não julgar. Podemos ter certo ponto de vista e ao mesmo tempo compreender que tal visão pode não estar certa, ou em muitos casos ser muito limitada e de valor apenas temporário. Todo mundo pode descobrir por si se seu julgamento é certo ou não, se deve ser mais flexível ou não. 

Diz A voz do silêncio: 'Tendo se tornado indiferente a objetos de percepção, o discípulo deve buscar o Raja dos sentidos, o produtor de pensamentos: aquele que desperta a ilusão'. O que nos acontece neste nível mais baixo da manifestação, o nível físico, é que não compreendemos que nossa visão das coisas pode estar certa só até certo ponto; podemos dizer 'não' ou parcialmente 'não' a algo, e 'sim' a outra coisa, mas essa opinião pode estar errada. Poderemos manter a mente num estado em que a mesma opinião não seja definitiva? As experiências por que passamos tornam-se difíceis se nos aferramos a tais opiniões achando que estão certas. É difícil agir sem aferrar-se muito ao modo certo ou ao que parece certo no momento.

Examinemos isso um pouco mais. É muito difícil agir sem um motivo devido ao sentimento de 'eu'. Mas, se não houver o 'eu', ou se este não for forte, o motivo torna-se muito forte. Assim fazemos o que pensamos ser certo, mas não pensamos que seja a resposta final. É o mesmo que perguntar: estamos livres da atração e repulsão, de gostos e rechaços? Há pessoas cujas ações parecem erradas e por isso não gostamos delas; pensamos que não são bem intencionadas, mas quem somos nós para julgar? Não devemos ligar as ações à pessoa e encará-las de maneira diferente. Essa é uma das lições que temos no Novo Testamento. Jesus Cristo aceitava como amigos até as pessoas mais depravadas, os que não sabiam o que faziam. Tal atitude é a que devemos cultivar. 

Podemos ter essa atitude de benevolência em relação a quem quer que dela necessite? O sentimento de piedade, de cuidar, de querer ajudar uma pessoa - isso marca a pessoa que não tem atração nem repulsão. Ela sabe que há um elemento divino em todos. Existem os objetos, os sentidos estão vivos, a mente percebe, mas é estática, sem movimento, sem ir ou se mover para qualquer lugar; tudo isso é parta da yoga. (...)"

(Radha Burnier - O caminho do meio - TheoSophia, Ano 99, Janeiro/Fevereiro/Março de 2010 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 9/10)


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

VISÃO CÁRMICA

"Como é que chegamos a viver como seres humanos? Todos os seres que têm carma semelhante terão uma visão comum do mundo em torno deles, e esse conjunto de percepções que partilham é chamado de 'visão cármica'. Essa estreita correspondência entre o nosso carma e o tipo de reino em que nos encontramos também explica como diferentes formas surgem: você e eu, por exemplo, somos seres humanos devido ao carma básico comum que partilhamos.

Mas mesmo dentro do reino humano todos nós temos nosso carma individual. Nascemos em países, cidades e família diferentes; cada um de nós tem diferente criação, educação, influências e crenças, e todos esses condicionamentos incluem aquele carma. Cada um de nós é uma complexa somatória de hábitos e ações passadas, e assim não podemos ver as coisas senão da nossa maneira pessoal, única. Os seres humanos são muito parecidos, mas percebem as coisas de modo completamente diferente, e cada um de nós vive em seu próprio mundo individual, único e separado. Como disse Kalu Rinpoche: 
Se cem pessoas dormem e sonham, cada uma delas experimentará um mundo diferente em seu sonho. Pode-se dizer que os sonhos de todos são verdadeiros; não teria sentido afirmar que apenas o sonho de uma pessoa é o mundo verdadeiro e todos os demais são falsos. Há verdade em cada um que percebe, de acordo com os padrões cármicos que condicionam suas percepções.²"
² Kalu Rinpoche, Essence of the Dharma (Delhi, Índia: Tibet House), 206.

