OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 29 de abril de 2025

VÍCIOS E PAIXÕES (PARTE FINAL)

"(...). Os vícios, por sua vez, são os devastadores efeitos das paixões, que se enraízam em forma de hábitos de qualidade inferior, responsáveis pelos desastres morais e emocionais que trucidam as criaturas imprevidentes que se lhes vinculam sem qualquer esforço para a sua libertação.

Apresentam-se disfarçados ou desvelados, de forma que se impregnam em a natureza humana, transformando-se em verdadeiros verdugos portadores de inclemência e perversidade.

De início, asfixiam nas suas malhas estreitas e apertadas aqueles que se lhes concedem predominância no comportamento.

Aturdem, enfermam, enfraquecem, desarticulam a vontade e terminam por infelicitar sem qualquer compaixão o seu próprio mantenedor.

Depois, espraiam-se, contaminando outros desavisados que se deixam enganar com as suas falsas promessas de alegria e de bem-estar, de euforia e de poder, que logo se convertem em decepção e fuga para novos tentames em escala ascendente e volumosa até a consumpção da sua vítima.

Concomitantemente os viciados perturbam a ordem social, por desejarem impor-se ou para manterem as suas necessidades mórbidas, tornando-se sicários de outras vidas ou sendo por si mesmos vitimados.

Com essa imperfeição moral, que resulta da falta de esforço para libertar-se dos estágios primários pelos quais transitou, o Espírito que se deixa vencer pelos vícios permanece em atraso no curso da evolução, tornando-se elemento pernicioso para a sociedade, que passa a vê-lo como inimigo do progresso, credor de penas que se lhe devem impor, a fim de serem evitados danos aos demais membros, tanto quanto a si mesmo.

Os vícios são cruéis mecanismos emocionais a que o ser se adapta, permitindo-se-lhes a vigência e soberania nas paisagens das emoções.

Infelizmente, na sociedade contemporânea, muito esclarecida em torno das conquistas tecnológicas e científicas, as paixões perniciosas e os vícios destrutivos recebem muita consideração, quando os indivíduos são açodados para conseguirem os seus propósitos, às vezes ignóbeis, ou para saírem-se bem nas reuniões de negócios ou de recreios, apelando para os alcoólicos, tabaco, o sexo e outras drogas aditivas.

Longe está o homem de ser social, somente porque se permite o uso e o abuso dos vícios em voga em cada época, ou das paixões animalizantes que os fazem sobressair, conquistando o enganoso brilho da mídia também alucinada em algumas áreas da atual comunicação de massa...

O ser humano marcha para a saúde plena, e as paixões que nele remanescem devem ser encaminhadas para os ideais de crescimento interior e de realização externa, ampliando os horizontes de felicidade do planeta.

Da mesma forma, os vícios deverão ser transformados em hábitos saudáveis ou em peregrinas belezas que deles emergem, lucilando como estrelas no zimbório da noite escura. 

Cada época da sociedade sempre se tem caracterizado pelos seus vícios e virtudes, desgraças ou grandezas que foram vivenciados.

Inegável que antes da queda de todas as civilizações do passado, que começou no apogeu da sua glória e do seu poder, quando os valores morais cederam lugar aos vícios e os ideais de engrandecimento foram substituídos pelas paixões devoradoras, fizeram-se vítimas da insânia os seus governantes e o povo em geral.

As paixões, dessa forma, podem ser alavancas direcionadas para o desenvolvimento cultural, emocional, social e espiritual da Humanidade, assim como os vícios mórbidos e devastadores deverão ser convertidos em sentimentos de autocompaixão, de amor e de caridade para com todas as demais criaturas.

Assim agindo-se, a transição do planeta para melhor será feita com mais facilidade, porque os seus habitantes terão optado por conduta mais condizente com a harmonia que vige no Cosmo e a plenitude que lhe está destinada."

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 159/161.
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quinta-feira, 24 de abril de 2025

VÍCIOS E PAIXÕES (1ª PARTE)

"As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, deixa que elas o dirijam, cai o homem nos excessos e a própria força que, manejada pelas suas mãos, poderia produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga."

(Comentários de Allan Kardec à resposta da questão n° 908.)

As paixões que dominam as criaturas humanas são resultado das heranças instintivas primevas que as impulsionavam na conquista das necessidades, emulando ao avanço e à preservação da vida. Na impossibilidade momentânea, por falta do discernimento e da razão, para bem compreenderem os valores ético morais, as paixões, algumas mesmo asselvajadas, atiravam-nas nas lutas renhidas, das quais resultavam a sobrevivência e os logros para uma melhor qualidade de vida, mesmo que de maneira inconsciente.

À medida que lhes foi surgindo o senso moral, deram-se conta da necessidade de administrar aquelas que se apresentavam de forma violenta, impondo a posse alucinada a tudo quanto passasse a interessar-lhes. 

O surgimento do respeito aos direitos do próximo, lentamente deu margem à educação das tendências perversas e insanas, que passaram a ser direcionadas com objetivos mais elevados. Isto porque perceberam que a vida necessita do grupo social, e que somente por meio de uma convivência ordeira é que o mesmo pode sobreviver aos fatores mesológicos e sociológicos, adquirindo forças para os enfrentamentos e a construção dos seus ideais.

O conhecimento dos mecanismos da vida e de tudo quanto a cerca, a sustenta ou a ameaça, passou a oferecer recursos para a segurança nos relacionamentos, sem a necessidade da imposição dos seus caprichos, surgindo o entendimento psicológico saudável, que abre as portas para a fraternidade e a convivência, nos quais o ser se eleva e se engrandece.

Impossibilitadas de serem destruídas, por fazerem parte da natureza animal, foram canalizadas para as edificações de engrandecimento e de cultura, de solidariedade e de paz, de beleza e de arte, de fé e de amor, decuplicando-lhes a potência, agora manipulada com sabedoria, resultando como verdadeiras bênçãos de que não pode prescindir a sociedade.

As paixões, em si mesmas, são neutras, porque procedem das heranças atávicas. O uso que se lhes dá é que responde pelas consequências felizes ou destrutivas de que se revestem.

Ninguém pode viver sem as paixões, que lhe constituem parte do ser que é, em trânsito para a realidade espiritual. Enquanto viceje a carne, ei-las impulsionando, numa como noutra direção, dignificante ou perturbadora, conforme a sua estrutura emocional. 

A cada um, portanto, cabe o dever de as bem conduzir, assim adquirindo autocontrole e conseguindo as metas dignificantes a que se propõe. (...)."

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 157/159.
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terça-feira, 22 de abril de 2025

O INSTANTE DO ENTENDIMENTO

"Não sei se você já percebeu que há entendimento quando a mente está muito quieta, ainda que por um segundo; o instante do entendimento existe quando a verbalização do pensamento não está presente. Experimente e verá que você tem o instante do entendimento, essa extraordinária rapidez do insight, quando a mente está muito tranquila, o pensamento ausente, a mente livre do seu próprio ruído. Portanto, o entendimento de qualquer coisa um quadro moderno, uma criança, seu cônjuge, seu vizinho, ou o entendimento da verdade que está em todas as coisas - só pode acontecer quando a mente está muito tranquila. Mas essa tranquilidade não pode ser cultivada, porque, ao cultivar uma mente tranquila, não é possível tê-la tranquila, ela morre.

Quanto mais você estiver interessado em alguma coisa, maior será a sua intenção de entendê-la, e mais simples, clara e livre estará a sua mente. Então a verbalização cessa. Afinal, o pensamento é palavra, e é ela que interfere. É a tela das palavras (a memória) que intervém entre o desafio e a resposta. É a palavra que responde ao desafio, o qual chamamos de intelecção. Assim, a mente que conversa, verbaliza, não pode entender a verdade - a verdade no relacionamento, não uma verdade abstrata. Não há verdade abstrata. Mas a verdade é muito sutil...

Como um ladrão na noite, ela chega misteriosamente, quando você está menos preparado para recebê-la."

Krishnamurti, O Livro da Vida, Ed. Planeta do Brasil, São Paulo, SP, 2016,p. 285.
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quinta-feira, 17 de abril de 2025

CAMINHOS

"Uma senhora me conta que a filha, que era muito irresponsável, encontrou-se numa religião e melhorou radicalmente sua conduta.

Que bom quando a pessoa encontra seu caminho! As coisas começam a se ajeitar, começa a haver mais respeito por si e pelos outros, pelos amigos e parentes, filhos e pais.

Passamos então a reparar mais nas coisas simples da vida: a espiritualidade, a natureza, os animais, as crianças...

Porém, o jeito que ocorre conosco e nos leva a mudar pode não ser o melhor para o outro. Não existem receitas prontas, embora possa haver sintonias, afinidades. Daí, o respeito pelos vários caminhos que podem conduzir ao autoconhecimento.

Podemos chegar ao nosso caminho pela dor ou pela sabedoria; às vezes por uma dificuldade ou por uma religião, através de um serviço, uma profissão, uma pessoa, um livro ou uma intuição. Deixamos, assim, de nos ver como centro do universo e aprendemos, aos poucos, a nos ver como irmãos.

A ideia da fraternidade passa a ter sentido e se torna prática. Vemos as pessoas pelo que elas são, não por seus rótulos e títulos. Isso é transformador! Se você encontrou seu caminho, parabéns! Se ainda não achou, é possível continuar buscando. Quando encontrar, verá que todas as experiências foram e são válidas para aprimorar seu discernimento e valorizar suas escolhas e seu encontro consigo mesmo.

Paciência, perseverança, esperança. E, principalmente, amor, amor, amor. 

O amor pode ser mais importante do que o conhecimento. 

Vamos!"

Fernando Mansur, Escrita Divina, A comunicação da alegria, Edição do Autor, 2017, p. 76.
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terça-feira, 15 de abril de 2025

O CULTO CRISTÃO NO LAR

"Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar, quando o Senhor, instalado provisoriamente em casa de Simão Pedro, tomou os Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade:

- Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia?

O Apóstolo pensou alguns momentos e respondeu, hesitante:

- Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores.

Ninguém compra os resíduos da pesca.

Jesus sorriu e perguntou, de novo:

- E o oleiro? que faz para atender à tarefa a que se propõe?

- Certamente, Senhor - redarguiu o pescador, intrigado -, modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.

O Amigo celeste, de olhar compassivo e fulgurante, insistiu:

- E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende?

O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar:

- Lavrará a madeira, usará o enxó e o serrote, o martelo e o formão. De outro modo, não aperfeiçoará a peça bruta.

Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu:

- Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranquila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nos não habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o eterno Pai que nos parece distante?

Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:

- Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas sim no singelo domicílio dos pastores e dos animais.

Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:

- Mestre, seja feito como desejas.

Então Jesus, convidando os familiares do Apóstolo à palestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro culto cristão do lar."

Texto extraído do livro "Jesus no Lar", de Chico Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio, FEB, 2013, p. 9/10.
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quinta-feira, 10 de abril de 2025

BUSQUE CONTATO COM DEUS E ELE O GUIARÁ

"O Senhor não diz que você não precisa pensar por si mesmo nem que não deve ter iniciativa. Você tem que fazer a sua parte A questão é: se você mesmo interromper seu contato com a Fonte por causa de desejos e atos errôncos e por falta de fé e de comunhão divina, não poderá receber o auxílio todo-poderoso que Dele vem Mas se for guiado pela sintonia com Deus, Ele o ajudará a fazer a coisa certa e a evitar os erros.

Para começar, medite profunda e regularmente pela manhã e à noite. Quanto mais você meditar, mais perceberá que existe Algo que está além do âmbito comum da consciência onde reinam grande paz e felicidade. Pratique a presença da paz e da felicidade, pois esta é a primeira prova do contato com Deus. É a percepção consciente da Verdade dentro de você mesmo. É disto que você precisa. É assim que se adora a Verdade, pois só podemos adorar o que conhecemos.⁴ A maioria das pessoas adora a Deus como Algo intangível; mas quando você começa a adorá-Lo como real, por meio de sua percepção interna, sentirá cada vez mais a presença do poder Dele em sua vida. Independentemente do que você faça, nada pode produzir o tipo de contato com Deus que provém da meditação. O esforço ardente para aumentar a paz e a felicidade oriundas da meditação é o único caminho para conhecer Deus.

O momento de orar a Deus e pedir orientação é depois de ter meditado e sentido paz e alegria interior, pois então o contato com Ele foi estabelecido. Se você acha que tem alguma necessidade, coloque-a diante de Deus e pergunte se essa é uma oração legítima. Se sentir interiormente que é justo o que precisa, então ore: 'Senhor, Tu sabes que é disto que preciso. Eu raciocinarei, serei criativo e farei o que for necessário. Tudo o que peço é que guies minha vontade e capacidade criativa para eu fazer as coisas certas.'

Seja justo com Deus. Talvez Ele tenha algo melhor para você do que aquilo que está sendo pedido. O fato é que algumas vezes as suas orações e desejos mais fervorosos são os seus maiores inimigos. Fale com Deus de modo justo e sincero e deixe que Ele decida o que é certo para você. Se for receptivo, Ele o guiará e trabalhará com você. Mesmo que você erre, não tenha medo. Tenha fé. Saiba que Deus está ao seu lado. Em tudo seja guiado por este Poder, que é infalível. Esta verdade se aplica a todos.

Com a prática de uma meditação cada vez mais profunda, você conseguirá, mais cedo ou mais tarde, entrar no estado superconsciente de percepção interior e ali se manter enquanto desempenha todas as atividades no plano consciente. Quando aprende a trabalhar a partir do estado de superconsciência e trabalha interiormente com alegria divina, a pessoa sente a presença e o poder de Deus sempre com ela, independentemente do que esteja fazendo." 

⁴ 'Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade' (João 4:24).

Paramahansa Yogananda, Jornada para a Autorrealização, Self-Realization Fellowship, p. 72/73.
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terça-feira, 8 de abril de 2025

REENCARNAÇÃO

"SE, ATRAVÉS DE UMA EXPERIÊNCIA qualquer, admitirmos a possibilidade de que a encarnação seja verdade, então começaremos imediatamente a ficar curiosos sobre a sua mecânica como ela funciona e por que ela funciona. Existem dúzias de sistemas para descrevê-la; todos têm a sua própria estrutura de crenças sobre para onde vamos e como chegamos lá. Algumas vezes eles se contradizem; Buda contou histórias sobre pessoas pecando e voltando como animais ou insetos, embora mestres como Meher Baba reivindiquem que cada encarnação é um passo à frente, uma progressão, e que nunca podemos regredir. Não há maneira de determinar o que é certo e o que é errado. Cada sistema é somente uma aproximação da verdade criada pela mente humana.