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 153/154

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

SOBRE O NATAL E O ANO NOVO - COMO SE CRIA UMA ATMOSFERA CORRETA PARA O FUTURO (1ª PARTE)

"A época do Natal e do Ano Novo possui um forte significado interno para quem tem olhos para ver. A ronda de 12 meses corresponde a todo um ciclo da nossa existência. Uma página é virada no Livro da Vida, e algumas pessoas sentem a tentação de fazer o autoexame pitagórico, cujo poder benéfico atravessa os milênios:

"O que eu fiz de bom? Em que errei? Serei capaz de renovar meus votos de fazer o melhor que posso no próximo ano, e estarei à altura do compromisso?'

O fim de qualquer ciclo e o começo do ciclo seguinte são sempre uma boa ocasião para avaliar o nosso progresso no aprendizado, e para adotar novas resoluções. Helena Blavatsky escreveu: 'E que ninguém pense que se trata apenas de uma fantasia, atribuir importância ao nascimento do ano.'  Ela acrescentou:
  
'A terra passa pelas suas próprias fases bem definidas, e o homem com ela; e assim como um dia pode ter um tom, o ano também pode. A vida astral da Terra é jovem e forte entre o Natal e o Ano Novo. Aqueles que definem a sua vontade agora [isto é, entre Dezembro e Janeiro] têm uma força extra para realizá-la de modo coerente.'²

'A nossa percepção do tempo se expande a cada final de ciclo. Parece que ficamos frente a frente com outros momentos semelhantes, do passado e do futuro. Quando você vira uma página no livro da sua vida, você tem uma visão de como foram escritas as páginas anteriores, e faz um diálogo com as sementes do futuro. A época do Natal nos leva a uma dimensão diferente do tempo. Em alguns casos uma repetição das mesmas e velhas celebrações ao nosso redor produz um estranho sentido de déjà vu que expande a nossa percepção. Ela nos traz lembranças do passado e talvez alguns sentimentos sobre os tempos que virão.

É verdade que qualquer apego a coisas passadas é perigoso, e H.P.B. fez uma advertência, ao escrever sobre o final de um ano:

'Deixe-o ir embora, com suas alegrias, triunfos, coisas ruins e amargura; basta que ele deixe conosco para nosso aprendizado a memória da nossa experiência e a lição dos nossos erros. Sábio é quem deixa que ‘o Passado morto enterre os seus mortos’ e se volta com coragem para os deveres renovados do Ano Novo; só os fracos e os tolos se lamentam pelo que é irrevogável.'³ (...)"

² H.P. Blavatsky, no artigo '1888', publicado no livreto 'Theosophical Objects, Program and Organization', The Theosophy Company, Los Angeles, USA, 37 pp., ver p. 9. O artigo '1888' está publicado também nos 'Collected Writings' de H.P. Blavatsky, TPH, EUA, volume IX, pp. 3-5 (ver p. 5).
³ 'Collected Writings', H. P. B., TPH, vol. III, 1995, p. 01.

(Carlos Cardoso Aveline - Sobre o Natal e o Ano Novo, Como Se Cria Uma Atmosfera Correta para o Futuro)

terça-feira, 24 de outubro de 2017

UMA TOTAL RECEPTIVIDADE

"'O Tao jamais faz qualquer coisa. Todavia, através dele todas as coisas são feitas." Esse é o significado de Sidartha tornar-se uno com o rio e Santiago com o vento do deserto. Não ação não é inércia, mas uma total receptividade àquilo que jorra da fonte através do indivíduo. É um modo de vida, não procurando coisas ou viajando para onde quer que seja, mas tornando-se uno com o todo e permitindo que a vida se expresse através de nós. 

Ramana Maharshi disse que 'não há mistério maior do que este: ficamos buscando a realidade, mas somos nós a realidade'. É por isso que a procura pelo Graal nos manterá presos a uma miragem. O conselho de Eckhart Tolle para sair dessa armadilha é o seguinte: 'Não busque tornar-se livre do desejo, nem busque a iluminação. Torne-se presente. Esteja aqui e agora, seja um observador de sua mente. Não faça citações do Budha, seja o Budha.'

Em outras palavras, nós já somos aquilo que procuramos. Temos apenas que perceber isso." 