E, ao considerar uma sequência de nascimentos, não podemos assumir que a reencarnação acontece somente no plano terreno. No Gita, Krishna diz a Arjuna: 'Aqueles que rezam aos deuses, vão para os deuses.' Isto é, se você é devoto dos deuses, então depois de morrer, você irá para um loka celestial, um lugar celestial; é onde você irá reencarnar. Mas isso também será somente um outro plano de consciência. Você irá para lá, e ficará lá por um período de tempo - digamos quinhentos anos do ponto de vista terreno, embora indubitavelmente o tempo vá ter um significado bem diferente lá; então, depois de quinhentos anos, você compreenderá que o loka celestial é somente um lugar, e antes que você possa chegar ao não lugar* existe muito trabalho a ser feito - talvez um trabalho que pode ser feito somente no plano humano. E, então, talvez você mais uma vez assuma um nascimento humano para poder prosseguir.

Mas este é somente mais um modelo. São todos somente modelos, montados pelas mentes humanas para algo que está além do que a mente humana pode apreender. Não temos como saber como isso realmente funciona! Parece que damos voltas e mais voltas, porém a cada vez ficamos um pouco mais conscientes, até que finalmente atingimos o nível da conscientização yogue, e nos lembramos.

Contudo, 'finalmente' pode significar um tempo muito longo, quando falamos sobre reencarnação. Estamos falando sobre extensões de tempo vastas. Temos aqui uma bela imagem da literatura budista do sul que nos dá uma ideia do tipo de durações de tempo sobre as quais estamos nos referindo. Buda estava tentando descrever a extensão do tempo em que temos estado brincando nesse jogo das reencarnações. Ele disse: 'Imaginem uma montanha com um quilômetro e meio de largura, um quilômetro e meio de comprimento e um quilômetro e meio de altura. A cada cem anos um pássaro paira sobre ela com um lenço de seda no bico e o solta sobre a face da montanha. O tempo que o lenço de seda leva para descer a montanha é o que podemos chamar de 'kalpa', e temos praticado este jogo da reencarnação kalpa após kalpa ao longo de eras inumeráveis.'"

* não lugar: Estado em que, segundo as doutrinas comuns a todas escolas budistas, o individuo se desidentifica da manifestação cósmica, unindo-se ao Absoluto (o vazio budista). (N. do R.T.).

Ram Dass, Caminhos para Deus, Ensinamentos do Bhagavad Gita, Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2007, p.66/67.
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quinta-feira, 3 de abril de 2025

A ESCOLA DAS ALMAS

"Congregados, em torno do Cristo, os domésticos de Simão ouviram a voz suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados textos.

Quando a palavra divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro indagou, inquieta:

- Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar?

Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou:

- Iniciamos a tarefa entre flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos. No começo, é a promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores...

Reparando que a senhora galileia se sensibilizara até às lágrimas, deu-se pressa Jesus em responder:

- O lar é a escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da humanidade.

E, sorrindo, perguntou:

- Que fazes inicialmente às lentilhas, antes de servi-las à refeição?

A interpelada respondeu, titubeante:

- Naturalmente, Senhor, cabe-me levá-las ao fogo para que se façam suficientemente cozidas. Depois, devo temperá-las, tornando-as agradáveis ao sabor.

- Pretenderias, também, porventura, servir pão cru à mesa?

- De modo algum - tornou a velha humilde -, antes de entregá-lo ao consumo caseiro, compete-me guardá-lo ao calor do forno. Sem essa medida...

O divino Amigo então considerou:

- Há também um banquete festivo, na vida celestial, onde nossos sentimentos devem servir à glória do Pai. O lar, na maioria das vezes, é o cadinho santo ou o forno preparador. O que nos parece aflição ou sofrimento dentro dele é recurso espiritual. O coração acordado para a vontade do Senhor retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras, porque, somente aí, de encontro uns com os outros, examinando aspirações e tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e suportando-os, aprendemos a desfazer as próprias imperfeições. Nunca notou a rapidez da existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da erva. Pela manhã emite perfume; à noite, desaparece... O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna. Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições.

A sogra de Simão escutou, atenciosa, e ponderou:

- Senhor, há criaturas, porém, que lutam e sofrem; no entanto, jamais aprendem.

O Cristo pousou na interlocutora os olhos muito lúcidos e tornou a indagar:

- Que fazes das lentilhas endurecidas que não cedem à ação do fogo?

- Ah! sem dúvida, atiro-as ao monturo, porque feririam a boca do comensal descuidado e confiante.

- Ocorre o mesmo - terminou o Mestre - com a alma rebelde às sugestões edificantes do lar. A luta comum mantém a fervura benéfica; todavia, quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual para os celeiros de nosso Pai, os corações que não cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual foram conduzidos ao forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da natureza."

Extraído do livro "Jesus no Lar", de Chico Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio, FEB, 2013, p. 11/13.
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terça-feira, 1 de abril de 2025

BONS E MAUS HÁBITOS

"A existência humana é governada, não por resoluções tímidas, mas por hábitos. Quando as pessoas são afeitas à boa saúde, à prosperidade e ao alto padrão de vida, tudo isso parece vir com facilidade. De igual modo, a pobreza e fracasso dominam que está acostumado ao fracasso e à pobreza.
                                  
Bons ou maus hábitos são colocados em prática fácil e naturalmente, trazendo boas ou más consequências. Sucesso e fracasso são hábitos. Portanto, se você está acostumado à pobreza ou à doença, deve aprender a acostumar-se à prosperidade e à saúde. Se o fracasso, a doença e a ignorância são seus sabedoria são companheiros constantes, só a falta de vontade pode impedi-lo de recorrer à ajuda do sucesso, saúde e sabedoria para livrar-se definitiva e permanentemente desses inimigos.

Sucesso, saúde e sabedoria são atributos naturais e hábitos da alma. A identificação com hábitos e pensamentos insignificantes, bem como a falta de concentração, perseverança e coragem, são responsáveis pelo sofrimento das pessoas." 

Paramhansa Yogananda, Como Alcançar o Sucesso, Ed. Pensamento-Cultrix, São Paulo, SP, 2011, p. 48/49.        
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quinta-feira, 27 de março de 2025

PAIXÃO E AMOR (PARTE FINAL)

"(...). O Evangelho de Jesus é o poema que canta o Seu amor pela Humanidade de todas as épocas, retratando em páginas de incomparável beleza a Sua doação de vida e de entendimento em relação a todas as criaturas que Lhe constituíam o objetivo a que se entregou. 

Oferecendo-se em holocausto humano, permaneceu fiel à Sua mensagem de libertação afetiva, sem frustração nem angústia, encerrando aquela fase do Seu messianato com insuperável declaração de entendimento da incoercível inferioridade dos Seus perseguidores: - Perdoa-os, meu Pai, porque eles não sabem o que fazem.

A grande paixão de Jesus é a criatura humana, mas as paixões humanas, normalmente são caracterizadas pelos instintos e desejos desenfreados, exceto quando direcionadas para as construções do bem e do amor em qualquer lugar onde se apresentem. "

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 155/156.
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terça-feira, 25 de março de 2025

PAIXÃO E AMOR (2ª PARTE)

"(...). O poeta Shakespeare encontrou a solução para deixar a imaginação humana continuar a paixão de
Romeu e Julieta, mediante a tragédia que elaborou para consumi-los, desde que ela não suportaria o desgaste da convivência diária, os conflitos de conduta no relacionamento constante.   

Marco Antônio, o vitorioso de Roma e Cleópatra, a rainha do Egito, são também um exemplo trágico da paixão por projeção, que termina em caos.

Abelardo e Beatriz igualmente experimentaram as consequências da irreflexão e sofreram a abrupta interrupção do encantamento, pagando o alto preço que se transformou em belas páginas escritas pelo primeiro, que assim eternizou os sentimentos de ambos, que não puderam consumar.

A relação é muito grande dos célebres enamorados, que a paixão devorou, pela falta de estrutura e da presença do amor real.

O amor é dúlcido, sem violência nem arroubos desesperados, que incendeiam e aniquilam. A sua mensagem é real, sem o imaginário do desequilíbrio nem do fantasioso, constituindo estímulo para quem ama sem sofrer desgaste, tanto quanto para o ser amado que não se submete.

Na paixão, sempre existem os componentes da dominação, do ciúme, da insegurança, do desespero, enquanto que, no amor, todo sentimento se enriquece de paz e de alegria, construindo o futuro a dois, sem perda da identidade nem da personalidade de qualquer um deles.

Enquanto a paixão é feita de impulsos imediatistas e extravagantes, o amor se expressa pela ternura e pela confiança, contribuindo para o crescimento moral do indivíduo, que avança no rumo de mais altas aquisições.

Na raiz de muitas conquistas do gênero humano encontra-se uma admirável história de amor, que não se desfaz em tragédia nem se despedaça no fragor dos desentendimentos afetivos.

O ser humano é convidado pela vida ao encontro da própria alma, à conquista do seu espaço interior, que não pode ser violado por ninguém, e o amor é o inspirador dessa viagem de segurança, que faculta o descobrimento da realidade e o equipa com instrumentos próprios para administrá-la de maneira eficiente a serviço do progresso moral e da plenitude.

Sob a inspiração do amor a alma é conquistada, mas, por outra forma, a alma não pode prescindir dos estímulos do amor.

Eis por que se pode asseverar que o amor é de conteúdo divino, enquanto que a paixão é uma consequência dos tormentos humanos.

A paixão se nutre dos desejos que defluem do magnetismo sexual, enquanto que o amor é fruto do amadurecimento psicológico e do discernimento espiritual.

A paixão é rápida e deixa escombros, enquanto que o amor é duradouro e oferece sementeira de bênçãos. (...)."

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 153/155.
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sexta-feira, 21 de março de 2025

CORAGEM

"Não poderemos ser autênticos se não formos corajosos. Não poderemos ser originais se não lançarmos mão do destemor. Não poderemos amar se não corrermos riscos. Não poderemos pesquisar ou perceber a realidade se não fizermos uso da ousadia.

A palavra coragem vem da raiz latina cor, cordis, que significa coração (sede ou centro da alma, da inteligência e da sensibilidade). Portanto, ser corajoso significa agir utilizando um potencial que vem de dentro - a voz do coração.

Coragem não é arrogância ardilosa, determinação astuta ou agressividade. Ela é, na realidade, a certeza íntima que se demonstra na moderação dos atos e atitudes, na firmeza de caráter e no desempenho perseverante de uma atividade.

É necessário coragem para assumir as consequências de nossas ações e desacertos; para suportar a vontade de retrucar de acordo com as ofensas recebidas; para sentir e fazer as coisas que acreditamos serem certas para nós, ainda que o medo da rejeição e da discriminação nos ameace; para aprender a dizer 'não', impedindo que passemos a vida inteira sendo usados ou explorados; para ver as coisas pelo lado bom, esperando sempre uma solução favorável; para não aceitar responsabilidades que não são nossas, mas de amigos ou parentes imprudentes que se omitem em executá-las.

A criatura realmente corajosa sabe que viver é correr riscos, é enfrentar o desconhecido. Ela solta o passado e deixa o futuro vir a ser. O futuro é uma semente de possibilidades, o passado ficou para trás; devemos deixá-lo passar. O presente nada mais é do que um deslocamento em direção ao futuro. A todo instante o presente está se tornando futuro e o passado indo embora.

Todos nós estamos constantemente enfrentando coisas ignoradas, desconhecidas. Correr riscos indica a probabilidade de insucesso em função de ocorrências que, muitas vezes, escapam de nossas mãos, pois não dependem exclusivamente de nosso empenho ou vontade.

'O uso dos bens da terra é um direito para todos os homens (...) Esse direito é a consequência da necessidade de viver (...)".

Ao utilizarmos os 'bens da terra' nos sentiremos temerosos e vacilantes diante dos riscos da vida, mas esses perigos são muito valiosos para que possamos amadurecer. Lembremo-nos que errar faz parte do crescimento, pois é uma 'consequência da necessidade de viver'. Sempre que tomamos consciência de nossos erros, chegamos mais perto da verdade. Trata-se de uma busca ou descoberta pessoal; ninguém pode fazê-la por nós.

Os 'bens da terra', aqui citados pelos Espíritos Amigos, também são os 'bens éticos' - conjunto de princípios ou valores universais de uma sociedade referentes à vida, à dignidade das pessoas e ao aprimoramento de uma coletividade.

Ao lançarmos mão dos 'bens éticos' podemos, de início, não saber usá-los convenientemente, mas necessitamos de coragem. autonomia e firmeza de espírito para vivenciá-los e, não buscar de modo desesperado o consenso ou aprovação das pessoas. É impossível passar pela vida sem incorrer em grandes doses de desaprovação. É o ônus que pagamos pelo fato de vivermos numa sociedade, onde a diversidade de opiniões é uma das características mais marcantes das criaturas.

Os grandes missionários da história nos ensinam que não se pode agradar a todos, e que precisamos ser livres das opiniões alheias. 

Usar a própria alma como guia e não precisar do consentimento exterior é utilização correta da verdadeira coragem postura psicológica que nos plenifica, em qualquer nível, nas pretendidas realizações pessoais.

Não poderemos ser autênticos se não formos corajosos. Não poderemos ser originais se não lançarmos mão do destemor. Não poderemos amar se não corrermos riscos. Não poderemos pesquisar ou perceber a realidade se não fizermos uso da ousadia. A coragem é uma qualidade interior que vem em primeiro lugar, tudo o mais acontece sucessivamente.

Um olhar cuidadoso na vida de Jesus irá revelar a criatura extremamente corajosa, o indivíduo que pregou a tenacidade diante de situações emocionais ou moralmente difíceis e que não teve medo de enfrentar a desaprovação. No entanto, muitos dos seus seguidores distorceram seus ensinos, transformando-os no catecismo da culpa, temor e submissão.

O Mestre de Nazaré sempre se conduziu com base em sua consciência pessoal, em sua integração com a Divindade e nas leis naturais, em vez de fazê-lo porque alguém ditou a maneira que ele deveria pensar ou se comportar.

O Cristo de Deus era dirigido por razões interiores que, literalmente, nada tinham a ver com o fato de que alguém possa ter gostado ou não do que Ele tivesse dito ou feito. Sempre considerou os mandamentos de Moisés, porém sabia que tudo que é escrito e traduzido ao pé da letra, bem como tudo que é relatado de forma oral, ou seja, passado de geração a geração, se reveste através dos séculos de uma atmosfera simbólica ou mítica.

'Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento (...)'. A atitude de 'dar cumprimento', aqui proclamada, estava revestida de nobreza corajosa para a execução, realização e desenvolvimento de algo propício para a atualização do aperfeiçoamento moral da humanidade.