(Christine Lowe - A miragem do Graal - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 14)


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

CORAGEM: UMA QUALIDADE INATA DA ALMA

"Aquele que busca com sinceridade, na prática, ao contrário daquele que 'busca' na poltrona e desperdiça a vida ruminando teorias intelectuais, entusiasma-se ao pensar na dura tarefa que tem pela frente. O guerreiro autêntico, mesmo que sinta medo, atira-se corajosamente à batalha quando a força do braço se torna necessária. O alpinista de verdade, embora apreensivo diante da encosta íngreme que deverá escalar, prepara-se resolutamente para conquistá-la. E o homem sincero na busca da verdade diz a si mesmo: 'Sei que alcançar a perfeição é uma tarefa árdua, mas farei de tudo para alcançá-la. (...)' Meditando incansavelmente dia após dia, ele finalmente toma consciência do corpo e recupera a percepção da divina bênção interior, que há muito perdera.

Ânimo, devoto! Não importa quão árido, duro e ressequido tenha se tornado o solo de seu coração durante os anos de fome da indulgência sensual, do fracasso e do desapontamento, ele pode ser regado e fertilizado novamente pelas águas vivificantes da comunhão interior. Seu entusiasmo espiritual, há muito arrefecido, pode ganhar vida nova. Basta que você beba de novo o vinho antigo da comunhão com Deus. No campo do empreendimento espiritual fervoroso, lance novamente à terra macia das percepções renovadas da alma as sementes do sucesso espiritual e veja-as transformar-se numa seara de alegrias divinas. 

Em vez de se sentir vencido e desencorajado diante daquilo que supõe ser uma tribulação, agradeça a Deus a oportunidade de descobrir o que precisa aprender, e de juntar forças e sabedoria para enfrentar o desafio."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Ter Coragem, Serenidade e Confiança - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 17/18


sábado, 14 de outubro de 2017

ABANDONANDO O TEMPO PSICOLÓGICO (PARTE FINAL)

"(...) O que percebemos como futuro é uma parte intrínseca do nosso estado de consciência do momento. Se a nossa mente carrega um grande fardo do passado, vamos sentir isso. O passado se perpetua pela falta de presença. O que dá forma ao futuro é a qualidade da nossa percepção do momento presente, e o futuro, é claro, só pode ser vivenciado como presente. 

Se é a qualidade da nossa percepção neste momento que determina o futuro, então o que é que determina a qualidade da nossa consciência? O nosso grau de presença. Portanto, o único lugar onde pode ocorrer uma mudança verdadeira e onde o passado pode se dissolver é no Agora.

Talvez seja difícil reconhecer que o tempo é a causa do nosso sofrimento ou de nossos problemas. Acreditamos que eles são causados por situações específicas em nossas vidas, e, de um ponto de vista convencional, isso é uma verdade. Mas, enquanto não lidarmos com a disfunção básica da mente - o apego ao passado e ao futuro e a negação do presente -, os problemas apenas mudarão de figura.

Se todos os nossos problemas, ou causas identificadas de sofrimento ou infelicidade, fossem milagrosamente solucionadas no dia de hoje, sem que nos tornássemos mais presentes e mais conscientes, logo nos veríamos com um outro conjunto de problemas ou causas de sofrimento semelhantes, como uma sombra que nos seguisse aonde quer que fôssemos. Em última análise, o único problema é a própria mente limitada pelo tempo.

Não há salvação dentro do tempo. Você não pode se libertar no futuro.

A PRESENÇA É A CHAVE para a liberdade. Portanto, você só pode ser livre agora."

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2016 - p. 35/36)


sábado, 2 de setembro de 2017

A RELIGIÃO DA BELEZA (PARTE FINAL)

"(...) A resposta à beleza transmuta a consciência. Quando vemos a luz do sol se derramando sobre as folhas ou sentimos a beleza do entardecer, algo se abre dentro de nós. Há um sentimento de alívio e deleite, pois a beleza nos libera, nos põe em contato com o eu, com a nossa natureza mais profunda, onde está o sujeito que não pode ser visto ou ouvido, mas que é todo percepção. A beleza é uma ponte entre o eu e a essência daquilo que vemos. A experiência da beleza nos transporta ao universal.

Tudo que é belo abre uma vereda para o sagrado e o santificado, porque é um fragmento manifestado das verdades divinas. Segundo Hugh l'Anson Fausset, 'pela visão espiritual daqueles que viram a beleza celestial, podemos descobrir a realidade à qual pertencemos e participar de seu mistério.'

Por isso, os Upanishades aconselham: aprenda a olhar, ouvir, penetrar em você mesmo e meditar, pois é assim que a consciência universal é conhecida. Krishnamurti também recomendou, com insistência, que as pessoas observassem e escutassem.

A verdade se mantém aberta a todas as formas de beleza. Beleza é ordem. Por isso há um sentimento de santidade na contemplação da ordem natural. Há uma beleza aterradora na progressão ordenada das estrelas e no crescimento de todas as coisas de acordo com sua natureza própria. Há uma grande beleza na ordem que não foi criada por nós. Isso cria uma sensação de confiança, de que tudo está bem; nos diz que existe justiça o tempo todo, porque a ordem celeste governa o universo."

(Radha Burnier - A religião da beleza - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 5/6)


terça-feira, 22 de agosto de 2017

ÉTICA: A RESTAURAÇÃO DA HARMONIA (PARTE FINAL)

"(...) Perceber que a vida é una significa compreender que não há qualquer ação estritamente individual, e sim um movimento vasto e combinado. Há ação e reação imediata entre o indivíduo e todo o universo manifestado. Talvez seja difícil admitir que cada ser humano contribui para o bem-estar ou a desventura de toda a sociedade, para não mencionar o universo.

A ética não é um código moral imposto de fora, um conjunto de regras estipulando o que fazer ou não fazer: não é a obediência a uma autoridade política ou a um Deus que fica sentado a nos julgar. A harmonia não surge por meio de pressões externas. É um esforço para observar, entender e despertar interiormente.

As morais sociais e religiosas levam, via de regra, a um aumento da autoafirmação. A ética espiritual passa longe de ambas sugerindo um 'caminho do meio': não o ascetismo, mas a moderação; não as virtudes, mas o autoesquecimento. A ética é a expressão prática de valores fundamentais, sem os quais não é possível qualquer felicidade para a humanidade: a unidade da vida, a interdependência e a responsabilidade mútua.

O respeito pelos outros, os relacionamentos harmoniosos e o altruísmo expressam esses princípios na nossa vida diária, que consiste de relacionamentos. A ética nada tem a ver com exibições de heroísmo, e sim com um modo de vida simples, correto e equilibrado. Isso porá fim à inquietação da personalidade, que obstrui a manifestação das qualidades espirituais."

(Danielle Audoin - Ética: a restauração da harmonia - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p.41)

terça-feira, 8 de agosto de 2017

DISCIPLINA ESPIRITUAL

"'Pureza, contentamento, simplicidade, autoestudo e aspiração são as regras da observância' (sutra 32). A disciplina espiritual requer energia e um corpo saudável, mas o foco principal é a mente. Uma mente pura é livre de memórias, preocupações com o futuro e qualquer conteúdo não necessário à situação presente.

A disciplina mental é a vigilância necessária para manter a mente 'fresca' e serena, além, é claro, da meditação, que Patañjali indica em outros sutras. O sutra 40 lembra que a pureza requer um retiro, de tempos em tempos, para 'esvaziar a cabeça'.

Aceitação e contentamento não significam passividade nem resignação, mas ver as coisas como elas são e agir objetivamente. Passividade e resignação são associadas ao ressentimento, que prejudica a percepção e impede que se chegue a uma solução correta de problemas.

A simplicidade, ou austeridade, é o desapego ao supérfluo, não apenas em relação aos bens materiais, mas também à própria personalidade. Ser simples, nesse sentido, é ter a mente livre de complicações desnecessárias.

O autoestudo é a observação de nós mesmos, de forma honesta, sem máscaras ou justificativas que nos impeçam de ver nossas próprias motivações. A aspiração é a direção correta, que no yoga significa a união com Deus, a autorrealização, a iluminação.