Jesus não receava correr riscos, porque seus valores não eram locais; em outras palavras, não eram analisados sob a luz de um enfoque particular e geográfico. O Mestre via a si mesmo como pertencente à vida universal; transcendia as fronteiras tradicionalistas - família, raça, cidade, estado ou país. Aliás, a coragem dos renovadores é geralmente rotulada, pela mediocridade ou incompreensão da humanidade, de rebeldia, desobediência e perturbação dos valores preestabelecidos ou convencionais."

Extraído do livro "Os prazeres da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova, ed. e dist. de livros espíritas, Catanduva, SP, 2003, p. 119/122.
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quinta-feira, 20 de março de 2025

PAIXÃO E AMOR (1ª PARTE)

"(...). '907. Será substancialmente mau o principio originário das paixões, embora esteja na natureza?

"Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.'


O desenvolvimento da afetividade decorre do amadurecimento psicológico do ser que cresce, a esforço moral, ampliando a capacidade de entendimento emocional e cultural. Nem sempre, porém, resulta da aquisição de cultura, mas sim da perfeita harmonia entre sentir e saber, de modo que se possam evitar os distúrbios que, não raro, surgem durante o processo de evolução.

A afetividade é de incomparável necessidade para a afirmação dos sentimentos e da consciência humana, em razão da constituição espiritual, emocional e psíquica de que todos são constituídos.

Quando irrompem as emoções em catadupas, ante o encontro com outra pessoa, que produz impacto de alta expressão, que se transforma em desejo, esse não é um real sentimento de amor, mas sim de paixão. A paixão, invariavelmente, é um fenômeno de transferência psicológica, mediante o qual o indivíduo se deslumbra por si mesmo, refletido naquele que o atrai e lhe provoca encantamento. A sua porção feminina, quando se trata de um homem, ou masculina, quando seja mulher, expressa nos conteúdos psicológicos anima e animus, é projetada para o outro, que passa a habitar uma galeria mitológica, tornando-se um alguém irreal que necessita ser conquistado. 

Todo o empenho é desenvolvido para consegui-lo, e os estímulos orgânicos se tornam poderosos em face da atração magnética de ordem sexual que é experienciada, atuando de maneira a levar o apaixonado a triunfar sobre a sua presa que, adorada, sintetiza todas as ambições e necessidades do conquistador. É semelhante às ocorrências do mesmo gênero no panteão mitológico dos deuses. O ser humano, no entanto, não é deus algum, mas ser com sensibilidade e sentimentos comuns...

No começo o relacionamento é intenso, a admiração é constante, porque a imagem projetada inspira todo esse encantamento e interesse.

À medida, porém, que a convivência demitiza o sobrenatural da afetividade desequilibrada, a realidade assume o inevitável papel de controle das emoções, e o despertamento traz o desencanto e a amargura que passam a conviver com os parceiros, quando não o desentendimento, a agressividade, a violência, o crime...

Normalmente, após o estabelecimento de qualquer fenômeno de paixão afetiva, surgem o acordar da consciência e o conflito de comportamento, que levam a sofrimentos que poderiam ser evitados, caso se houvesse agido com equidade e maturidade psicológica.   

Esse tipo de arrebatamento que conduz ao imaginoso, à fantasia, ao mítico, atribuindo virtudes e belezas a outrem, que os não possui, de um para outro momento, é como o fogo fátuo, de efêmera duração, sendo efeito da combustão de gases que evolam dos cemitérios e pântanos, que brilham e logo desaparecem...

Nessa projeção de belezas com promessas de felicidade perene, em breve tempo sucumbem as aspirações cultivadas e logo surgem os conflitos perturbadores, que também são reflexos da personalidade atribulada e insatisfeita, que busca prazeres sexuais e outros, distante das emoções enriquecedoras e de alto significado.

Esse tipo de busca - a do sexo sob impulsos de desordenadas aspirações do prazer - não satisfaz, deixando sempre um sentimento de culpa, quando não se dá também o de frustração, que envilece e amargura.

Raramente se transforma em motivo de aprimoramento moral, porque o indivíduo se escraviza e se entrega, perdendo a sua realidade, quando se prolonga por algum tempo mais esse tipo de chama abrasadora.

As consequências são sempre infelizes. A história da literatura oferece exemplos muito significativos que merecem reflexão.(...)." 

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 151/153.
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terça-feira, 18 de março de 2025

FILHO ÚNICO DE DEUS

"A Bíblia", objetou um recém-chegado, quando da pregação de Paramhansa Yogananda, 'nos diz que Jesus é o único Filho de Deus. Assim sendo, como você pode falar de outros mestres como sendo semelhantes a Ele?'

Respondeu o Mestre: 'Quando os judeus acusaram Jesus de blasfêmia por Ele dizer 'Eu e meu Pai somos um só', Ele lhes respondeu, Não dizem as vossas Escrituras que sois deuses?'*

'Os seguidores de cada religião gostam de afirmar o caráter único das suas crenças. A afirmação deles, contudo, deriva das interpretações equívocas e da ignorância dos homens. Todos gostam de afirmar que aquilo que possuem é, também, o melhor!

'Jesus, como todos os grandes mestres, falou a partir de dois níveis de identidade: o nível humano e o nível divino. Como ser humano, Ele pôde gritar na cruz, 'Pai, por que me abandonastes?'; entretanto, no seu Eu superior infinito, divino, disse acertadamente que Ele era o único Filho de Deus. Pois nessa consciência Ele estava identificado com a Consciência de Cristo, que é o único reflexo de Deus em toda a criação, o Pai além da criação.

'A Consciência de Cristo não é um homem com barba e com uma longa túnica branca a cair graciosa pelo corpo! Quando Jesus usava o pronome 'Eu', falando a partir desse amplo estado de consciência, ele estava se referindo ao Eu superior infinito de todos os seres, não seu frágil corpo humano.

'A Consciência de Cristo está por trás de todo o Universo criado. Quem quer que afaste a sua consciência da ligação com o ego e a associe ao Infinito pode, com todo o direito, dizer em companhia de Jesus: 'Eu sou o Filho de Deus.'

'Além disso, pode dizer: 'Eu e o meu Pai somos um', exatamente como disse Jesus, visto que o Filho e o Pai são aspectos da mesma realidade.

'Nesse estado, a sua consciência do 'Eu' não é mais limitada pelo humano. A onda voltou ao vasto oceano de que proveio, e nele se fundiu. Ela se tornou o oceano.'"

*João 10:34.50

Paramhansa Yogananda, A Essência da Autorrealização, Ed. Cultrix-Pensamento, São Paulo, SP, p. 49/50..
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quinta-feira, 13 de março de 2025

COMPREENSÃO LIMITADA DO HOMEM

"Por que é que de uma Bíblia surgiram tantas igrejas e tantas opiniões diversas acerca da Verdade? Cada seita cristã oferece uma interpretação diferente do que Jesus quis dizer. Por quê?

"A resposta é que a compreensão das pessoas é limitada. Elas não podem imaginar coisa nenhuma exceto em termos da própria experiência que têm. Em vez de tentar descobrir a parte delas próprias criada à semelhança de Deus, procuram visualizar Deus segundo a própria imagem humana!

"Uma pessoa andando por vielas estreitas numa cidade só enxerga muros em ambos os lados; não lhe é dado ver os jardins atrás desses muros. Quando a pessoa está voando num avião, contudo, ela vê além dos muros, dos jardins, dos próprios limites da cidade - até mesmo além do horizonte dos que, sem estar cercados por muros, ainda continuam a pisar em terra firme."

Paramhansa Yogananda, A Essência da Autorrealização, Ed. Cultrix-Pensamento, São Paulo, SP, p. 45.
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terça-feira, 11 de março de 2025

EMPREGO DA RIQUEZA

"11. Não podeis servir a Deus e a Mamon. Guardai bem isso, vós a quem o amor do ouro domina, vós que venderíeis a alma para possuir tesouros, porque eles permitem que vos eleveis acima dos outros homens e vos proporcionam o gozo das paixões. Não; não podeis servir a Deus e a Mamon! Se, pois, sentis vossa alma dominada pelas cobiças da carne, apressai-vos em alijar o jugo que vos oprime, porque Deus, justo e severo, vos dirá: 'Que fizeste, ecônomo infiel, dos bens que te confiei? Esse poderoso móvel de boas obras o empregaste exclusivamente na tua satisfação pessoal'.

Qual, então, o melhor emprego que se pode dar à riqueza? Procurai nestas palavras: 'Amai-vos uns aos outros', a solução do problema. Aí está o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que se acha animado do amor do próximo tem aí traçada toda a sua linha de conduta. O emprego que agrada a Deus é a caridade, não essa caridade fria e egoísta, que consiste em espalhar ao redor de si o supérfluo de uma existência dourada, mas a caridade plena de amor, que procura o infeliz e o ergue, sem humilhá-lo. Rico, dá do teu supérfluo; faze mais: dá um pouco do que te é necessário, porque o de que necessitas ainda é supérfluo. Mas dá com sabedoria. Não repilas o que se queixa, com medo de seres enganado; vai às origens do mal. Alivia, primeiro; em seguida, informa-te, e vê se o trabalho, os conselhos, mesmo a afeição não serão mais eficazes do que a tua esmola. Espalha em torno de ti, em abundância, o amor de Deus, o amor do trabalho, o amor do próximo. Coloca tuas riquezas sobre uma base que nunca te faltará e que te trará grandes lucros: as boas obras. A riqueza da inteligência deve te servir como a do ouro. Espalha à tua volta os tesouros da instrução; derrama sobre teus irmãos os tesouros do teu amor e eles frutificarão. - Cheverus. (Bordeaux, 1861.)"

Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, FEB, Brasília/DF, 2018, p. 218.
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quinta-feira, 6 de março de 2025

O ÚNICO DESEJO BOM

"Tudo isso é simples; é necessário somente que compreendas. Há, porém, algumas pessoas que renunciam à busca de objetivos terrenos somente com o intuito de alcançar o céu, ou para atingir a libertação pessoal dos renascimentos; neste erro não deves cair. (§23)

C. W. L. - É principalmente na Índia que se encontra o desejo de libertação pessoal dos renascimentos, porque a maioria das pessoas lá acreditam na reencarnação. Para o cristão comum, o céu é também uma libertação da Terra. Estas instruções foram dadas a um menino indiano; portanto, antes e acima de tudo elas se referem às condições indianas, embora as ideias possam também ser aplicadas ao nosso mundo ocidental. Nós, teósofos, não estamos particularmente propensos a fazer esforços violentos para obter a felicidade do mundo céu, no qual os homens passam centenas e até mesmo milhares de anos entre encarnações. Muitos de nós prefeririam retornar rapidamente para trabalhar na Terra, e isso é possível àqueles que realmente o desejam. Para isto, porém, é preciso uma certa quantidade de força, já que, então, devemos transportar os mesmos corpos mental e astral para o novo corpo físico.

Não é que o corpo astral e o corpo mental sejam capazes de fadiga, como o cérebro físico. Existe, no entanto, outra consideração: os corpos astral e mental que possuímos nesta vida são as expressões de nós mesmos como éramos ao final da última encarnação. À medida que seguimos pela vida nós os modificamos consideravelmente, mas isso não pode ser feito além de um certo ponto. Existe um limite ao qual, por exemplo, um automóvel é suscetível de ser consertado, e muitas vezes é melhor comprar um carro novo do que reformar o antigo. É quase que a mesma coisa com os corpos astral e mental. Uma mudança radical neles levaria muito tempo, e, no final das contas, poderia talvez ser apenas parcialmente realizado. Se as capacidades do homem nesta vida foram grandemente aumentadas, pode ser melhor para seu progresso que ele obtenha um novo corpo astral e mental para se expressar, em vez de tentar remendar e alterar o corpo antigo. Portanto a encarnação rápida não é sempre algo impraticável. Contudo, podemos ver que qualquer pessoa que tenha trabalhado bem nesta vida e tenha sérios desejos de passar por uma encarnação imediata, para continuar no serviço, pode ser capaz de realizar seus desejos.

Existe um prosseguimento da vida após a morte que é comum a todos os homens, e para aqueles que passam por isso não há necessidade de fazer qualquer ajuste especial; mas se o homem deseja evitar isso, ele tem que fazer o que equivale a um pedido, ou tem de ser feito por ele. Tem de ser submetido a uma autoridade superior, que pode dar permissão se essa autoridade pensar ser desejável; mas é quase certo que Ela vá recusar se não pensar que esteja nos melhores interesses da pessoa. Entretanto acredito que aqueles que estão ansiosos sobre este assunto devem repousar suas mentes, pois aqueles que trabalharam bem, certamente terão agora oportunidades futuras de continuar esse trabalho. O homem que deseja a reencarnação rápida deve tornar-se indispensável, de modo que será conhecido como alguém que seria útil se retornasse imediatamente. Esta também, consequentemente, é a melhor maneira de ajustar os corpos mental e astral à condição necessária."

Annie Besant/C. W. Leadbeater, A Senda do Ocultismo, Comentários de Aos Pés do Mestre, Vol. ', Ed. Teosófica, Brasília, 2022, p.159/161.
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terça-feira, 4 de março de 2025

UM SISTEMA NERVOSO SAUDÁVEL É ESSENCIAL A UM CORPO SAUDÁVEL

"Os nervos são como os fios que conectam todas as seções de uma fábrica. Se ficarem desencapados ou se partirem, toda a fábrica ou certas áreas não poderão funcionar. De modo parecido, o sistema nervoso dá vida a todas as partes do corpo, inclusive às funções perceptivas, cognitivas e reativas dos cinco sentidos. Se os nervos são destruídos, também é destruído o intercâmbio com o mundo.

Há dois sistemas nervosos: o sistema nervoso central - no cérebro, no bulbo raquiano e na medula espinhal; e o sistema nervoso periférico que liga os centros nervosos aos diferentes órgãos do corpo, transmitindo-lhes energia. O sistema nervoso envia sensações ao cérebro e o habilita a processá-las, e então reage à interpretação que o cérebro fornece a esses estímulos.

Na fase inicial do crescimento do cérebro no embrião, o primeiro estado de formação dos nervos é como um líquido. Gradualmente surgem fibras, que acabam por se tornar nervos - superestradas resistentes que levam energia do cérebro a todas as partes do corpo. O cérebro é a sede do governo, e os 27 trilhões de células são os súditos. Portanto, o sistema nervoso que conecta tudo isso precisa estar em bom funcionamento. Talvez você recorde o efeito paralisador da recente greve na companhia telefônica. É o que pode ocorrer no corpo. Quando os 'telefones' dos nervos estão paralisados, não conseguem transmitir suas mensagens vitais. Por exemplo se o centro ótico do cérebro for danificado em razão de doenças, má alimentação ou excesso de esforço, os nervos óticos serão afetados e a visão se enfraquecerá."