As observâncias, assim como as abstinências, não são práticas isoladas. Só podemos saber se estamos na direção correta se nos observarmos. Só podemos nos observar corretamente se a nossa mente for simples. A mente só pode ser simples se há contentamento, isto é, se as coisas são vistas como são. Para ver as coisas como são é preciso que a mente seja pura, que não esteja sobrecarregada."

(Cristina Szynwelski - O yoga e a moral espiritual - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 33)


segunda-feira, 7 de agosto de 2017

ABSTINÊNCIA E COMPREENSÃO

"As abstinências devem ser praticadas por meio da percepção e compreensão da nossa conduta e das nossas motivações. A não falsidade representa, além da eliminação de toda espécie de dissimulação, a capacidade de ver as coisas como elas são, e não como nós as projetamos. Mehta afirma que as projeções surgem de um passado mal resolvido; as frustrações das experiências passadas se projetam em situações novas e nos impedem de viver livremente cada momento da vida.

Não roubar abrange todas as formas de imitação, ainda que sutis. Quando estamos insatisfeitos com o que temos ou somos, passamos a desejar ou a imitar a condição de outras pessoas. Esse comportamento vem do sentimento de estarmos psicologicamente incompletos. Quando não desejamos ter o que não é nosso ou ser o que não somos, experimentamos um estado de preenchimento psicológico, de satisfação pela vida.

A não indulgência representa o abandono da busca de prazer. Isso não significa negar o prazer, mas parar de correr atrás dele. O prazer do paladar, por exemplo, não é nenhum mal em si; entretanto, ficar o tempo inteiro pensando em comida é ruim, pois gera uma distorção na mente que a impede de viver o momento presente. A não indulgência é viver o prazer quando ele acontece, e depois esquecê-lo.

A não possessividade é o desapego de todos os tipos de objetos. Isso não significa ser um mendigo, mas possuir as coisas sabendo que elas são transitórias e amanhã podem não estar mais conosco. Por objetos entendemos não apenas os bens materiais, mas todas as nossas condições de vida, que podem mudar a qualquer momento. Viver em função de memórias de fatos passados também é uma espécie de apego; é ficar preso a um conteúdo da mente."

(Cristina Szynwelski - O yoga e a moral espiritual - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 32)


domingo, 6 de agosto de 2017

LIVRE COMO UMA CRIANÇA

"A luz do puro percebimento incondicionado é a capacidade do próprio ser humano ver a vida de uma forma natural, sem as impurezas acumuladas pelos condicionamentos. O propósito da disciplina é devolver a mente ao seu estado original, como uma criança, livre das frustrações e dos processos neuróticos que acumulamos com as experiências da vida.

Esses processos de condicionamento tornam a mente 'escrava' dos aprendizados de prazer e dor que modelam a nossa conduta, dos níveis mais superficiais aos mais profundos. Um exemplo fácil de entender são as limitações que as pessoas sofrem por toda a vida em função de traumas que vivenciaram na infância.

No sutra 29, Patañjali explica que 'os oito instrumentos do yoga são abstinências, observâncias, postura, controle de respiração, abstração, percebimento, atenção e comunhão, ou absorção.' A parte desses instrumentos relacionada à moral são as abstinências e observâncias (yama e niyama), especificadas nos sutras seguintes.

'Não violência, não falsidade, não roubar, não indulgência e não possessividade são as abstinências.' Mehta afirma que, num nível superficial, essas abstinências são fáceis de praticar por qualquer pessoa educada; porém, num nível mais profundo, são muito difíceis.

Parece fácil cumprir as normas de não agressão do Código Penal, mas quando a abstinência diz respeito a um estado psicológico, ela se torna quase impossível, pois a não violência (ahimsa) implica não sentir violência. Isso se aplica ao ódio, à hostilidade ou a um estado mental violento.

A abrangência desse conceito demonstra o grau de profundidade do yoga, que nos remete à origem das nossas emoções. O sutra 28 indica que os processos de condicionamento geram impurezas que devem ser eliminados, mas é evidente que o processo de repressão de emoções não é o yoga; a repressão a que estamos acostumados não é eficaz para eliminar as emoções."

(Cristina Szynwelski - O yoga e a moral espiritual - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 31/32)
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