Paramahansa Yogananda, Jornada para a Autorrealização, Self-Realization Fellowship, p. 83/84.
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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

FALAR E OUVIR

"Em nossas relações interpessoais diárias temos noção do quanto falamos e do quanto ouvimos? Em nossas conversas informais, presenciais ou por telefone, como nos colocamos? E nas reuniões de trabalho ou mesmo espirituais? Temos consciência do quanto falamos? Prestamos atenção no que o outro diz? Estamos presentes, realmente?

Isso é um treinamento, como tudo na vida. Uma prática de autopercepção, que leva ao autoconhecimento. Nesse processo deve haver auto-observação, sem julgamentos. O julgamento atrapalha a clareza do entendimento, a visão da realidade.

Se você está interessado nisso, observe-se quando estiver participando de uma conversa, de um encontro, de um grupo. Perceba quais são suas reações, como você age e reage. É retraído? Fala muito? Sabe escutar? Acha que o que você sabe é o mais importante? Ou ainda não tinha pensado nisso e simplesmente faz o que faz sem se dar conta? Tem noção do tempo de sua fala? Tem paciência para ouvir as ideias do outro? Consegue ouvir críticas sem se aborrecer, avaliando se são ou não corretas e o que podem ter de positivo?

Viver é relacionar-se. É aí que os aprendizados se dão: nesse espaço de trocas.

É preciso coragem, abertura pessoal e, principalmente, estar presente, por inteiro, em cada instante.

Vamos!"

Fernando Mansur, Escrita Divina, A comunicação da alegria, Edição do Autor, 2017, p. 128.
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terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

AÇÃO DO BEM (PARTE FINAL)

"(...). Agrada a Deus toda e qualquer ação meritória, porque faculta o inter-relacionamento útil entre as criaturas que, em estado de sociedade, se necessitam para progredir.

Não fazer o mal é meritório, porque a sua prática é degradante e cruel. No entanto, há que se atuar de forma fecunda no contexto social, gerando simpatia e cordialidade, evitando que se degenerem os sentimentos humanos por falta de calor e de amizade, de compreensão e de ajuda.

O progresso da Ciência e da Tecnologia que faculta o desenvolvimento da Humanidade e ameniza as agruras e desafios existenciais, está firmado nos propósitos dignificantes que estimulam os seus lutadores e missionários, a fim de que o bem, um dia que não está longe, domine na Terra."


Extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Espírito, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 104/105.
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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

AÇÃO DO BEM (2ª PARTE)

"(...). Não basta, portanto, deixar de fazer o mal. É necessário empreender esforços para fazer todo o bem possível imaginável, dentro das próprias forças, sem exageros. Porém, sendo necessário, deve-se fazer o bem mesmo com sacrifício, o que o torna mais significativo perante Deus.

Quando não se o pratica, sendo possível, medra o mal que arrasta corações e vidas no rumo do despenhadeiro, ceifando existências que poderiam ser conduzidas na direção da felicidade.

Se alguém se encontra necessitado de determinado socorro que outrem lhe pode dispensar, e esse não o faz, os danos que aí se originam tornam-se responsabilidade daquele que agiu de maneira indiferente ou se negou a contribuir para erradicá-los.

Misérias incontáveis poderiam ser extirpadas do planeta, se alguns indivíduos que dispõem do poder, seja social, econômico, político, religioso, artístico ou administrativo, se empenhassem por alterar-lhe a marcha devoradora. Preocupados, no entanto, em mais amealhar, acumulando fortunas de que jamais se utilizarão para qualquer fim nobre, ou dominados pela presunção e vaidade que os inflam de orgulho, são responsáveis pela desdita que decorre dessa atitude infeliz.

Não obstante, todos os indivíduos possuem o impulso para a ação fraternal e humanitária que dignifica. Mesmo quando destituído de meios grandiosos para atender as multidões, pode, entretanto, socorrer aquele que se lhe encontre mais próximo, contribuindo com pequenas dádivas de carinho e de compaixão, transformadas em pão e medicamento, em agasalho e orientação, em trabalho e em reconforto moral.

Não apenas por meio dos valores amoedados se pode e se deve praticar o bem, senão, também, utilizando dos sentimentos fraternais, que são bênçãos da vida em favor de outras vidas.

Uma côdea de pão alimenta quando se tem fome, e um pouco de água evita a morte por desidratação imediata, abrindo espaços para futuros socorros que impedirão o sofrimento ou a morte.

Não é imprescindível que o benefício que se faça tenha expressivo volume ou grande significado. Tudo é valioso quando está dentro dos limites daquele que ajuda, portanto, das suas forças.

Desse modo, ninguém se pode eximir da prática do bem nem do dever da solidariedade, que constituem maneiras eficazes para tornar o grupo social digno de melhor qualidade de vida.

Uma baga de luz rompe qualquer treva densa.

Uma moeda de amor torna-se início de uma realização operante.

Pessoa alguma, portanto, que se afirme destituída de recursos para o ministério da caridade, para a prática do bem.

Quem não possa apagar um incêndio, ofereça às chamas um pouco de água enquanto não chegarem as forças especializadas em combatê-las.

Na ardência do Sol uma pequena proteção evita que se esvaiam as energias debilitadas. (...).”

Extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Espírito, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 102/104.
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terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

AÇÃO DO BEM (1ª PARTE)

642. Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?          "Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite das suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem."


O ser humano é portador de uma destinação sublime: alcançar a plenitude que lhe está destinada desde o momento da sua criação.

Para consegui-la deverá empenhar todos os esforços, no que diz respeito à conquista do conhecimento e ao desenvolvimento dos valores morais que se lhe encontram em latência.

As vicissitudes que vivencia ao largo da experiência iluminativa, fazem parte dos procedimentos de purificação da ganga exterior que carrega, de modo que o Espírito reflita toda a grandeza de que se faz possuidor. O mesmo fenômeno ocorre com as gemas e metais preciosos, que necessitam de instrumentos que lhes arranquem a beleza interna, esfacelando a forma externa grotesca encarregada de protegê-la, guardando-a para o momento esplendoroso.

À medida que adquire o discernimento dos objetivos existenciais, desapega-se das paixões que o jungem ao eito da escravidão dos vícios primitivos que lhe remanescem no comportamento, despertando-lhe o interesse superior para outros valores existenciais que o exornam de sabedoria e de felicidade.

Concomitantemente, desenvolve emoções que lhe devem constituir fundamentos para o amor, o grande guia no labirinto das atividades que deve exercer.

À semelhança do fio de Ariadne, que o pode retirar do recinto confuso e complexo por onde peregrina, o amor é-lhe sempre a luz guiando-o na obscuridade.

No início, confunde-o com os impulsos dos instintos que o desgovernam, sem saber exatamente como vivenciar o seu poder libertário, energia que tem origem na Fonte Geradora da vida.

Logo que passa a experimentar o seu vigor, alteram-se-lhe as áreas de manifestação, que se desenvolvem até o momento de predominar em todos os seus campos de vibração.

Eis por que o bem é-lhe manifestação inconfundível, ao mesmo tempo estímulo para a sua exteriorização e campo de expressão dos conteúdos que o constituem, tais a fraternidade, a ternura, a solidariedade, o perdão, a caridade...

Acionar os mecanismos que o tornam realidade no mundo da forma, deve sempre constituir motivação de vida para todos aqueles que o sentem medrar e expandir-se como hálito divino. (...)"

Extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Espírito, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 101/102.
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

DEPENDÊNCIA

"A capacidade de amar está presente na alma humana, mas, para que floresça, exige maturação da consciência, isto é, 'aprimoramento dos sentimentos'.

A maioria das criaturas foi educada ouvindo fábulas e mitos do amor romântico. Os tabus sexuais, as velhas estruturas familiares, as normas tradicionais do matrimônio, consideradas 'virtudes femininas', estabeleceram, na formação educacional das mulheres, todo um comportamento de dependência em relação aos homens. Elas centraram suas vidas em outros indivíduos, preocupadas em receber proteção e cuidados, e destruíram, com o tempo, suas vocações e aptidões mais íntimas.

'São iguais perante Deus o homem e a mulher (...) outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir.'

Muitos acreditaram que o amor seria somente despertado por uma 'varinha de condão' ou por uma 'flecha do cupido' que, ao tocá-los, acordasse das profundezas de seu inconsciente um sentimento há muito tempo adormecido. Existem aqueles que, ingênuos, passam uma encarnação inteira esperando que essa 'dádiva mágica' desabroche de repente, entre a procura e a espera do ser amado, pagando desesperadamente qualquer preço.

Na atualidade, muitos educadores, psicólogos, antropólogos e psiquiatras afirmam que a forma como usamos nossos sentimentos é uma 'resposta aprendida'. A capacidade de amar está presente na alma humana, mas, para que floresça, exige maturação da consciência, isto é, 'aprimoramento de sentimentos. 

Paralelamente, sabemos que as diversas vivências reencarnatórias sedimentam na alma humana certas predisposições singulares no entendimento do amor. Os costumes, as tradições e os hábitos que envolvem o namoro, o casamento, o sexo e a família, completamente diferentes de nação para nação, de continente para continente, estabelecem noções diversificadas sobre a afetividade nos espíritos em sua longa marcha evolutiva.

Existem aqueles que colocaram o amor dentro de uma estrutura romântica, ou seja, fazem prevalecer um sentimentalismo exagerado e uma imaginação irreal, desprezando o significado dos sentimentos autênticos. Eles acreditam que o casamento extingue por completo todas as adversidades e infortúnios existenciais e que as ansiedades do cotidiano acabariam, terminantemente, quando a cerimônia sacramentasse num abraço de ternura o 'felizes para toda a eternidade'.

A necessidade recíproca de controle, as promessas de que renunciariam à própria individualidade e teriam os mesmos objetivos para todo o sempre são os primeiros indícios de uma enorme desilusão na vida a dois. Compromissos de amor são válidos, desde que aprendamos que nossa vida está em constante renovação. Assim como as pessoas passam por diversas transformações, também o amor que sentem pelos outros se transforma.

Quanto mais observarmos os ciclos da vida fora de nós, mais entenderemos as transformações que ocorrem em nossa intimidade, porque nós também somos Vida. Apenas desse modo, ficaremos mais seguros e estáveis em relação ao nosso desenvolvimento e amadurecimento afetivos.

A diferença fundamental entre amor e dependência é observada com clareza nas ações e comportamentos das criaturas. A dependência prende, possessivamente, uma pessoa à outra, enquanto o amor de fato incentiva a liberdade, a sinceridade e a naturalidade. O dependente é caracterizado por demonstrar necessidade constante e por reclamar sistematicamente a atenção do outro.

O indivíduo dependente padece dos recursos psíquicos de alguém para viver. Ele dirá 'eu o amo', mas, em realidade, quer dizer 'eu preciso de você', ou mesmo, 'eu não vivo sem você'. O amor real baseia-se no sentimento compartilhado entre duas pessoas maduras, ao passo que o amor dependente implora consideração e carinho, infantilmente.

Os legítimos sentimentos da alma nunca se sujeitam a ordenações e imposições, mas sim a uma completa espontaneidade de atitudes e emoções. Dependência gera dores na alma; já a liberdade para amar é um direito natural de todos os filhos de Deus."

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduvas, SP, p. 199/201.
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terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

PACIÊNCIA E RESILIÊNCIA

"A primeira dor que angustia o ser humano é a dor da expectativa frustrada, o que foi planejado não se cumpriu de acordo com o desejado, pois isso nos fere profundamente. O indivíduo traça um plano e subitamente as circunstâncias, a conjuntura, mudam tudo.

Outra dor que incomoda profundamente o ser humano é lidar com a incerteza da vida, da morte; lidar com a incerteza no relacionamento, na questão econômica também desagradam. Sem embargo, a vida é feita de incertezas, e muitas vezes sofremos com isso.

Para lidar com a dor da decepção e com a incerteza nós precisamos de paciência e resiliência.

Inicialmente, é importante distinguir preocupação de ocupação. O primeiro aspecto a ser destacado é quanto à preocupação, que não precisa necessariamente ser ruim, pois algumas são produtivas. Por exemplo, diante de um mal-estar é prudente consultar um médico. Por outro lado, devemos ter em mente que somente o desassossego não resolve problema.

A inquietação é um alarme que soa para nos lembrar de que precisamos agir, pois nada vai acontecer se estagnarmos apenas na preocupação. Porque é preciso se ocupar, converter preocupação em ação. Para exemplificar: diante da preocupação em perder o emprego, não basta se limitar à inquietação, mas se qualificar dentro da respectiva área de atuação visando à recolocação, caso venha a perder o emprego. Ter ações concretas é essencial.

O objetivo da preocupação é levar à ocupação. Ambas são importantes, mas uma não vive sem a outra. É necessário corrigir, refazer, aperfeiçoar, melhorar. Por conseguinte, devemos riscar o vocábulo 'culpa' do nosso dicionário e substitui-lo por 'responsabilidade'.

Para nos preparar diante das mudanças da vida dois aspectos são fundamentais: paciência e resiliência. Devemos aprender a lidar com os perigos, riscos e os impasses da vida. Para isso a resiliência, dado que a vida não vai mudar por nossa causa, ela flui do jeito que deve ser. Controlar a vida não é possível, mas colocar em prática ações para torná-la melhor deve ser a nossa meta.

Assim, resiliência para aprender a lidar com as adversidades, também paciência que toma assento quando se esgotam todas as possibilidades. Em função disso, a importância de planejar, preparar e agir.

Ao planejar eu devo considerar os riscos, o que precisa ser feito, quais são as dificuldades, em todas as áreas da minha vida. Todavia, o que vai de fato resolver é a ação que foi planejada e o quanto eu me preparei para fazer.

Dessa forma, planejar, preparar e agir são iniciativas que devem ser abraçadas após o momento da preocupação, com paciência e resiliência, convictos de que não controlamos todas as situações, porém somos totalmente capazes de administrar nossa preparação, nosso planejamento.

Nessa lógica, ainda uma vez, que O Sermão do Monte vem ensinar que Jesus veio à Terra não para dividir-nos, mas para nos guiar na condição de modelo do ser humano, um farol a nos apontar o caminho reto e seguro. O Messias veio mostrar que Deus está dentro de cada um de nós, olhando nossas vidas através dos nossos olhos, mas Ele jamais irá ferir o nosso livre-arbítrio, então é preciso ser manso e deixá-Lo agir."

Haroldo Dutra Dias, O Sermão do Monte, Intelítera Editora, São Paulo/SP, 2024, p. 43/45.
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